Na verdadeira “dança das cadeiras” ocorrida na Câmara de Vereadoras neste começo de Legislatura, quem acabou saindo fortalecido politicamente, não restam dúvidas, foi o vereador licenciado e atual secretário municipal de Agricultura, Comércio e Indústria, Dirceu Bertoco. O seu Partido da República-PR, emplacou dois suplentes na Casa de Leis, ambos empossados ontem à noite, após as saídas dele próprio, Bertoco, para assumir a Pasta da Agricultura, e de Guto Zanette (PSB), para assumir Esportes, Turismo, Cultura e Lazer.
Com dois vereadores, mais a Secretaria, Bertoco se posiciona firmemente à frente do Governo Municipal, embora isso não indique, em absoluto, que ele virá a “peitar” o Governo propriamente dito. Muito pelo contrário, quando se sabe que seu cargo é de livre nomeação e exoneração do alcaide. Mas, como simbolismo político-partidário isso é muito forte, principalmente junto aos “caciques” do seu partido, na região, no Estado e até em nível nacional, na hora de reivindicar para sua Pasta.
Por aqui crê-se que apesar desta enorme vantagem, sua caminhada ao lado dos dois edis peerristas será pacífica e conciliadora, eis que tratamos de um vereador de gênes conciliadora ao extremo, basta recorrermos à memória e vamos nos certificar de que ele, Bertoco, sempre esteve ao lado do burgomestre de turno. Seu lema sempre foi: “Após às 17 horas, acabaram-se as eleições”, referindo-se ao dia do pleito. Ou seja, a partir dali, quem ganhou tem o seu apoio. E assim sempre foi. E assim sempre será.
Segue em sentido inverso o vice-prefeito Gustavo Pimenta, ao titubear em pelo menos tentar fazer valer a Lei e o Direito, reivindicando para seu “pupilo” Marcão do Gazeta, primeiro suplente do PSDB e terceiro da coligação que reelegeu o prefeito Geninho (DEM), a cadeira que hoje está com Alcides Becerra Canhada Júnior (PDT), condenado por improbidade administrativa, portanto com direitos políticos cassados, segundo a letra fria da lei.
Outro vereador, Marcos Antonio dos Santos, procurou seus direitos e levou. Assumiu a cadeira que seria de Jesus Ferezin, via mandado de segurança. Embora sejam fortes os rumores de bastidores que sua presença ali, no entanto, seja questão de dias, talvez horas, Santos vai se bater pela volta à Câmara, “até cansar”. Aliás, como disse um operador da Lei ligado ao embate, “quem tiver mais fôlego fica mais tempo na cadeira”.
Ele, pelo menos, está fazendo o que lhe cabe fazer. E Pimenta com seu PSDB, enquanto isso, se acovarda. E caminha, celeremente, para a diluição, uma vez que, a cumprir a intenção de deixar a Secretaria que hoje ocupa para dar lugar a Marcão do Gazeta na Câmara – já que sairia o Pastor Leonardo (PDT), nome primeiro na lista para assumir o lugar de Pimenta -, estaria dando um tiro no “coração” tucano, que ficaria sem espaço no governo, a não ser em cargos menores, exemplo de Ademir Antonio de Freitas como uma espécie de “subsecretário” na Educação.
Quanto aos demais vereadores, estes, pode-se dizer, representam a si mesmos, com mais ou menos intensidade, e vão marcar presença na medida em que não tiverem atuações medíocres frente às questões a serem tratadas naquela Casa de Leis. Por ora, apenas dois dali têm identidades próprias, Salata (PP) e Hilário Ruiz (PT).
O primeiro, no entanto, na liderança do Executivo poderá, quando muito, diferenciar-se pela defesa dos propósitos do Executivo, por mais disparatados que venham a ser. O segundo, pela oposição pontual porém forte que possa e deve fazer ao longo desta gestão.
Aos iniciantes – se é que se pode classificar Marco Parolim de Carvalho (PPS) e Becerra como tais (este com fortes posasibilidades de deixar o cargo, aliás) -, restará o consolo de não passarem despercebidos caso não sejam meras “vaquinhas de presépio”, como se apelidou no folclorário político olimpiense aqueles vereadores que só dizem sim meneando a cabeça para cima e para baixo.
Enfim, à Câmara que temos, resta a obrigação de nos mostrar se é a Câmara que queremos.
Até.