Até o momento ainda não se sabe exatamente como ficará a nossa Câmara MUnicipal a partir do dia primeiro de janeiro de 2009. O que se sabe é que a coligação do prefeito eleito levou para a Casa de Leis três vereadores apenas, um deles reeleito, Beto Puttini (os outros dois são Primo Gerolim e Lelé).
A coligação do segundo colocado elegeu cinco vereadores, três deles reeleitos, Magalhães, Bertoco e Zé das Pedras (os outros dois são Guegué e Toto Ferezin). E a coligação terceira colocada elegeu dois vereadores, Hilário Ruiz e Guto Zanetti.
Caso o prefeito fosse Pituca, a formatação da Casa seria de um jeito, com bancada de maioria natural. Mas, com Geninho, a configuração é outra. A oposição se forma com a maioria absoluta dos edis a serem empossados em 1º de janeiro.
Na verdade, em principio seriam sete vereadores. Uma maioria esmagadora. Capaz de “amarrar” o Executivo, se quiser, ou de pelo menos fazê-lo caminhar sobre tênue linha (nunca torta). Claro que a nenhum deles interessa, supomos, fazer a oposição ferrenha e burra, doentia, acirrada, cheia de mágoa e rancor.
Será esta uma oposição “clean”, propositiva, daquela que estará sempre disposta a votar com o Executivo tudo o que for de real interesse da população, e dar “pau” ou pelo menos buscar uma discussão mais aprofundada, naquelas propostas dúbias, que tragam em seu bojo interesses inconfessáveis, blá, blá, blá, blá, blá blá.
Não se sabe se será por aí o caminho a ser percorrido pela bancada, que prefiro chamar aqui de independente, para não caracterizá-los como grupo de enfrentamento. Mas não resta dúvidas de que o melhor a fazer, segundo alguns experts em relações políticas, é este grupo se tornar um bloco sólido de sete vereadores, com os quais é possível fazer a Mesa da Câmara, ficando assim com um naco de poder.
Ainda que haja uma defecção, sobrariam seis edis para formarem este bloco. Ou seja, maioria absoluta. E não somente por desejo de poder, mas, antes, e mais importante, para que a Câmara possa cumprir com sua missão precípua, que é a fiscalização das ações do Executivo. Responsabilidade primeira e a mais séria de um corpo legislativo.
Por outro ângulo de visão, não sendo assim, como seria? O prefeito Geninho tendo o poder absoluto no Legislativo e no Executivo, mandando e desmandando, com gente sua num e noutro lugar? Antes de mais nada, isso não é salutar, não é adequado e muito menos recomendável. O poder absoluto, via de regra, leva ao descaminho (Já se ouviu muito dizer por aí que se o poder corrompe, o poder absoluto corrompe absolutamente).
Aliás, o próprio Zuliani, inclusive, agora tem a oportunidade de demonstrar que, pelo menos com ele, o discurso e a prática são a mesma coisa na sua atividade de político. Pois quando foi presidente da Casa (2005/2006), propugnava que a independência entre os poderes era salutar e necessária, para o bom andamento das coisas na cidade.
E assim mantinha-se distante do Executivo – até porque houve uma dissidência quando das eleições de 2004, deixando o vereador de integrar as hostes do atual prefeito. Geninho tem, agora, a chance de provar que tal postura política não foi apenas retórica oposicionista, mas, sim, verdadeira postura política.
Até porque, uma investida de Zuliani sobre os vereadores eleitos pelas duas outras coligações há de sempre gerar suspeitas, uma vez que vereador nenhum precisaria, em tese, mudar de bancada – saindo do oposicionismo e indo para o situacionismo – pelo simples ato de fazê-lo. Se não, porque então não concorreu pela coligação do prefeito eleito? Simpatias e adesões políticas tardias sempre exalam um odor suspeito, provocam um laivo de desconfiança no eleitor.
Ao passo que este mesmo vereador, ao assumir-se como independente, pode ter melhorada ainda mais sua imagem perante o eleitor, mormente nos casos em que dele precisar para chancelar suas opiniões e decisões. E, de quebra, haveria o reforço dos colegas, haveria o bloco sólido de independentes, uma forma de se manter vivo na Câmara e na memória do eleitorado como bom representante legislativo.
Há que se lembrar que àqueles vereadores que tiveram seus mandatos marcados pela tibieza, pela indecisão, pelo ora está lá, ora está cá, ou pelo adesismo barato, ficou reservado o abandono. E quando quer, o povo sabe fazer justiça.