Blog do Orlando Costa

Verba volant, scripta manent – ANO XVI

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Três pré-candidatos e um ‘outsider’: a procura do vice perfeito

Uma vez sabido quais concorrentes estão no páreo eleitoral de logo mais, a expectativa agora do povo é saber quem será o vice de quem. Até o momento o pleito eleitoral de 2024 na Estância Turística de Olímpia conta com quatro pré-candidatos oficializados: Geninho Zuliani, com uma plêiade de partidos que lhe dará a maior dor de cabeça na hora de formar chapa de vereadores; Luiz Alberto Zaccarelli, mais comedido, com apenas três siglas o apoiando, tornando mais fácil lidar com o quadro de candidatos ao Legislativo, e Márcio José Ramos, como pré-candidato de sigla única pelo Partido dos Trabalhadores.

Sobre Tarcísio Cândido de Aguiar, que vem já há tempos se anunciando pré-candidato pelo PL bolsonarista e tem andado por aqui e ali na cidade, visitado autoridades em nível estadual e federal, postando-se como legítimo representante da extrema-direita na Capital do Folclore, ainda há uma sombra de dúvidas sobre se vai mesmo levar até o fim sua pretensão, eis que nos últimos dias, dizem, esteve em périplo pelas cercanias dos pré-candidatos Geninho e Zaccarelli.

No entorno de Zuliani destacam-se como prováveis vice, o vereador Márcio Eiti Iquegami e Gustavo Pimenta. Iquegami já até foi anunciado como o vice em postagem recente nas redes sociais, mas sem a confirmação do grupo. E Pimenta é sempre o coringa de plantão, nome limpo, boa reputação, embora um político mediano.

O que é sabido: Geninho não goza muito da simpatia das classes média e média alta, exceto de um restrito grupo que alçou a grandes investimentos na cidade graças às suas facilitações enquanto prefeito da urbe. Mas, em contrapartida, tem ótima penetração nas classes média-média, média baixa, e junto ao povão. Por isso, um nome que se contraponha a esse quadro lhe será indispensável.

E aí se encaixam, cada um à sua maneira, Iquegami e Pimenta. A menos que Geninho tire da manga um nome fora do burburinho político, talvez um empresário médio da cidade, sem trânsito por eleições passadas. De qualquer forma tem que ser alguém que se contraponha à sua falta de consistência no seio das classes mais abastadas.

Não trago aqui a vereadora Edna Marques nem a ex-vereadora e primeira suplente do União Brasil, Priscila Foresti, a Guegué, porque à primeira não seria uma decisão sensata novamente lançar-se em uma aventura que pode redundar em nada, e perder sua cadeira no Legislativo, enquanto à segunda há um firme propósito de não se lançar candidata a nada, apenas ser uma colaboradora de bastidores da campanha de Zuliani.

Pelo menos este é o quadro que se apresenta no momento neste universo. Porque, parafraseando velho e tradicional saudoso político, “a política é como nuvem, você olha ela está de um jeito, olha de novo e ela já mudou completamente”.

Já Luiz Alberto Zaccarelli é o contrário: bem visto e aceito nas classes média-média e média alta, precisa de um contraponto junto ao povão. E neste aspecto, está melhor servido que Geninho, à primeira vista. Porque do seu lado, embora a plêiade de partidos seja reduzidíssima, tem mais nomes com penetração popular que seu oponente.

Dizemos isso porque não basta ser popular junto à massa, é preciso ter poder de carreamento de votos. E, no caso de Zaccarelli, esta necessidade é premente, já que seu nome circula pouco pelas periferias da cidade, ele próprio circulou e ainda circula pouco ou quase nada pelas periferias da cidade.

Então, o nome a dar-lhe suporte na corrida eleitoral terá que ser de alguém que saiba decifrar essa parcela maior da população que, se faltar, impede o candidato de galgar o posto almejado. Zaccarelli tem em seu redor, por exemplo, Cristina Reale, vereadora eleita que ocupava, até então, a Secretaria Municipal de Assistência Social.

Independentemente do juízo técnico que se possa fazer dela, até porque não é isso que a torna um nome a se considerar, muito pelo contrário. Trata-se de alguém que atuou politicamente 24 horas por dia à frente da pasta e ninguém há de negar, porque é isso que ela fez o tempo todo, digamos, “dentro das quatro linhas”. Talvez aí resida o balão de ar periférico que Zaccarelli precisa.

Não sendo assim, tem ainda o Fernando Roberto da Silva, o Fernandinho, até então secretário municipal de Esportes, Lazer e Cidadania, que ao dar um forte e transformador impulso no setor de esportes em geral na cidade, lidou com centenas, milhares de pessoas nas regiões periféricas e numa área bastante agregadora de pessoas de todos os níveis, que é o esporte. É alguém também com capacidade de decifrar a massa. Tem aceitação nas periferias.

Também neste âmbito falam em Hélio Lisse Júnior, vereador, a nosso ver, um tanto errante, que tem um nome familiar, fez uma gestão legislativa que se não foi brilhante, também não comprometeu, mas difícil mensurar qual seria o seu poder junto ao povão.

Até arriscamos dizer que seu público estaria na mesma faixa do de Zaccarelli hoje, e seria um concorrente no nicho de Tarcísio Cândido de Aguiar (caso este de fato leve até o fim a candidatura majoritária), eis que até manifestação de protesto da extrema-direita na cidade ele coordenou.

O ex-provedor da Santa Casa ainda conta no grupo com outro nome bem conhecido dos olimpienses, o ex-vereador, ex-presidente da Câmara, sindicalista e já candidato a prefeito e a deputado federal por Olímpia, lá atrás: Hilário Juliano Ruiz de Oliveira. Ele até é bem quisto nas periferias da cidade, mas não é o tipo de político que desperta as paixões da massa. E, sejamos verdadeiros, goza de uma certa rejeição junto às classes média-média e média alta, por causa de seu engajamento sindical, basicamente. Principalmente agora, nestes tempos de recrudescimento político, no qual este tipo de atividade é visto como um espectro mais feio que o diabo.

Os nomes são apenas sugestões, ok?, não quer dizer que Zaccarelli tenha que necessariamente escolher entre um dos três. De repente, a exemplo de Geninho, ele pode tirar um nome da manga que venha surpreender a todos. Mas, assim, num grosso modo, difícil de imaginar quem. E seja quem for o escolhido fora dos nomes especulados, terá que reunir as qualidades políticas intrínsecas neles.

Márcio José Ramos, o pré-candidato já oficializado do PT não tem lá muitos dilemas a resolver. Geralmente o nome do vice sai de dentro mesmo da sigla, dadas as peculiaridades do partido na cidade, que não tem lá muita aceitação popular devido ao preconceito político de uma população que sempre votou à direita. Haja vista que o partido elegeu até hoje apenas um vereador, exatamente Hilário Ruiz, que depois se bandeou para o PSB, hoje no PSD, e contou com a suplência de uma vereadora, mas por apenas três meses.

o PT já teve um vice-prefeito eleito, em 2000, quando o oftalmologista Guilherme Kiill Júnior “carregou” o médico Luiz Fernando Carneiro, elegendo-o na primeira campanha, mas depois defenestrado da prefeitura pelo próprio Carneiro, em desentendimento até hoje mal explicado. Kiill passou a ser, então, um vice “non grato”, e até inimigo político do eleito, em seu primeiro mandato.

Em síntese é essa a passagem do PT pelas cercanias do poder na cidade. É árdua e penosa a missão petista local mas, é também, sobretudo, corajosa. Assim, não dá para extrair, mesmo das hostes do partido, um nome de vice que venha agregar ou mesmo fazer a diferença. As opções são diminutas, o quadro é reduzidíssimo e nada de novo se pode contar. No caso, é aguardar as novidades, se as há.

Fechando o contexto, temos Tarcísio Cândido de Aguiar, a incógnita. Levará mesmo sua pré-candidatura até o fim, entrará de fato no embate político que se avizinha? Ele nos parece um tanto quanto “outsider”, candidato de si mesmo, sem base de sustentação, sem partidos agregados, sem grupo político. Difícil imaginar alguém ir longe numa situação como essa.

Ou ir a fundo, pra ver no que dá. Talvez ele esteja usando uma estratégia “mercadológica”, ou seja, está na “prateleira” das intenções, mantendo ora um contatinho aqui, ora um contatinho ali, pois há quem já o tenha visto trespassar umbrais cá e acolá, convocado que teria sido para as tradicionais sondagens.

Tarcísio Aguiar não tem nada a perder. Já que até vice ele pode ser. Ou buscar de novo uma cadeira na Câmara. E depois, claro, algo a se fazer no entorno do Executivo. Neste caso, a bem da verdade, eleito ou não. Por isso ele se impõe no momento como candidato majoritário, detentor de um partido forte, o PL: para ter moeda de troca, porque, com certeza ele sabe, ganhará muito mais não sendo majoritário. Candidato a prefeito, perdendo (e claro que perderia!), cairia no limbo político.

Mas, emprestando apoio a qualquer das duas candidaturas mais à direita, se cacifaria para voltar à Câmara ou, em outra hipótese, vencendo seu candidato (e ele alcançando ou não uma cadeira), assumiria uma secretaria. Ou seja, seria uma situação de ganha ou ganha. Privilégio raro para quem chegou agora à política local.

O ‘trevão’ da discórdia

Novo trevo de Olímpia vai receber o nome de ‘Dr. Nilton Roberto Martines’’.

Esta foi a manchete de um release encaminhado pela assessoria de imprensa do ex-deputado federal Geninho Zuliani esta semana. Assim mesmo, grafado com “S”, embora o filho, vice-prefeito, assine seu Martinez com “Z”, e a comunidade olimpiense como um todo sempre conheceu o Martinez médico com “Z”.

Mas, isso é o de menos, quando se desconta que quem cuida destas questões de divulgação do pré-candidato a prefeito não é da cidade e por aqui não conviveu com figura tão impar quanto o médico.

O ponto principal da questão é a própria informação espalhada aos quatro ventos pelo ex-prefeito. E ela dá conta de que a Assembleia Legislativa de São Paulo publicou nesta quinta-feira, dia 4 de abril, o autógrafo 33.748, que trata sobre a aprovação do projeto de Lei 1.464, denominando o novo trevo que está sendo finalizado na entrada de Olímpia, fazendo interligação com a Avenida Benatti, na rodovia Assis Chateaubriand, de “Dr. Nilton Roberto Martines”, assim mesmo, com “S”.

E prossegue o texto: Aprovado pelos deputados, o projeto agora segue para sanção do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, nos próximos dias.

Bom, a justificativa, curta e enviesada, vem no final: A homenagem, um pedido pessoal do ex-prefeito e ex-deputado federal Geninho Zuliani, secretário-geral do União Brasil, foi feita em reconhecimento aos préstimos de Martines (assim mesmo, com “S”!) à (assim mesmo, com crase!) Olímpia. Um dos co-autores do projeto foi o deputado Itamar Borges (MDB), que é de Rio Preto (isso mesmo, “que é de Rio Preto”!).

Mas, lá atrás, quando o ex-deputado trouxe a novidade para Olímpia, o atual mandatário estrilou. Porque sua intenção era dar o nome do benemérito Renato Augusto Costa Neves, o Renatinho como era conhecido entre os olimpienses. Pelo simples fato de ele ter sido o doador (isso mesmo, “doador”!) de dois alqueires de terras para que o Clube Termas dos Laranjais pudesse ser “plantado” em solo seguro.

Evitando, também, que logo de cara fosse necessário alto investimento para que isso fosse possível. Analisando a fundo talvez o projeto do empresário Benito Benatti só tenha ganhado força e se tornado realidade a partir do compromisso de doação das terras.

O prefeito Fernando Cunha mostrou-se chocado com o anúncio feito com estardalhaço pelo ex-deputado, lá atrás quando, segundo ele, já havia protocolado junto ao então presidente da ALESP, Carlão Pignatari, um pedido de nominação do “trevão” como “Dr. Renato Augusto Costa Neves”.

A proposta de denominação, inclusive, já havia sido comunicada à família do homenageado, segundo nota divulgada em outubro do ano passado, após a manifestação pública do ex-deputado. O ofício a Pignatari datava de setembro de 2022, portanto no apagar das luzes do mandato legislativo de Geninho que, aliás, àquela altura já corria o mundo como candidato a vice-governador de Rodrigo Garcia.

O prefeito disse que havia reiterado a solicitação no início de outubro do ano passado, durante uma agenda em São Paulo. Era dia 4 de outubro. Porém, no dia 5, ato contínuo, logo pela manhã a imprensa local divulgou que o deputado estadual Itamar Borges, a pedido de Geninho, havia protocolado um projeto de Lei na Assembleia Legislativa, para que o trevo recebesse o nome do dr. Nilton Roberto Martinez.

Em nota, a Prefeitura observava que “apesar de considerar Dr. Nilton digno de homenagens, já que seu nome é atribuído ao Centro Cirúrgico da Santa Casa de Olímpia e há planos para futuras homenagens em grandes obras de saúde, expressa seu desconforto diante da situação criada pelo conflito de informações e da proposição feita sem alinhamento com as indicações previamente estabelecidas e comunicadas pelas autoridades municipais”.

E reforçava dizendo que a prefeitura “continuará comprometida com sua proposta inicial de homenagear Renato Augusto Costa Neves e permanece trabalhando em projetos e obras que beneficiem os cidadãos olimpienses”. Não sabemos a esta altura, o que é possível fazer ou desfazer.

Mas tudo cheira a golpe baixo do ex-deputado, inexplicavelmente apressado na reivindicação de nome para o “trevão”. Nos parece pouco racional de sua parte, uma vez que sem a benevolência de Costa Neves, ouso arriscar dizer que o surgimento do clube que transformou Olímpia teria, pelo menos, uma maior dificuldade para ser implantado. Costa Neves foi um facilitador e peça primordial na engrenagem do pensamento do empresário Benito Benatti.

Faço essa defesa de Costa Neves desinteressadamente, por reconhecer e conhecer os fatos. Quando do início de tudo, diga-se de passagem, Geninho era um garotinho de apenas oito anos ou pouca coisa acima ou abaixo disso. Dez anos depois, quando o clube se consolidou, ele ainda cuidava das suas questões adolescentes.

E os adultos já reconheciam naquilo tudo o futuro da cidade. E quem era quem naquele gigantesco projeto.

E vejam bem, não se quer aqui desmerecer o nome de tão imponente figura que era Dr. Nilton, pois ele é merecedor de tantas quantas homenagens a cidade quiser lhe prestar. Ele mora no coração de cada olimpiense que esteve ou teve algum entequerido em suas mãos cuidadosas. Mas, como dizia a nota da prefeitura, sua estatura estava mais moldada para ser homenageada em um grande empreendimento na área da saúde.

Por exemplo, arriscamos dizer, no anexo da Santa Casa de Misericórdia de Olímpia, obra de alto quilate que está por sair, ou mesmo no ARE, o Postão, após a reforma e readequação pretendidas de suas instalações. No complexo médico da Zona Leste. Com certeza a autoridade política da cidade avaliava com carinho estas possibilidades.

Não sendo assim, tudo não deixa de parecer uma queda-de-braço entre as duas forças políticas ora no embate na cidade. De um lado um ex-prefeito que sim, deu o empurrão para que a cidade abraçasse o turismo e seus investimentos, e do outro o prefeito que ampliou e não mediu esforços para que a cidade tivesse meios e equipamentos para suportar a avalanche turística que se anunciava. É tipo, um terraplanou e o outro plantou, com sucesso.

Portanto, não se trata de diminuir em nada a figura de Martinez (que vou grafar com “Z”!), que mudou-se para Olímpia na década de 70, quando a cidade ainda patinava em suas monoculturas e parecia não ter um caminho econômico e de desenvolvimento promissor.

Ele acreditou na cidade. E para cá veio com a família para atuar pela medicina. A Santa Casa de Misericórdia foi o seu xodó, e dela cuidava com alma e coração, pela qual brigava por seu bem estar material e financeiro, sempre.

Além da medicina, Martinez atuou também na vida pública da cidade, tendo sido vice-prefeito e por duas vezes o vereador mais votado de Olímpia (1989 a 1992 e 1993 a 1996). E um adendo: sempre convidado a ser prefeito de Olímpia, nunca aceitou. Priorizava a medicina, mas não se furtava em ajudar os companheiros políticos, por exemplo, sendo vereador ou vice-prefeito.

“O dr. Nilton, por várias décadas cuidou da população de Olímpia, sempre foi muito atencioso, é uma homenagem justa”. Assim Geninho fechou o material de divulgação.

Já o prefeito deu o seguinte desfecho à sua manifestação: “Apesar de considerar Dr. Nilton digno de homenagens, já que seu nome é atribuído ao Centro Cirúrgico da Santa Casa de Olímpia e há planos para futuras homenagens em grandes obras de saúde, continuaremos comprometidos com a proposta inicial de homenagear Renato Augusto Costa Neves”.

E assim declaramos aberta a temporada eleitoral de 2024 na Estância Turística de Olímpia.

Os adeptos da campanha do ódio já estão se juntando

Ainda não estamos em plena campanha eleitoral. Mas já se percebe aqui e ali que o que vem por aí não será coisa para principiantes. Interesses maldisfarçados começam a pontuar aqui e ali. Malversações de fatos e atos começam a ganhar corpo aqui e ali. Ou seja, a campanha do ódio bate à porta.

Há muita gente “grávida” de argumentos pronta a “parir” desavenças entre partes interessadas, há aquela gente que até já “abortou” algumas delas e vai tempo que está plantando picuinhas em redes sociais, meios de comunicação, em comum, o ódio, a dissimulação, a infâmia, a calúnia e os exageros acerca desta ou daquela situação.

Os dois casos mais rumorosos a registrar envolve, primeiro, um certo vídeo que circulou e “bombou” na net, dando conta de atos indecorosos em plena via pública. O vazamento deste vídeo, primeiro foi atribuído a desafetos políticos da personagem principal do acontecido, que tem pretensões políticas na urbe.

Depois, “descobre-se” que o impulsionador deste vídeo seria uma autoridade legislativa. Daí parte-se incondicionalmente, a um pedido de cassação de mandato em função disso. Quem está certo, quem está errado nesta medida de força, só o tempo dirá. Mas não se pode querer desqualificar o fato em si, de alta gravidade ética e moral.

Depois, o episódio do Conselho Municipal das Pessoas LGBTQIA+, que a Câmara de Vereadores deu pau esta semana. Se não considerarmos o fato político por trás disso, teremos que classificar como fruto da ignorância legislativa local a não-aprovação do projeto de Lei. Mas vamos considerar o aspecto político da coisa.

É sabido que três vereadores votaram contrários à propositura, dadas as suas convicções religiosas, o que em si já denuncia a falta de discernimento destes edis. Sobraram seis votos. Destes, três votaram favoráveis. E três votaram contrário. Eram necessários cinco votos, maioria simples. Mas aí está o nó górdio da questão.

Três vereadores votaram contra o projeto visando punir uma desafeta, ex-vereadora que teve seu mandato cassado e até hoje não deixou de ser um espinho na garganta de alguns ex-pares da Casa de Lei. A vergonhosa justificativa comentada à boca pequena aqui e ali, seria o fato desta ex colega ter espalhado vídeos cobrando dos senhores edis a aprovação do dito projeto de Lei.

Não gostaram. E por isso não aprovaram o projeto. O que é bem quinta série no nosso entender. Pois colocaram uma responsabilidade maior com o município e em atenção a uma categoria social, a serviço de suas raivinhas de ocasião.

É vexatório. Mas aí também se vislumbra um viés político-eleitoral porque a Câmara, de uma hora para outra, tornou-se um reduto oposicionista. Um oposicionismo de ocasião, porque todos que ali estão até outro dia mesmo rezavam na cartilha do mandatário de turno. E dele obtinham o que bem queriam.

Mas, agora o legislativo olimpiense está rachado em três blocos: os cunhistas, os genistas e os, digamos, tarcisista(s) que, no caso, é bloco de um sozinho. E não bastasse isso, é “bloco” móvel, que ainda está pendente de decidir para onde vai. Mas, enquanto isso, faz lá suas performances políticas.

Assim, no frigir de tantos ovos, dá para ter uma expectativa de como será a disputa eleitoral de logo mais. Cheia de ódio, rancor, vingança. Alguns por interesses financeiros contrariados, outros por interesses políticos contrariados e outros ainda por simplesmente se engajarem nas correntes que optarão pelo quanto pior melhor.

Argumentos frágeis não vão levar ninguém a lugar nenhum desta vez. Simplesmente trazer à memória do eleitor um “passado de glória” frente ao presente factual não terá força suficiente para levar quem quer seja a algum lugar. Então muito barulho será necessário. Não importando com que conteúdo se fará este barulho. Importará tumultuar o processo.

Enfim, com os tais episódios acima relatados, não restam dúvidas de que a campanha do ódio já está entrando pela sala.

Olímpia seria ‘prêmio de consolação’ para Geninho? Cunha acha que sim

O prefeito Fernando Augusto Cunha não economizou farpas ao analisar o quadro eleitoral que se anuncia, mirando mais claramente, sem dúvidas, no seu oponente mais forte, Geninho Zuliani. E foi contundente. Disse, entre outras coisas, que o ex-deputado federal e ex-prefeito da Estância por dois mandatos, “não tem prestígio, não arrumou nada (em nível estadual)” e só lhe teria sobrado Olímpia. Ou seja, teria vindo buscar o seu “prêmio de consolação”, é o que dá a entender o alcaide.

Fazendo um retrospecto das andanças de Geninho, facilmente chegamos à especulação de Cunha, uma vez que até se insinuar candidato a prefeito de São José do Rio Preto Geninho teve a audácia. Tanto, que mudara seu domicílio eleitoral para aquela cidade, tão logo se elegeu deputado federal. E sempre procurou manter isso na surdina.

Depois de fazer a bobagem de abdicar da candidatura à reeleição à Câmara Federal (opinião do blog), acreditando na aventura Rodrigo Garcia, que ao final negligenciou a campanha se fiando eleito antes de estar eleito, Geninho ficou sem nada, politicamente falando.

De imediato perdeu prestígio e espaço em Rio Preto, perdeu prestígio e espaço no Estado, quando esperava a vitória de Garcia e uma secretaria de bônus, e veio então, aos poucos, se achegando à Estância, como todo mundo sabe. E já comete outro erro: o de alardear por aí que já está eleito, como a turma de Garcia fazia, antes mesmo do candidato decolar.

A propósito, Geninho está bem, mas não está eleito. Ele tem uma campanha pela frente, um adversário com campo para crescer, e seu natural desgaste a enfrentar. Ignorar tudo isso quando ainda nem foi deflagrada a disputa propriamente dita, é mergulhar na presunção de que é melhor do que o atual prefeito, mentor do seu oponente.

“Não ‘arrumei’ nada, então quero ser prefeito de Olímpia”, resumiu o prefeito em entrevista à Rádio Espaço Livre na quarta-feira passada, referindo-se a Geninho.

Sobre ter decidido pela candidatura a prefeito de Luiz Alberto Zaccarelli, provedor da Santa Casa, Cunha observou que tem “obrigação de ter um candidato”, porque “apoiar o Geninho até acomodaria, mas assim não apresento uma alternativa para a população, e grande parte da população não gostaria que eu fizesse isso”.

“Tenho obrigação de apresentar um nome que represente uma forma de trabalhar, que é aquilo que eu fiz em sete anos”, observa o chefe de turno. Ele diz que os “canais” em Brasília e São Paulo “vão estar ‘arejado'” para seu candidato uma vez eleito, quando então ele poderá “conseguir as coisas como eu consegui, por isso tenho obrigação de apresentar um nome”.

Para o prefeito seria “uma covardia perante a população” não ter um nome viável. Ele demonstrou ainda preocupação com os vereadores que ao longo do tempo estiveram ao seu lado. “Aqueles vereadores que trabalharam comigo, não vou deixá-los na mão”.

Depois, observou: “Espero que compreendam, não quero simplesmente derrotar o Geninho, o Tarcísio, é que me sinto na obrigação de apresentar um nome, exatamente para trabalhar diferente de Geninho e de Tarcísio. Por isso que estou apresentando o Luiz Zaccarelli”. Ao mesmo tempo, Cunha taxa Geninho como “profissional da política”.

“Agora que começa o jogo político, a gente vê que tem muito profissional da política nele. Nós estamos ainda organizando a campanha e é a população que vai avaliar o que é melhor para a cidade”.

Ainda sobre os vereadores, reforçou que “até 5 de abril vamos saber quem são os vereadores que ficaram comigo nestes sete anos e são coerentes, que têm a postura honesta e correta que tive com a população. Porque ficar sete anos ‘grudado’ e depois desembarcar porque quer levar vantagem, nós vamos saber quem são eles, quem estava com o prefeito só para se beneficiar, pessoas de pouca confiança”, avalia.

E complementa: “Este (vereador) que trai uma administração de sete anos, pode trair qualquer um. E pode enganar o eleitor também. No dia 6 de outubro vamos saber quem é sério e quem tem coerência. (Luiz Zaccarelli) que eu espero que ganhe, seria o melhor para Olímpia”.

Ele reconhece que os vereadores que estiveram ao seu lado, o ajudaram a construir uma nova Olímpia. “Não fui eu sozinho quem fiz, todo mundo ajudou, e eu espero que continuem filiados, mantendo a coerência, e não montando em outra canoa por algum tipo de vantagem”.

Cunha diz confiar no julgamento da população de Olímpia, assim que conhecer as ideias de Zaccarelli e de quem está com ele. “Temos R$ 500 milhões para serem investidos nos próximos cinco anos. Na mão de quem vou colocar? São R$ 300 milhões da prefeitura e R$ 200 milhões você tem que buscar fora. E eu vou estar do lado dele, ajudando, como fui buscar o aeroporto”, reforçou.

“Tenho acesso (aos órgãos governamentais superiores), ao contrário de outros que estão aí, um que não tem mandato. Aquele que disse que ia ser secretário, ia ser ministro, e não arrumou nada, e agora diz ‘vou ser prefeito de Olímpia'”.

“O aeroporto ficou aí parado, só saiu comigo, foram quatro anos de pouco aproveitamento (de Geninho enquanto deputado federal), e agora que está sem mandato vem para cá mas, se tivesse prestígio, não viria ser prefeito de Olímpia”, atacou.

“Cuidado com as espertezas”, alfinetou, para finalizar, quanto a Geninho: “Preciso de um mandato, não consegui nada, vou ser prefeito de Olímpia. É o que está acontecendo, não tenho nada que fazer, vou ser candidato em Olímpia”, debochou.

400 mulheres e um paradoxo

Só para registrar um acontecimento no mínimo paradoxal, sem nenhuma conotação de crítica política, mas apenas de análise comportamental, esta semana pudemos tomar conhecimento de que um contingente de cerca de 400 mulheres esteve reunido em um amplo salão de convenções de um clube famoso da cidade para celebrar a candidatura de um homem.

Ok., os apressados vão questionar: “E qual o problema”? Nenhum. Ou todos, depende do ponto de vista de quem olha para a imagem. Era plena véspera do Dia Internacional das Mulheres e elas estavam lá unindo esforços para colocar alguém do sexo masculino na prefeitura.

Nada contra a escolha, a mulherada é livre para decidir o que quer da vida, o que quer na política, mas o registro é por conta da estranheza, mesmo, pois elas bem podiam estar ali para emprestar apoio a uma candidatura feminina, mesmo do União Brasil, não é plausível?

Repetimos, nada contra o nome do político que elas escolheram, mas tudo contra o comportamento antipautas identitárias femininas. Como elas podem exigir direitos, igualdades se colocam alguém do gênero oposto para cuidar dos seus interesses? Por mais boa vontade que tenham os homens, elas serão sempre plano secundário nas plataformas.

E os números indicadores da presença feminina nas eleições não são raquíticos. Vejamos: “Olímpia possui 43.594 eleitores. Desses, 48% são mulheres, o que equivale a 20.811 do sexo feminino. Na Câmara Municipal, dos dez vereadores, apenas duas são mulheres, Edna Marques, também filiada ao União Brasil e outra (Cristina Reale), atualmente afastada (e titular da pasta de Assistência Social). Precisamos aumentar o número de mulheres na política”. Quem disse isso foi Ana Claudia Casseb Finato Zuliani, presidente do União Brasil-Mulher da Estância Turística de Olímpia.

E esta não é só uma realidade de Olímpia. A mulher é maioria em tudo, até espanta que aqui elas sejam em menor percentual atualmente, já que até então ocupavam um percentual acima dos eleitores homens. Eram mais de 50%. De qualquer forma, com toda essa informação, a mulher ainda segue como uma fiel escudeira do homem-político, quando ela mesma poderia ocupar estes espaços, quem sabe até para reclamar menos.

Vejam só, eram 400 mulheres, segundo a assessoria do pré-candidato Geninho Zuliani. Não podemos nos furtar de enaltecer a capacidade de arregimentação do candidato e das mulheres em seu entorno. Foi uma movimentação e tanto, não se pode negar. E aqui não se está fazendo a crítica à ação em si, pois ela é do interesse do candidato e de sua “pré”-primeira-dama, que tem um milhão de amigas.

Mas, também não se pode ignorar a sensação de estranheza que esse fato traduz, pois ele é muito mais indicador da falta de consciência política da maioria das mulheres do Brasil, do que de uma decisão deliberada de “escolher o melhor candidato”, aquele que vai “tratar dos nossos interesses”, cuidar “das aspirações femininas por reconhecimento no trabalho”, por “igualdade de condições e de salários”, e assim por diante.

A intenção aqui é só a de jogar luz sobre um obscuro paradoxo, porque se incomoda tanto às mulheres a hegemonia do macho, e contra essa situação é a sua luta constante, não faz sentido que, de sã consciência, tantas delas deixam de lado as bandeiras femininas e passem a desfraldar as bandeiras masculinas, avalizando a hegemonia do homem à frente de seus interesses.

Como dito lá em cima, há duas mulheres hoje na Câmara de vereadores da Estância. Uma afastada, deve retornar na desincompatibilização. Quantas terão na próxima legislatura de 13 cadeiras (hoje são 10). Qual será o espaço reservado a elas nesta mesma seara à qual deram volume, importância e viabilidade?

Diz a Lei Eleitoral que têm que ser 30% do total de nomes (“Todas as legendas têm a obrigatoriedade de respeitar o percentual mínimo de 30% e máximo de 70% para candidaturas do gênero feminino ou masculino“, diz o TSE). Ok., quantos nomes masculinos haverão? E quantas, entre as mulheres se disporão a ser candidatas? E quantas se elegerão? E qual será a política de fortalecimento das eventuais candidaturas femininas dentro das legendas que comporão a coligação?

Porque dentre 400 mulheres, é de se supor que será uma verdadeira “escolha de Sofia” por nomes interessados em concorrer, dados os tantos bons nomes teoricamente à disposição. Espero que tenham entendido o sentido que se quer dar aqui ao tema.

Fazendo um exercício mental insólito, estas 400 mulheres, se de fato forem militantes desta causa genista, e se decidirem por dar maioria feminina para a Casa de Leis, basta que cada uma delas arregimentem 20 votos em nome das candidatas mulheres.

Fazendo uma conta simples, talvez 70% dos votos sejam válidos em outubro, o que daria, para arredondar para cima, cerca de 2,5 mil votos para cada cadeira. Em tese, elas então terão arregimentado em torno de 8 mil votos. Façam as contas. Aliás, com esse montante poderiam até colocar uma candidata majoritária em condições de briga.

É claro que o parágrafo acima é puro delírio de um velho caduco, podemos dizer assim. Porque também, parece, a mulher é inimiga de si mesma. Mas, não se preocupem, estas linhas são mero fruto de um sentimento de perplexidade diante do comportamento feminino frente à política.

O acontecimento de quinta-feira foi só um recorte do que acontece por todo o Brasil. Recorte que nos autoriza a fazer essa reflexão livre e, espero, clara o suficiente para que ninguém venha me acusar por comportamento misógino. Deus me livre, cruz-credo!

As eleições 2024 na Estância e suas verdades relativas

As eleições 2024 começam a esquentar. Mas, o engraçado é que já se vê, enquanto elas ainda estão nos umbrais, atos de desesperos aqui e ali, destemperos exagerados acolá e até posturas ridículas de quem se esperava pelo menos um pouco de seriedade.

Pode parecer que não, mas política é coisa séria, embora os vilipêndios em série que se perpetram contra ela em todos os níveis onde é praticada. E quando se trata de um pequeno reduto como a Estância e outros do mesmo porte, todas as mazelas tornam-se conhecidas, por estarem, seus personagens, muito próximos de cada um de nós.

Conhecemos sua origem, sua evolução (ou involução), seu passado, seu presente e, por vezes, até arriscamos projetar seu futuro. Assim, nada escapa aos olhos atentos de cidadãos atentos. Prestidigitações à parte -substantivo feminino que no caso diz respeito à tradição do ilusionismo, não aos outros significados-, porque política é também a arte de iludir.

E mesmo quando o político comete seus sincericídios por aí, ainda assim está iludindo. Às vezes até a si mesmo. Haja vista que agindo assim, comete uma espécie de verdade relativa, em que o indivíduo fala sem pensar, desconsiderando o que o outro sente ou deseja, conforme a definição acadêmica do termo.

Mas, digressões à parte, o fato é que se a disputa não for moldada agora, em seu princípio, tudo indica que pode resvalar para a selvageria verbal, editorial (o que já se está vendo, embora a precocidade de tempo) e assim, anuviar a visão do eleitor, este ser supremo sempre tratado a chineladas e malversações de verdades.

É preciso ter cautela, subir os degraus dos debates e discussões, promover interações propositivas, positivas, e de alto nível. Porém, talvez seja pedir muito, já que as figuras exponenciais da contenda eleitoral que se avizinha são praticamente as mesmas de sempre, com seus “espetáculos” de sempre.

É pena já estarmos vendo, tão cedo, atitudes de baixo calibre, beirando ao ridículo, digna do desespero em muito antecipado por uns e outros. Se a mando deste ou daquele, não se sabe. Mas que está ficando feio, está. Embora seja muito cedo, para isso. Porque até arsenais de ataques odiosos têm seu tempo de validade.

Vale até que nos deparemos com as verdades encobertas, escamoteadas, surrupiadas do imaginário do cidadão comum. Todo mundo mente. Eis a verdade inabalável. Outros usam das meias mentiras para dizer meias verdades. Ou o contrário, tanto faz. Porque toda meia verdade é também uma meia mentira, insofismavelmente.

Assim, todo mundo mente, pela metade ou por inteiro, e àqueles que se atrevem dizer a verdade pura, está reservado o ceticismo de quem está acostumado à mentira, e que quando diante da verdade pura, acha que está sendo enganado.

Não há verdade absoluta, apregoam alguns. Mas, se só há “a minha verdade e a verdade do outro”, no meio fica o que, o limbo neural? Eis que a verdade absoluta é aquela que é verdade todo o tempo e em todos os lugares. Ou seja, o que é verdade para uma pessoa, é verdade para todos. A chamada verdade factual. Só no universo da subjetividade, a existência de uma verdade absoluta é praticamente impossível.

Mas política não é algo subjetivo, certo? Então a verdade absoluta cabe muito bem dentro dela. O diabo é o cidadão escaldado acreditar. Ele, que vive mergulhado num mar cotidiano de mentiras deslavadas. É quando sempre a verdade, ainda que absoluta, torna-se relativa, por, infelizmente, ser indissociável do contexto histórico.

Eleições 2024, tudo novo igual a como nunca foi

Tudo indica que o cenário eleitoral deste 2024 será mesmo formado por quatro candidaturas à cadeira principal da Praça Rui Barbosa. A novidade, no entanto, vem do Partido dos Trabalhadores. Desta vez traz um nome novo, até então fora do universo político da cidade.

Ex-jogador de futebol, até pela Seleção Brasileira, hoje comentarista de futebol, Juninho Fonseca, guardadas as proporções, foi a surpresa do momento. Sua efetivação enquanto candidato do partido está sendo trabalhada pelos próceres petistas locais em reuniões e apresentações.

Fonseca ainda não veio a público para dizer o que pretende. Mas, se no princípio era dúvida, uma vez que se anunciou e depois sumiu, agora parece estar tendo sua efetivação como o nome diferentão do PT formatada pelo grupo. Resta saber o que entregará no final ao partido.

Também parece se firmar a candidatura do vereador e ex-secretário do prefeito Fernando Cunha, sargento Tarcísio Cândido de Aguiar. Ainda é cedo para dizer se ele irá ou não levar sua pretensão até o final. Mas, por ora, Aguiar tem sido um candidato de si mesmo.

Vê-se articulações em nível de redes sociais, reproduzindo seus encontros com autoridades legislativas, militares e até mesmo com aquele que parece ser seu guru, o ex-presidente Bolsonaro. Já foi postado também vídeo dele aos abraços com o governador Tarcísio de Freitas e alguns secretários estaduais.

Não se pode negar que Aguiar tem método. Ele não está “viajando na maionese” no que diz respeito ao andamento de sua campanha. Mas está apostando muito nas redes sociais.

Não se viu ainda o vereador articulando na vida real, ou seja, pelos caminhos e descaminhos da Estância Turística, arregimentando parceiros, apoiadores, seguidores (na vida real, não virtual), nem tampouco formando base de apoio político-eleitoral, o chamado “grupo político”, já que sem esse pode partir, mas dificilmente chegará a algum lugar.

O seu principal mote até outros dias era o tema do Aeroporto Internacional do Noroeste Paulista, se postando, praticamente, como o “pai da matéria”. Mas, conforme post aqui, na semana passada (ver Aeroporto Internacional de Olímpia -uma breve história no tempo), ele tem pouco a mostrar enquanto negociador independente sobre o assunto, embora reconheçamos, fez um bom trabalho enquanto esteve a serviço do município como secretário de Cunha.

Repetimos: não se esperava menos que isso dele, afinal havia “ganhado” uma secretaria municipal à sua semelhança.

Deixando a secretaria, voltando à Câmara, assumiu uma postura de independência política do governo de turno e mantém certa distância do grupo genista. Tem sido um franco-atirador com suas boutades acerca do aeroporto, a única bandeira forte que tinha para desfraldar, mas agora parece que este mote cansou a beleza.

No flanco oposto de Juninho Fonseca, aliás exatamente na posição de representante da extrema-direita por estas bandas, inclusive com cacoetes militaristas, resta saber o que ele entregará ao final. Ou se acabará se entregando ao “establishment” posto na cidade, haja vista que em política tudo é novo igual a como nunca foi.

Portanto, este blog ousa arriscar que teremos pra valer três candidaturas: Luiz Alberto Zaccarelli, Geninho Zuliani e Juninho Fonseca, salvo melhor juízo. Aguiar ainda está a provar muita coisa pra muita gente. Inclusive a de que está falando sério. Coisas que só o tempo e suas peripécias irão mostrar.

Por enquanto, o que se vê de cristalino são duas candidaturas gigantes se anunciando, exatamente o candidato de Cunha, Zaccarelli, que está levando bem a sério esta incumbência, e Geninho, que igualmente a sério vem articulando nos bastidores, coisa que ele sabe fazer como ninguém.

Embora tenha sido vereador entre 1993-1996, ocupando o cargo de vice-presidente do Legislativo no biênio 95-96 (o saudoso Joel de Alencar, morto em 2020, era o presidente), ao mesmo tempo que um dos assessores do então deputado estadual Fernando Cunha, em seu escritório político local, o currículo político de Zaccarelli não é nada extenso, e muito menos denso. Quase três décadas separam o provedor da Santa Casa de Misericórdia de Olímpia e a política militante.

Embora o nome da família tenha sempre estado envolvido nos seus arredores, lá atrás por meio do patriarca Hélio Alberto Zaccarelli, falecido em março de 2014. Imagina-se, no entanto, que Zaccarelli filho era menino naqueles tempos.

No histórico de Hélio Zaccarelli, consta que ele foi eleito para o cargo de vice-prefeito em novembro de 1981, quando da eleição para o cargo majoritário de Wilson Zangirolami. O histórico diz ainda que Zaccarelli era uma personagem política de tom pacificador, e que teve sua passagem marcada em um período histórico da política local. Além disso, foi também jogador profissional do Olímpia Futebol Clube.

Quando de sua eleição como vice, Wilson Zangirolami, o candidato a prefeito, venceu o pleito com uma diferença de 6.664 votos sobre o segundo colocado, que era ninguém menos que Waldemar Lopes Ferraz Filho, o Mazinho, filho do ex-deputado estadual hoje lembrado em uma extensa e importante avenida que corta a cidade. A vitória, aliás, representou a quebra de uma tradição municipal que existia até então, a do prefeito de turno não conseguir eleger seu sucessor.

É com esse portfolio, portanto, que Zaccarelli se apresenta ao povo olimpiense. E com seu trabalho à frente da Santa Casa, hoje em situação de tranquilidade, dado o suporte que a atual gestão vem imprimindo, financeiramente, àquele hospital. Resta saber o que ele e seu mentor político vão entregar no final da corrida.

E o que dizer do outro forte oponente a Zaccarelli e demais pretensos candidatos? Tudo indica que, no frigir dos ovos, o embate se restringirá a estes dois nomes, ficando os outros pretendentes numa posição de meros figurantes, salvo melhor juízo porque, como disse acima, em política, tudo é novo igual a como nunca foi.

Já de muito tempo que corre nas estradas políticas da cidade o bordão de que Geninho é um “animal político”, um “encantador de pessoas”, com muito carisma e boa conversa. No momento divide as opiniões sobre quem ocupará a cadeira de mandatário-mor da Estância. Tem corrido, tem trabalhado, embora fazendo pouco barulho (seus correligionários argumentam que “ainda não é a hora”).

A batalha será de gigantes porque Geninho, junto com Cunha, são as duas figuras mais emblemáticas que já ocuparam a função de prefeitos nesta Estância nos últimos 25 anos, sem sombra de dúvidas.

Deste total de anos, ambos, juntos, detêm quase 16 anos de governança, a se completar com o fim do mandato de Cunha. No período anterior a esse, houve uma espécie de hiato temporal no avanço do turismo na cidade, por causa de empecilhos político-administrativos que promoveram dificuldades e atravancaram o caminho do pleno desenvolvimento deste que é, hoje, a principal mola propulsora da economia na cidade.

A chegada de Geninho foi a oportuna e rápida abertura para todas as coisas necessárias e inerentes ao turismo que Olímpia respirava, mas um tanto sufocada pela má vontade de lideranças políticas de então.

Pode-se dizer que Geninho abriu as porteiras e, não só isso, se aliou a grandes empreendimentos e abraçou forte o projeto de grandeza do empresário Benito Benatti que, com o crescimento do Termas, animou outro grande grupo empresarial da cidade a investir pesado no novo nicho, com um empreendimento corajoso, jamais imaginado até então, o Hot Beach, inaugurado exatamente no primeiro ano do primeiro mandato de Cunha.

Então Cunha deu prosseguimento a este propósito, não medindo esforços e também se aliando a grandes investimentos, para que a máquina turístico-econômica continuasse funcionando sem percalços, sem nenhuma intercorrência.

Ou seja, neste nicho ambos têm parcelas iguais de importância, sendo que talvez Cunha leve um pouco de vantagem por ter tido a oportunidade de acrescentar outros elementos fundamentais que trouxeram pujança à cidade e a manteve como um dos principais destaques do Interior paulista, em nível nacional e até internacional.

Mas, no embate político, ambos podem cobrar esta fatura do eleitorado. Que no final das contas será o grande julgador, a votar conforme sua avaliação de dois tempos distintos, mas que se entrelaçam dentro de sua própria conformação.

Ou seja, eleito Geninho, ou eleito Zaccarelli, ambos ficarão com os olhos e as ações voltadas a este universo, se não quiserem fazer a Estância regressar à sua condição de cidadezinha sem perspectivas de 30, 40 anos atrás.

É a sensibilidade do cidadão e, claro, a capacidade de jogar luz sobre seus feitos que dará o veredito favorável ou contrário a quem esteve antes e agora se apresenta novamente para pegar o bonde do desenvolvimento andando, ou àquele que botou o bonde nos trilhos mas que não é o candidato direto, ungindo o administrador da Santa Casa para tanto.

Aí, no caso, esperar para ver o que o grande júri irá entregar. Não ignorando, claro, as duas (?) outras candidaturas pois, em política, apenas para ser redundante, reafirmo que tudo é novo igual a como nunca foi.

Aeroporto Internacional de Olímpia -uma breve história no tempo

O ex-prefeito e ex-deputado federal olimpiense Geninho Zuliani radicalizou na questão do Aeroporto Internacional da Estância Turística de Olímpia. Não contente em apenas se postar de “pai da matéria” no tocante ao assunto, agora decidiu, conforme artigo publicado na edição deste sábado do jornal rio-pretense Diário da Região, sequestrar a “criança”.

O curto artigo naquele diário, distribuído à farta por suas redes sociais, é um primor de “cancelamento” de tantas outras questões envolvidas no tema. Zuliani não citou um nome sequer, além de Luiz Carlo Motta, o deputado-relator do Orçamento da União, a quem coube a coragem de inserir na peça os R$ 104 milhões destinados a Olímpia.

Sua escrita dá a entender que todo o processo teve início lá atrás, como resultado “do empenho incansável e da visão estratégica que sempre nortearam meu compromisso com esta cidade que amo (compromisso tal que o levou, logo eleito deputado, a mudar seu domicílio para São José do Rio Preto)”. Ele começa por dizer que ele próprio iniciou as tratativas para o aeroporto ainda em seu mandato como prefeito, o que não é uma inteira verdade.

Justiça seja feita, em junho de 2019 o então deputado federal participou, em São Paulo, de audiência no Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (DAESP), órgão vinculado à Secretaria Estadual de Logística e Transportes, acompanhando o prefeito Fernando Cunha, e o então secretário de Governo, Guto Zanete, no encontro com o superintendente do DAESP, Antonio Claret.

Durante a reunião, Claret “recebeu estudo para implantação de aeroporto em Olímpia”. Teria sido esse o primeiro passo para o tão sonhado equipamento de pousos e decolagens, em níveis governamentais. Ou seja, a partida foi dada por Cunha e testemunhada por Zuliani.

Porque antes, na gestão de Geninho na prefeitura de Olímpia, embora tivesse intenções quanto a um aeroporto regional, o máximo que conseguiria seria a implantação de um aeródromo, sistema de pouso e decolagem de aeronaves mais modesto, embora a área então disponível comportasse equipamento maior.

Havia sido feita uma desapropriação de área de 4,5 alqueires, no valor de R$ 387,6 mil e projetava-se o passo seguinte, que seria a elaboração do projeto executivo da área. O então prefeito fez segredo do local exato inicialmente, segundo ele para “evitar especulação”.

Mas, soube-se pouco depois que Geninho havia decidido que o aeródromo seria construído em áreas próximas à Kimberlit, que pertenciam ao médico João Wilton Minari (4,5 alqueires) e Rafael Olmos (meio alqueire), desapropriadas à razão de R$ 387.679, valor pago inicialmente, por meio de depósitos judiciais.

Antes de Geninho, havia sido reservada outra área, ainda dos tempos do governo José Fernando Rizzatti (1997-2000), próxima ao distrito de Ribeiro dos Santos (antigo Lixão), que foi deixada de lado, devido ser inapropriada para este tipo de atividade.

Sabia-se então que o aeroporto pretendido demandava uma área bem maior, cerca de 80 alqueires, mas segundo Geninho disse à época (2015), “com essa área de cinco alqueires daria para uma pista de mil metros, suficientes para monomotores”.

Mas o montante total a ser despendido por elas, no final, seria de cerca de R$ 6 milhões, dinheiro que não tinha no caixa da prefeitura e o alcaide havia até especulado fazer uma “antecipação de tributos” para obter tamanha quantia.

Daí, seriam necessários outros R$ 8 milhões para fazer a compactação do terreno, que teria cerca de três mil metros de comprimento comportando as outras instalações, para depois com os restantes R$ 12 milhões de uma verba total de R$ 20 milhões (que não apareceu), fazer a obra restante.

Toda esta “correria” de Geninho se deu até 2015, sem qualquer êxito, como puderam ver. Por cerca de dois anos, o assunto foi esquecido, os planos engavetados.

Em 2017 assume os destinos da urbe turística Fernando Augusto Cunha, que em setembro daquele ano, manda publicar no Diário Oficial Eletrônico, dois decretos, de números 6.919 e 6.920, datados do dia 21, por meio dos quais revogou outros três decretos, todos relativos a desapropriações de áreas que estavam destinadas à instalação do aeroporto, ou aeródromo, para ser mais adequado.

Ali, dava a nítida impressão de que Cunha havia desistido da ideia de um aeroporto para a cidade. Foi feita a devolução das áreas a seus proprietários, com o devido ressarcimento. Entre outros motivos, o prefeito achava o local não adequado para um sistema de pousos e decolagens.

E, mais grave ainda, outra questão que contribuiu com a decisão do prefeito foi um ofício com comunicado emitido pelo Ministério da Defesa e o Comando da Aeronáutica, afirmando que na solicitação enviada pela gestão passada, faltaram diversas informações e documentações sobre o cadastro do aeródromo da cidade no Primeiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta), do Ministério da Defesa.

Entre os problemas apontados estariam a falta de um estudo indicando o movimento mensal estimado de pousos e decolagens, o projeto da Torre de Controle, a planta de pontos críticos do aeródromo, etc. Ou seja, fica evidente que, além da área desapropriada e ainda não paga totalmente que Cunha havia herdado, nada mais tinha sido feito em torno do projeto.

Pouco tempo depois o prefeito Cunha começou a buscar a viabilização de um aeroporto que pudesse atender não só Olímpia, mas também toda região e, quiçá, o país, em sua estrutura não só de pousos e decolagens, mas também de cargas. Em 2021 finalmente saiu a concessão, e iniciou-se a demarcação da pista, agora com extensão de mais de 2 mil metros, e deu-se início a outras estruturações essenciais.

No mês de setembro do ano passado, Cunha consolidou a proposta junto ao governo federal ao formalizar a compra da área que abrigará o novo equipamento. O local que receberá o futuro aeroporto é composto por área de 200,4426 hectares de terra, localizado às margens da Rodovia Assis Chateaubriand, no imóvel rural denominado “Cruz Alta”, nas fazendas “Olhos D’Água” e “São Domingos”, entre Olímpia e São José do Rio Preto, que pertencia ao grupo empresarial Zelux Agrícola S/A, do Rio de Janeiro.

A administração municipal investiu R$ 19 milhões para adquirir a área, valores definidos após avaliação da Comissão de Bens e Imóveis instituído pelo município.

Paralelamente, a Administração Municipal também firmou parceria com a Infraero – Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária que possui expertise consolidada para oferecer serviços de ponta-a-ponta da infraestrutura aeroportuária e, após reuniões, amplo diálogo e até mesmo visita técnica ao local da futura implantação, foi devidamente contratada pelo município para Revisão do Plano Diretor, elaboração de Anteprojeto para Infraestrutura e Edificações, Análise Técnica dos Projetos de Pavimentação e Assessoria Ambiental do aeroporto, conforme Termo de Ratificação publicado no Diário Oficial Eletrônico do dia 21 de agosto de 2023.

Portanto, contada a história, vê-se que outros personagens que se imiscuíram no entorno do projeto, puxando para si mais responsabilidades do que na realidade tiveram, agem por oportunismo político-eleitoral. Mas, não sendo ingrato como Geninho o fora em seu artigo no Diário de hoje, é preciso, sim, reconhecer seu trabalho enquanto deputado federal, intermediando encontros de Cunha com autoridades do setor.

Também é de bom tom relatar o trabalho de Tarcísio Cândido de Aguiar enquanto secretário de Relações Institucionais, que promoveu a aceleração da antiburocracia nas esferas do Estado e da União, a título de obrigação enquanto servidor municipal. Não se esperava menos que isso de sua parte.

O resto, é história, ressaltando que Cunha deu um cheque-mate no “imbróglio”, ao aparecer em vídeo comemorando com o ministro de Portos e Aeroportos Silvio Costa Filho e o de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, ambos anunciando que deverão vir a Olímpia “entre fevereiro e março”, para dar início às obras.

Como diz legenda deslizante do próprio vídeo, “Cunha zerou a trend”, mas será que zerou o súbito interesse político de seus opositores pelo futuro aeroporto?

De qualquer forma, de susto em susto, de barulho em barulho no entorno da questão, o prefeito segue levando vantagem. Só não se sabe até onde esta vantagem é “vantajosa”, uma vez que não se está medindo, suponho, até onde o projeto do Aeroporto Internacional da Estância é elemento carreador de votos para quem quer que seja.

PMDB de Olímpia dá guinada à direita nas mãos de Geninho

Ainda não se sabe se por concordância ou “rasteira” político-jurídica, mas o fato é que a Comissão Provisória do Movimento Democrático Brasileiro, o MDB de Olímpia desde o dia 21 de novembro, com validação a partir do dia 28 de novembro, oficialmente está nas mãos do ex-deputado federal Geninho Zuliani, secretário geral do União Brasil no estado de São Paulo. No quadro de dirigentes estão amigos próximos e até ex-assessores de Gabinete na Assembleia Legislativa.

A mudança de mãos do partido reveste-se de grande importância e merece destaque, uma vez que isso significa ter o partido saído das mãos de um grupo que o detinha na cidade desde a sua criação, em 1966, qual seja, o saudoso Décio Eduardo Pereira e seu irmão, Milton Antonino Eduardo Pereira, e pelo qual foram eleitas grandes figuras políticas à Câmara de Vereadores, e até mesmo dois prefeitos, o saudoso José Carlos Moreira, em 1993 até 1996, e Luiz Fernando Carneiro (2001-2004 e 2005-2008).

De acordo com dados passados à reportagem, a provisória do MDB local agora tem endereço à Rua Marechal Deodoro, nº 1.143, no centro da cidade, e tem como membro da Comissão Provisória Fernando Barbosa Velho, e como presidente Marco Antônio Loureiro Barboza; Marco Aurélio Pereira Storto, o Xuxa, ex-assessor de Geninho, é o tesoureiro da Provisória; a advogada Mirela Sechieri Costa Neves de Carvalho é membro da Comissão Provisória Municipal, que tem ainda Vitor Augusto Montini.

De acordo com dados obtidos junto ao Tribunal de Justiça de São Paulo, o agora MDB genista seria o partido com maior número de filiados na cidade, na casa de pouco mais de quatro mil, representando cerca de 51% de todos os filiados a agremiações partidárias em Olímpia, lista que evidentemente deverá ser atualizada, uma vez que 90% destas filiações foram feitas na “avalanche” de uma convenção partidária realizada em 1992, quando o partido “rachou” internamente e uma ferrenha disputa por espaço entre dois grupos políticos sob uma mesma sigla tomou conta da cidade.

Um grupo era liderado por Décio Eduardo Pereira e seu irmão Milton, levando a bordo aquele que viria a ser o próximo prefeito eleito da cidade, saudoso José Carlos Moreira. De outro lado estava o grupo político que detinha o poder até então, liderado pelo prefeito de turno, José Fernando Rizzatti. É preciso constar que Pereira venceu aquela convenção e manteve o partido sob sua guarda, expulsando os “infiéis”.

O Movimento Democrático Brasileiro foi criado em plena ditadura militar, em 66, e extinto pela Lei Eleitoral em 1979, com a implantação do pluripartidarismo. Em 15 de janeiro de 1980, surgia então o PMDB, registrado oficialmente em 1981. Depois, em dezembro de 2017, por decisão interna, voltou a ser MDB.

Importante lembrar, também, que o atual prefeito Fernando Augusto Cunha, hoje no PSD, em 1994 elegeu-se pelo PMDB deputado estadual por Olímpia, com 39.780 votos. Ao longo do exercício do cargo, no entanto, filiou-se ao PSDB de Fernando Henrique Cardoso, pelas mãos de Aloysio Nunes Ferreira, de quem era muito próximo politicamente. Como se sabe, Cunha não logrou êxito em sua reeleição, em 98.

Desde sua criação, o MDB, depois PMDB e depois MDB de novo posiciona-se, em nível nacional, como partido de centro. Mas, em Olímpia, onde inicialmente fora um partido de esquerda pura, com os Pereira, depois acabou guinando ao centro sob a liderança do advogado e ex-vereador João Batista Dias Magalhães.

Magalhães, aliás, foi candidato derrotado a prefeito, pelo partido, em 2012, mas com trajetória legislativa de cinco mandatos como eleito e um sexto mandato como suplente na Câmara de Vereadores.

A propósito, Décio Eduardo Pereira, morto em 2000, conseguiu se eleger vereador na Legislatura de 1993 a 1996. Aliás, em várias gestões legislativas, o MDB sempre ocupou grandes espaços, ocupando cadeiras na maioria das legislaturas, chegando a ter até cinco vereadores em uma mesma gestão.

A quem interessaria ‘sujar’ as eleições 11 meses antes?

A quem interessaria “sujar” uma campanha política que está a pelo menos 11 meses de seu início? A se mensurar essa digladiação, é possível presumir que até 30 de agosto do ano que vem, quando começa efetivamente a campanha eleitoral, muitos vão ficar pelo caminho, não sem sofrerem feridas de morte (política, bem entendido!). Tem gente aí metendo os pés pelas mãos, em atitudes açodadas.

O episódio mais recente, em que um secretário municipal se lançou pré-candidato a prefeito e, segundo consta, passou a usar do cargo comissionado para alavancar sua pré-campanha e, nos bastidores, começou a atravancar alguns projetos da cidade em andamento, segundo denunciou o próprio prefeito Fernando Augusto Cunha, é um forte sintoma do quadro que ora se apresenta.

Não questionando o direito de Tarcísio de Aguiar, hoje de volta à Câmara de Vereadores, alçar vôos mais altos, o que é próprio da Democracia. É preciso lembrar, no entanto, que ele, até então, era um funcionário da confiança do prefeito e, numa consideração mais aprofundada, o traiu. Interessante neste aspecto, conhecendo o pavio curto do alcaide, que ele não o tenha exonerado de pronto. Foi, de certa maneira, condescendente, ainda que com uma espada cravada nas costas.

Tarcísio que acabou se sentindo desconfortável perante a situação, o que não era para menos, e se exonerou. Voltou às origens de vereador, agora não mais do MDB mas, sim, do Partido Liberal, o PL de Valdemar da Costa Neto, de Antonio Carlos Rodrigues, de Bolsonaro, agremiação estuária da direita radical no Brasil, embora não integre a relação oficial de partidos extremistas.

O braço extremista na cidade não é pequeno, soube-se com as eleições passadas e as presepadas frente a quarteis. E Tarcísio pretende navegar por aí, e suas primeiras atitudes em sessão passada da Câmara dá uma mostra do que poderá vir a ser o seu retorno à Casa de Leis. No melhor estilo “lacrador de ocrinho” já mandou espalhar cortes de vídeos ressaltando sua verborragia sobre um projeto do Executivo Municipal de troca de terrenos por dívida com volta do município.

Que, aliás, não passou. Foi rejeitado por quatro votos a seis, já que eram necessários dois terços, ou seja, sete votos. Os outros três vereadores que se juntaram a Tarcísio estão nominados abaixo em outro tópico deste comentário.

Esbravejou, “eu voto contrário!”, e fez constar nas redes sociais com direito ao malfadado “ocrinho” de sol. Assim, ele começa seus trabalhos visando ascender à cadeira principal do palácio da Praça Rui Barbosa. No mais, acreditamos ser cedo demais para isso. Mas, cada um sabe de si. E talvez Tarcísio Aguiar só esteja mesmo querendo marcar posição (qual seria é uma incógnita), ou simplesmente mostrar serviço aos seus “patronos”, que não esperam outra coisa de um egresso das forças militares.

Também a 11 meses do início da campanha eleitoral, surge na Câmara uma “célula” oposicionista, formada por quatro vereadores que, na certeza, estão sob as rédeas do pretenso candidato a prefeito da oposição, ex-prefeito e ex-deputado federal Geninho Zuliani, do União Brasil. Márcio Eiti Iquegami, Rodrigo Flávio da Silva, Leandro Marcelo dos Santos e agora Tarcísio, são os quatro “mosqueteiros” que protocolaram um pedido de CEI contra Cunha, esta semana.

Márcio Iquegami foi eleito na coligação de Geninho, é do União e seguirá sempre as pautas do “chefe” político. Rodrigo Flávio da Silva é do PSD, mesmo partido de Cunha e do secretário municipal de Trânsito e Segurança, Helio Lisse Júnior, de quem é suplente. Leandro Marcelo dos Santos é PSDB, e ocupa a cadeira que antes fora de Alessandra Bueno, que teve seu mandato cassado.

No caso específico de Rodrigo Flávio, o Rodrigo Ruiz, talvez ele se sinta seguro na cadeira porque, claro, há muita dificuldade para Cunha defenestrar Lisse, fazendo-o voltar para a Câmara e assim aparar o topete do suplente. Mas, em política tudo é possível. Ou talvez pense Cunha que o edil sofre temporariamente da síndrome do “fogo de palha”.

O assunto da CEI é a terceirização de serviços com uma empresa que não cumpriu obrigações trabalhistas. A íntegra do pedido (que foi redigido de forma descuidada, tendo que ser devidamente “ajustado” para esta publicação) segue abaixo:

Requerimento nº 352/2023
EXMO. PRESIDENTE
Eu, MÁRCIO HENRIQUE ElTi IQUEGAMI,
LEANDRO MARCELO DOS SANTOS, TARCÍSIO CÂNDIDO DE
AGUIAR E RODRIGO FLÁVIO DA SILVA, na qualidade de
VEREADORES, infra-assinados, viemos através desta, expor e ao final
requerer o quanto segue:
A CEI (comissão especial de inquérito) tem como finalidade apurar possíveis irregularidades no âmbito da administração.
No caso, temos os contratos que a prefeitura de Olímpia firmou com empresas terceirizadas Bravos Academia LTDA e Força de Elite Conservação e Serviços, nos quais muitos funcionários contratados destas alegam que não receberam o salário, alguns outros que recebiam atrasados, e que no final quem teve que honrar com o compromisso, pagando o salário dos prestadores de serviços, foi a prefeitura, que embora tenham os mesmos sidos pagos à empresa, ou
seja, pagou em duplicidade?

Outra situação relatada foi o não recolhimento do INSS e do FGTS, no qual eram descontados do pagamento dos funcionários normalmente, mas não recolhido pela empresa. Tal situação será que procede? Importante que se comprovado que não houve o recolhimento do valor referente ao INSS e ao FGTS além dos prejuízos sofridos pelos trabalhadores de Olímpia, este Município poderá ser responsabilizado por este não recolhimento, ou seja, também há risco ao erário.

Afora as supostas irregularidades supra narradas no curso do contrato de trabalho dos prestadores de serviço, quando do encerramento do contrato administrativo com as empresas terceirizadas, os trabalhadores não teriam recebido as verbas rescisórias, será que isso procede?

Diante do descrito, far-se-á necessária a apuração dos fatos supra descritos com a finalidade de esclarecimento de “eventuais falhas” e caso estas sejam comprovadas, qual foi o papel da fiscalização do contrato? Houve negligência? Quem foi negligente ou omisso? Alguém poderá ser responsabilizado?

O que se busca é o respeito ao trabalhador de Olímpia e a excelência no serviço público, não apenas “apontar o dedo”
em busca de um responsável. Buscamos, também, quem seria o responsável por essa fiscalização e se este produziu alguma ação com a finalidade de que evitasse tais danos.

Ainda, houve algum crime, como por exemplo, corrupção ativa e passiva, uma vez que diversos pais de família relataram que tiveram seus pagamentos atrasados e até mesmo não pagos, tendo suas contas pagas com atrasos, pagando com juros, outras até deixadas de serem pagas, pelo não pagamento de seus
salários.

importante, também, investigar se houve algum tipo de esquema de corrupção envolvendo essas empresas terceirizadas e servidores públicos, visando lucros indevidos a partir da não realização de pagamentos trabalhistas.
Assim o sendo far-se-á necessário esclarecer o ocorrido e a existência do risco deste sério problema tornar a ocorrer
com outras terceirizadas?

Fundamental que a investigação seja feita de forma transparente e imparcial, garantindo que as possíveis falhas sejam
identificadas e corrigidas de forma efetiva, promovendo a justiça e garantindo os direitos dos trabalhadores, assim como a eficiência e eficácia dos trabalhos efetuados pelas empresas terceirizadas.

Assim, tem o presente a finalidade de os fatos narrados constituir em assunto de interesse municipal, vez que
configurado o dano ao trabalhador e ao erário público.

Neste contexto, atendendo aos preceitos do artigo 77 do Regimento Interno desta Casa de Leis, tem a presente finalidade de comunicar-lhe, detalhadamente, a fim de que seja instaurada a Comissão Especial de Investigação a fim de se apurar os fatos.

Rogamos a Vossa Excelência, ao analisar o presente requerimento, que observe os termos do artigo 78 e seus incisos, da resolução 205/2022, em sendo constituída o devido processo, seja constituída a Comissão Especial de Investigação, com o número mínimo de 3 membros e o prazo de seu funcionamento, que será no máximo de 90 (noventa) dias úteis, contados a partir do ato de formação e constituição da CEI.

Invocamos que sejam produzidas todas as provas necessárias à apuração dos fatos, reservando aos investigados o direito de ampla defesa e do contraditório a fim de evitar alegação de nulidade do ato a ser perpetuado.

Termos em que, P. deferimento.
TARCÍSIO CÂNDIDO DE AGUIAR, RODRIGO FLÁVIO DA SILVA

A dúvida é se há um fato determinado que demande uma CEI e não apenas uma convocação ou convite ao responsável pelo setor a fim de que ele preste informações sobre o caso.

As Comissões Especiais de Inquérito são constituídas mediante requerimento subscrito por, no mínimo, 1/3 dos membros da Câmara, de acordo com a Constituição Federal, Artigo 58, § 3°, e Lei Orgânica do Município, artigo 40). O que se caracterizou, com a assinatura de quatro vereadores (um terço de dez é dízima periódica de 3, portanto, quatro vereadores). Apresentado o requerimento, o presidente da Câmara nomeará de imediato, os membros da Comissão Especial de Inquérito, mediante sorteio dentre os vereadores desimpedidos.

O pedido, no entanto, dependerá de deliberação do Plenário, será escrito e sofrerá discussão, de acordo com artigo do Regimento Interno da Casa, devendo ser aprovado por maioria simples de vereadores, o que corresponde a mais da metade apenas dos vereadores presentes à sessão. Ou seja, numa Câmara com todos os 10 edis presentes, cinco votos bastariam para derrubar a pretensão dos quatro “mosqueteiros”.

Presumivelmente, Cunha contaria com estes votos. Mas, é uma situação a ver quando o fato se desenrolar, na próxima sessão do Legislativo Municipal, no dia 23 de outubro vindouro.

Áh, é bom lembrar, ainda que de passagem, que haveria na cidade pelo menos sete pré-candidatos a prefeito. Não fosse a situação em si, desqualificadora de quantos tantos já se precipitaram nesta seara, caberiam aqui algumas considerações. Mas, não gastarei tempo, espaço e força de raciocínio para tratar de fato tão surreal.

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