Leio no semanário Folha de Região que “Olímpia perdeu 40% de Mata Atlântica em 7 anos de Geninho”. Depois, o assunto acabou sendo alvo de um breve debate no Facebook com amigos, que reforçavam a acusação do jornal contra o ex-alcaide por causa desta perda que, em Olímpia, ao que tudo indica, foi para a especulação imobiliária, como vem sendo a praxe na relação meio-ambiente/desenvolvimento econômico.
O texto parte de um questionamento feito pela Fundação SOS Mata Atlântica, que a partir deste século tem se preocupado bastante com a evolução do desmatamento, principalmente de matas nativas que, além da mata amazônica, compõem o principal ecossistema do país, informa o jornal.
“Em Olímpia a preocupação é maior ainda porque o município perdeu 40% de sua Mata Atlântica em sete anos de mandato do ex-prefeito Eugênio José Zuliani”, prossegue.
A Mata Atlântica, para que o leitor possa se situar, encontra-se, infelizmente, em processo de extinção. Isto ocorre desde a chegada dos portugueses ao Brasil (1500), quando iniciou-se a extração do pau-brasil, importante árvore da Mata Atlântica. Atualmente, a especulação imobiliária, o corte ilegal de árvores e a poluição ambiental são os principais fatores responsáveis pela extinção desta mata.
O levantamento é de 2015, penúltimo ano de Geninho à frente da Prefeitura Municipal de Olímpia, comparado com 2009, o primeiro ano de seu primeiro mandato, situa o jornal.
Em 2009, Olímpia ainda tinha 5.833, ou seja, 11% aproximadamente, de sua mata original, que inicialmente ocupava 55.036 hectares da área total do município de 80.265 hectares. Já segundo o estudo de 2015, que foi divulgado na semana passada, a Mata Atlântica ocupa apenas 4,39% da área total do município.
Vale destacar que no início de sua história o município tinha 68%, ou seja, 55.036 hectares do total de 80.255, que eram cobertos pela vegetação nativa, ou seja, pela Mata Atlântica.
Legítima preocupação do semanário, se a intenção for a de denunciar grave situação relacionada ao meio-ambiente local. Mas, torna-se incipiente enquanto libelo acusatório à figura do ex-prefeito Geninho Zuliani (DEM), porquanto mata, só se “mata”, para por alguma coisa em seu lugar.
E em Olímpia foi o que vimos. Uma irrefreável guinada rumo à especulação imobiliária, cuja liberalidade atraiu investidores de regiões distantes do país, na busca por usufruir do aquecimento econômico da outrora Cidade Menina-Moça, em decorrência de seus atrativos turísticos de águas quentes.
Pode-se até argumentar que tenha havido talvez exageros em certos quesitos, mas jamais pode-se negar o que está aí, a olhos vistos: a “revolução” porque vem passando a cidade, no seu aspecto econômico, urbanístico, arquitetônico, ambiental, embora suas consequências sejam as que agora se denuncia.
Mas é muito reducionista tacar a pecha de “demolidor da natureza” ao ex-prefeito. Chega até a ser preguiçosa essa formulação. Não que se queira aqui advogar em defesa do ex-prefeito. Longe disso. Mas a questão é muito mais profunda e ramificada.
Dizer que Olímpia perdeu 40% de sua Mata Atlântica e que a culpa é de Geninho, nos parece mais uma dificuldade de desapego, se não uma névoa a pairar sobre a inércia do próprio semanário em cobrar certas barbaridades do novo governo, por razões sejam lá quais forem, do que uma preocupação verdadeira com nosso ecossistema.
E, por primordial e erro fatal para as pretensões da cidade como um todo, seria dizer “nãos e nãos” à sanha expansionista daquele que hoje é o grande responsável por esta transformação irreversível, Benito Benatti, quando solicitasse vênia para ampliar seu espaço de lazer, a fim de abrigar mais equipamentos.
Presume-se que impedir a derrocada da nossa Mata Atlântica seria dizer “nãos” aos borbotões, a torto e a direito a tantos quantos procuraram em idos não muito distantes este novo “oásis” para o investimento imobiliário. Seria fechar os olhos para tantos quantos clamavam, há décadas, por uma moradia.
Seria se fazer de desentendido quanto à necessidade da região urbana passar por uma reformulação, interligando suas artérias e dotando a cidade de um sistema de mobilidade que hoje a todos beneficia. Digamos que, em função dele, a cidade ficou mais fácil de ser “acessada”, no sentido da mobilidade urbana.
Enfim, se “culpa” há pela “morte” deste tanto de Mata Atlântica, ela é de ninguém e de todos ao mesmo tempo.
Enfim, não se afigurando este blog em legítimo defensor da urbanização a todo custo, nem este blogueiro num insano neoliberal, do que já foi acusado, é imprescindível lembrar àqueles que anseiam por mais mato e menos meta (financeira, expansionista, desmatadora) que não há, infelizmente, progresso com ordem, embora o lema iluminista de nossa Bandeira.
A Mata Atlântica tem vegetação formada principalmente por palmeiras, bromélias, begônias, orquídeas, cipós e briófitas; pau-brasil, jacarandá, peroba, jequitibá-rosa e cedro; tapiriria; Andira; Ananás e Figueiras.
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