Blog do Orlando Costa

Verba volant, scripta manent – ANO XVI

Tag: Santa Casa de Olímpia

Governo e Saúde perderam o eixo frente à pandemia?

Talvez seja só uma impressão deste humilde escriba mas, de qualquer forma, ela precisa ser externada. Parece-nos que o pessoal da Saúde local e até mesmo o Executivo municipal perderam o norte em relação à pandemia, após a morte irreparável do Dr. Nilton Roberto Martines.

A Santa Casa parece ter ficado sem liderança médica. O governo municipal, sem balizamento de ações e decisões. A Secretaria de Saúde, sem uma voz orientadora. E até mesmo os grandes empreendimentos, sem uma referência segura.

Foi graças ao médico falecido que se tomou a decisão de parar com tudo, os parques, os hotéis e pousadas (todo mundo se lembra do “famoso áudio” vazado nos grupos de WhatsApp).

Se não, poderíamos estar vivendo agora uma catástrofe sem precedentes.

Pode-se dizer que o Executivo tardou um pouco a tomar decisões mais drásticas mas, ainda assim, as tomou no tempo hábil. O temor do avassalamento deste vírus na cidade é grande desde o princípio, mas é perceptível que suas “amarras” foram mantidas por um certo tempo, depois começou o afrouxamento.

Coincidentemente, após o passamento da mais importante das figuras médicas locais -claro, no nível popular, de respeito e dedicação. Mas, importante que se releve, foi a partir daí que, também, e não coincidentemente, começou a pesar o fator político-eleitoral.

Foi quando o governo municipal começou a ceder às pressões localizadas, vindas do comércio, do prestador de serviço, dos meios de hospedagem e até mesmo de parcela da sociedade, inconformada com a limitação de suas liberdades.

Hoje temos a notícia da primeira morte por Covid-19 na cidade, que detém 20 casos confirmados, ainda nesta quinta-feira (escrevo no início da tarde, o novo boletim sai às 16 horas).

Porém, a impressão que dá é a de que estariam tentando amenizar o fato do homem ter sido acometido e morrido com Covid-19, repisando suas comorbidades. Fica a impressão de que não querem assumir como fato consumado a morte deste cidadão, como se fosse peça plenamente descartável.

Portanto, atenção das autoridades médicas e políticas é o que se pede. Que busquem novamente encontrar o eixo perdido com a triste morte do líder médico e tomem as rédeas da situação.

Colocar a política partidária à frente da política do bom atendimento deste inusitado e tempestuoso problema de saúde pública – doa a quem doer as medidas drásticas ainda necessárias -, não é o melhor a se fazer. Até porque nem sabemos se vai ou não haver eleições este ano.

A vida ainda continua sendo o bem mais precioso. E as nossas, estão nas mãos de autoridades que ora devem deixar fluir os seus comprometimentos com o bem estar do cidadão.

Coisa bem acima dos interesses político-eleitorais.

PS DA UNIMED NA SANTA CASA AGORA É INCÔMODO?

Por que o vereador João Magalhães anda cismado com o PS da Unimed instalado na Santa Casa há alguns anos? Isso aconteceu quando a diretoria que na semana passada renunciou aos cargos aceitou a proposta financeira feita pela empresa privada de assistência médica, premida que estava pela situação de seus cofres de então (que não mudou muito ou quase nada até hoje).

E aconteceu também em função de a Unidade de Pronto Atendimento, a UPA, ter entrado em operação e assim aquele espaço ficou sem utilidade prática. Uma vez construído, que destino se poderia dar a ele, o fechamento? Assim, a diretoria decidiu que era melhor pegar os trocados da Unimed.

O vereador João Magalhães (PMDB), líder do prefeito na Câmara, que vem desenvolvendo uma verdadeira “cruzada” contra o PS, argumenta que ele foi construído com dinheiro público. O que é uma verdade. Foi dinheiro de emenda parlamentar um pouco, outro tanto buscado aqui e ali e a desenvoltura da então provedora, Helena Pereira, que possibilitaram erigir aquele espaço.

E num momento em que o governo municipal fala em dotar a Santa Casa de um pronto socorro visando otimizar os atendimento em urgência e emergência, a ideia de aproveitar aquele anexo não é de todo desprezível. Evita gastos desnecessários e o congestionamento humano caso se construa outro anexo nos fundos do hospital, mantendo o PS da Unimed ativo.

A menos que se queira algo, digamos (argh, detesto esta conceituação), de primeiro mundo, seja lá o que isso signifique. O vereador disse que não entende como a diretoria do hospital permitiu tal situação. Bom, isso já explicamos lá em cima.

Em 2012, último ano de funcionamento do PS da Santa Casa, Magalhães estava em seu último ano de mandato na Câmara e concorria à principal cadeira da Praça Rui Barbosa, 54 e, em 2013, quando a Unimed ocupou aquele anexo, ele se afastava da atividade política.

Disse mais o vereador. Que “há 15 anos atrás, mais ou menos”, fez um trabalho com um deputado que nem deputado é mais, e teria conseguido R$ 300 mil para a construção do PS ao lado da Santa Casa de Misericórdia. E por isso não se conforma e ver aquele anexo “ocupado por unidade médico-hospitalar, uma das maiores do Brasil”, já que foi construído com recursos públicos, e “que deveria ser utilizado para atender a população de uma forma geral”.

“Nós não podemos concordar com isso”, contestou. E por isso diz ter protocolado requerimento questionando a direção da Santa Casa, sobre o porquê do fechamento do pronto socorro municipal e a destinação que foi dada a ele, para uma empresa particular.

“Nós queremos que o pronto socorro volte a atender a população do município de Olímpia e essa empresa médico hospitalar, que é uma das maiores do Brasil, possa construir outro prédio ao lado da Santa Casa para atender os seus conveniados, seus associados”.

Não deixa de ter razão o vereador. Mas, trata-se de uma questão que pode ser resolvida da melhor forma possível. É certo que a Unimed cumpriu uma função estando ali ao longo destes pouco mais de quatro anos. De alguma maneira deve ter aliviado certas situações do hospital, embora também tivesse a contrapartida de, às vezes, se não quase sempre, fazer uso do plantonista do próprio hospital, quando este fosse conveniado da empresa.

Ou seja, ali foi uma mão lavando a outra. Agora não serve mais? Muito bem. Que se trate a questão com a maior das diplomacias, porque de embates desnecessários o público está saturado nesta cidade, dados os tantos acontecimentos dos últimos quase 100 dias, principalmente na área da Saúde, que ainda está muito “doente”.

PS: Informações ainda por serem checadas dão conta de que pode haver uma baixa no secretariado de Cunha nas próximas horas. Pode ser fato, pode ser boato. Por isso não se pode sequer dar pistas de em qual setor se daria. Nem se pode garantir que de fato acontecerá. Mas os rumores são fortíssimos.

MONTINI RENUNCIA À SANTA CASA NA 5ª; QUEM SERÁ O ‘UNGIDO’ DE CUNHA?

O provedor da Santa Casa de Misericórdia de Olímpia, advogado Mário Francisco Montini, sucumbiu às pressões oriundas do Poder Público. Vai renunciar ao cargo na próxima quinta-feira, dia 30. Colocará a proposta em votação na assembléia convocada para a tarde/noite daquele dia.

Inicialmente, a renúncia será dos membros da diretoria executiva (Provedoria), depois, eventualmente, do conselho fiscal e sócios. Na ocasião também será definida a nova diretoria.

Não se espante o caro leitor (ou melhor, espante-se sim, pasme, até!) porque este é mais um episódio da triste série “Santa Casa de Olímpia e as idiossincrasias” dos mandatários de turno.

Embora se tente fazer passar à opinião pública que o único hospital de Olímpia estaria à margem dos interesses políticos de momento, conforme aquele desprezível texto emanado da mente obscurantista importada de outras plagas para estas terras de São João Batista, na verdade ela sempre esteve a reboque do poder político.

Quando não, antes esteve a reboque do poder religioso, quando era comandada pelas irmãs católicas e a Paróquia -então regida por interesses paroquiais, a propósito?

Não está claro quando, exatamente, ela saiu das mãos dos paroquianos e foi se instalar na plataforma dos interesses políticos. Cremos ser de mais de 30 anos para cá, sobrevivendo, portanto, a pelo menos, talvez, sete prefeitos (conto de memória), sendo que três deles estiveram na cadeira por duas vezes cada (José Rizzatti [1989-1992 e 1997-2000], Carneiro [2001-2008] e Geninho [2009-2016]) e um quarto, foi mandatário da cidade por seis anos (Wison Zangirolami [1983-1988]).

Nos dois governos Rizzatti, que foram entremeados com a gestão de José Carlos Moreira (1993-1996), gente dele sempre ocupou a vaga de provedor e as demais constantes da diretoria como um todo. Ele próprio, Rizzatti, já foi provedor de lá*.

No governo Moreira, a mesma coisa. Porém, nestes períodos, tais situações seguiram aceitas como da maior normalidade pela opinião pública e os entes políticos de então. Não se dava à Santa Casa, ainda, a importância pública que passou a desfrutar depois, nas gestões de Carneiro e Geninho.

Aquele hospital era péssimo, então, mas havia uma enorme passividade da população em relação a ele. Talvez por ainda voltear por sobre o nosocômio, a “fumaça” do paroquianismo. Respeitava-se como dádiva santa, o hospital, que é Santa Casa, aliado às imagens das fluidas irmãs de caridade.

Porém, uma guerra nada santa parece ter se iniciado na gestão Carneiro. Aquele hospital teve até trancas automáticas colocadas na porta que separava o pronto socorro da ala interna do hospital. Brigas constantes, imprensa em cima, provedores despreparados. Na ponta final, cidadão mal amparado.

Foi na segunda gestão Carneiro que um grupo de abnegados olimpienses, tendo à frente a advogada Helena de Souza Pereira, decidiu montar chapa para assumir o hospital, uma vez que o grupo de então já dava mostras de exaustão e incapacidade administrativa, tanto que não criaram obstáculos para que o grupo novo e distanciado do poder público assumisse as rédeas.

E ninguém pode negar que foram tempos de bonança para o hospital, muitas vezes largamente elogiado por este blog, já que ali alcançara-se aquela situação ideal para que uma instituição possa sobreviver e contar com a adesão in incontinenti da população, do cidadão comum, conforme se verificou.

Grupos se formaram para dotar o hospital de roupas de cama e de banho trabalhadas, orgulhosamente e gratuitamente por senhoras; voluntários(as) se dispondo a todo mês levar alimentos e outros ítens necessários ao hospital; problemas de infra-estrutura sendo resolvidos, gerenciamento médico não deixando a desejar e até anexos como Hospital do Olho e novo PS construídos.

Tudo isso para pouco tempo depois, mudada a administração, ser derrubada aquela diretoria, por interesses políticos do prefeito de então, que queria gente dele na direção do hospital. Lembrando que houve a passagem triste em que Helena Pereira aproximou o hospital do então candidato Geninho, levando a Santa Casa para a campanha eleitoral.

O prefeito, logo depois que assumiu, declarou “guerra” à diretoria, da qual participaram médicos e Ministério Público. Houve comoção popular à época, mas de nada adiantou. Tomou a Santa Casa e passou a coordenar sua diretoria, partindo do vice-prefeito, Luiz Gustavo Pimenta, que foi o “interventor”, depois Marcelo Galette e finalmente, por duas gestões, Mário Montini, que ora renuncia.

A partir daí, é esperar para ver quem será o nome que o mandatário Cunha (PR) irá impor à diretoria que deve ser votada na próxima quinta-feira. Porque não se iludam, Montini renuncia por pressão política. E Cunha pressiona porque não o quer lá.

Um ato político meramente. Difícil imaginar que tenha finalidade técnico-administrativa, haja vista que há tempos aquele hospital deixou de figurar nas manchetes de jornais ou escaladas de emissoras de rádio ou até TVs regionais como uma instituição que presta maus serviços. Como ficará a partir de agora, é incógnita. A ver.

* Existe a possibilidade de que para a provedoria do Hospital seja escalado o ex-prefeito e ex-provedor José Fernando Rizzatti. O que poderá estar por trás disso, caso seja confirmado, será a tarefa deste blog descobrir.

SANTA CASA, DE NOVO, A ‘BOLA DA VEZ’!

Política cá, política lá, e a Santa Casa de Misericórdia de Olímpia nada de encontrar o seu caminho de solidez. Ela é sempre a “bola da vez”, mas acaba sempre sendo a “bola reserva”.

Com este novo Governo municipal, parece que não será diferente. O prefeito Fernando Cunha (PR) vive a manifestar preocupações com seu estado precário de agora e sempre. E promete acabar com isso.

Sua medida drástica para enfrentar o problema? Instalar ali nos seus arredores, um Pronto Socorro. Acha necessário. Entende que a UPA está muito longe do hospital e isso compromete o socorro a vítimas urgentes. Não criminaliza a UPA, no entanto. Acha fácil, aliás, equacioná-la.

“O que falta lá é um trabalho de gestão, com isso vai melhorar a qualidade do atendimento, tem  que atender melhor as pessoas”, disse. Bom, então está fácil (e a gente aqui, quebrando a cabeça, hein?).

Acusou o ex-prefeito Geninho de agir politicamente em relação ao hospital (no que não está inteiramente errado, mas corre o risco de cair na mesma tentação), ao construir a UPA do outro lado da cidade.

“O governo anterior investiu mais na UPA para ficar menos dependente politicamente da Santa Casa”, analisou. Mas o governo anterior também agiu politicamente para colocar lá gente de sua confiança.

Talvez este “agir politicamente” de Cunha refira-se à administração Helena de Sousa Pereira, que havia sido sua parceira (de Geninho) de campanha eleitoral. E hoje os que lá estão? Nas rodas dizem que estão prestes a cair. Seria o “agir politicamente” de Cunha?

Para quem a Santa Casa não foi incorporada como um elemento da política de Saúde do município? “Pode ter sido um acerto de ordem política”, insiste Cunha, em seu descontentamento. “Do ponto de vista da oferta de Saúde foi muito ruim”, complementa.

Em síntese: Cunha disse que vai “enfrentar”, que vai “ajudar” o hospital. Não deixou claro se vai aumentar o repasse (de onde viria o dinheiro?). Arrisca dizer que a economia que pretende fazer iria parte para o único hospital de Olímpia.

Um PS ao lado facilitaria resolver estas questões ou apenas tumultuaria um ambiente que hoje, para o bem e para o mal, vive situação de total calmaria? Quem se lembra do que era aquilo antes da UPA sabe muito bem do que estou falando.

Cunha garante resolver outras questões, como a falta da UTI, do centro de hemodiálise e, mais importante que tudo, então, a falta de dinheiro crônica da qual a Santa Casa padece.

Só faltou ele dizer – e isso ninguém lhe perguntou – se sua ideia é municipalizar a Santa Casa de Misericórdia. Porque o nível de envolvimento a que se propõe, temos a impressão de que só será possível por meio de alguma espécie de municipalização. E aí, haja economia para sustentar aquele nosocômio.

Com a palavra, Lucineia Santos, “a gestora”, e Fábio Martinez, “o especialista em Saúde”, conforme definição de Cunha.

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