Está decidido. A gloriosa Estância Turística de Olímpia, sob o comando de luminares ungidos talvez pela “força divina” das idiossincrasias, volta no tempo e passará a reviver os saudosos bailes “puxa-tetas” de tão peculiares lembranças.
Não por se tratar de um local e um evento onde provavelmente a maioria dos seres presentes seja a parcela menos abastada da economia local, mas por suas características passadistas, fazer o carnaval no recinto do Folclore é, sem dúvida, decisão de quem não sabe a que veio.
De quem não conhece a Olímpia que nos últimos dez anos, pelo menos, viveu uma transformação radical em tudo o que se possa pensar em termos de infra-estrutura, independentemente se boa ou má em certos aspectos, e não conhece, sobretudo, de suas carências passadas, de suas necessidades presentes, e basicamente, da estruturação necessária com a visão no futuro.
A impressão que dá é a de que a cidade para agora, para voltar depois. Quando? Não se sabe. O Governo que se auto-intitula “da mudança”, tem mostrado ao povo que o elegeu, que tal epíteto não passa de um substantivo feminino agregado às pretensões governistas e basta.
Porque de mudanças, até agora, só tivemos o que é risível a olho nu. Mudou-se, primeiro, a organização administrativa. Depois, mudou-se a mudança. Mudou-se os jogos esportivos de um lugar para outro. Mudou-se a data do feriado de 114 anos do município de forma inédita e desrespeitosa, quando se podia mais simplesmente, cancelar o ponto facultativo da segunda-feira, se a preocupação é com a descontinuidade dos serviços.
Mudou-se o carnaval das praças para um local improvável, o Recinto, quando tanto se fala em economia de recursos como pedra de toque da atual administração (Vem aí o Festival do Folclore, vamos ver que surpresas nos reservam).
O Carnaval no Recinto se dará por qual razão? Econômica? Não. Maior segurança? Não. Maior conforto? Também não. Melhor estrutura? A resposta continua sendo não. Por consenso da população? Um não maior ainda. Por acordo entre as escolas? Um não retumbante neste caso, porque houve defecções. As partes diretamente interessadas e afetadas com tal mudança, não foram levadas em conta.
Por fim: para tornar o evento mais atrativo para os turistas que estiverem de bobeira aqui pela Estância? Façam um exercício de raciocínio e calculem o nível de dificuldade para o turista ir ver o Carnaval naquela localidade. Começa por simplesmente ele ter que circular com seu carro, por caminhos não conhecidos. E se for grupo de excursão, então…
Foi nos idos dos 80, até começo dos 90 ou um pouco além, que o Recinto servia como ponto de referência para o chamado carnaval popular, que a criatividade do povo crivou de apelidos, tornado-se mais célebre o “puxa-teta”. Claro, uma referência maldosa, discriminatória e preconceituosa. Mas nascida da chamada voz do povo, extraída do imaginário popular. E contra estas forças, quem há de.
Espera-se que não sejam a referência se por ventura algum turista aventureiro perguntar por aí: “Onde tem baile de carnaval por aqui”? E algum nativo maldoso for o escolhido para a resposta: “Lá no puxa-teta”.
Brincadeiras à parte, o carnaval de rua de Olímpia, bem como seus bailes, nunca tiveram, ao longo dos últimos 20 anos, pelo menos, uma “casa” para chamar de sua, um local de tradição, imutável, intransferível. Aliás, teve sim. O próprio Recinto, no que diz respeito aos bailes, naqueles idos já citados e com as consequências já narradas. Mas, àquela época Olímpia era um mero torrão, sem qualquer carisma.
Era quando se desfilava na Avenida, depois de tirado da praça o corso, como se chamava, a partir dos anos 80 se não nos falha a memória. E ali ficou até o início dos anos 2000, quando voltou às praças. E, aí sim, por consenso entre as escolas.
Entra um novo governo e eis que, de novo, ele é “despejado”, de novo, “um sem teto”. E, pior, protagonista de uma experiência, uma tentativa de tratar como novo o que está caindo de velho.
Mas, vamos aguardar os acontecimentos. Saber quanto se vai gastar para dotar aquela localidade de uma estrutura carnavalesca digna de uma Estância Turística, a não fazer vergonha ao turista “aventureiro” e, basicamente, aos próprios nativos que, aliás, foi para quem sempre se fez carnaval de rua em Olímpia.
Talvez os luminares governistas tenham coelhos na cartola que desconheçamos. Talvez tenham um poder de convencimento que não possamos medir, haja vista que as primeiras informações eram as de que o prefeito Cunha (PR) não teria autorizado a mudança radical, devido aos custos. Talvez tenham encontrado a solução para poupar os cofres públicos. Talvez….
Mas, sobretudo, espera-se que, de fato, saibam o que estão fazendo. Para não terem que voltar à estaca zero ano que vem. E, muito mais ainda, espera-se que tal mudança radical não esteja escorada na intolerância social tão manifesta nos tempos que correm. Malgrada a critica de leitores menos afeitos aos “marxismos” plurais quanto a esta possibilidade.
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