Família estranha arquivamento de Inquérito Policial de atropelamento com morte
Acidente, que matou mulher de 77 anos, envolve perua
Kombi da Saúde municipal; advogada abandonou a causa
A família de Beatriz Conceição Prado Breda, atropelada e morta aos 77 anos no centro de Olímpia em 2010, está estranhando bastante os fatos envolvendo o inquérito policial arquivado pela promotora da 3ª Vara de Olímpia, Daniela Ito Echeverria, em novembro do ano passado, uma vez que as evidências e declarações de envolvidos e o próprio delegado que elaborou o IP, João Brocanelo Neto, levariam à culpabilidade do motorista, Darlei Lemos Biroli.
Ele foi indiciado por homicídio culposo e incurso no artigo 302 (“Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor”), parágrafo único (“No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de um terço à metade, se o agente:”), inciso IV (“No exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros”), do Código de Trânsito Brasileiro.
Se não bastasse isso, a advogada do caso, quando soube do arquivamento, pelo próprio filho da vítima, entrou com pedido de desarquivamento, mas se recusou a continuar no caso. Pior ainda, tentou desestimular o filho a procurar a OAB, porque, segundo ela, “nenhum advogado vai ter coragem de enfrentar a prefeitura”.
Indignado, Luiz Antônio Breda quer saber agora como fica a situação. “Há muitas contradições neste processo, declarações conflitantes e uma decisão pelo arquivamento inaceitável”, ele disse na terça-feira à tarde.
Embora entendendo que a queda da vítima se deu em razão da colisão com o automóvel dirigido por Biroli, a promotora Daniela Echeverria disse em sua manifestação, datada de 15 de novembro de 2012, que “não há nos autos evidências de eventual culpa concorrente do investigado, a permitir o ingresso de ação penal em seu desfavor, por crime de homicídio culposo”, contrariando entendimento do delegado Brocanello.
Beatriz foi atropelada na manhã do dia 8 de novembro de 2010, por volta das 10h30, na esquina da Deputado Waldemar Lopes Ferraz com a São João, pela perua Kombi, de placas DMN 8376, quando atravessava a pista. Segundo consta, ela teria sido atingida pelo espelho retrovisor do veículo, já quase chegando à calçada central da avenida. E aí se estabelece a controvérsia.
“Eles alegam que ela bateu no radiador da perua, portanto estava no meio da avenida. Mas, o legista disse que se fosse assim, ela teria ferimentos em outras partes do corpo, mas só foi constatado ferimento na cabeça”, contesta Luiz Antônio Breda. “Isso quer dizer que foi o espelho que a atingiu, quase chegando à calçada”, complementa.
Breda lembra também que a placa da Kombi foi entortada, segundo ele, “de propósito”, embora não saiba com que finalidade, e questiona o fato de o veículo ter sido retirado do local antes mesmo da polícia ou Bombeiros chegarem. Fotos do local mostram o motorista socorrendo a mulher, porém a perua já não está mais ali próximo. “Alguém a tirou dali e levou embora. Por quê?”, ele pergunta.
O motorista disse à polícia que avistou a mulher entrar na avenida de uma distância de sete metros e Breda pergunta, a que velocidade ele estaria, já que o permitido naquele trecho é 30 km por hora. “Se estivesse mesmo a 30 por hora, numa distância de sete metros dá perfeitamente para se frear um veículo”, ele acredita.
Outra pergunta feita por ele foi: se realmente a vítima tivesse colidido com a parte frontal direita do veículo, batendo no radiador, ela não teria que apresentar hematomas pelo corpo, principalmente na altura de suas vértebras? E como se justifica, então, o trauma causado em seu cérebro? Daí que ele supõe ter sido uma pancada do retrovisor que a matou. “Ou seja, ela não estava no meio da rua, mas, sim, quase no meio fio”, protestou.
O médico legista de Barretos, Maurício Moretto, em resposta a uma das questões postas por Breda, responde que sua mãe não tinha lesões em nenhuma outra parte do corpo, além da cabeça. “Isso prova que ela foi pega já quase saindo da rua”, diz o filho.
ADVOGADA
O que mais chocou o filho da vítima foi o fato de o IP ter sido arquivado sem que a família ou mesmo a advogada tivessem conhecimento prévio. Breda só ficou sabendo da decisão da promotora porque acompanhava o dia-a-dia do andamento no MP. Porém, ficou adoentado uns dias e não foi vistoriá-lo. Quando pode, deparou-se com o arquivamento.
“Fui procurar a advogada e ela disse que não estava sabendo. Entrou com pedido de desarquivamento, mas disse que não iria mais acompanhar o caso. Então eu falei para ela que iria procurar a OAB para ter outro advogado e ela então me disse: ‘Olha, eu acho que advogado nenhum vai pegar este caso. Ninguém vai querer brigar com a promotora. Se eu brigar, como ficam minhas outras ações lá?’. Achei um completo absurdo”, disse.
Agora, Luiz Antônio Breda, em honra da mãe, morta em circunstâncias, segundo ele, “muito mal esclarecidas”, e de todos os familiares, é um cidadão indignado à procura de um advogado que tenha coragem de “enfrentar” a Promotoria, ou mesmo o Poder Público municipal. (Do Planeta News)
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