Amigos do blog, próximos e distantes. O momento é de consternação. O Departamento Nacional de Produção Mineral-DNPM, órgão vinculado ao Ministério de Minas e Energia, acabou de lacrar, na tarde de ontem, os dois poços profundos que abastecem de água quente o clube Thermas dos Laranjais.
A decisão pegou a todos de surpresa. Quero crer que até mesmo o presidente Benito Benatti. Mas, no caso dele, naturalmente deve ter ficado surpreso com a lacração, porque não é crível que, enquanto presidente e principal mantenedor do clube, não soubesse dos problemas que a gerou.
O chefe do departamento em São Paulo, Enzo Luís Nico Júnior, disse que o clube não possui licença para a extração da água mineral. “Eles não têm sequer o processo no DNPM. Esse é um bem da União e o bem da União só com autorização da União. Vai ficar fechado até eles regularizarem o processo de extração mineral”, disse.
As perguntas que ficam são: Como assim, não têm licença para extrair a água? Como assim, não têm processo na instituição? E como se pode admitir que responsáveis pelo gerenciamento de um clube destas proporções não saibam que bem da União só se pode usufruir com autorização da União?
Sem os dois poços de água quente, o clube fica impedido de abastecer seu parque aquático com cerca de 180 mil litros de água por hora. Os dois que ficaram abertos, semi-artesianos, não são suficientes para atender a demanda do parque aquático. E então, como ficamos?
Se o presidente sabia de tudo isso e das inevitáveis consequências, e mesmo assim deixou a coisa seguir em frente sem se preocupar em legalizar a situação, foi omisso e negligente. Se não sabia, nem sua enorme equipe de assessores ‘técnicos’ sabia, então, que esta assessoria ‘pegue o boné’ e desapareça no horizonte.
Porque não mostrou competência. O problema, que todos saibam, não é só de ordem legal. Agora é também de ordem moral. Porque um empreendimento deste porte, quiçá um dos três maiores e melhores da América Latina, não pode pretender existir ao arrepio da lei, à margem da legalidade.
Como fica a imagem perante os turistas, perante aos organismos envolvidos com o setor em todo país? Como fica a imagem da cidade, sempre tão festejada quando o assunto é Thermas dos Laranjais, e que apostou todas as suas economias incentivada pelo retorno líquido e certo que as águas do clube proporcionam?
Pior, o DNPM disse que não há prazo para a concessão da licença. “Nunca é de um dia para o outro. Isso com certeza. Pode levar anos”, afirmou Nico Júnior, à reportagerm do ‘Diário da Região’, de Rio Preto. Um dos poços foi perfurado pela Petrobras e hoje pertence à Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Esse poço foi perfurado no início da década de 50 pela Petrobrás na esperança de encontrar petróleo(embora insistam que tenha sido perfurado no início da década de 80, na fase Paulipetro, lembram? Mas, estão errados). Como nada foi encontrado, o poço foi fechado e há vinte anos atrás foi reaproveitado.
Além do poço da Petrobras, o clube perfurou outro por conta própria, em 2003, salvo engano. Só que a perfuração foi com autorização estadual, mexendo num bem da União. “Foi feito tudo errado”, disse Nico Júnior. E por que a União só entrou no caso agora? Porque “só agora se soube, se concluiu o processo.”, responde Júnior.
Muito bem, não foi só Olímpia que entrou na lista negra da entidade. Outras cidades também tiveram o mesmo destino. O que joga por terra a tentativa ridícula de botar a culpa pelo acontecido no grupo de oposição que pretende disputar as eleições ano que vem, e mesmo na oposição política ao prefeito Geninho (DEM).
(Explica-se: Benito Benatti emprestou seu nome e sua voz à campanha do prefeito, daí a ilação).
Mas, seria uma solução simplista demais diante da gravidade do problema, não acham? Uma estéril tentativa de inversão de responsabilidades, não mais que isso. E leiam isso, amigos: “Eles têm de abrir processo agora. É um trâmite como qualquer mineração de água mineral, termal ou radioativa na fonte.”
Pergunta: Pelas vias normais, quanto tempo levará isso? Logicamente que o presidente e seu amigo prefeito não dormem no ponto e já estão correndo atrás da solução. Conseguirão uma saída política, um ‘jeitinho brasileiro’?
E caso não se consiga reverter a situação na Justiça, ou só por meio da legalização nós, que primamos tanto pela decência, pela moral e legalidade das coisas, vamos ter que engolir isso. Porque há um universo de pessoas e empreendimentos que dependem da plena existência do clube na cidade.
Porque se aqueles que tinham o dever de bem cuidar do clube não o fizeram condignamente, amparados na lei plena, que todos nós os mantenhamos agora no ‘índex’ de pessoas não confiáveis, manchadas pela sombra do desvio de conduta. Mas, torçamos para que tudo se resolva. O mais rápido possível. E da maneira possível.
E pensem nisso: Acaba sendo até melhor que o problema tenha ocorrido por ‘segundas intenções’, embora moralmente ruim, porque saber depois que tudo aconteceu, tudo chegou a esse ponto, por puro desconhecimento, incompetência de todos os envolvidos na administração do clube, será muito, moralmente muito pior.
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