No início da tarde de domingo passado, 22, moradores da região do Santa Ifigênia e Boa Esperança, local do infortúnio da morte de uma criança de apenas 10 anos de idade – segundo estes moradores por negligência médica ou imperícia -, fizeram manifestações por meio da interrupção do trânsito na Constitucionalistas de 32 e depois da Avenida do Folclore, para chamar a atenção das autoridades constituídas.
Na Constitucionalistas de 32 atearam fogo em pneus e espalharam galhos na pista de entrada. Na Avenida do Folclore, fecharam o trânsito no cruzamento com a rua de acesso à Cohab IV, impedindo o ir e vir dos turistas, àquela hora bastante intenso, dado o movimento no clube Thermas dos Laranjais.
Ganharam alguns minutos na TV Tem, de São José do Rio Preto. Provocaram o estranhamento de tantos quantos foram impedidos de ir e vir e que, devido à falta de faixas e cartazes, ficaram sem entender muito bem o que estava acontecendo.
O clube teve que adotar uma medida emergencial para não impedir o fluxo dos seus turistas. Assim, o portão lateral do estacionamento, que dá saída para a Avenida do Folclore, virou portão de entrada, pois os veículos que vinham do portão principal entravam por ali para saírem do outro lado, na cancela, e assim fugir do bloqueio.
Foi uma reação natural? Difícil dizer. Mas, com certeza foi uma reação coletiva contra um estado de coisas que já beira o absurdo no que diz respeito à Saúde (ou à falta dela) no município. Morre-se muito facilmente em Olímpia. A menos que Deus, árbitro de todas as vidas, esteja com um foco bastante seletivo sobre Olímpia, levando para si os bons, algo de muito errado está por ser corrigido.
O caso deste menino é emblemático. Como emblemáticos são os demais casos registrados, com maior ou menor repercussão. Não se pode conceber um poder público alheio ao sofrimento dos mais humildes. Não se pode conceber um setor que deveria prover a saúde, consequentemente a vida, por vias diretas ou indiretas fazer exatamente o contrário, prover a não-saúde, consequentemente, a morte.
Se juntarmos todos os relatos de familiares e entequeridos que passaram por agruras mil frente ao aparato de Saúde em Olímpia, uns mais graves, outros menos graves, outros ainda de meros transtornos por atendimento; se juntarmos aqui todos os relatos daqueles que necessitam com urgência de um exame especializado e não têm; se juntarmos aqui todos os relatos daqueles que necessitam de um profissional médico especializado e não encontram.
Enfim, se juntarmos aqui todas as mazelas que já se perpetraram contra o cidadão pagador de impostos, mesmo com a generosidade de espaços característica das caixas de textos na internet, seria preciso páginas e mais páginas eletrônicas.
Nesta terça-feira, 24, a Saúde fará reunião do Conselho Municipal, momento em que são tomadas decisões no sentido de avalizar todas as ações do setor, como tem sido praxe até então (o Conselho Municipal de Saúde tem a função fiscalizatória, mas a trocou, há tempos, pela função homologatória). Logo em seguida, será a vez da prestação de contas. Ambas as ações terão como local a Câmara de Vereadores, respectivamente às 17 e às 18 horas.
Com certeza a secretária Silvia Forti, como sempre faz, irá apresentar números e mais números, com os quais espera balizar suas ações à frente da Pasta. Como sabemos, no entanto, números são frios e impessoais. Saúde é humanismo e atenção básica. Portanto, uma coisa não explica a outra. Não é excesso de números que garantirá a vida do cidadão, seja pobre, remediado ou rico. Menos números e mais vida é o que a sociedade pede neste instante.
Sociedade que cobra também da Casa de Leis uma postura mais firme de seus membros no sentido de defender o mais legítimo e primário dos direitos cidadão, o da saúde e da garantia de vida. A menos que os senhores edís, num extremo de subserviência, queiram ajudar o Poder Público a contar seus mortos.
Porque, infelizmente, a se insistir neste formato, se já não for a hora, mais cedo ou mais tarde se terá que fazê-lo.
Até.
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