Os grupos autênticos serão agora ‘nobres’,
terão voz e vez nesta ‘volta ao começo’?
Amigos, no programa de hoje na Rádio Menina, conversamos com a coordenadora do Festival do Folclore de Olímpia, Cidinha Manzoli, que trouxe informações detalhadas sobre a pretensão do Governo Municipal em imprimir ao nosso Fefol uma mudança estrutural e de execução extremamente arrojada.
Mudança que demandará muita coragem, já que a pretensão é a de transformar completamente a maneira de se ver e de se fazer a festa maior da cidade, a partir de agora.
Arrojo e coragem – substantivos que podem até ser encontrados inseridos no significado um do outro -têm também sentidos diferentes, complementares, um acrescentando ao outro tudo aquilo de que o grupo de trabalho formado com esta missão terá que lançar mão.
Por exemplo, a coragem de enfrentar uma situação de mudança, primeiro no aspecto de que a festa se lançava aos braços do mercantilismo, sob o risco iminente de se tornar um evento plasticamente comercial, por extensão “vendável” – expressão depreciativa usada em festa passada por profissionais do “marketing” contratados à época.
Num segundo aspecto, a transformação do Fefol em evento “puro”, diria até “radical” no âmbito das manifestações, com ênfase aos grupos autênticos – aliás, pretende-se fincar de vez a bandeira da autenticidade, da verdadeira razão da existência desta festa, criada há 45 anos pelo folclorista, professor e pesquisador das raízes brasileiras, José Sant´anna, que nos deixou faz dez anos.
Esta mjudança passaria até mesmo pela reestruturação do recinto para os dias da festa, mudando e até erradicando, muitas das coisas que foram implantadas ao longo dos últimos anos, na busca pela amplitude do alcance da festa, que para tanto já estava ficando um tanto “mole” nos seus mais diversos aspectos, e excessivamente condescendente no que diz respeito aos elementos de dança, vestimentas, musicas e fé professados ali.
Tais mudanças, é sabido, tinham por finalidade facilitar, segundo a visão de quem assim entendia, a busca e obtenção de recursos junto a órgãos públicos e empresas privadas. Por isso a “malemolência” dos últimos tempos, o quase abandono das raízes e razões do Fefol, a mesclagem generalizada, com ênfase no belo, no brilho, no sorriso farto da morena bonita, em síntese, no parafolclórico.
As manifestações folclóricas, ficavam, então, relegadas a segundo plano, tornando a festa que era feita para eles, e até um certo tempo feita por eles, num evento onde a impressão que ficava é a de que estavam ali como um favor – já que seriam, na visão dos que assim agiam, algo pouco relevante no contexto do que se pretendia para a cidade.
Muito bem. Sai o Sebrae, entra o Abaçai. E o que advirá daí? Os planos, os projetos e idéias são alentadores e fartos. Para quem sempre buscou a “pureza” das manifestações, um verdadeiro bálsamo a aplacar todas as dores. As sementes estão sendo lançadas no fértil terreno em que se transformou a organização do próximo – o 45º – Fefol.
Espera-se que as chuvas e tempestades que vierem neste primeiro momento não sejam portadoras de desalentos, pelo contrário, sirvam de ‘adubo’ para que tudo floresça ainda com mais força, mais viço, e a colheita seja farta. Porque chuvas e tempestades, entremeadas por fortes trovões hão de vir, com certeza.
Assim devem estar os que provocarão tais intempéries, preparados e armados da coragem e arrojo necessários para não se deixarem arrastar pela enchente do retrocesso, às primeiras dificuldades.
E que a Abaçai, os demais segmentos formadores deste novo universo e tudo o que eles passam a representar doravante, se perpetuem, perenizem, tal qual o nosso folclore brasileiro. Mais ainda, tal qual nossos festivais do Folclore.
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