De uma forma um pouco irônica, o prefeito Fernando Augusto Cunha começou seu discurso em uma cerimônia de inauguração de um estabelecimento comercial na cidade dizendo que “o aeroporto vai muito bem, obrigado”, em resposta aos que ele classificou de “contrários” à iniciativa.
Observando que não precisava dos R$ 104 milhões para este ano, e até chamando de “bobagem” a emenda parlamentar, Cunha lembrou que para não precisaria de dinheiro para este ano, uma vez que as obras só começam em outubro ou novembro, e a primeira medição sairia talvez em dezembro, para recebimento em janeiro ou fevereiro.
“O aeroporto está sendo federalizado, o governo federal terá um aeroporto no Estado, e é o Aeroporto do Norte Paulista. Ele não será da prefeitura”, começou explicando o chefe do Executivo olimpiense.
Ainda de acordo com Cunha, vai haver a contratação do Edital ainda neste mês ou, no mais tardar, em julho. “As obras serão contratadas em outubro ou novembro, portanto, não há dispêndio financeiro que dependa dos R$ 104 milhões”, garantiu.
O prefeito chegou a dizer que os R$ 104 milhões eram desnecessários nesta altura das tratativas, porque era um dinheiro que iria ficar parado no Orçamento. “Ainda bem que remanejaram, que seja para a Saúde, que seja para o Rio Grande do Sul”, frisou.
Como sempre extremado, disse que a emenda orçamentária de R$ 104 milhões foi “uma bobagem que colocaram lá (no Orçamento)”, porque este dinheiro não seria gasto, “não havia necessidade do ponto de vista da técnica orçamentária”, explicou.
Depois, Cunha revelou que Olímpia tem, no Plano Plurianual-PPA do Governo Federal, colocado em 10 de janeiro, a previsão de construção de um Aeroporto Internacional, com orçamento da Infraero de R$ 1 bilhão. “Neste ano a previsão é gasto zero, os recursos serão despendidos em 2025 e 2026, portanto, não havia necessidade daqueles R$ 104 milhões do Orçamento este ano”.
De fato, o blog pesquisou junto ao PPA federal e constatou estar mesmo nele recurso da ordem de R$ 1 bilhão para “investimento plurianual” na construção do Aeroporto Internacional do Norte Paulista. Embora não conste especificamente o nome de Olímpia, diz no documento que a obra será no Estado de São Paulo.
O recurso é de R$ 1 bilhão, com início em 1º de janeiro de 2024 e término em 31 de dezembro de 2026. Para este ano, de fato é zero de desembolso, mas há previsão da liberação de R$ 30 milhões, divididos em três parcelas de R$ 10 milhões para 2025, 2026 e 2027, registrando que a reserva total é de R$ 1 bilhão.
O programa orçamentário pesquisado é o 2317 – Desenvolvimento Regional e Ordenamento Territorial” – Ação Orçamentária 7XZ2 – Localizador 035.
“Está tudo muito bem, obrigado. Olímpia vai continuar em busca do seu destino nacional e internacional”, finalizou o prefeito.
BUSCANDO HOLOFOTES?
Nas últimas horas soube-se que os pré-candidatos a prefeito da Estância, Eugênio José Zuliani (União Brasil) e Tarcísio Cândido de Aguiar (PL), estariam se dirigindo a Brasília para “tratar do assunto aeroporto”.
Porém, o que parece é que a situação já está mais que consolidada, uma vez que o ministro Alexandre Padilha, de Relações Institucionais do Governo Federal, já havia anunciado para o advogado olimpiense Willian Antônio Zanolli, de quem é próximo na cidade, que a situação já estava resolvida.
Zanolli tem estreita relação com Padilha, e foi o responsável por aproximar o prefeito Fernando Augusto Cunha do ministro, que por sua vez acionou o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, a fim de bater o martelo sobre o assunto.
Passadas as águas em que foi mergulhada a emenda parlamentar de R$ 104 milhões -que covardemente o mesmo deputado que a colocou no Orçamento por meio de emenda parlamentar, votou favorável ao seu remanejamento- houve uma mudança radical nas tratativas.
Os dois pré-candidatos citados correram atrás de deputados isso, deputados aquilo, sempre sob o foco de seus celulares, para “informar os olimpienses”, e colecionando promessas de que resolveriam tudo.
Porém, enquanto isso, Padilha era acionado pelo seu amigo olimpiense e já tratava de botar panos quentes na situação, garantindo solução. Na manhã desta segunda-feira, ligou dizendo que estava tudo certo. O aeroporto estava garantido.
À noite o prefeito rompeu o silêncio sobre o tema e disse aquilo tudo que está narrado acima e, de fato, numa pesquisa no PPA 2024-2027 do Governo Federal, fica-se sabendo daquilo que o alcaide dissera: há R$ 1 bilhão em reserva, dos quais R$ 30 milhões já estão alocados para os próximos três anos, divididos em três parcelas.
Dito isso, o que resta aos dois cavaleiros andantes fazer em Brasília em torno do assunto? A menos que aqui chegando afirmem e atestem que o prefeito e Zanolli estão em estado de delírio completo e não é nada disso, então a viagem é mesmo só pra lacração.
Porque de momento, a impressão firme que há é a de que o DNA impuro do aeroporto não teria mesmo informações genéticas de ambos.
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