Ainda não foi desvendado o provável grande segredo que há por trás dessa decisão do prefeito Fernando Augusto Cunha, que acaba de trazer de volta à cena administrativa, sua ex-secretária de Assistência Social, Izabel Cristina Reale Thereza.
Talvez o nobre leitor se lembre que, quando de sua primeira gestão, ao apresentar a maioria dos nomes de seu secretariado, Cunha disse em alto e bom som algo como “vou ter que nomear Cristina Reale para a Assistência, se não ela morre do coração”, para gargalhada geral.
Cunha dava a entender que estava cedendo às fortes insistências de Reale. E que não seria ela seu primeiro nome. E assim foi. Durante quatro anos ela esteve à frente daquela que é talvez a mais sensível das secretarias de um governo municipal.
Não teria sido, no entanto, uma gestão que se poderia dizer, inteiramente do agrado do alcaide, pelos sussurros entreouvidos nos bastidores, dando conta até de referências pouco elogiosas à sua gestão.
E agora vê-se que, ou o prefeito mudou de ideia completamente a respeito da nova detentora da pasta, ou apenas decidiu por relevar tudo o que pensava, toda ideia formada a respeito desta personagem que, independentemente de qualquer das situações, mostra força política suficiente para fazer o poderoso de turno driblar suas próprias resistências e convicções e trazê-la de volta para suas cercanias.
Mas, da parte deste Blog, surpresa zero. Já faz pelo menos uns nove meses -tempo de uma gestação, percebam- que vimos pontuando aqui que ela deixaria a Câmara, voltaria a ser secretária. Em novembro do ano passado este blog bateu nesta tecla pela primeira vez, rompendo o silêncio obsequioso que se fazia em torno do tema.
Dizem os mais próximos e os em redor que o secretário defenestrado João Batista Dias Magalhães teria ficado um tanto quanto contrariado, eis que não se enquadrava na área que representava, mas também não esperava ficar de mãos abanando.
Até porque, há uma Secretaria, a de Agricultura, Comércio e Indústria, sob direção e comando de uma mesma pessoa, Fabrício Raimondo, ex-Prodem, e que agora será efetivado como secretário de Segurança, Trânsito e Mobilidade Urbana.
Assim, Cunha vai precisar -e rápido- de um nome para a Agricultura. Até já sugerimos aqui que Magalhães poderia se encaixar neste espaço, sem que o prefeito tivesse que queimar muita pestana atrás de outro nome, mas pelo jeito nos enganamos quanto à impressão que Magalhães transmite ao alcaide.
Na Assistência havia muitas reclamações sobre a inação de Magalhães. Funcionários voltados às ações técnicas, reclamavam do seu modus operandi, todo contido, da falta de diálogo, de propostas e até de relacionamento com o corpo funcional.
Mas, é bom que se diga, Reale também não é uma unanimidade entre os funcionários da casa. Há muita insegurança e insatisfação com o retorno dela à pasta. Contra a inação de Magalhães, vem a hiperatividade da nova secretária, mas isso não chega a ser exatamente um elogio.
Há quem diga que o problema reside na forma como é canalizada esta hiperatividade. Não sobraria tempo para projetos consistentes, perenes, daqueles que provêm inclusão, por exemplo. Mas, do alto de sua experiência administrativa, Cunha não deve ter tomado esta decisão induzido a erro. Convencido por forças alheias às suas vontades.
Até poderíamos dizer que seria o caso de o prefeito querer contemplar um suplente de vereador com a cadeira legislativa, mas quem assumiu, Rodrigo Flávio da Silva, o “Rodrigo Ruiz” (terceiro suplente do PSD), nem é tão importante assim na fila de agregados ao poder.
Queremos crer, pois, que há uma razão lógica de Cunha para isso. Resta-nos descobrirmos qual seria. E uma razão muito forte para Reale voltar tão lépida ao cargo. Resta-nos descobrirmos qual seria.
Até porque, primeiro, o atrativo do vencimento nem é tão motivador assim, uma vez que por força de lei, ele caiu pelo menos 30% nos últimos meses, ficando praticamente no patamar do vencimento do vereador, que antes também de cair os 30% que caiu recentemente, era de pouco mais de R$ 5 mil. Já o vereador agora ganha pouco mais de R$ 3 mil.
E vamos considerar que a agora secretária tinha seu marido nomeado no cargo de Assessor de Gabinete II, cujo vencimento está na casa dos pouco mais de R$ 3 mil. Com sua nomeação, Reale sacrifica o cargo do marido, portanto, R$ 3 mil a menos no orçamento familiar.
Que família, hoje, aceitaria de bom grado uma queda em torno de 30% em seu orçamento, apenas para satisfazer um desejo pessoal de um de seus integrantes? Porque isso não é uma missão. Ela poderia dizer não. A menos que esse “não” implicasse da mesma forma, na “decapitação” do marido. Mas, permitam-nos duvidar enormemente desta hipótese.
Mas, enfim, caso cumpra os dois anos e meio que ainda faltam para o governo Fernando Augusto Cunha como detentora do cargo, seguramente a vereadora Izabel Cristina Reale Tereza será a mais longeva personagem política da cidade a ocupar esta função numa mesma pasta, junto a governos municipais.
João Batista Dias Magalhães, foi exonerado na quinta-feira, dia 8, por meio do Decreto 8.482, de 6 de julho de 2022, após um ano e meio desempenhando a função. Magalhães havia sido nomeado no dia 1º de janeiro de 2021.
Ato contínuo, por meio da Portaria nº 52.549, de 6 de julho, Magalhães também foi exonerado das funções de presidente do Fundo Social de Solidariedade de Olímpia, passando a ocupar tais funções, Cristina Reale, nomeada por meio da Portaria 52.552, do dia 6 passado.
Ainda no âmbito das exonerações, há que se registrar que o esposo de Reale, Waldir Tereza, até então ocupava, como comissionado, o cargo de Assessor de Gabinete II, nomeado em 18 de janeiro de 2021, do qual agora foi exonerado, por meio da Portaria 52.554, do dia 6 passado.
A nova secretária de Assistência teve que deixar sua cadeira de vereadora do PSD na Câmara, vaga que será ocupada pelo primeiro suplente da coligação que elegeu Fernando Cunha em 2020, Rodrigo Flávio da Silva, o Rodrigo Ruiz, do PSD.
Ruiz já havia assumido uma cadeira este ano, no dia 27 de abril, em lugar do vereador Helio Lisse Júnior, que havia deixado a Casa para assumir a Secretaria de Segurança, Trânsito e Mobilidade Urbana.
Mas Ruiz só ficou na função até 8 de junho, participando de seis sessões ordinárias na Casa, pois Lisse retornou para a Câmara e foi oficializado como edil novamente em 8 de junho passado.
Caso permaneça no cargo pelo dois anos e meio que faltam ainda à administração Fernando Cunha, Cristina Reale vai bater o recorde absoluto de permanência em uma mesma secretaria, por dois governos. Fora oito anos no governo Luiz Fernando Carneiro, de 2001 a 2008, quatro anos na primeira gestão de Cunha, de 2017 a 2020, e a expectativa agora é que fique no governo até dezembro de 2024.
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