O que mais surpreende neste novo Governo Municipal é não vê-lo debruçado sobre nenhum assunto específico. Pelo menos é o que se pode deduzir ao buscar na caixa de e-mail algum texto da assessoria que aponte neste sentido.
Até o momento, só generalidades, opiniões acerca disso ou daquilo, pretensões essas ou aquelas, mas nada específico, a não ser um certo quê revisionista desnecessário.
A comunicação do Governo, acreditamos, tem se visto em apuros para produzir material para a mídia diante de tamanha inércia. “Visitinhas” a isso ou àquilo sem necessidade específica não contribui para a boa imagem do administrador. Antes, soam como demagógicas, politiqueiras.
O governo que saiu ano passado pelo menos implantou o hábito de, toda terça-feira, reunir-se com determinado setor da administração e cobrar do secretário e seus auxiliares diretos, ações e resultados concretos destas. Funcionava. Cunha parece não acenar com esta possibilidade.
Completam-se, hoje, exatos 31 dias de Governo. Há quem diga que um gestor municipal só consegue dar “cara” e impor seu estilo de governar a partir do terceiro mês na cadeira, os chamados “primeiros 100 dias”. Um terço já se passou. E até então parece que Fernando Cunha (PR) ainda não desceu do palanque.
Seu governo vem mergulhado em um profundo silêncio, o que tem causado estranheza.
Mais uma vez, a comparação: há oito anos atrás, nesta época, o prefeito que saiu já havia balançado a estrutura da cidade e “bagunçado” a chamada opinião pública, dividindo-a entre aqueles que aplaudiam e os que criticavam suas primeiras medidas, seu “barulho”. Cunha nem isso. É uma quase unanimidade, nos tons de apatia.
As coisas permanecem como estavam antes. Porém com aparência de ter mudado para pior em alguns aspectos. Embora seja muito cedo para que tenhamos uma opinião formada. E talvez a propalada sanha centralizadora do alcaide venha impedindo que seu secretariado mostre a que veio, porque dali também não está saindo nada.
Dos nomes conhecidos a ocupar uma Pasta, não há muito o que se falar em termos positivos uma vez que assumem em uma situação totalmente diferente, com uma estrutura totalmente nova em relação aos tempos em que ocuparam tais funções, e há quem nunca ocupou função de tamanha responsabilidade, de cujas ações terão que derivar resultados concretos e imediatos, sem rupturas, por ser setor crucial para o desenvolvimento do município.
E dos “estrangeiros” menos ainda, eis que desconhecidos chegaram, desconhecidos do público permanecem ainda, “entocados” que se fazem.
Enfim, o compasso é de espera. Mas Cunha, para variar, poderia deixar o “varejinho” para seus secretários e assessores imediatos, e ir cuidar das coisas maiores. Fazer o seu caminho, abrir portas, criar uma base de sustentação política em nível regional, estadual e nacional.
As coisas estarão bem mais difíceis, agora, reconheçamos. Mas é nas adversidades que um administrador se impõe. Para navegar a favor do vento em águas plácidas, o remador da jangada se mostra o mais preparado dos homens.
Mas ao enfrentar tempestades e águas revoltas um timoneiro mostra a que veio: pode levar o barco a um porto seguro, ou não conseguir impedir que a embarcação naufrague.