Blog do Orlando Costa

Verba volant, scripta manent – ANO XVI

Tag: Postão

SERÁ QUE A SAÚDE, NA ESTÂNCIA, NÃO TEM ‘CURA’?

A assessoria do prefeito Cunha disparou e-mails com dois temas que não deveriam ser tratados como motivos de júbilo mas, sim, de preocupação: a Saúde “servida” aos munícipes no dia a dia, e a “modernosa” farmácia municipal.

No primeiro e-mail, diz que “Audiência pública esclarece investimentos na Saúde em 2018”, trazendo os números e valores relativos aos cofres federal, estadual e municipal, claro, com o município gastando mais que os outros dois entes, até por determinação constitucional.

O balanço apresentado informa que “no terceiro quadrimestre (setembro a a dezembro) foram investidos pela Secretaria de Saúde R$ 15.903.645,43, dos quais R$ 4.475.646,05 são investimentos com recursos federais, R$ 465.975,16 investimentos com recursos estaduais e R$ 10.962.024,43 investimentos realizados com recursos próprios”.

Depois, diz que “em 2018, o total dos investimentos em Saúde alcançou, respectivamente, R$ 13.639.935,84 com recursos federais, R$ 541.819,09 com recursos estaduais e R$ 29.541.216,31 com recursos próprios, atingindo o montante de R$ 43.722.971,24”.

Tanto dinheiro assim e por que então a Saúde não funciona em Olímpia? Este tipo de encontro, como o próprio nome diz, é só prestação de contas. Ou seja, demonstração dos números. Da quantificação dos serviços.

Porém, não tratam da qualidade deste investimento, para provarem que não é mero gasto do dinheiro público, e nem da qualidade do atendimento que os números quantificam, para provarem que não é mero serviço mecânico, o “cumprir com a obrigação” constitucional.

Os números fornecidos pela Saúde impressionam, porque são altos em todos os setores, e parece que esta é a “pedra-de-toque”: volume, números e mais números, investimentos materiais.

Mas a Saúde de Olímpia carece do ingrediente chamado humanismo, aquele que torna cada visita a qualquer um dos setores de atendimento ou de exames, algo menos penoso do que já é a própria doença ou o mal estar do paciente. Mas não é assim que tem sido.

Há uma burocracia cada vez mais latente e cada vez mais jogada para as costas do pobre usuário. Papeis e mais papeis para cima e para baixo, falta de informação crônica, falta total de sintonia entre os diversos setores, desconhecimento do mecanismo de funcionamento, das rotinas pelas atendentes também é um fator a se destacar.

São idas e vindas que podem ser evitadas com um simples sistema intermodal de eletrônica, a internet ou intranet fazendo toda a diferença, exatamente num governo que presa tanto e gasta os tubos com softwares.

Mas não o faz para setores onde seriam indispensáveis e representariam bem estar, comodidade para aqueles que necessitam usar os meios de Saúde locais.

É preciso que se conscientizem que números não indicam qualidade. Jamais. E o que falta nos serviços de saúde pública da Estância é qualidade acima de tudo. Da mão-de-obra, do gerenciamento, da prestação do serviço propriamente dito. Falta leveza, falta dinâmica de soluções. Não é raro atendentes criarem mais problemas que darem soluções ao incauto paciente.

Enchem-no de papeis e de desinformações, mandam-no de um lado a outro, e até mesmo dentro de um mesmo setor às vezes ele tem que juntar papeis aqui e ali, para uma coisa e outra. Não há interligação entre setores, não há intercomunicação entre profissionais médicos.

Por exemplo, se você se consulta com um especialista hoje, e daí dois, três meses (estou sendo otimista) volta para o atendimento com outro especialista, aquele que vai te atender sequer tem ideia de que você já passou por ali e quais são seus outros problemas precedentes em tratamento.

Os médicos não têm um terminal de computador em suas salas, um sistema interligado a uma central, por exemplo, onde os dados daquele paciente estarão armazenados e poderá saber da sua vida médica pregressa e seus procedimentos decorrentes. Ou se nunca esteve ali. Sei lá, é uma ideia.

Ideia não impossível, porque no AME em Barretos é assim. Nem parece saúde pública, tal a dinâmica de procedimentos. Você entra, entrega seus papeis para a atendente primeira, e depois só vê papel novamente quando terminam todos os procedimentos e uma enfermeira vem lhe passar as orientações necessárias.

Se lá pode, porque não aqui, com tanto dinheiro disponível? De lá eu copiei também o sistema intermodal de Informática, onde o médico que nunca te viu sabe até o nome do remédio que você toma ou deixou de tomar.

A FARMÁCIA ‘MODERNOSA’
Caso sério esta tal Farmácia Municipal ‘Cláudio Galvão’ da Estância Turística de Olímpia. De acertos, só o homenageado e o horário estendido. O que ocorreu ali foi apenas a transferência de problemas latentes para uma casa bonita.

Porque veja bem, tudo pretensamente moderno e ninguém se lembrou de instalar ali um divulgador de senhas eletrônico? As moças ficam gritando o tempo todo. Mas tem uma TV de 40 polegadas, isso tem. Porém, sem som e sem closed caption, afinal, funcionalidade não é mesmo o forte desta gente.

E a problemática dos remédios continua. Não há estoque, ou sequer amostras de medicamento de alto custo para “aliviar” aqueles que têm que esperar toda burocracia do estado. O paciente é tratado à seco. “Não tem” e tudo ok. Ou “estamos aguardando Barretos” e tudo ok. Tragédia.

E aquilo que mais temia aconteceu. Por experiência própria posso falar. Disse aqui que a mudança para longe do “Postão” criaria ainda mais dificuldades. Você chega à farmácia e falta um papel que tem que buscar no “Postão”. Cerca de 500 metros distante, vai à pé, busca e volta. Isso quando as informações “batem”, o que não é raro não acontecer.

Se está de carro, pode dar tempo de resolver. Se está à pé, o caso é sofrer. Principalmente se mora na zona rural, por exemplo. Há muita falta de informação, reitero, e quem na ponta arca com a problemática é o paciente, que em muitos casos, acaba desistindo de correr atrás. Se pode, compra aquele remédio, se for de alto custo, talvez compre, talvez deixe de tomar. Talvez morra.

Portanto, nobres senhores responsáveis pelo bem estar e a vida de tantos quantos. Números são frios. Gente é quente, tem sentimentos, dores, necessidades e precisam de socorro no mais das vezes.

Que tal deixarem de lado as canetas e planilhas e empunharem com firmeza o Bastão de Esculápio para enfrentar e vencer as doenças e por fim à inércia, à falta de imaginação e iniciativa no setor?

Que tal tratar os humanos como tais, e não como números que se acumulam e nada resolvem?

‘SAÚDE OPERACIONAL’ É O QUE A SAÚDE PRECISA

O setor da Saúde em Olímpia peca na base de tudo: falta de informação, de comunicação e de intersecção entre os setores. Isso não é novo para tantos quantos são useiros e vezeiros do Sistema em Olímpia, alguns já habituados à rotina do ir e vir, outros sempre se atrapalhando quando precisam dos serviços burocráticos em saúde.

Falta informação ao próprio funcionário, que muitas das vezes dá a impressão de não saber o que exatamente está fazendo ali (e aí não há crítica ao próprio, mas ao sistema como um todo). Se disse acima que isso não é novo, digo agora que a atual administração pode imprimir um foco mais incisivo sobre o tema.

A começar por modernizar o sistema de atendimento. É anacrônico, com máquinas, aliás, fora de uso há tempos. No que diz respeito à relação paciente/funcionário, há muito o que fazer. Porém, nada que cursos de especialização, palestras focadas, orientações técnicas não possam resolver.

Ainda há sempre um clima de beligerância no ar, uma expectativa que a qualquer momento, um dos lados do balcão vai explodir. O paciente, em sua razão, pois está doente ou tem alguém da família necessitando de atenção médica. O mínimo que lhe devem é atendimento educado, atencioso, carinhoso até, que carinho e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.

O funcionário, às vezes mal chegado à função, às vezes mal preparado para tal e às vezes eivado de má vontade pura e simples, vive de entrechoques com este ou aquele, às vezes se sai bem pela conduta apropriada no atendimento. Mas, via de regra, atendimento carente de uma ou outra informação.

Por exemplo, um paciente se consulta com um profissional médico. Recebe um pedido de exame ou RX. Sai da sala sem saber exatamente o que tem que fazer em seguida. Porque o próprio médico não o informa corretamente. Apenas “passa a bola” pra frente. “Isso aqui você faz em tal lugar, isso em tal lugar”.

Aí vai o paciente a estes tais lugares e lá é informado de que, antes, precisa passar em tal outro lugar para preencher a papelada. E lá se foram uma, duas horas da manhã do trabalhador, quando não mais. Neste caso, uma orientação do tipo “passe pelo balcão tal antes de ir embora”. E lá o paciente é informado para onde deve ir ou o que deve fazer.

Ou, melhor ainda, neste mesmo balcão já se providencia o preenchimento da papelada. Quanto este simples gesto economiza em tempo e  burocracia? Nas UBS’s, por exemplo, por que já não se faz o agendamento definitivo, com data e horário para atendimento pelo médico tal? Evitando que o paciente receba ali um papel, mas tenha ainda que percorrer a “babel” burocrática?

Também ajudaria bastante o sistema de senhas com chamada via tela de led, como nos centros mais avançados em atendimento em Saúde. Seja  no “Postão” (aliás, este é um capítulo à parte), seja na UPA ou qualquer das Unidades Básicas de Saúde. Diminuiria, já de cara, a gritaria, que não se houve mais em nenhum centro.

Acreditamos ser isto o básico, mas já traria uma melhora considerável ao setor, mais conforto ao cidadão, menos desgastes físico e emocional para quem já está debilitado ou abalado emocionalmente por um ente querido.

Como já se disse antes, não dá para dizer se o sistema de atendimento em saúde propriamente dito em Olímpia melhorou ou está igual. Não dá para dizer se o sistema burocrático melhorou ou está igual. Mas dá para dizer, seguramente, que estão ruins ainda. Que há um longo caminho a ser percorrido, e que por isso deve ser começado a trilhar o mais rápido possível.

E modernizar é a chave.

E neste aspecto, comecem-se pelo básico do básico. Definitivamente, o Centro de Saúde, ou “Postão” para os íntimos, não tem a mínima condição estrutural para abrigar uma Secretaria de Saúde e seus “penduricalhos”. O prédio é sujo, mal conservado, acanhado, mal ventilado (o que o banheiro fede!, dizem), enfim, impróprio.

Claro, os asseclas cunhistas vão dizer: “Ora, por que ele não diz que estes problemas foram nossa herança?” Respondemos: pelo simples fato de que, o que passou, passou, e que se este governo quer ser o “novo”, conforme discursos de campanha, e ainda priorizar a saúde, como prometeram à farta, estas são singelas sugestões deste blog.

(Vejam que nem mexemos na questão dos médicos em si, porque esta é uma situação de “guerrilha” interna difícil de solucionar, mas espera-se algo novo aí também)

Já que não é porque é assim, que tem que ser assim. Ou: Mesmo que sempre tenha sido assim, não precisa ser assim para sempre.

Porém, dada a dificuldade aparente deste governo em caminhar para a frente, tenho a impressão que preferirão negacear o sugerido, como de alguém que não sabe o que está dizendo a respeito. Não conhece os meandros. Talvez. Mas boa vontade não faltou em colaborar.

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