Nestes últimos dias, desde o lançamento do cartaz oficial do evento, na noite do dia 4 de junho passado, a polêmica se instalou até em alguns casos de forma desrespeitosa e mal intencionada quanto ao vocábulo “Nacional” inserido entre Festival e Folclore, passando a ser denominada a 60ª edição da festa de “Festival Nacional do Folclore”.
É claro que causou estranhamento entre tantos observadores próximos do Festival, que viam no vocábulo “enxerido” uma espécie de desmistificação daquilo que o criador do maior festival nacional em seu gênero, José Sant’anna, prezava muito. E até xingava com palavras duras quem se atrevesse a fazê-lo quando ele em vida.
De acordo com texto publicado neste fim de semana no semanário “Folha da Região”, Sant’anna sempre tinha uma resposta “na ponta da língua” quando alguém chamava o Fefol de Festival Nacional. “Não existe Festival Nacional, é Festival do Folclore e só. Não sei de onde esses morféticos ficam tirando esses nomes”.
É que houve um tempo em que se usou farta e despudoradamente, e sem maiores reparos por quem quer que seja, o vocábulo “Nacional” para designar o Fefol, uma vez que, por alguns anos, realizou-se na cidade o Festival Internacional do Folclore, cognome Fifol que, aliás, Sant’anna detestava por entender que poderia levar as pessoas a erros de entendimento e interpretação.
“Não dá para alterar o nome de uma festa tradicional para diferenciar de uma outra, cujas atrações se presenciam em qualquer churrascaria de São Paulo”, esbravejava ele à época, de acordo com o jornal.
Porém, na manhã desta segunda-feira, 10, a assessoria de imprensa do Festival houve por bem fazer um esclarecimento sobre este detalhe na denominação dos 60 anos do Festival, informando que a inclusão do “Nacional” foi feita a pedido do próprio prefeito Fernando Augusto Cunha, garantido o sentido geográfico e dada a proporção que a festa olimpiense alcançou em nível de Brasil, culturalmente falando, por representar a cultura popular de todo país.
Dentro do universo semântico, aliás, isto se chama denotação, aquilo que designa o sentido real, literal e objetivo da palavra, explorando uma linguagem mais informativa, em detrimento de uma linguagem mais poética, que seria a linguagem conotativa, que bem pensando estava presente no “Nacional” em contraposição ao Internacional dos idos anos 90. A denotação, inclusive, é muito utilizada nos trabalhos acadêmicos, jornais, manuais de instruções, dentre outros.
Inclusive, informa a assessoria, este vocábulo acrescido ao título do Festival teria sido pauta de conversas do prefeito Cunha com a ministra da Cultura, Margareth Menezes, meses atrás, com a finalidade de buscar viabilizar recursos via Lei Rouanet para o evento, tirando dele uma característica injustamente a ele atribuída, a de evento regionalizado, ou até mesmo “doméstico”.