Passada a turbulenta e por demais odiosa e violenta campanha eleitoral majoritária, voltamos cá às nossas reflexões provincianas sobre temas do momento, mormente a política, mais especificamente o que já se sabe sobre as movimentações locais.
E o que já se entabulou para a Mesa da Câmara de Vereadores, cujas eleições ocorrem neste dezembro próximo, diz muito do que se prenuncia para as eleições municipais, que ocorrem em dois anos.
Pelos lados da Praça João Fossalussa, o que se tem de informação mais recente é que as pretensões de um vereador genista do União Brasil de ocupar a cadeira principal da Casa de Leis, teriam ido por água abaixo. Que a vereadora Edna Marques, do mesmo União Brasil, até então postulando o cargo, retirou seu nome. E que a preferência do alcaide teria recaído sobre Renato Barrera, do Solidariedade.
E não é pelo motivo que o nome do seu partido sugere. É mais por questões estratégicas que, dizem, o prefeito Fernando Cunha teria adotado. Barrera representaria a garantia de que o ainda deputado federal Geninho Zuliani, não tenha uma base de apoio solidificada na Câmara de Vereadores.
O leitor mais sagaz há de perguntar: O que tem Geninho a ver com isso? Tudo!, eu responderia. É bom que se diga, antes, que o poderoso de turno não rompeu com as hostes genistas na Câmara, muito pelo contrário, tem dado total acolhida aos preitos dos representantes-mores do deputado no Legislativo.
Mas, como teria dito, não irá dar espaço e visibilidade a quem o representaria ali, casos de Márcio Eiti Iquegami e Edna Marques, elevando-os ao cargo máximo da Casa.
Bom, aí chegamos ao cerne da questão. Do porque desta atitude radical de Cunha contra seus dois mais fortes esteios na Câmara, que embasam todo e qualquer projeto encaminhado para lá, até mesmo os mais, digamos, sensíveis.
Nas rodas íntimas da política local, são fortes as indicações de que Zuliani teria pretensão de retornar ao velho rincão, que ele, seguro de sua ascensão ininterrupta na política paulista, um dia abandonou, trocou-o por São José do Rio Preto, onde acreditava poder alçar vôo mais ousado, com Garcia governador, ele de vice, ou mesmo reeleito deputado federal, numa outra configuração de candidatura rodriguista.
Mas, viu seus sonhos virarem pesadelo. Um amargo pesadelo. E não preciso entrar em detalhes (que aliás, se o leitor ainda não está atinado, volte às postagens anteriores, várias delas, tem lá a história toda contada, acredito até que um roteiro do que iria acontecer).
Bom, e seu pretenso retorno à Estância Turística de Olímpia, Capital Nacional do Folclore, Terra de Águas Quentes e Primeiro Distrito Turístico do Brasil, não seria para apenas voltar ao convívio dos seus. Ele viria para, de novo, ser o mandante máximo da cidade. E isso teria incomodado bastante o alcaide.
Que, não é segredo para ninguém, apenas tolera Geninho, que enquanto ocupante de um cargo legislativo em nível federal abriu muitas portas, trouxe muitos benefícios à cidade, financeiros e estruturais. Mas, a partir de fevereiro, será um comum em busca de lugar ao sol.
Lá por Rio Preto a coisa ficou muito apertada com a não-reeleição de Garcia e a não eleição de Edinho Filho, herdeiro político do pai, o prefeito Edinho Araújo. Além do que, por lá está também Valdomiro Lopes, eleito deputado estadual e velho cacique da cidade, ex-prefeito que é. Claro que não perderá a oportunidade de medir forças por lá. Direta ou indiretamente.
Junte-os ao próprio Rodrigo Garcia, que sendo natural daquela região, com base política rio-pretense, também vai dar suas “cavucadinhas”. E, sendo candidato a prefeito, não deverá repetir a dupla “pão-com-pão”, o maior erro geopolítico já cometido por um pretendente a permanecer na cadeira principal do Bandeirantes.
Assim, qual espaço ocuparia Zuliani nesta guerra de gigantes? Não é do seu feitio o papel de coadjuvante político. Habituado que foi ao protagonismo.
Mas, convenhamos, para quem não foi muito bem na contagem de votos para sua eleição à Câmara Federal, já que não passou dos 8.291 no total, para quem já havia dado votação estrondosa a Garcia no passado, e obtido para si, na reeleição à prefeitura, votação mais estrondosa ainda, seu último resultado decepciona.
Para governador, obteve para si e Garcia, 11.379 votos, 561 a menos que Tarcísio, o “Carioca”, aqui em Olímpia, ficando na segunda posição na urbe que administrara por oito anos seguidos e fora três vezes vereador, das quais uma presidente da Câmara.
Portanto, a partir de agora, não dá para saber se Geninho está em fase ascendente, estacionária ou em declínio. Nas rodas costumam-se dizer que o futuro ex-deputado é aquilo que chamam de “animal político”, mais ainda, “encantador de pessoas”, o que pode lhe garantir o ressurgimento das cinzas, qual Fênix.
Mas terá que lidar com ressentimentos de milhares aqui na Estância, é bom que saiba.
Da parte de Cunha, há rumores de que pretende lançar “alguém novo” na política local. Provavelmente, se tratará de um “estrangeiro” -mais um!, a ser trazido à política pelo atual mandatário. Isso porque, em seu redor, não há um nome de destaque, com ganas de liderança, e os que se insinuam, na Câmara, são pífios e sem apelo eleitoral nenhum em larga escala. Nem Cunha tem alguma disposição de apostar em quem quer que seja dali.
No âmbito da administração tanto pior. Não há quem possa se apresentar como um potencial candidato à sua cadeira, sequer o vice, Fábio Martinez, que não herdou o carisma político do pai, saudoso “Dr. Nilton”. E que da mesma forma, não abandonará a medicina por política. Supõe-se. A alma humana é imponderável.
De qualquer forma, para apresentar “uma novidade” e ser bem sucedido, Cunha precisa, primeiro, reposicionar sua imagem perante o “povão”, que não o acha simpático, nem acessível. Fruto do baixo nível de carisma, entre outros detalhes.
Assim, fecha-se um ciclo, abre-se outro, afinal a política é dinâmica. E a vida segue.