Amigos, segue abaixo o texto na íntegra da matéria veiculada na edição desta semana da revista Veja, onde o futuro prefeito de Olímpia recebeu certo destaque, porém enevoado pelas colocações fora de hora e propósito dele. Leiam o texto, e depois avaliem aquilo que já comentei no post de ontem à tarde. O foco de cada um dos ouvidos pela reportagem presente ao local do evento. Só o de Zuliani mostrou-se pequeno, pessoal e mesquinho. Se não, leiam o texto (enviado, aliás, por e-mail pelo próprio Geninho Zuliani a este que vos escreve) e reflitam.
Quase 60% dos prefeitos que assumirão o comando das cidades brasileiras em janeiro do próximo ano são marinheiros de primeira viagem. Conduzirão o destino de seu município com pouca ou nenhuma experiência em administração pública. Num bom punhado das cidades, os eleitos não têm sequer o ensino médio completo, caso de 22% dos prefeitos que encerram seu mandato. Entre os calouros da política está Julio Lossio, do PMDB, que governará a pernambucana Petrolina, com 270 000 habitantes e uma das economias mais pujantes do sertão nordestino. Oftalmologista renomado, o futuro prefeito nunca havia sido testado fora do consultório e dos hospitais da região até vencer nas urnas. Sobram-lhe idéias para incentivar o desenvolvimento de sua cidade – e dúvidas se será capaz de implementá-las. “Não sei o que vou encontrar na prefeitura. Estou na situação de quem ganhou um carro novo, mas não sabe como ligá-lo”, compara.
Um seminário realizado há duas semanas, em Campos do Jordão, no interior de São Paulo, procurou fornecer uma direção a Lossio e a outros dezesseis prefeitos eleitos em outubro. Eles tiveram aulas de gestão, segurança pública, educação, negociação política e liderança em um curso organizado pelo Centro de Liderança Pública, uma entidade sem fins lucrativos mantida por empresas como Gerdau, Itaú e Suzano. Entre seus professores, estavam administradores públicos tarimbados, como o vice-governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, e empresários de sucesso, como Abilio Diniz, do grupo Pão de Açúcar. Primeiro palestrante, Diniz falou de sua experiência no comando de uma grande corporação e chamou atenção para as características e práticas dos líderes bem-sucedidos. Instado pelos prefeitos, o empresário deu dicas de como lidar com as pressões cotidianas. Aconselhou-os, por exemplo, a reservar o início de suas manhãs para refletir sobre as decisões que tomarão durante o dia.
A aula do ex-promotor e ex-integrante do Conselho Nacional de Justiça Alexandre de Moraes sobre como evitar processos do Ministério Público deveria se estender por duas horas. Durou o dobro. Os eleitos se mostraram interessadíssimos em saber o que fazer para não acabar nas barras dos tribunais, por conta de seus atos administrativos. Patricia Tavares, da Fundação Getulio Vargas e do Ibmec, tratou de negociações políticas. Seu curso serviu para que Eugênio Zuliani, eleito pelo DEM na paulista Olímpia, desistisse de fazer concessões para obter maioria absoluta na Câmara dos Vereadores: “Vim para cá pensando que, quando assumisse o cargo, iria dar um jeito de trazer mais um vereador para minha base, para ter dois terços da Câmara. Mas percebi que, agora, não preciso dele”. Depois da aula, Zuliani decidiu isolar o tal vereador e esperar para ganhar seu apoio sem precisar lhe ceder nada em troca.
Os prefeitos ouviram o vice-governador Anastasia defender a criação de mecanismos para premiar os funcionários mais bem preparados e mais empenhados. “Gente nós temos, mas precisamos qualificar e motivar o pessoal”, diz o democrata Leandro Duarte, da pernambucana Santa Maria da Boa Vista. Um dos mais experientes do grupo, Duarte já exerceu dois mandatos de prefeito, mas conta que aprendeu várias lições durante o encontro. “Nunca pude refletir e discutir administração pública como fiz agora”, afirma. Os prefeitos aproveitaram a oportunidade para trocar experiências e aprender uns com os outros. “Vim em busca de ferramentas de gestão municipal”, diz o petista Jairo Jorge, de Canoas, no Rio Grande do Sul. O tucano Ricardo Ramos, de Ouricuri, em Pernambuco, pretende copiar o projeto de educação fundamental em tempo integral implantado na alagoana Arapiraca por seu colega Luciano Barbosa, do PMDB. O seminário de Campos do Jordão foi a primeira iniciativa desse tipo realizada no país. A recepção dos prefeitos animou seu organizador, o cientista político Luiz Felipe D’Avila, a programar uma segunda edição do encontro já para o início de 2009. Desta vez, para tratar de um único tema: Educação fundamental.
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