Amigos do blog, estamos fechando uma semana não muito positiva em termos de movimentações políticas. Porque são movimentações que nos inquietam. E com certeza deixa a muitos de vocês inquietos, também.
Parece, o cenário reinante até então, estar se desmanchando no fumaceiro dos destemperos.
Já não se respira mais um ar inteiramente puro nas sessões da Câmara Municipal, já não se ouve mais ponderações racionais, ainda que em defesa deste ou daquele personagem – ou, até mesmo, ainda que em ataque! O ar está, aos poucos, se enchendo do impuro ozônio das rusgas, das rixas, das máculas, das mentiras.
E o perigo dos embates políticos cada vez mais se cristalizando. A concretude das intenções chegadas agora à ação política não deixa dúvidas de que algo está arquitetado com alguma finalidade talvez escusa, envolvendo personagens por demais conhecidos no universo das tempestades políticas.
A questão é saber a quem interessam estas contendas, estes confrontos, estas provocações que já se sente no ar, mas de forma tão densa que são quase palpáveis. Começa com uma mudança de atitude na Câmara, descamba para certos meios – que seriam – de informação, indo estacionar nas hostes do Executivo Municipal.
Começando de trás para frente, a pergunta a se fazer é: “O que será que tanto tem incomodado Geninho Zuliani e sua troupe? Porque tanto a insistência em tornar públicos problemas de ordem administrativa que só a ele compete resolver, e não transformar tudo num ‘cavalo de batalha’?
O que lhe faltaria seria a coragem de vir a público e, ao invés de usar ‘muletas’ como faz, informar à população quais estão sendo suas dificuldades, quais suas limitações em lidar com a realidade do poder? Não seria mais lícito? E, mais importante ainda, vir a público e revelar quais são seus planos futuros.
Ficar parado no tempo a choramingar o leite derramado e fazer uso do surrado jargão de que tais e quais dificuldades momentâneas vão atrapalhar seus próximos passos, vão impedir reajuste ao funcionalismo, vão lhe obrigar a parar obras (?) e quetais, não é próprio de quem disse que veio para transformar, mais que isso, para revolucionar.
Que na Câmara seus espécies de prepostos busquem apenas e tão somente combater o mal combate, vá lá, é da característica de certos representantes, às vezes. Mas não pode o alcaide dar alimento a este tipo de fome. Ele tem que estar acima disso tudo. Bem acima. Buscando soluções. Não criando problemas.
Nos meios de comunicação, a orquestração já se faz sentir. O prefeito sabe muito bem como usá-los. E adora usá-los. Um apaniguado daqui, um afago dali, e eis que surge o mais bravo guerreiro disposto à morte, à caricatura, por seu grande mestre.
Alguns ainda fingem manter a razão. Fazendo o elogio da loucura. Outros, são o destempero total. Buscam sempre fazer a crítica da razão. Outros, ainda, navegam nas águas plácidas da sobrevivência, passando ao largo das turbulências. E há os que apenas são usados….
Por último, focamos a Câmara Municipal. Onde a inversão de valores parece ser a tônica. O vereador tem como uma de suas atribuições, fiscalizar os atos do Executivo. Outra de suas atribuições é apresentar projetos de Lei, indicações e requerimentos, enfim, reivindicar melhorias e bem-estar em nome do povo que representa.
Mas, e quando pelo menos uma destas prerrogativas é feita ao contrário? Ou seja, ao invés de fiscalizar os atos que emanam do Executivo, o vereador passa a fiscalizar os atos que emanam de sua própria Casa, ou seja, da Câmara? E os atos do Executivo, estes deixa para lá?
Porque parece ser esta a função de alguns representantes do povo. Confundem-se com as esferas de poder e passa a representar, quando não a si mesmo, o Poder que a ele cabia fiscalizar e cobrar. Antes, vigiar. E com olhos de lince.
Pior que tudo isso, ainda, é o vereador chegar à Casa de Leis com uma ‘pauta’ de (más) ações pré-determinadas, que a outro, de repente, não pode ser delegada, por questões de pruridos excessivos, ética manifesta a cada situação que lhe venha exigir algo que sua alma não alcança, que seu caráter não lhe autoriza.
Quem assim age, assim sempre agirá. A um tempo de um lado, a um tempo de outro lado. Mas o ‘modus operandi’ será sempre o mesmo. Depende do interesse que estiver em jogo – e sempre há interesse em jogo. Há interesses caros e interesses baratos. Eles variam conforme a figura posta em questão.
Quem alimenta o ofídio deve saber que ao menor descuido pode ser picado. Este gênero de ser não muda sua natureza conforme quem lhe acaricia. Lembram-se da fábula do escorpião e o elefante?* Ela só vem provar que o que é nato em algo ou alguém, no máximo pode ser dissimulado, nunca mudado.
* Um dia, estava o Escorpião à beira de um riacho, calado e acabrunhado.
O Elefante se aproximou, e solidário perguntou:
“O que tens, Escorpião, com essa carinha tão cabisbaixa?”
“Queria atravessar esse riacho… Mas não sei nadar…”
O Elefante, em gigante generosidade disse:
“Não seja por isso, suba às minhas costas, que eu te levo até lá. Mas prometa-me, que não vai me ferroar?”
“Prometo, claro que sim”.
Respondeu um escorpião feliz, subindo nas costas do Elefante.
Em quatro passadas já estavam do outro lado.
O Elefante, baixou a tromba até o chão, para o Escorpião descer.
Ao descer, já na altura do meio dos olhos do Elefante, ele desceu a sua calda elegantemente, introduzindo seu ferrão venenoso na carne dura do Elefante, e disse:
“Desculpe-me Elefante, eu não queria te ferir, mas é da minha natureza… Entende?”
E o Elefante, em olhar triste, não teve tempo nem de responder.
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