Das mais desastradas a aparição do diretor-superintendente da Daemo Ambiental na Câmara de Vereadores na noite de ontem, segunda-feira, 14. É a típica situação em que se pode usar a expressão “pior a emenda que o soneto”.
Com todo respeito que nos merece, Alaor Tosto do Amaral não pareceu ser a pessoa melhor preparada para estar nesta função. Até nem por falta de conhecimentos técnicos que, ele frisou, são a sua dinâmica. Mas deixou antever um certo despreparo prático.
A “bondade” dos senhores edis fez o resto. Caso contrário, seria ainda mais vexatória sua “prestação de contas”. Claro que ele não é o único culpado por tudo ali – aliás, talvez seja o único não-culpado pela situação reinante hoje no sistema de coleta, tratamento e distribuição de água no município.
Deixaremos o esgoto de lado, parte “invisível” do sistema e que não tem trazido problemas à população. Embora também neste aspecto o Governo de turno esteja deixando a desejar.
Ao longo de sua exposição de motivos, em nenhum momento Alaor Amaral foi taxativo no tocante a apontar que soluções estão por vir. Apenas choramingou a falta de recursos e taxou os problemas recorrentes de “herança”, só não completou com o “maldita” talvez por cortesia.
Falou em gastos acima de R$ 30 milhões para resolver os problemas da malha de distribuição, tão antigos quanto antiga é a rede. Mas, paradoxalmente, disse que a Daemo não tem o mapeamento da rede. Então, como pode ser problema o que não se conhece a fundo?
Lá se vão cinco anos sem que um investimento qualquer tivesse sido feito no sentido de melhorar esta situação, seja trocando malha de distribuição, ainda que de trecho em trecho, seja implantando nova malha onde necessário, seja tornando a Estação de Captação de Água, a ECA, mais produtiva e menos problemática, seja tornando a ETA menos dispendiosa e mais efetivamente técnica, seja elaborando e implantando projetos exequíveis visando dinamizar o sistema.
Dinamizá-lo a ponto de fazer jus ao preço que se cobra pela água, conjuntamente o esgoto, valores quase comparáveis, já, aos da Sabesp, autarquia paulista que num passado recente estendera seus tentáculos para estas plagas, e quase abraçou o Departamento.
A cidade ufanava-se do seu sistema próprio e dos valores das tarifas, quase irrisórias, comparadas com as do “monstro” estatal. Mas isso hoje é passado. Olímpia e seus habitantes desfrutam de tarifas “sabespianas” com serviços “daemianos”.
Nada ali é mais irrisório, desde os gastos exorbitantes, o quadro de funcionários, às tarifas. Aliás, há sim, algo irrisório ali: os investimentos. Eles não existem.Tanto que Alaor Amaral não os apontou na noite de ontem. Falou de um e outro serviço, de pequena monta, que somados em nada modifica o panorama geral.
E mais: acenou com a possibilidade de abrir novos poços semi-artesianos para abastecer os novos bairros que estão surgindo, principalmente os do “Minha Casa, Minha Vida”, até que a nova ETA fique pronta. Ou seja, uma volta ao passado de um Governo que se auto-intitula moderno.
E falando em ETA nova – lembrando que a estação de esgoto anda a passos de tartaruga -, Alaor Amaral trouxe a novidade: ela só ficará pronta em meados de 2015, “se tudo correr bem”. E tanto ETA quanto ETE, o diretor acredita que já estarão defasados quando prontos, por causa dos conjunto habitacionais e dos muitos loteamentos sendo lançados, em andamento, ou sendo habitados.
Isso devido ao grande atraso observado nas duas obras. A ETE, segundo ainda Alaor Amaral, está na fase de “preliminares”, executando os serviços básicos e consta que já teria surgido problemas quanto ao projeto. Mas a obra, embora a passos de tartaruga, não parou. Já com a ETA a situação é mais grave.
Iniciada com quase dois anos de atraso, a empresa contratada, Scamatti & Seller, executou apenas 10% da obra e a abandonou após o escândalo Fratelli. Hoje já faz quatro meses e 23 dias que a obra foi abandonada.
Previsão de retomada? Ano que vem, já que o diretor estima em 60 dias o tempo para a conclusão de nova licitação. Como o prazo de conclusão é de 18 meses, estaria a ETA em condições de funcionar em meados de 2015.
Trata-se, a ETA, de uma obra de cerca de R$ 12 milhões, dinheiro oriundo do Governo Federal, por meio do PAC-II. O contrato com a Scamatti & Seller era de R$ 6,1 milhões. A empresa era responsável pela construção de uma adutora de água, o reservatório do sistema do rio Cachoeirinha, e a Estação de Tratamento de Água, propriamente dita.
Em resumo, nada de novo no front. Sequer a garatia de que a água deixará de faltar nas torneiras ou mesmo que terá sua cor original ou, melhor, seu incolor original, já que ela tem chegado às casas – quando chega -com os mais diferentes aspectos, menos o incolor.
E, depois, quem garante que o sistema funcionará “redondinho”, como promete o governo de turno? Por ora, a nós, cidadãos comuns, compete pagar e pagar e, de preferência, não reclamar.
Até.
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