Informação, que é oficial do órgão fiscalizador
de São Paulo, desmonta a acusação de ‘fake news’
feita pelo assessor político particular do prefeito
Enquanto o Chefe do Executivo municipal, Fernando Augusto Cunha (PSD), por meio de sua assessoria de imprensa tentava uma justificativa para a situação, e seu assessor político Paulo Marcondes apressadamente taxava a informação como “fake News” ao lado de um texto lacrimoso em sua página no Facebook, o jornalista Cleber Luis, da Rádio Difusora e TV Record, obtinha junto ao Tribunal de Contas do Estado de São Paulo-TCESP, a verdade oficial: a prefeitura de Olímpia de fato entregou o relatório de suas contas de 2019 fora do prazo. Na verdade, quase um mês depois.
O jornal Planeta News divulgou na quarta-feira, 29, em seu
site de notícias que, “segundo informações contidas no site do Tribunal de
Contas do Estado de São Paulo-TCESP, o prefeito Fernando Augusto Cunha (PSD),
estava em risco iminente até mesmo de perder o mandato, por não ter remetido os
balanços contábeis de 2019 dentro do prazo limite àquele órgão, que é 31 de
março”.
Dizia ainda que “em função disso, a Estância Turística de
Olímpia foi inserida na relação constante de 63 municípios do Estado, que
segundo o TCE, não cumpriram com esta obrigação constitucional, no prazo
exigido”.
No entanto, segundo ainda o jornal, em sua versão digital, a
prefeitura da Estância Turística de Olímpia divulgou na manhã de quinta-feira,
30, portanto após a publicação do jornal, em sua página oficial, e distribuiu
release às 9h34 da manhã, com o seguinte texto:
Prefeitura afirma entrega de Prestação de Contas em dia
e TCE admite falha no sistema após chamado do município
Ao contrário do que vem sendo publicado e compartilhado por veículos de comunicação e perfis e páginas em redes sociais, colocando em cheque a transparência e a responsabilidade do município, a Prefeitura da Estância Turística de Olímpia afirma que a documentação exigida referente ao ano passado foi entregue ao Tribunal de Contas do Estado dentro do tempo hábil para conferência do sistema e processamento da prestação de contas.
Prova do efetivo cumprimento é o Recibo de Prestação Anual,
emitido para a Prefeitura pelo sistema do TCE no dia 02 de abril às 02:39:42,
atestando que o Órgão/Entidade entregou a Prestação de Contas do exercício de
2019, nos termos das Instruções e Legislação vigentes, o que certifica ao
município ausência de pendências.
No entanto, ao verificar a inclusão da Prefeitura de Olímpia
no relatório do TCE, divulgado na manhã dessa quarta-feira (29), que aponta as
cidades que não concluíram a prestação de contas, o município abriu
imediatamente um chamado para averiguação do ocorrido.
Em resposta, o TCE admitiu falha no sistema, confirmando que
o município entregou a prestação completa e dentro do prazo e foi inserido na
lista por um equívoco. O órgão fiscalizador lamentou o ocorrido e se
comprometeu a corrigir a falha instantaneamente. Apresentou, inclusive, recibo
de prestação de contas anuais, datado do dia 2 de abril de 2020.
No site do Tribunal, a data colocada como prazo final, consta ser do último dia 31 de março e o protocolo do município de Olímpia é datado de 2 de abril de 2020, entendendo assim que foi entregue fora do prazo estipulado, o que pode ter ocasionado a vinculação do município na lista dos inadimplentes.
CORRERIA E ESTRESSE NO PALÁCIO
Porém, o que foi apurado é que, na realidade, teria havido verdadeira “correria”
nos corredores do Palácio da Praça Rui Barbosa, em busca da documentação
faltante. A publicação do TCE foi feita no dia 28 de abril. A matéria do jornal
foi publicada no começo da tarde do dia 29, segundo consta gerando estresse no
chefe do Executivo e nos funcionários de alguns setores.
Assim, somente após a publicação do Planeta News é que o governo municipal teria providenciado o que não estava na primeira remessa. O prazo final é 31 de março, mas a prestação de contas foi protocolada no dia 2 de abril, faltando o ítem principal, que era referente à folha de pagamento. Por isso o TCE não constou como fato consumado e vinha cobrando o município. Que só entregou o que faltava após o caso vir a público por meio do site do Planeta News.
O ASSESSOR POLÍTICO E A ‘FAKE NEWS’
Não obstante isso, às 9h55 da manhã também de ontem, o assessor político do
prefeito Fernando Cunha, Paulo Marcondes, publicou em sua página, no Facebook,
uma imagem onde se destacava de forma garrafal, a palavra “fake News” com a
qual eles carimbam todas as informações que não são do agrado do governo,
ladeada pelo seguinte texto:
“Bom dia mais uma vez a todos! Estamos num momento tão
complicado no mundo, no país e em nossas cidades, mas para algumas pessoas e
grupos políticos parece que o mais importante é fazer politicagem, maldade,
mentir, propagar discórdia a qualquer custo, não vemos uma ação positiva dessas
pessoas e grupos, não achamos uma ajuda para a população em nada, porém por
outro lado plantam a maldade a todo custo, fica a dica já está chato, já está
nojento, acho que precisam repensar o momento em que estamos vivendo, mais ação
positiva, menos política suja, procurem se informar melhor sobre o que falam e
publicam, estão subestimando a inteligência das pessoas. Paz e bem”.
Porém, enquanto isso, o jornalista Cleber Luis, insatisfeito
com a manifestação oficial do Executivo, manteve contato diretamente com a
assessoria técnica do TCE, em São Paulo, e no começo da noite da ontem obteve a
informação de que sim, a prefeitura de Olímpia de fato havia entregado suas
contas fora do prazo limite, que é 31 de março. Assim, ele postou em sua
página, no Facebook, o seguinte texto:
TCE confirma que Prefeitura de
Olímpia
entregou documentos fora do prazo
Segundo o órgão me avisou há pouco, o município tinha deixado de entregar o
documento ‘Publicação de Remuneração de Cargos e Empregos Públicos’, o que foi
feito apenas ontem (29/04), após publicação que colocou o município na lista
negra e, portanto, quase um mês após o prazo.
Mesmo assim, segundo eles, agora o município não está mais
inadimplente. Sendo assim, não se tratava de fake news como divulgado pelo
município. Segundo o Tribunal, o atraso e as justificativas serão levadas em
consideração na análise e julgamento das contas do município do exercício de
2019.
Caso não entregasse o documento, o prefeito Fernando Cunha
poderia sofrer perda de mandato, responder por crime de responsabilidade e
corria o risco de suspensão dos direitos políticos, por meio da Justiça
Eleitoral e Comum.