A assessoria do prefeito Cunha disparou e-mails com dois temas que não deveriam ser tratados como motivos de júbilo mas, sim, de preocupação: a Saúde “servida” aos munícipes no dia a dia, e a “modernosa” farmácia municipal.
No primeiro e-mail, diz que “Audiência pública esclarece investimentos na Saúde em 2018”, trazendo os números e valores relativos aos cofres federal, estadual e municipal, claro, com o município gastando mais que os outros dois entes, até por determinação constitucional.
O balanço apresentado informa que “no terceiro quadrimestre (setembro a a dezembro) foram investidos pela Secretaria de Saúde R$ 15.903.645,43, dos quais R$ 4.475.646,05 são investimentos com recursos federais, R$ 465.975,16 investimentos com recursos estaduais e R$ 10.962.024,43 investimentos realizados com recursos próprios”.
Depois, diz que “em 2018, o total dos investimentos em Saúde alcançou, respectivamente, R$ 13.639.935,84 com recursos federais, R$ 541.819,09 com recursos estaduais e R$ 29.541.216,31 com recursos próprios, atingindo o montante de R$ 43.722.971,24”.
Tanto dinheiro assim e por que então a Saúde não funciona em Olímpia? Este tipo de encontro, como o próprio nome diz, é só prestação de contas. Ou seja, demonstração dos números. Da quantificação dos serviços.
Porém, não tratam da qualidade deste investimento, para provarem que não é mero gasto do dinheiro público, e nem da qualidade do atendimento que os números quantificam, para provarem que não é mero serviço mecânico, o “cumprir com a obrigação” constitucional.
Os números fornecidos pela Saúde impressionam, porque são altos em todos os setores, e parece que esta é a “pedra-de-toque”: volume, números e mais números, investimentos materiais.
Mas a Saúde de Olímpia carece do ingrediente chamado humanismo, aquele que torna cada visita a qualquer um dos setores de atendimento ou de exames, algo menos penoso do que já é a própria doença ou o mal estar do paciente. Mas não é assim que tem sido.
Há uma burocracia cada vez mais latente e cada vez mais jogada para as costas do pobre usuário. Papeis e mais papeis para cima e para baixo, falta de informação crônica, falta total de sintonia entre os diversos setores, desconhecimento do mecanismo de funcionamento, das rotinas pelas atendentes também é um fator a se destacar.
São idas e vindas que podem ser evitadas com um simples sistema intermodal de eletrônica, a internet ou intranet fazendo toda a diferença, exatamente num governo que presa tanto e gasta os tubos com softwares.
Mas não o faz para setores onde seriam indispensáveis e representariam bem estar, comodidade para aqueles que necessitam usar os meios de Saúde locais.
É preciso que se conscientizem que números não indicam qualidade. Jamais. E o que falta nos serviços de saúde pública da Estância é qualidade acima de tudo. Da mão-de-obra, do gerenciamento, da prestação do serviço propriamente dito. Falta leveza, falta dinâmica de soluções. Não é raro atendentes criarem mais problemas que darem soluções ao incauto paciente.
Enchem-no de papeis e de desinformações, mandam-no de um lado a outro, e até mesmo dentro de um mesmo setor às vezes ele tem que juntar papeis aqui e ali, para uma coisa e outra. Não há interligação entre setores, não há intercomunicação entre profissionais médicos.
Por exemplo, se você se consulta com um especialista hoje, e daí dois, três meses (estou sendo otimista) volta para o atendimento com outro especialista, aquele que vai te atender sequer tem ideia de que você já passou por ali e quais são seus outros problemas precedentes em tratamento.
Os médicos não têm um terminal de computador em suas salas, um sistema interligado a uma central, por exemplo, onde os dados daquele paciente estarão armazenados e poderá saber da sua vida médica pregressa e seus procedimentos decorrentes. Ou se nunca esteve ali. Sei lá, é uma ideia.
Ideia não impossível, porque no AME em Barretos é assim. Nem parece saúde pública, tal a dinâmica de procedimentos. Você entra, entrega seus papeis para a atendente primeira, e depois só vê papel novamente quando terminam todos os procedimentos e uma enfermeira vem lhe passar as orientações necessárias.
Se lá pode, porque não aqui, com tanto dinheiro disponível? De lá eu copiei também o sistema intermodal de Informática, onde o médico que nunca te viu sabe até o nome do remédio que você toma ou deixou de tomar.
A FARMÁCIA ‘MODERNOSA’
Caso sério esta tal Farmácia Municipal ‘Cláudio Galvão’ da Estância Turística de Olímpia. De acertos, só o homenageado e o horário estendido. O que ocorreu ali foi apenas a transferência de problemas latentes para uma casa bonita.
Porque veja bem, tudo pretensamente moderno e ninguém se lembrou de instalar ali um divulgador de senhas eletrônico? As moças ficam gritando o tempo todo. Mas tem uma TV de 40 polegadas, isso tem. Porém, sem som e sem closed caption, afinal, funcionalidade não é mesmo o forte desta gente.
E a problemática dos remédios continua. Não há estoque, ou sequer amostras de medicamento de alto custo para “aliviar” aqueles que têm que esperar toda burocracia do estado. O paciente é tratado à seco. “Não tem” e tudo ok. Ou “estamos aguardando Barretos” e tudo ok. Tragédia.
E aquilo que mais temia aconteceu. Por experiência própria posso falar. Disse aqui que a mudança para longe do “Postão” criaria ainda mais dificuldades. Você chega à farmácia e falta um papel que tem que buscar no “Postão”. Cerca de 500 metros distante, vai à pé, busca e volta. Isso quando as informações “batem”, o que não é raro não acontecer.
Se está de carro, pode dar tempo de resolver. Se está à pé, o caso é sofrer. Principalmente se mora na zona rural, por exemplo. Há muita falta de informação, reitero, e quem na ponta arca com a problemática é o paciente, que em muitos casos, acaba desistindo de correr atrás. Se pode, compra aquele remédio, se for de alto custo, talvez compre, talvez deixe de tomar. Talvez morra.
Portanto, nobres senhores responsáveis pelo bem estar e a vida de tantos quantos. Números são frios. Gente é quente, tem sentimentos, dores, necessidades e precisam de socorro no mais das vezes.
Que tal deixarem de lado as canetas e planilhas e empunharem com firmeza o Bastão de Esculápio para enfrentar e vencer as doenças e por fim à inércia, à falta de imaginação e iniciativa no setor?
Que tal tratar os humanos como tais, e não como números que se acumulam e nada resolvem?