Blog do Orlando Costa

Verba volant, scripta manent – ANO XVI

Tag: PT

Olímpia, sempre à direita

A morte de Major Olímpio, na quinta-feira passada, trouxe à tona uma realidade histórico-eleitoral da Estância Turística de Olímpia: o voto sempre à direita.

A começar pelos prefeitos que ao longo da história governaram nossa urbe, até as formações do nosso Legislativo, que em seus 73 anos de existência, só elegeu um vereador até então tido como esquerda, Hilário Juliano Ruiz de Oliveira, então PT, que posteriormente alinhou-se, digamos, ao centro (PSD).

Nas votações para a presidência, governadores, Senado, Câmara Federal e Assembleia Legislativa, então, sempre a mancha direitista prevaleceu. Nunca um candidato de esquerda ganhou eleições em Olímpia para presidente ou governador, por exemplo.

E os candidatos a cargos proporcionais à direita do espectro político, sempre tiveram a preferência do eleitorado local, ainda que, por exemplo, tenhamos candidatos próprios de esquerda a cargos majoritários em nível local, ou proporcional em nível estadual -deputado federal ou estadual.

Nestes casos, o nome local esquerdista sempre amarga uma segunda posição, quando muito.

Sérgio Olimpio Gomes, o Major Olimpio, é a prova mais recente de como o olimpiense idolatra personas direitistas e, se apresentar vieses linha-dura, ao que parece, melhor ainda.

Este político falecido, natural de Presidente Venceslau e que nunca havia posto os pés nesta terra de São João Batista, conseguiu o feito extraordinário nas eleições de 2018, obtendo 30,36% dos votos válidos da cidade, ou seja, 12.380 votos, para o Senado.

Naquela eleição, seu oponente mais capacitado para a senadoria e, de longe, o mais conhecido dos olimpienses, era Eduardo Suplicy, do PT, que ficou na quinta colocação em Olímpia, com apenas 3.454 votos.

Major Olímpio torna-se, também, o fenômeno histórico das votações em Olímpia, uma vez que, antes dele, somente o hoje vice-governador Rodrigo Garcia havia conseguido o feito até então julgado extraordinário, nas eleições de 2010.

Na disputa por uma cadeira na Câmara Federal, arrebanhou 11.064 votos dos locais, tendo um cabo eleitoral que era o prefeito da cidade, Geninho Zuliani (DEM), hoje deputado federal.

Para Major Olímpio, que se saiba, nenhum político de peso ou liderança política alavancou sua candidatura na cidade.

A propósito deste tema, outras duas votações para o Senado ilustram bem: Mara Gabrilli, do PSDB, recebeu 22,42% de votos, ou 9.141, e Maurren Maggi, do PSB, partido que se esconde sob a carapaça de socialista, mas passa longe da esquerda, teve 10,82% dos votos, ou 4.413.

Até Tripoli (ouviu falar?) esteve à frente de Suplicy na Estância. Também tucano, partido sem nenhuma identificação com corrente nenhuma, ele teve em Olímpia 8,87% dos votos para o Senado, ou seja, 3.615.

O que explica isso? A presença majoritária das mulheres no eleitorado olimpiense, onde elas eram 51,93% (21.402) do eleitorado, contra 47,94% (19.709) dos homens?

Ou a explicação não está no gênero mas, sim, na faixa etária, sabendo-se que o contingente eleitoral acima de 50 anos em Olímpia era em 2018, de 16.365. O maior agrupamento entre todas as demais faixas etárias.

Mas, tínhamos aí, também, 17.479 eleitores dentro da faixa entre 30 até 16 anos.

Falou mais alto, pois, o conservadorismo arraigado do olimpiense “tradicional”, ou a fanfarronice inconsequente da juventude?

Há quem aposte no “voto de manada”, tão somente, impulsionado pelo fenômeno Jair Bolsonaro.

Esta última hipótese talvez nos faça ver que o olimpiense vota sem distinção na direita, seja homem, seja mulher, seja a faixa dos mais velhos, a intermediária ou a da juventude fanfarrona.

Olímpia é assim mesmo e pronto.

SUA EXCELÊNCIA, O DINHEIRO!

Não restam dúvidas de que nas eleições do ano que vem, caso não ocorram mudanças no formato -e dificilmente não ocorrerá, o dinheiro, e só o dinheiro vai falar mais alto. Já comentamos aqui à exaustão sobre como será este formato, bastante difícil, já que não haverá coligações para as candidaturas proporcionais, ou seja, de vereadores.

Ocorre, porém, que cada partido em disputa terá um caixa de campanha um pouco mais reforçado desta vez, graças ao fundo partidário, que derramará uma boa grana para que estas siglas possam encarar a eleição.

Não se sabe ainda quanto caberá aos correspondentes partidários locais, mas com certeza será bem mais vistosa a quantia que nas eleições passadas.

E talvez aí resida o interesse maior de candidaturas e candidatos, todos de olho na bufunfa que poderá ser destinada para divisão entre eles ou pelo menos para ser destinada à campanha como um todo. De qualquer forma, o dinheiro, e só o dinheiro vai ditar as regras e definir os destinos das eleições proporcionais.

Para se ter uma ideia, veja abaixo os recursos destinados para cada sigla partidária, em nível nacional, no ano passado, valores passíveis de mudanças, com certeza para cima, para o pleito de 2020.

De acordo com a Justiça Eleitoral, o valor do fundo público eleitoral, o Fundo Especial de Financiamento de Campanha, montante formado com dinheiro público para ser gasto pelos partidos, 35 no total, na campanha do ano passado, foi o seguinte: R$ 1.716.209.431.

Veja quanto o partido recebeu: MDB – R$ 234.232.915,58; PT – R$ 212.244.045,51; PSDB – R$ 185.868.511,77; PP – R$ 131.026.927,86; PSB – R$ 118.783.048,51; PR – R$ 113.165.144,99; PSD – R$ 112.013.278,78; DEM – R$ 89.108.890,77; PRB – R$ 66.983.248,93; PTB – R$ 62.260.585,97; PDT – R$ 61.475.696,42; SD – R$ 40.127.

Lembrando que são valores definidos conforme o número da representação partidária no Congresso e, portanto, foram definidos conforme as bancadas findas em 2018. Agora, a conta será feita com base nas bancadas formadas a partir de 2019. Assim, o Partido dos Trabalhadores-PT e o partido de Bolsonaro, o PSL, terão, nesta ordem, os maiores quinhões financeiros.

Lembrando que o PT, que em 2014 elegeu 69 deputados, continua com uma grande bancada, com 54 deputados. O maior crescimento foi do PSL, que saiu de 1 deputado eleito em 2014 para 52. São as duas maiores bancadas.

Isso, claro, terá reflexo na cidade, embora os “caciques” partidários devam dar preferência a cidades maiores. Por exemplo, os recursos destinados a Ribeirão Preto ou São José do Rio Preto, claro, deverão ficar bem acima daqueles destinados a Olímpia. Isso em todos os partidos.

Mas, de qualquer forma, haverá bem mais dinheiro circulando na cidade nas eleições do ano que vem do que já circulou na história das eleições locais.

E é bom lembrar que os candidatos a prefeito vão gastar outro tanto, claro, aqueles que tiverem bufunfa. E um deles sabemos de antemão que tem, porque não esconde de ninguém que seu maior trunfo para 2020 é o dinheiro. Porque eleitoralmente, vai de mal a pior….

QUAIS SERÃO OS NOMES PARA 2020? (FINAL)

E para esta última postagem sobre o quadro sucessório de 2020, chega até o blog a informação de que uma candidatura “outsider” estaria por surgir no espectro petista ou esquerdista da cidade, porém até agora sem nenhuma confirmação.

Sabe-se, apenas, que pessoas ligadas a este partido e outros no seu entorno, talvez PSOL, PV, etc., tencionam pelo menos viabilizar uma candidatura majoritária que, neste caso, acredita-se ser legítima e não fruto de armações eleitorais como aquela que pode surgir no entorno do grupo situacionista.

No caso deste grupo esquerdista que tem se reunido amiúde, o nome que emerge nas conversas seria o de Walter Gonzalis, já citado aqui em postagem anterior, e cujo teor o blog mantem.

O PT já participou de três das últimas cinco campanhas eleitorais: em 88, com o saudoso Marcial Ramos Neto, recebeu 1.139 votos, ou 5.18% dos válidos; em 2000, como vice na pessoa de Guilherme Kiill Júnior, vencendo a eleição junto com Luiz Fernando Carneiro, mas nos primeiros meses deixando o governo sob fortes atritos; e em 2004, com o mesmo Kiill, obtendo 1.947 votos, ou 7.19% do total de válidos. O partido sempre teve aceitação pífia junto ao eleitorado olimpiense.

Dito isso, vamos ao que faltou até agora nestas análises feitas até então. O que dizer da situação eleitoral no entorno do deputado federal Geninho Zuliani (DEM)?

Já foi dito na primeira postagem que os nomes postos seriam os dos vereadores Gustavo Pimenta (PSDB), Flávio Augusto Olmos (DEM) e do ortopedista Márcio Henrique Eiti Iquegami, que consta também ser filiado ao DEM.

Gustavo Pimenta já tem seu nome posto, de maneira até involuntária, dada sua trajetória política. Mas, até o momento não assumiu se quer de fato disputar a principal cadeira da Praça Rui Barbosa, 54. Se quiser, precisa acelerar o passo, pois perde entre os três. E, antes ainda, o 1º secretário da Mesa Diretora da Câmara precisa vestir a camisa de candidato.

De qualquer forma, Pimenta é um nome de peso no grupo. Ainda que não seja o candidato, sua presença nas andanças políticas será de suma importância, pois seu nome e sua trajetória carreiam votos. Numa candidatura à vereança, se for o caso, pode fazer a diferença dentro da chapa.

Márcio Iquegami, neófito em política, ainda não desfruta de apoio popular, mas estaria arrebatando grandes e fortes aliados financeiros. Faz um trabalho silencioso, procurando se firmar junto aos formadores de opinião, aos colegas de ofício e profissionais nos arredores.

Conversa daqui, conversa dali, e segundo alguns comentários feitos ao blog, tem ganhado a simpatia de setores importantes da comunidade. Mas, falta-lhe, ainda, um “banho” de povo. Sem este, não vai a lugar algum nestes tempos de redes sociais, cuja eleição será hiper-master vigiada por todos. Em sendo assim, só dinheiro não será suficiente, por certo.

Enquanto isso, Flávio Olmos, fontes garantem ao blog, seria o destaque entre os três, mas de forma inversa a Iquegami. Tem apoio popular, tem voto espontâneo, mas encontra dificuldades junto ao próprio deputado e seu entorno. Mas também tem corrido, conversado aqui e ali mas, e por enquanto, seu forte capital é o voto, segundo estas fontes.

Também dizem estas fontes ao blog que Olmos tem intensificado suas andanças e conversas, pois quer estar em condições de constar da lista de escolha do deputado, quando chegar o momento. “Se bem que, a depender da força eleitoral que dispuser mais adiante, pode até pensar em ser o nome ‘outsider’ dentro do pleito”, confidenciou outra fonte.

Mas, correligionários próximos a Olmos garantem que o sonho de consumo do vereador é ser o “ungido” do deputado, o que na sua visão lhe conferiria maior peso e destaque, e também possibilitaria contar com a estrutura político-eleitoral do deputado na cidade, que é das mais abrangentes.

Percebam que são duas situações em que a interação do deputado será de fundamental importância, escolha ele quem escolher: se for o candidato com  apoio financeiro, Geninho dar-lhe-ia povo, em tese. Se for o candidato com apoio popular, Geninho dar-lhe-ia estrutura.

Ou seja, o deputado seria a pedra de toque, o ponto de partida e de chegada da oposição a Cunha. É, até prova em contrário, o grande e incontestável eleitor da Estância Turística de Olímpia.

Blog do Orlando Costa: .