A Santa Casa de Misericórdia de Olímpia foi a bola da vez na sessão de ontem da Câmara de Vereadores. Mais exatamente, o Pronto Socorro anexo àquele hospital, que desde 2013 vem sendo explorado pela Unimed.
Com a ida do atendimento de urgência e emergência para a Unidade de Pronto Atendimento-UPA, aquele setor ficou sem uso e a solução que a diretoria encontrou foi a concessão mediante remuneração à empresa.
Agora, exatos quatro anos depois, como consequência do imbróglio havido na semana passada, os ocupantes da Casa de Leis decidiram voltar seus olhos para 0 PS 24 Horas adulto e infantil.
Não se sabe se a concessão foi feita com vantagens para o hospital, mas fato é que à época das negociações, esta mesma Câmara nada disse, não se opôs, embora considerando que o grupo ocupante daquelas cadeiras era outro, em sua maioria.
Somente um vereador veio da gestão passada, quando foi suplente e outros dois eleitos deixaram a cadeira para ocupar secretarias. De qualquer forma, um deles ainda, assumiu tempos depois. E o terceiro fez vistas grossas.
O local, informava a empresa quando da instalação, tinha capacidade para realizar mais de 1.500 atendimentos por mês exclusivamente a clientes Unimed e particulares. A instalação possui 300 m2 de área, divididos em 14 salas, e contaria com cerca de 40 profissionais especializados como médicos, enfermeiros, plantonistas, administrativo, vigilância 24 horas, entre outros, dando suporte aos mais de 20 mil clientes da região de Olímpia.
Em caso de necessidade, exames laboratoriais e raio-x também são feitos em parceria com o hospital. Se fez bem à municipalidade não se sabe. A ideia era a de que ajudasse a aliviar a UPA, tirando dela clientes da Unimed que não tinham a quem recorrer nas urgências e emergências.
Exatamente um ano antes, um balanço divulgado pelo hospital dava a ideia de que o Pronto Socorro havia atendido, em 2012, “uma Olímpia e meia”, superando a casa dos 76 mil pacientes.
Estes são os números que na UPA foram superados em muito. São muito mais que 70 mil pacientes/ano atendidos hoje pela Unidade. Com a ideia da instalação do PS de volta à Santa Casa, será pelo menos um terço deste contingente que passará a ser atendido lá. Desafogando a UPA. Mas será a solução? Este resultado será, de fato, alcançado? E o custo-benefício, compensará?
Há cinco anos atrás, em 2012, último ano em funcionamento, o PS do hospital, para sermos exatos, atendeu 5.850 pacientes por mês, 195 por dia, sendo 80% pelo SUS. Isso deu 70.200 pacientes no ano.
Turistas, por exemplo, foram 550 por mês, ou 18 por dia. Somados, chegaram a 6.600, fazendo superar “uma Olímpia e meia” em 1.800 atendimentos.
Ou seja, aquele hospital vivia uma “situação de guerra” com tantos atendimentos. E é esta mesma situação, salvo os casos endereçados à UPA, que a Santa Casa vai voltar a viver. Mas, para isso, precisa se resolver, primeiro, o problema do PS da Unimed. Daí a preocupação dos senhores edís com o tema, passados quatro anos.
Agora que o hospital virou vidraça novamente, todos naquela Casa, ao que parece, se sentem livres para apedrejar o nosocômio, já que têm, inclusive, a anuência do Chefe do Executivo.
Criticam a forma como a parceria com a Unimed foi feita, ameaçam com uma “devassa”, lembram que a atual diretoria é “obra” do ex-prefeito Geninho (o qual não conseguem esquecer), e que o prefeito de turno precisa ter alguém de sua confiança ali.
Mesmo que isso contrarie o discurso contido no insidioso texto divulgado na semana passada pela assessoria de Cunha (PR). Trecho esse que segue abaixo:
Cabe lembrar que a Santa Casa é de direito privado e de caráter filantrópico, realizando também atendimentos particulares e de convênios de saúde, cuja arrecadação deve ser administrada pela direção do hospital, sendo que a prefeitura não tem conhecimento e nem qualquer gerência nos gastos e na administração da instituição. (Grifos nossos)
O mandatário de turno precisa afinar seu discurso com a Casa de Leis. Pelo menos, que dê seus textos para que eles leiam antes de subirem à Tribuna.