O provedor da Santa Casa de Misericórdia de Olímpia, Mário Francisco Montini, não gostou nem um pouco do post anterior sobre a problemática financeira do hospital (“Fechar a Santa Casa é lesar o cidadão”, 22/10). Disse que o objetivo foi o de prejudicá-lo pura e simplesmente, com o que, claro, não concordamos.
Ali está um exercício livre de opinião, com base em fatos inegáveis. Ou, melhor ainda, fatos narrados por ele mesmo. Até o momento ainda estamos sem atinar muito bem a razão pela qual o provedor decidiu se colocar, em caráter pessoal, na “linha de tiro” deste blog.
Se comentamos sobre a problemática da Santa Casa, é sobre a problemática da Santa Casa que se trata. E se esta problemática da Santa Casa decorre de situações às quais ele e sua diretoria tinham que ter domínio e não têm, então os comentários dizem respeito a eles, também. Mas, a eles enquanto diretores e provedor daquela instituição médica.
Jamais como pessoas porque, destas, acreditamos gozar da amizade da maioria. Mesmo porque quem sempre está à frente das decisões por ali é o provedor, seja neste instante, seja em administrações passadas.
E é este o ponto. O provedor pode tomar as decisões que quiser tomar em relação às coisas do hospital, como fechar um Pronto Socorro, determinar que tipos de serviços serão ou não feitos ali, que destino dar a instalações que pertencem à sociedade? O provedor, definem os dicionários, é aquele que provê, é o chefe de algum estabelecimento de caridade, como é o caso. E prover não é dotar algo de alguma coisa?
Portanto, não deveria ser essa a função principal e única do ocupante da função, pois nem cargo é, deixando as questões administrativas por conta da Mesa Administrativa? Ou, quando muito, levar suas aflições para debater junto a estes integrantes da Mesa e, dali, e por ação deles, tomarem-se decisões como as que foram tomadas de forma monocrática pelo provedor em questão? Afinal, quais são as limitações de uma provedoria, ou qual seria sua abrangência?
Ao provedor caberia desenvolver projetos, planos, elaborar propostas para que o caixa possa fluir, para que as despesas possam ser sanadas enfim, para que o hospital funcione sem sobressaltos. Administrar seria para a Mesa, ainda que esta extrapolação conste do Estatuto. Que, se constar, o mais lógico seria mudar-se este ítem e tirar das costas do provedor as responsabilidades no âmbito administrativo. E vejam bem, não falo por agora. Esta situação perdura desde que me conheço por gente. E talvez esteja aí um dos pontos nevrálgicos do hospital.
Outra questão a ser lembrada, já que o provedor queixou-se, também, do afastamento do povo, da sociedade, que muito pouco ou quase nada têm colaborado com o hospital. Nosso palpite é que foi o viés político dado à sua administração o grande responsável pela fuga de colaboradores. E sempre que foi assim, não havia “povo” entre os que mais colaboravam com a Santa Casa.
Reconheçamos que esta situação mudou radicalmente quando o viés político foi banido dali – administração Helena Pereira -, quando se sabia e se via uma população, uma sociedade bastante engajadas em busca das questões ali apresentadas. E sempre prontos a virem em socorro. O voluntarismo era tamanho que saltava aos olhos. Independentemente de quaisquer outras questões que se queiram levantar em torno daquela administração, estes dados são inquestionáveis.
E, por último, também entendemos que um movimento social que envolva todos os segmentos é imprescindível nesta hora. Algo parecido com o que se faz em torno do HC. Aquela energia popular voltada para o HC poderia muito bem ser dividida com a nossa Santa Casa, já que, em última análise, a pessoa acometida ou suspeita de estar acometida de um câncer, via de regra passa primeiro pela nossa SC antes de bater às portas do HC.
Porém, entendemos que um primeiro passo após formado este grupo de trabalho, condição sine qua non se torna acabar com o viés político que hoje deslustra a administração hospitalar – sem querer ofender ninguém, observem que falo de viés político, não de pessoas. Entregar a Santa Casa quem sabe a um grupo de apoio, formado por pessoas ilibadas, que gozem de boa reputação perante a sociedade, dele podendo fazer parte até mesmo a maioria dos membros hoje integrantes da diretoria, menos aqueles com cargos no Governo Municipal.
Essa “depuração” é necessária, para que a confiança no bom destino do hospital seja restabelecida. Ninguém consegue explicar este fenômeno, mas ele está aí, a demonstrar que onde o político entra, o cidadão sai. Portanto, quem sabe invertendo este processo, tudo dê certo. Então, que saiam os políticos, para o cidadão entrar.
Até.
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