Qual o grande mistério que cerca o poço profundo perfurado nas dependências da Daemo Ambiental? Pode ser nenhum, mas que o silêncio em seu entorno dá o que pensar, isso dá. Sabe aquela impressão de que se fala baixo, em sussurros, “na roda”? Então…
Não se viu em nenhum lugar a exibição do momento em que a água jorra abundante assim que o veio é alcançado, como de praxe nestas situações.
Se a Administração Pública optou propositalmente pelo silêncio, é de duvidosa eficácia político-administrativa. A obra foi anunciada com pompas e circunstâncias, até reuniões foram feitas com moradores das imediações, a fim de prepará-los para o inferno intermitente que viveriam do início ao fim dos trabalhos.
Ao que parece, os trabalhos chegaram ao fim. Mas o governo municipal não disse nada a ninguém. Não disse se tem água ali ou não, e se tiver água, qual sua vazão. Um dado parece certo: a vazão que houver, se houver, não será a esperada. A expectativa é de que saia dali metade dos 350 metros cúbicos por hora estimados quando da elaboração do projeto.
O governo garante que a empresa executora dos serviços, do ramo de engenharia de perfuração de poços, “é idônea e com ampla experiência comprovada, inclusive por acervos técnicos reconhecidos pelo CREA Confea”. Diz ainda o governo que a tal empresa “já perfurou vários poços pelo Brasil, inclusive dois poços no município”.
Houve a preocupação primeira em explicar a empresa, sabe-se lá por qual razão.
Mas as complicações não foram poucas para a perfuração do tal poço redentor, conforme se verá abaixo, em nota encaminhada ao site Diário de Olímpia, de quem tomamos emprestado o texto, uma vez que o questionário deste blog, encaminhado pela caixa de mensagem da página ofical da Superintendência, não foi respondido até hoje, dois dias depois.
Segundo a Daemo Ambiental, “desde o início do processo de perfuração do poço em questão, a obra foi acompanhada pela equipe técnica da Daemo Ambiental diariamente e pelo geólogo responsável pelo projeto”.
A Superintendência reconhece ter havido “adversidades” durante a execução da perfuração do poço, “que não condiziam com o projeto executivo, pois não é possível saber a composição geológica exata do local” (o que deixa no ar a questão da exatidão do processo de perscrutação do veio aquífero, certo?)”.
Segundo ainda a Daemo Ambiental, houve problemas com o tempo de perfuração, “devido à presença de basalto homogêneo, compacto e extremamente duro, ocasionando problemas com travamento de ferramental e até quebra de brocas, devido à alta densidade do basalto, ocasionando lentidão e parada da execução (Mais um dado a corroborar a suspeita de que as análises de solo podem ter sido subestimadas)”.
“Além desses fatos -prossegue a nota-, na etapa da perfuração dos arenitos da formação Piramboia e Botucatu ocorreu a presença de uma rocha Sill de Diabásio (comum nas regiões Sudoeste de SP e Norte do Paraná) com espessura em torno de 36 metros (o que corresponderia mais ou menos a um prédio de 12 andares), sendo imprevisível a presença deste material, pois não há relatos dele nos outros poços da região (Idem o grifo acima)”.
A nota diz ainda que a obra de perfuração terminou, e que até a tubulação de encamisamento da coluna do poço foi instalada e iniciou-se a limpeza total, conforme previsto, “tendo sucesso total na limpeza e teste preliminar de vazão com acompanhamento de nossos químicos e técnicos em química para atestar a qualidade da água, faltando agora o teste de vazão oficial, que será realizado no próximo mês”.
Mas, a própria nota revela que nem tudo são flores: “Vale-se ressaltar que na limpeza e teste preliminar de vazão a água sai com turbidez alta, devido aos resíduos da lama do processo de perfuração, e que neste processo é utilizado compressores de alta pressão justamente para fazer a limpeza e desinfecção do poço”.
Ou seja, um poço problemático, que teve início “em meados de janeiro de 2018, com cronograma de 90 até 120 dias”, nos períodos diurno e noturno, intermitente, até a sua conclusão.
O novo poço teria a profundidade prevista de aproximadamente 1.100 metros (a nota não diz se foi alcançada esta profundidade) e vazão estimada em 350 metros cúbicos de água por hora (da mesma forma, a nota não diz se esta vazão foi confirmada).
Porém, parece haver expectativa de sair dele metade ou menos da metade da vazão prevista. Assim, o propósito de ampliar “em mais de 100% a captação de água para fornecimento à população” fica comprometido.
Além do quê, vai ficar faltando, depois, saber se com todos estes senões, o orçamento inicial de R$ 3 milhões foi mantido e consumido, se precisou de mais dinheiro, ou houve redução em seus valores, já que a vazão seria a metade da prevista.
Como se vê, esperam-se novos esclarecimentos.