Blog do Orlando Costa

Verba volant, scripta manent – ANO XVI

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Considerações sobre a não eleição do sucessor (ou: a maldição do outro)

A maldição da não-eleição do sucessor atacou novamente. E Cunha foi o quarto prefeito olimpiense a ser alcançado por ela. Os dois últimos prefeitos que conseguiram fazer seus sucessores em Olímpia foram Álvaro Marreta Cassiano Ayusso, o Marreta (1977/1982), e Wilson Zangirolami (1983/1988). Marreta fez Wilson, Wilson fez José Fernando Rizzatti (1989/1992). E nunca mais.

Ainda longe dos tempos da reeleição, José Rizzatti não conseguiu fazer seu sucessor, no caso, o então vereador Antônio Martins Correia, o Sargento Correia, que tinha como vice José Sant’anna, nas eleições de 1992. Perdeu o pleito, com seus parceiros, para José Carlos Moreira.

Quatro anos depois, Moreira, sem credibilidade política ou administrativa e, pior ainda, sem um grupo político consistente, negociou algumas questões políticas com o grupo rizzattista e este voltou ao poder, como candidato forte único. Eram os idos de 1997/2000.

Naquele ano, o primeiro do século 21, José Rizzatti vacilou, dizem que enfiou nos fundos do bolso das calças uma pesquisa que o colocava em ampla vantagem sobre seu adversário, o médico Luiz Fernando Carneiro, e “foi pescar”. No melhor estilo “o adversário que lute”. E o adversário lutou. Lutou tanto que venceu as eleições por contagem mínima, mas venceu. De virada.

Ou seja, tragédia maior das tragédias, Rizzatti não conseguiu se reeleger em 2000. O primeiro e único prefeito a cometer esta proeza. Carneiro então ficou à frente da administração por duas gestões e…. não conseguiu emplacar seu sucessor, no caso o médico José Augusto Zambom Delemanha, o Dr. Pituca, nas eleições de 2008.

Nelas, saiu-se vencedor Eugênio José Zuliani, a candidatura de si mesmo mais bem sucedida da história desta cidade. Em 2012, reelegeu-se. Em 2016, situação pitoresca viveu a campanha eleitoral, uma vez que uma das candidaturas -a de Fernando Cunha, teria sido arquitetada pelo próprio Geninho e seu mentor político de então, Rodrigo Garcia, que convenceram o então ex-deputado estadual a vir para Olímpia se candidatar.

Nesse meio tempo, o então vereador e ex-presidente da Câmara de vereadores, Humberto José Puttini, também arquitetava sua própria candidatura, pois julgava-se, por direito e gratidão, candidato da vez de Geninho Zuliani. Gratidão porque quando Geninho lançou-se candidato a prefeito, encontrou muita resistência das bases políticas da cidade em apoia-lo.

Beto Puttini, então presidente do diretório municipal do PTB, veio em seu socorro, anunciado o apoio irrestrito do partido à sua candidatura. isso conferiu uma certa musculatura às andanças de Zuliani, que pode, baseado no PTB e no prestígio político de Puttini, costurar outros apoios, até conseguir, às vésperas do encerramento dos registros de candidaturas, emplacar Gustavo Pimenta como seu vice.

Pois bem, passados oito anos, em alguns dos quais Puttini ocupou a secretaria de Turismo e Cultura, eis que este apresenta a Geninho a fatura onde expressava o custo do apoio irrestrito à sua candidatura, lá atrás, e o apoio emprestado à base do governo, sendo um de seus secretários.

Mas, e agora, como acomodar as duas situações -a de dar amparo a Cunha e ao mesmo tempo não frustrar Puttini? Zuliani optou pelo meio-termo. Deixou Cunha correr na sua própria trilha alocando alguns de seus assessores para dar guarida a ele, e encenou apoio a Puttini, mas sem vestir a camisa como era de se esperar.

Sendo assim, embora Puttini fosse o candidato com trânsito livre na prefeitura, não dá para cravar que foi “o” candidato de Geninho. Assim como não dá para cravar nem sim, nem não, se caso Cunha não tivesse no páreo, Geninho tivesse em Beto seu sucessor. O teria elegido? Ou seria vítima também da maldição do sucessor? Portanto, não dá para incluir, nem tirar, Geninho da lista maldita. Você, leitor, é quem decide.

Bom, passada esta saia justa, Cunha vence, e bem, as eleições de 2016, se reelege, e melhor ainda, em 2020, mas não consegue emplacar seu sucessor em 2024, que perde o pleito exatamente para Zuliani, seu “padrinho” lá atrás, seu algoz oito anos depois.

NASCE UM LÍDER?
Exceto por algum motivo muito forte, Geninho não irá à reeleição. Talvez até tenha o próprio Luiz Alberto Zaccarelli como concorrente, por que não? Trata-se da última possível liderança política surgida nos últimos tempos na cidade, única capaz de fazer frente, e não fazer feio, a Zuliani daqui quatro anos, imaginamos.

Isso caso o próprio Cunha não encare este desafio, embora seu foco no momento venha sendo a Assembleia Legislativa de São Paulo. Mas política é exatamente o momento de cada um. Muda como nuvem, parafraseando certo decano, já falecido.

Geninho só se garante numa reeleição se nestes primeiros quatro anos de governo mostrar ao eleitorado que já alcançou a maturidade política. Lembrando que o povo já se acostumou com um modelo de gestão vivido nos últimos oitos anos. Qualquer solavanco nesta locomotiva, ou qualquer ameaça de tirá-la dos trilhos em que segue, pode custar-lhe o futuro na política local.

A menos que sua ânsia de governar Olímpia seja menor do que sua ânsia em projetar-se em nível de Brasil, voltando a ocupar uma cadeira no Congresso, daqui dois anos. E o cargo de prefeito dá bem para reprojetá-lo estadual e regionalmente. Neste caso estará faltando com a palavra empenhada ao público eleitor. Mas, quem liga?

Três pré-candidatos e um ‘outsider’: a procura do vice perfeito

Uma vez sabido quais concorrentes estão no páreo eleitoral de logo mais, a expectativa agora do povo é saber quem será o vice de quem. Até o momento o pleito eleitoral de 2024 na Estância Turística de Olímpia conta com quatro pré-candidatos oficializados: Geninho Zuliani, com uma plêiade de partidos que lhe dará a maior dor de cabeça na hora de formar chapa de vereadores; Luiz Alberto Zaccarelli, mais comedido, com apenas três siglas o apoiando, tornando mais fácil lidar com o quadro de candidatos ao Legislativo, e Márcio José Ramos, como pré-candidato de sigla única pelo Partido dos Trabalhadores.

Sobre Tarcísio Cândido de Aguiar, que vem já há tempos se anunciando pré-candidato pelo PL bolsonarista e tem andado por aqui e ali na cidade, visitado autoridades em nível estadual e federal, postando-se como legítimo representante da extrema-direita na Capital do Folclore, ainda há uma sombra de dúvidas sobre se vai mesmo levar até o fim sua pretensão, eis que nos últimos dias, dizem, esteve em périplo pelas cercanias dos pré-candidatos Geninho e Zaccarelli.

No entorno de Zuliani destacam-se como prováveis vice, o vereador Márcio Eiti Iquegami e Gustavo Pimenta. Iquegami já até foi anunciado como o vice em postagem recente nas redes sociais, mas sem a confirmação do grupo. E Pimenta é sempre o coringa de plantão, nome limpo, boa reputação, embora um político mediano.

O que é sabido: Geninho não goza muito da simpatia das classes média e média alta, exceto de um restrito grupo que alçou a grandes investimentos na cidade graças às suas facilitações enquanto prefeito da urbe. Mas, em contrapartida, tem ótima penetração nas classes média-média, média baixa, e junto ao povão. Por isso, um nome que se contraponha a esse quadro lhe será indispensável.

E aí se encaixam, cada um à sua maneira, Iquegami e Pimenta. A menos que Geninho tire da manga um nome fora do burburinho político, talvez um empresário médio da cidade, sem trânsito por eleições passadas. De qualquer forma tem que ser alguém que se contraponha à sua falta de consistência no seio das classes mais abastadas.

Não trago aqui a vereadora Edna Marques nem a ex-vereadora e primeira suplente do União Brasil, Priscila Foresti, a Guegué, porque à primeira não seria uma decisão sensata novamente lançar-se em uma aventura que pode redundar em nada, e perder sua cadeira no Legislativo, enquanto à segunda há um firme propósito de não se lançar candidata a nada, apenas ser uma colaboradora de bastidores da campanha de Zuliani.

Pelo menos este é o quadro que se apresenta no momento neste universo. Porque, parafraseando velho e tradicional saudoso político, “a política é como nuvem, você olha ela está de um jeito, olha de novo e ela já mudou completamente”.

Já Luiz Alberto Zaccarelli é o contrário: bem visto e aceito nas classes média-média e média alta, precisa de um contraponto junto ao povão. E neste aspecto, está melhor servido que Geninho, à primeira vista. Porque do seu lado, embora a plêiade de partidos seja reduzidíssima, tem mais nomes com penetração popular que seu oponente.

Dizemos isso porque não basta ser popular junto à massa, é preciso ter poder de carreamento de votos. E, no caso de Zaccarelli, esta necessidade é premente, já que seu nome circula pouco pelas periferias da cidade, ele próprio circulou e ainda circula pouco ou quase nada pelas periferias da cidade.

Então, o nome a dar-lhe suporte na corrida eleitoral terá que ser de alguém que saiba decifrar essa parcela maior da população que, se faltar, impede o candidato de galgar o posto almejado. Zaccarelli tem em seu redor, por exemplo, Cristina Reale, vereadora eleita que ocupava, até então, a Secretaria Municipal de Assistência Social.

Independentemente do juízo técnico que se possa fazer dela, até porque não é isso que a torna um nome a se considerar, muito pelo contrário. Trata-se de alguém que atuou politicamente 24 horas por dia à frente da pasta e ninguém há de negar, porque é isso que ela fez o tempo todo, digamos, “dentro das quatro linhas”. Talvez aí resida o balão de ar periférico que Zaccarelli precisa.

Não sendo assim, tem ainda o Fernando Roberto da Silva, o Fernandinho, até então secretário municipal de Esportes, Lazer e Cidadania, que ao dar um forte e transformador impulso no setor de esportes em geral na cidade, lidou com centenas, milhares de pessoas nas regiões periféricas e numa área bastante agregadora de pessoas de todos os níveis, que é o esporte. É alguém também com capacidade de decifrar a massa. Tem aceitação nas periferias.

Também neste âmbito falam em Hélio Lisse Júnior, vereador, a nosso ver, um tanto errante, que tem um nome familiar, fez uma gestão legislativa que se não foi brilhante, também não comprometeu, mas difícil mensurar qual seria o seu poder junto ao povão.

Até arriscamos dizer que seu público estaria na mesma faixa do de Zaccarelli hoje, e seria um concorrente no nicho de Tarcísio Cândido de Aguiar (caso este de fato leve até o fim a candidatura majoritária), eis que até manifestação de protesto da extrema-direita na cidade ele coordenou.

O ex-provedor da Santa Casa ainda conta no grupo com outro nome bem conhecido dos olimpienses, o ex-vereador, ex-presidente da Câmara, sindicalista e já candidato a prefeito e a deputado federal por Olímpia, lá atrás: Hilário Juliano Ruiz de Oliveira. Ele até é bem quisto nas periferias da cidade, mas não é o tipo de político que desperta as paixões da massa. E, sejamos verdadeiros, goza de uma certa rejeição junto às classes média-média e média alta, por causa de seu engajamento sindical, basicamente. Principalmente agora, nestes tempos de recrudescimento político, no qual este tipo de atividade é visto como um espectro mais feio que o diabo.

Os nomes são apenas sugestões, ok?, não quer dizer que Zaccarelli tenha que necessariamente escolher entre um dos três. De repente, a exemplo de Geninho, ele pode tirar um nome da manga que venha surpreender a todos. Mas, assim, num grosso modo, difícil de imaginar quem. E seja quem for o escolhido fora dos nomes especulados, terá que reunir as qualidades políticas intrínsecas neles.

Márcio José Ramos, o pré-candidato já oficializado do PT não tem lá muitos dilemas a resolver. Geralmente o nome do vice sai de dentro mesmo da sigla, dadas as peculiaridades do partido na cidade, que não tem lá muita aceitação popular devido ao preconceito político de uma população que sempre votou à direita. Haja vista que o partido elegeu até hoje apenas um vereador, exatamente Hilário Ruiz, que depois se bandeou para o PSB, hoje no PSD, e contou com a suplência de uma vereadora, mas por apenas três meses.

o PT já teve um vice-prefeito eleito, em 2000, quando o oftalmologista Guilherme Kiill Júnior “carregou” o médico Luiz Fernando Carneiro, elegendo-o na primeira campanha, mas depois defenestrado da prefeitura pelo próprio Carneiro, em desentendimento até hoje mal explicado. Kiill passou a ser, então, um vice “non grato”, e até inimigo político do eleito, em seu primeiro mandato.

Em síntese é essa a passagem do PT pelas cercanias do poder na cidade. É árdua e penosa a missão petista local mas, é também, sobretudo, corajosa. Assim, não dá para extrair, mesmo das hostes do partido, um nome de vice que venha agregar ou mesmo fazer a diferença. As opções são diminutas, o quadro é reduzidíssimo e nada de novo se pode contar. No caso, é aguardar as novidades, se as há.

Fechando o contexto, temos Tarcísio Cândido de Aguiar, a incógnita. Levará mesmo sua pré-candidatura até o fim, entrará de fato no embate político que se avizinha? Ele nos parece um tanto quanto “outsider”, candidato de si mesmo, sem base de sustentação, sem partidos agregados, sem grupo político. Difícil imaginar alguém ir longe numa situação como essa.

Ou ir a fundo, pra ver no que dá. Talvez ele esteja usando uma estratégia “mercadológica”, ou seja, está na “prateleira” das intenções, mantendo ora um contatinho aqui, ora um contatinho ali, pois há quem já o tenha visto trespassar umbrais cá e acolá, convocado que teria sido para as tradicionais sondagens.

Tarcísio Aguiar não tem nada a perder. Já que até vice ele pode ser. Ou buscar de novo uma cadeira na Câmara. E depois, claro, algo a se fazer no entorno do Executivo. Neste caso, a bem da verdade, eleito ou não. Por isso ele se impõe no momento como candidato majoritário, detentor de um partido forte, o PL: para ter moeda de troca, porque, com certeza ele sabe, ganhará muito mais não sendo majoritário. Candidato a prefeito, perdendo (e claro que perderia!), cairia no limbo político.

Mas, emprestando apoio a qualquer das duas candidaturas mais à direita, se cacifaria para voltar à Câmara ou, em outra hipótese, vencendo seu candidato (e ele alcançando ou não uma cadeira), assumiria uma secretaria. Ou seja, seria uma situação de ganha ou ganha. Privilégio raro para quem chegou agora à política local.

Eleições 2024, tudo novo igual a como nunca foi

Tudo indica que o cenário eleitoral deste 2024 será mesmo formado por quatro candidaturas à cadeira principal da Praça Rui Barbosa. A novidade, no entanto, vem do Partido dos Trabalhadores. Desta vez traz um nome novo, até então fora do universo político da cidade.

Ex-jogador de futebol, até pela Seleção Brasileira, hoje comentarista de futebol, Juninho Fonseca, guardadas as proporções, foi a surpresa do momento. Sua efetivação enquanto candidato do partido está sendo trabalhada pelos próceres petistas locais em reuniões e apresentações.

Fonseca ainda não veio a público para dizer o que pretende. Mas, se no princípio era dúvida, uma vez que se anunciou e depois sumiu, agora parece estar tendo sua efetivação como o nome diferentão do PT formatada pelo grupo. Resta saber o que entregará no final ao partido.

Também parece se firmar a candidatura do vereador e ex-secretário do prefeito Fernando Cunha, sargento Tarcísio Cândido de Aguiar. Ainda é cedo para dizer se ele irá ou não levar sua pretensão até o final. Mas, por ora, Aguiar tem sido um candidato de si mesmo.

Vê-se articulações em nível de redes sociais, reproduzindo seus encontros com autoridades legislativas, militares e até mesmo com aquele que parece ser seu guru, o ex-presidente Bolsonaro. Já foi postado também vídeo dele aos abraços com o governador Tarcísio de Freitas e alguns secretários estaduais.

Não se pode negar que Aguiar tem método. Ele não está “viajando na maionese” no que diz respeito ao andamento de sua campanha. Mas está apostando muito nas redes sociais.

Não se viu ainda o vereador articulando na vida real, ou seja, pelos caminhos e descaminhos da Estância Turística, arregimentando parceiros, apoiadores, seguidores (na vida real, não virtual), nem tampouco formando base de apoio político-eleitoral, o chamado “grupo político”, já que sem esse pode partir, mas dificilmente chegará a algum lugar.

O seu principal mote até outros dias era o tema do Aeroporto Internacional do Noroeste Paulista, se postando, praticamente, como o “pai da matéria”. Mas, conforme post aqui, na semana passada (ver Aeroporto Internacional de Olímpia -uma breve história no tempo), ele tem pouco a mostrar enquanto negociador independente sobre o assunto, embora reconheçamos, fez um bom trabalho enquanto esteve a serviço do município como secretário de Cunha.

Repetimos: não se esperava menos que isso dele, afinal havia “ganhado” uma secretaria municipal à sua semelhança.

Deixando a secretaria, voltando à Câmara, assumiu uma postura de independência política do governo de turno e mantém certa distância do grupo genista. Tem sido um franco-atirador com suas boutades acerca do aeroporto, a única bandeira forte que tinha para desfraldar, mas agora parece que este mote cansou a beleza.

No flanco oposto de Juninho Fonseca, aliás exatamente na posição de representante da extrema-direita por estas bandas, inclusive com cacoetes militaristas, resta saber o que ele entregará ao final. Ou se acabará se entregando ao “establishment” posto na cidade, haja vista que em política tudo é novo igual a como nunca foi.

Portanto, este blog ousa arriscar que teremos pra valer três candidaturas: Luiz Alberto Zaccarelli, Geninho Zuliani e Juninho Fonseca, salvo melhor juízo. Aguiar ainda está a provar muita coisa pra muita gente. Inclusive a de que está falando sério. Coisas que só o tempo e suas peripécias irão mostrar.

Por enquanto, o que se vê de cristalino são duas candidaturas gigantes se anunciando, exatamente o candidato de Cunha, Zaccarelli, que está levando bem a sério esta incumbência, e Geninho, que igualmente a sério vem articulando nos bastidores, coisa que ele sabe fazer como ninguém.

Embora tenha sido vereador entre 1993-1996, ocupando o cargo de vice-presidente do Legislativo no biênio 95-96 (o saudoso Joel de Alencar, morto em 2020, era o presidente), ao mesmo tempo que um dos assessores do então deputado estadual Fernando Cunha, em seu escritório político local, o currículo político de Zaccarelli não é nada extenso, e muito menos denso. Quase três décadas separam o provedor da Santa Casa de Misericórdia de Olímpia e a política militante.

Embora o nome da família tenha sempre estado envolvido nos seus arredores, lá atrás por meio do patriarca Hélio Alberto Zaccarelli, falecido em março de 2014. Imagina-se, no entanto, que Zaccarelli filho era menino naqueles tempos.

No histórico de Hélio Zaccarelli, consta que ele foi eleito para o cargo de vice-prefeito em novembro de 1981, quando da eleição para o cargo majoritário de Wilson Zangirolami. O histórico diz ainda que Zaccarelli era uma personagem política de tom pacificador, e que teve sua passagem marcada em um período histórico da política local. Além disso, foi também jogador profissional do Olímpia Futebol Clube.

Quando de sua eleição como vice, Wilson Zangirolami, o candidato a prefeito, venceu o pleito com uma diferença de 6.664 votos sobre o segundo colocado, que era ninguém menos que Waldemar Lopes Ferraz Filho, o Mazinho, filho do ex-deputado estadual hoje lembrado em uma extensa e importante avenida que corta a cidade. A vitória, aliás, representou a quebra de uma tradição municipal que existia até então, a do prefeito de turno não conseguir eleger seu sucessor.

É com esse portfolio, portanto, que Zaccarelli se apresenta ao povo olimpiense. E com seu trabalho à frente da Santa Casa, hoje em situação de tranquilidade, dado o suporte que a atual gestão vem imprimindo, financeiramente, àquele hospital. Resta saber o que ele e seu mentor político vão entregar no final da corrida.

E o que dizer do outro forte oponente a Zaccarelli e demais pretensos candidatos? Tudo indica que, no frigir dos ovos, o embate se restringirá a estes dois nomes, ficando os outros pretendentes numa posição de meros figurantes, salvo melhor juízo porque, como disse acima, em política, tudo é novo igual a como nunca foi.

Já de muito tempo que corre nas estradas políticas da cidade o bordão de que Geninho é um “animal político”, um “encantador de pessoas”, com muito carisma e boa conversa. No momento divide as opiniões sobre quem ocupará a cadeira de mandatário-mor da Estância. Tem corrido, tem trabalhado, embora fazendo pouco barulho (seus correligionários argumentam que “ainda não é a hora”).

A batalha será de gigantes porque Geninho, junto com Cunha, são as duas figuras mais emblemáticas que já ocuparam a função de prefeitos nesta Estância nos últimos 25 anos, sem sombra de dúvidas.

Deste total de anos, ambos, juntos, detêm quase 16 anos de governança, a se completar com o fim do mandato de Cunha. No período anterior a esse, houve uma espécie de hiato temporal no avanço do turismo na cidade, por causa de empecilhos político-administrativos que promoveram dificuldades e atravancaram o caminho do pleno desenvolvimento deste que é, hoje, a principal mola propulsora da economia na cidade.

A chegada de Geninho foi a oportuna e rápida abertura para todas as coisas necessárias e inerentes ao turismo que Olímpia respirava, mas um tanto sufocada pela má vontade de lideranças políticas de então.

Pode-se dizer que Geninho abriu as porteiras e, não só isso, se aliou a grandes empreendimentos e abraçou forte o projeto de grandeza do empresário Benito Benatti que, com o crescimento do Termas, animou outro grande grupo empresarial da cidade a investir pesado no novo nicho, com um empreendimento corajoso, jamais imaginado até então, o Hot Beach, inaugurado exatamente no primeiro ano do primeiro mandato de Cunha.

Então Cunha deu prosseguimento a este propósito, não medindo esforços e também se aliando a grandes investimentos, para que a máquina turístico-econômica continuasse funcionando sem percalços, sem nenhuma intercorrência.

Ou seja, neste nicho ambos têm parcelas iguais de importância, sendo que talvez Cunha leve um pouco de vantagem por ter tido a oportunidade de acrescentar outros elementos fundamentais que trouxeram pujança à cidade e a manteve como um dos principais destaques do Interior paulista, em nível nacional e até internacional.

Mas, no embate político, ambos podem cobrar esta fatura do eleitorado. Que no final das contas será o grande julgador, a votar conforme sua avaliação de dois tempos distintos, mas que se entrelaçam dentro de sua própria conformação.

Ou seja, eleito Geninho, ou eleito Zaccarelli, ambos ficarão com os olhos e as ações voltadas a este universo, se não quiserem fazer a Estância regressar à sua condição de cidadezinha sem perspectivas de 30, 40 anos atrás.

É a sensibilidade do cidadão e, claro, a capacidade de jogar luz sobre seus feitos que dará o veredito favorável ou contrário a quem esteve antes e agora se apresenta novamente para pegar o bonde do desenvolvimento andando, ou àquele que botou o bonde nos trilhos mas que não é o candidato direto, ungindo o administrador da Santa Casa para tanto.

Aí, no caso, esperar para ver o que o grande júri irá entregar. Não ignorando, claro, as duas (?) outras candidaturas pois, em política, apenas para ser redundante, reafirmo que tudo é novo igual a como nunca foi.

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