O jornal de propriedade do grupo do prefeito Geninho (DEM), o “Tribuna(l) Regional” quer fazer o que não sabe. Porque o que sabe fazer, faz muito bem: dar provas cabais de que é meio impresso de propaganda do alcaide e seu governo (na edição deste sábado, por exemplo, o jornal estampou nada menos que sete fotos do prefeito em suas páginas, sendo três na capa; e onde não está ele, está seu “chaveirinho”, secretário Paulo Marcondes; além disso, trouxe duas páginas retratando os feitos do Governo, e de resto um caudatário da administração municipal).
Vem o jornal em defesa do caótico “Minha Casa, Minha Vida”, em mais uma tentativa de jogar “areia nos olhos” da opinião pública. Destaca de lá cinco proprietários de imóveis para “falarem bem” do conjunto mas, ironia do destino, num dos casos, por exemplo, a imagem fala por sí. O comprador está de ferramenta na mão (talvez uma pá, talvez um enxadão), talvez consertando o que nem deveria imaginar ser necessário consertar antes de se mudar: a casa que comprou e vai pagar caro.
Depois, em sua página dois, tenta dar lição de moral e ensinar a prática do jornalismo, como se fora o melhor exemplo a ser seguido na cidade. Diz que os críticos do conjunto formam a “imprensa sem ética” que “faz uso do jornalismo destrutivo”. Clama por imparcialidade, lembra do clássico “dois lados” e elabora o seguinte pensamento: “(…) Esses conceitos funcionam bem em uma empresa de comunicação imparcial, mas não tem utilidade alguma quando a empresa dona do veículo de imprensa tem interesse direto no assunto da reportagem e nos resultados perante a opinião pública”.
Considerando que o jornal é “uma publicação da J.F. Editora Ltda”, empresa que detém, também, o arrendamento da Rádio Difusora-AM, como já dito aqui feita pelo prefeito Geninho, conclui-se que tal dissertação é o mesmo que enfiar uma faca na própria barriga. Considerando, ainda, que os signatários da tal empresa em condições normais não teriam interesse nenhum – nem recursos da ordem de R$ 320 mil disponíveis – em ter jornal ou rádio. E, considerando mais, que tais pessoas são bastante próximas do alcaide, até com ligações de ordem trabalhista, aí então é a facada mais o tiro no pé. Ou pura falta de inteligência jornalística, o que é ainda mais grave.
O semanário, como de resto o grupo no poder, continuam alimentando a paranóia delirante em relação ao ex-prefeito Carneiro, citado no texto em negrito, chamando para textos replicados do “Diário da Região” e do “Bom Dia”, ambos de São José do Rio Preto, ao pé da mesma página. A paranóia se assenta na seguinte descrição a respeito do ex-prefeito: “(…) Um político já erradicado do poder (…)”. Mas não da mente deles, ao que parece.
Atacam o jornal “Planeta News”, que tem demonstrado um desassombro jamais visto em sua história na vigilância das ações do Executivo Municipal, e a Rádio Menina-AM, igualmente convicta do que fala ou reproduz.
Também não gostaram do título da edição do dia 18, “Eis o Village”, no fundo uma quase-ode classicista ao conjunto que, se tivessem entendido, iriam adorar! Brincadeiras à parte, segue o texto agora atacando este espaço democrático e seu tutor, aí enveredando para questões que julgam ser pessoais – mas sabendo que quem escreve tem problemas reais em termos pessoais relevo-, bem como a “Folha da Região”, que embora tenha chegado atrasada ao assunto, quando o abordou, o fez de forma “inescrupulosa”, segundo o imaculado semanário governista.
Não se esqueceram, claro, da TVTem, afiliada da Rede Globo em Rio Preto, que para a turma que comanda o jornal “cometeu exageros” dos “preceitos jornalísticos” quando retratou o “Village”. Dizem que o canal foi “induzido a erro” pelo ex-vereador Niquinha, que é comprador de imóvel ali, onde pretende morar – aliás para onde já teria se mudado não fossem os problemas. Disseram mais, que o repórter da emissora é “treinado” e que a pauta era “uma fraude”.
O prefeito chegou a pedir a complacência daqueles que o bajulam o dia todo, via Facebook. Como tentou, também, impedir a veiculação da reportagem em nível regional – na certa preocupado com sua imagem de futuro candidato a deputado estadual daqui três anos.
Melhor faria essa gente se viesse a público, então, até em nome do “bom jornalismo” (rsrsr), e explicassem o que de fato aconteceu. Quantas casas estão com problemas e quantas não estão. Se a “maioria esmagadora” das casas está em perfeito estado, que tal mostrá-las? Não lhes perece que medidas simples assim calariam a boca de tantos quantos querem olhar o problema com olhos não condescendentes? Mas, à luz do estado de Direito, mesmo que 780 casas estejam na mais perfeita ordem e seis delas apenas estejam com problemas, já é indesculpável e ilegal a situação.
Diz o texto ao seu final que tudo o que aconteceu nestes últimos dias foi “um desrespeito não só com os mutuários como também com a cidade, já que teve sua imagem depreciada para toda região”. A exemplo de outros casos em nível nacional, a culpa é sempre da imprensa que denuncia, não dos desmandos que essa gente pratica.
Porém, a turma ainda tem alternativas: ou mostra que os problemas não são assim tão generalizados, ou peçam desculpas à opinião pública, à cidade, e principalmente aos mutuários. Ou reduza-se à própria incompetência de realizar obras de forma decente e bem acabadas e, por extensão, também para escrever textos jornalísticos de análise. Ao modo do Facebook, tão ao gosto do alcaide, kkkkkkkkkkkkk….
Até.
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