Ao site de notícias oficiais do município, o prefeito Geninho (DEM) disse esta semana que se o seu mandato terminasse agora, já estaria “realizado”, porque, diz o texto um tanto “chapa-branca”, “em 20 meses de governo conquistou quase 900 das mil casas prometidas em campanha política”. Ops, não é bem assim. Aliás, não é assim, mesmo! O alcaide, a bem da verdade, continua a dever as mil casas prometidas aos olimpienses. Na verdade, ao invés de se vangloriar, ele devia estar prometendo que, em breve, a promessa será cumprida.
E ao tecer as loas devidas da semana ao patrão, o “chapa-branca” ainda prega uma mentira sem tamanho. Diz ali, após uma constrangedora introdução: “(…) Enquanto que o governo anterior, em 96 meses (dois mandatos consecutivos), conseguiu apenas 104 casas”. Ops, não é bem assim, também. Aliás, não é assim, mesmo! Explico, com a finalidade de restaurar uma verdade. De início, devo dizer que o primeiro lote de casas da CDHU implantado em Olímpia tinha, na verdade, 140 casas, que foram construídas em regime de “mutirão” e entregues aos mutuários no dia 12 de dezembro de 2006.
No ano seguinte, 2007, o “governo anterior” assinou novo convênio com a CDHU, no valor de R$ 2 milhões, para a construção destas 109 casas alardeadas pelo prefeito como conquista unicamente sua. O conjunto anterior levou dois anos e meio para ser construído, exatamente em razão da modalidade escolhida para sua construção, razão pela qual a própria CDHU decidiu por mudá-la, terceirizar a construção e entregar prontas, mediante sorteio de mutuários. Assim, o convênio anterior teve que ser revogado, e feito outro, no valor de R$ R$ 4.705.806,86.
As casas terão muros, calçamento, energia solar etc., melhorias que o atual conjunto não possui. Se existe algum destaque a dar ao prefeito Geninho neste caso, deve ser o de se prontificar a assinar o convênio, fazer o seu papel de mandatário. Porque, conforme disse acima, o convênio já existia, o lote de casas já era de Olímpia, a área já estava reservada, e é exatamente a mesma que está sendo divulgada agora, e as mudanças no projeto foram imposição da própria CDHU, como já disse também acima. E mais: com qualquer eleito sentado na cadeira da 9 de Julho este conjunto sairia. Esperto, muito provavelmente Geninho já contabilizava nas mil moradias prometidas em campanha, estas 109 por fazer, mas com tudo já devidamente encaminhado.
Depois, segue o texto-bajulação da semana dizendo que “são 784 unidades do programa federal ‘Minha Casa, Minha Vida’, assinadas com a Caixa Econômica Federal, na sexta-feira passada,17”. Alto lá! Estas casas do “Village Morada Verde” nada têm de “populares”. Quer dizer, não se trata de um conjunto habitacional para os menos aquinhoados. Tratou-se de um processo de financiamento de imóvel feito pelo cidadão interessado e que tinha renda suficiente – R$ 1.030, e que podia pagar até R$ 350 de prestação.
Alguém aí conhece em algum lugar, conjunto habitacional “popular” cujo mutuário pague prestações a esta soma? Então, é lícito afirmar que ali tratou-se de uma iniciativa de ordem privada, claro, com a prefeitura fazendo uma parte importante, que é a doação de área e a infra-estrutura do local. Áh, e gastando dos cofres públicos mais de R$ 2,37 milhões para “desconstruir” duas lagoas de tratamento de esgotos das imediações, se não a casas não poderão ser construídas ali – aliás, resultado de um possível açodamento na escolha da área?
Assim, tirando a parte que coube à prefeitura, o resto foi apenas e simplesmente uma relação de comércio entre a empresa construtora e os mutuários, e de financiamento entre a CEF e os empreendedores. Tais mutuários poderiam comprar lotes ou mesmo casas em qualquer outro loteamento da cidade, nos mesmos moldes e nas mesmas condições. Embora seja necessário ressaltar que a interveniência da municipalidade contribuiu para que talvez os valores envolvidos nas transações pudessem ser menores. Aí, ponto para o Executivo.
Mas, querer lavar as mãos e sair pro abraço com estas 895 casas a serem construídas na cidade nas condições narradas acima, é fugir do que foi prometido. Nada, nada, Geninho ainda deve mil casas para Olímpia. Ou não?
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FÚRIA DES BAUS
Leitores bravos com o post passado, uns por mal interpretar o texto, outros por discordância e outros até por engano, por ler e não entender o que lê. Na avaliação que fiz aqui sobre a questão do “Fantasma do Gabinete” do ex-prefeito Carneiro, acharam que estava a defendê-lo, quando disse que ele estava pagando caro por ser leal a um parceiro político. Não defendi nem contestei a condenação, que de resto é cabível, já que o ato praticado é ilegal. Tanto, que o ex-alcaide foi condenado, juntamente com o “fantasma” Fernando Nascimento.
O que às vezes alguns leitores não entendem é que este espaço não é espaço para noticias – embora em alguns momentos específicos temos colocado textos noticiosos aqui – mas, sim, de análise, discussão, interpretação dos fatos. E isso talvez leve as pessoas à confusão, no momento de distinguir uma coisa da outra. E leva outras pessoas, também, a fazer avaliações de má-fé sobre o que aqui se escreve, mesmo tendo entendido o texto e o contexto. No caso, analisei o assunto do ponto de vista político. Jamais do ponto de vista legal. E do ponto de vista político o que postei estava corretíssimo. Só não entendeu quem não quis. Ou não pôde entender.
Até.
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