Blog do Orlando Costa

Verba volant, scripta manent – ANO XVI

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NIQUINHA INVENTA ‘REEXONERAÇÕES’ DE FUNCIONÁRIOS NA CÂMARA

Insistindo em sua sanha de vingança contra o vereador, ex-presidente da Câmara e atual 1º secretário da Mesa Diretora, Luiz Gustavo Pimenta (PSDB), o presidente Antonio Delomodarme, o Niquinha (Avante), acaba de exonerar novamente três funcionários comissionados da Casa de Leis, todos integrantes do estafe de Pimenta.

Alguns até poderiam dizer que o presidente agiu bem, “enxugando” os quadros funcionais de comissionados, não fosse a atitude mero ato de retaliação por Pimenta não levar desaforos para casa quando o presidente perde as estribeiras.

E, também, se não fosse pelo fato de que estes funcionários já haviam sido exonerados no início deste mês e nem sequer haviam sido reintegrados às funções. Ou seja, foram exonerados estando gozando de plenas exonerações.

Já publicamos aqui recentemente que em decisão datada do dia 17 de junho, a juíza de Direito da 1ª Vara Cível da Estância Turística de Olímpia, Marina de Almeida Gama Matioli, havia concedido medida liminar para Pimenta, anulando portarias de exonerações de dois advogados e um assessor legislativo.

Os advogados Gustavo Matias Perroni e Ricardo José Ferreira Perrone, bem como o assessor legislativo Rui Rodrigues de Castro Filho, fora exonerados pelas portarias 935/19, 936/19 e 938/19, que não foram suspensas pelo presidente da Câmara. Mediante a suspensão por liminar destas portarias, esperava-se que Niquinha reintegrasse os funcionários, até decisão final.

Ao deferir a liminar a juíza determinou a “suspensão dos efeitos das Portarias, ante a possível existência de vícios, por ilegalidade, em sua origem, até que a questão reste melhor apurada, evitando-se, com isso, maiores prejuízos às pessoas direta e indiretamente afetadas pela produção dos efeitos de tais atos”.

No entanto, quando se esperava o cumprimento da determinação judicial, o presidente da Câmara expediu e mandou publicar as portarias 944/2019, dispondo sobre a exoneração, a partir de 25 de junho, de Ricardo José Ferreira Perroni, então chefe do Departamento Jurídico; 945/2019, dispondo sobre a exoneração do servidor Gustavo Matias Perroni do cargo de Assessor da Mesa Diretora, ambos advogados, e portaria 946/2019, dispondo sobre a exoneração do servidor Rui Rodrigues de Castro Filho, do cargo de Assessor de Vereador.

Como também já foi dito aqui, as exonerações se revestiam de ilegalidade por que as portarias haviam sido assinadas pelo presidente e seu vice, Marco Antonio Parolim de Carvalho, o Marcão Coca (PPS), o que é vedado pelo Regimento Interno da Casa.

Estes tipos de portarias só podem ser validadas com as assinaturas do presidente e do 1º secretário, ou do 2º secretário, na ausência do primeiro, ou ainda pelo vice-presidente, na ausência do presidente, mas junto com um dos seus imediatos. Nunca presidente e vice podem assiná-las.

E qual foi a justificativa encontrada por Niquinha para “reexonerar” estes funcionários? Elaborou uma ata de reunião onde fez constar as exonerações e desta vez recebeu também a assinatura de Luiz Antonio Ribeiro, o Luiz do Ovo (DEM), o que tornaria as portarias legais, no entender, provavelmente, da assessoria jurídica da Câmara.
CORREÇÃO
(Neste trecho acima da matéria, onde consta que Luiz do Ovo assinou, quer dizer que ele assinou a ata da reunião, não as portarias de exoneração. O vereador, aliás, disse que frisou ao presidente e testemunhas, na reunião, que era contra a exoneração dos funcionários)

O blog encaminhou questionamentos ao 1º secretário, que disse estranhar a exoneração, já que eles nem foram reempossados. “Tenta perguntar para o presidente para ver o que ele fala”, sugeriu Pimenta. Já o presidente não havia sido encontrado até o fechamento deste texto.

NIQUINHA PRECISA RESPEITAR QUEM O ELEGEU PRESIDENTE DA CÂMARA

Não é admissível, principalmente no meio político, que alguém cuspa no prato que comeu tão logo termine “sua refeição”. Mas é exatamente isso que fez o presidente da Câmara de Vereadores, Antonio Delomodarme, o Niquinha (Avante), junto aos pares que o elevaram à condição de mandatário da Casa Legislativa.

Mal começado o ano de trabalho, teve um entrevero com o colega Luiz Antônio Moreira Salata (PP), a ponto de fazer brotar neste a rama do arrependimento por integrar o grupo de votos que alçou Niquinha à presidência.

“Eu, desgraçadamente, votei no senhor para presidente”, chegou a dizer em alto e bom som o vereador pepista em um dos bate-bocas. Pelos corredores e em conversas nas rodas políticas Salata sempre reforça seu arrependimento nem tão tardio assim.

De umas sessões para cá, Niquinha tem se estranhado com o ex-presidente da Casa, Luiz Gustavo Pimenta (PSDB), hoje 1º secretário da Mesa. E o ataca sempre menosprezando sua relação com o ex-prefeito Geninho, hoje deputado federal, de quem foi vice por oito anos.

Na desta segunda-feira, 6, por exemplo, só para ficarmos no exemplo mais recente, o presidente chegou a dizer que “o Geninho não te quis, porque você é mentiroso”, aludindo ao episódio já tratado aqui, da candidatura a prefeito em 2016. Niquinha adora fazer esta alusão.

E não é, absolutamente, verdade. Os meandros daquela campanha foram bem outros, cujos pormenores trataremos em ocasião oportuna. Mas, o que devia contar para o presidente da Casa de Leis é o resultado prático de sua eleição para a Mesa. E nesse aspecto, Pimenta foi fundamental. Porque poderia eleger quem quisesse dentro do espectro do interesse do grupo independente.

Às vezes chega a ser incompreensível até mesmo para aqueles que militam ou acompanham as coisas da política no seu dia-a-dia. O grupo ligado ao deputado Geninho, em peso, fazendo a diferença em favor de um vereador que até então só críticas teve ao hoje deputado, dada a forte ligação com o prefeito de turno.

E que ainda hoje busca nos escaninhos material de denúncia ou quem as faça, contra o seu “padrinho” de presidência. Lembremo-nos que a eleição de Niquinha para presidente passou pelo crivo do deputado. Muitos hão de se lembrar das manifestações públicas do prefeito, no sentido de que não aceitaria candidatos “com votos” de Geninho.

Mas, no final, teve que engolir, porque também não lhe era palatável os demais nomes que tinha à disposição. Eleger Niquinha, pois, ainda que “com votos” de Geninho, era o menos pior dos mundos.

Porém, o que não se esperava é este comportamento do presidente, que além de cuspir no prato que comeu, atira pedras constantemente contra aqueles que de forma direta o colocaram lá.

Niquinha foi eleito com seis votos, contando com o seu próprio, numa Câmara com dez votos disponíveis. Ou seja, se não tivesse os três “de Geninho”, sua aspiração iria por água abaixo. E bem abaixo. Porque teria, eventualmente, só o seu próprio voto. Porque qualquer outro arranjo cabalaria estes mesmos votos para outro candidato qualquer ali dentro.

Desta forma, está na hora do presidente da Câmara botar a mão na sua consciência e engolir seus arroubos de “político machão destemido e destemperado”, quando no trato com quem lhe deu este poder de mando. Deve ser eternamente grato a quem lhe possibilitou a realização de um sonho pessoal e político.

Ficar dizendo a seu 1º secretário “o Geninho não te quis” não é a melhor demonstração de gratitude. Porque Geninho também não queria o presidente. Mas Pimenta foi lá e mudou essa percepção. E mais que isso, foi lá e arrebanhou mais dois votos dos colegas de bancada -um quarto colega não quis votar nele, por razões próprias.

E lembrar-se de que então candidato, não conseguiu arrebanhar votos de outros três edis. Portanto, e para terminar, Niquinha só é presidente da Câmara graças a Pimenta, Salata e Luiz do Ovo (DEM), indiscutivelmente.

Que tal ele começar a levar isso em conta? Seria até uma questão cristã, deste que se ufana tanto em ser temente a Deus. Porque Deus é perdão. Deus é amor e gratidão. Deus é respeito e aceitação.

Gratidão e respeito, porém, são também molas propulsoras da política. Quem não é capaz de nutrir estas qualidades, não pode, por outro lado, sequer dizer que é cristão temente a Deus. E costuma não ter, também, vida longa na política.

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