Pronto. O vereador e presidente da Câmara, Beto Puttini (PTB), entende que botou em panos limpos o que pretendeu dizer recentemente mas não disse, gerando um mal estar tremendo na cidade. Para se livrar da pecha de reacionário, ditador ou antidemocrático, Puttini ocupou espaço na Rádio Menina AM, esta semana, onde, entre outras coisas, tentou se justificar por tão lamentável pronunciamento.
Como se lembram, na sessão do dia 13 passado, o nobre edil disse, entre outras coisas graves, que “só os bons” estariam autorizados a ficarem na cidade. E pela forma como isso foi colocado, levou ao entendimento de que por “bons” deveríamos entender aqueles que emprestam integral apoio e confiança ao Governo de turno, bem como na Casa de Leis de turno. Pois para ele, os eleitos legisladores atuais são espécie de seres “ungidos pelas mãos divinas”, intocáveis portanto e, principalmente, inatacáveis.
Num discurso carregado de rancor, o presidente Puttini exortou àqueles que têm críticas, senões e questionamentos a fazer ao atual quadro político local, que deixem a cidade, se não definitivamente, pelo menos em momentos esporádicos. “Pegue seu carrinho e vai passear com a família, se tiver”, mandou.
Tecendo loas ao trabalho da atual Casa Legislativa, comparou-a com as composições anteriores e deixou antever que acha esta, de longe, melhor que qualquer outra. Para ele, a atual composição da Casa de Leis seria resultado de análise e escolha criteriosa dos eleitores.
Ou seja, entende o edil-mor que, se estão ali aqueles dez, é porque não haviam nomes melhores para serem escolhidos pelo eleitor. Aos pessimistas de plantão, mandou um recado: “Não quero ninguém assim aqui na minha cidade!” Disse mais, que as críticas à cidade e a todas as suas coisas (ruins) “é covardia”.
Durante vários dias o assunto circulou num crescendo pela cidade, alcançando os “rincões”, virou conversa de boteco e rodinhas das esquinas. Era visível o mal estar entre os cidadãos.
Até que… Bom, até que Puttini foi à rádio. E, lá, disse que falava não dos críticos mas, sim, dos “contra” as coisas da cidade. Todas as coisas. “O que me deixa triste e enraivecido, é os que torcem contra, os pessimistas”, começou.
Usou como exemplo o fechamento dos poços do Thermas dos Laranjais: “Por exemplo, até um tempo atrás, muitos diziam que não precisavam do Thermas, que o turista vinha e ia embora, até o dia em que os poços foram fechados pelos 30 dias. Aí as pessoas, no final, perceberam o tanto que era importante. Porque torceram contra? Isso me deixou com raiva. São pessoas que torcem contra”, enfatizou.
Adendum: Acontece que houve sim, um tempo em que a cidade não se beneficiava da existência do Thermas. Não como agora. E as queixas eram contra o sistema adotado ali, que não permitia a saída do turista – geralmente uma clientela de excursão ou pay-day -, de suas dependências. Foi com o crescimento gigantesco do empreendimento, que a situação mudou. E que a cidade mudou também. Impossibilitado de atender tanta gente em seu interior, o clube passou a liberar seus turistas. E seu gigantismo propiciou o surgimento de uma economia já fortemente enraizada. Quando os poços foram fechados, portanto, a situação já era bem outra.
Outro exemplo usado por Puttini foi o Olímpia FC. “Os irmãos Airton e Milton (Silva, empresários donos da rede de lojas A Construtora) pegaram o Olímpia Futebol Clube, fazendo um bom trabalho. Vi as pessoas ‘metendo o pau’ neles, no Gapo (Grupo de Apoio a Olímpia, co-gestor do time). Se não quer ajudar, não critica”, pediu.
Adendum II: No futebol, como na política, sempre haverão os descontentes, os “do contra”, muitos vezes com embasamento, outras vezes por mera paixão. É da democracia a manifestação do pensamento e da opinião. Cada qual critica por razões que lhe são íntimas. Ninguém, absolutamente ninguém, pode exigir que seu próximo aja assim, ou assado. A menos que esteja sob ordenamento rígido, numa ditadura ou mesmo na prisão. Se o cidadão é livre de corpo, livres são, também, sua alma e seu pensamento.
“Só não podem torcer contra”, decreta.
O blog pergunta: por que não?
“Se torce contra a cidade, o que está fazendo aqui?”, pergunta.
O blog responde: o mesmo que o vereador, supomos. Neste caso, trabalhando, vivendo, namorando, se casando, constituindo família, criando filhos e netos.
“Ou contribui ou não atrapalha”, pediu.
O blog pondera: toda forma de ação perpetrada por um cidadão pagador de impostos é uma contribuição. Só o pagar imposto já é uma contribuição maior que todas as outras, porque inclusive sustenta a estrutura toda da qual se vale o presidente e demais vereadores, inclusive para atacar o próprio cidadão.
“Deixei de forma genérica, como desabafo. Se tivesse que falar para alguém, falaria”.
O blog: Pois aí é que mora o perigo: na generalidade. Se tivesse endereçado seu “desabafo”, teria que se ver somente com o seu “desafeto”. Generalizou, acertou em todos. E a reação, pois, torna-se compreensível.
“Aí me atacaram, dizendo que não era democrata, que isso é coisa de ditador. Mais democrático que sou, nos quatro mandatos disputando democraticamente. O homem sem a condição da palavra é um homem burro é um homem surdo. Sou a favor da discussão, da palavra”, observou.
O blog: Então não se queixe, vereador, debata apenas, não ataque, seja um homem da palavra.
“Naquele momento não me deram a oportunidade de explicar (quem deveria dar-lhe ‘a oportunidade de explicar’?). Saibam fazer entendimento de minhas palavras (tem um manual?). Nada mais do que um desabafo contra pessoas que torcem contra a cidade (Nem precisava!). Parece querer que não dê certo. Pára de torcer contra, se é por aqui que você vive”, finalizou.
Até.