Agora pela manhã mantive um breve contato cordial com um bastante próximo assessor do prefeito Geninho (DEM). Gente de dentro. Que me cobrava manifestações de amizade nascida bem antes dos acontecimentos políticos envolvendo o grupo ora no poder. Amizade sincera, embaçada agora devido aos entraves naturais do momento, mas que ele jura, não arrefeceu em um milímetro que seja. Fiquei feliz e grato, já que é pessoa que também estimo de longa data.
Nossa conversa seguiu cordial, enredando pelo futuro embate eleitoral – quem serão os nomes, como será o pleito, a crença de que será menos belicoso que o anterior e por aí afora. Até que, inevitável, veio a pergunta: “E aí, o que você está achando (da administração, naturalmente)?” Pensei que ali, formular qualquer tipo de resposta mais elaborada levaria tempo, o que ambos não tínhamos de sobra, e fatalmente redundaria na não-aceitação de minha tese. Disse apenas “sei lá”… Ao que o assessor emendou: “Veja quanta obra, a cidade é um canteiro”, se referindo às muitas reformas e construções que se vê por aí.
Rebati que isto é resultado da conjuntura nacional, depois pensei comigo que aliado à pujança que o Thermas dos Laranjais deu à cidade – verdadeira em todos os seus termos ou exagerada pelos “otimistas” de plantão. “Mas o prefeito é que tem dado impulso a isso”. Mais uma vez, teria que formular a resposta. Mais uma vez, disse: “Sei lá”. Ao que ele emendou: “A cidade está melhorando, não?” Aí, a análise tinha que ser mais aprofundada ainda e, como antes, preferi apenas tecer comentários genéricos, fazer algumas observações.
Mas, depois de passado o encontro, pude formular a resposta que poderia ter dado a este assessor sobre o “melhorando” em sua visão. Poderia ter-lhe dito que a visão do Governo que ele representa é extremamente materialista e que, por ser assim, a análise da situação não poderia ser outra que não positiva do seu ponto de vista. O “muita coisa está sendo feita” usado por ele não inclui, então, o cidadão. Porque para avaliarmos com segurança se uma cidade melhorou, ou não, temos que fazê-lo do ponto de vista de quem mora nela.
E melhorar uma cidade significa dotá-la de um bom e eficiente sistema público de saúde. Dando ao cidadão a tranquilidade de ir em busca de um médico e encontrá-lo. De buscar um remédio e obtê-lo, não importando seu custo. De que vai em busca de uma emergência e voltará para o convívio de seus ente-queridos. Significa dar a tranquilidade para os pais de que seus filhos estão sendo bem educados em escolas de qualidade com professores bem preparados, diretores à altura dos cargos.
Que seus filhos não estão apenas aprendendo o beabá do ensinamento mas, sim, recebendo noções outras que fazem parte da formação humana, visando construir cidadãos – e não deixados ao léu naquilo que um dia foi o “horário integral”, onde a criança aprendia o inglês, o espanhol, a arte, o teatro, a poesia. É dar tranquilidade aos pais de que seus filhos não serão os analfabetos funcionais do futuro.
É dar tranquilidade ao cidadão de saber que os menos favorecidos estão tendo a devida atenção do poder costituído, e a estes, que terão sua fome, seu frio e sua necessidade de moradia digna sempre supridos.
É dar a este cidadão a tranquilidade de saber que o dinheiro de seu imposto está sendo bem aplicado, usado com lisura, transparência e honestidade. Saber que nada está sendo diluído no “ralo” das más intenções, provocando, a posteriori, a necessidade de se realizar obras de péssima qualidade, com material e mão-de-obra de terceira. Saber que obras erigidas com seu dinheiro não sofre atrasos e, com isso, encareça por conta dos infindáveis “aditivos contratuais”.
Ter o cidadão a tranquilidade de saber que a relação do poder público com as empresas que prestam serviços ao município é idônea e pautada pela responsabilidade. E como consequência disso tudo, ter a tranquilidade gerada pela certeza de que o governo que o governa é probo.
Além de muitos outros exemplos faltantes que poderiam estar aqui – exemplo do mau desempenho no âmbito da geração de empregos -, isso é melhorar uma cidade. Porque para melhorar uma cidade, primeiro é preciso melhorar as condições de vida de seus moradores. E então, assessor, isto responde à sua pergunta?
MINHA CASA, MINHA VERDADE
“Constutora confessa que entregou casas que não estavam concluídas”; “Pacaembu construiu casas coladas uma na noutra”; “Muitos mutuários demonstram medo de reclamar publicamente”; “Representante do prefeito na compra da rádio seria dono de 40 terrenos no Village”. Manchetes do semanário Folha da Região, edição de hoje, sábado, 19. E então, quem estava com a razão desde o início?
CONCURSO
Uma cópia de denúncia anônima feita ao Ministério Público local chegou a este blogueiro hoje pela manhã, dando conta de que haveria muitos problemas relacionados ao concurso público 01, da prefeitura. Um deles diz respeito a critério de desempate, que segundo a denúncia favoreceria grandemente quem já está trabalhando, seja concursado, nomeado ou até mesmo estagiário.
Outro diz que, na escola da Cohab IV – cargo de Escriturário I -, as provas só começaram 40 minutos depois porque esperava-se a chegada de uma candidata, que teria entrado na sala às 10h40. E outra, contesta os critérios técnicos exigidos para o cargo de farmacêutico, cuja denúncia diz que o aprovado não pode ser nomeado por não ter conhecimentos específicos. A denúncia é bem detalhada, e quem a fez, aparentemente, sabe do que está falando. Aguardemos.
PODER AO CIDADÃO
Uma boa nova. A presidenta Dilma Rousseff sancionou ontem, sexta-feira, 18, a lei que cria a Comissão da Verdade para apurar violações aos direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988, período que inclui a ditadura militar. Porém, para nós, cidadãos comuns, o melhor vem junto com a tal lei: Dilma sancionou também a Lei de Acesso a Informações Públicas, que acaba com o sigilo eterno de documentos.
A Lei de Acesso a Informações Públicas permite que o cidadão consulte documentos produzidos pelos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de forma a dar mais publicidade e transparência aos atos da administração pública.
A lei abrange também estados e municípios e assim, o cidadão poderá, por exemplo, pedir dados sobre como foi empregada a verba do hospital e da merenda escolar de sua cidade. As informações solicitadas pela população devem ser respondidas em, no máximo, 20 dias.
Em seis meses, cada órgão vai ter que publicar em sua página na internet informações sobre sua atuação, como contratos, licitações, gastos com obras, repasses ou transferências de recursos. As entidades que recebem recursos públicos também terão que dar transparência a seus dados.
Ou seja, a partir de agora, não bastará apenas parecer honesto. O governante terá que, de fato, ser honesto. Ou o povo o pega “na curva”.
Até.
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