Na manhã de hoje foram distribuídos em profusão na cidade exemplares do boletim impresso de nome “Jornal Folha das Regiões Norte e Sul Paulista”, aquele mesmo que faz suas enquetes dizendo ser “um trabalho sério” e sai divulgando a torto e à direito, sem se preocupar com as consequências práticas disso.
No começo do ano este mesmo folhetim circulou pela cidade com um “levantamento” sobre a administração Geninho (DEM), conforme poderão ler abaixo. Agora é uma enquete sobre as intenções de votos dos três candidatos a prefeito – Geninho, Magalhães e Helena Pereira.
Uma enquete, como se sabe, não tem valor científico. Ela tanto pode estar no caminho certo, como pode estar totalmente equivocada. Não há metodologia nestes casos. E a publicação não traz o número de pessoas que foram entrevistadas na cidade, nem onde, nem quando, e aparentemente tratam-se de números auferidos bem lá atrás porque a publicação reporta, em uma de suas páginas, a pesquisa IBOPE para a prefeitura de São Paulo feita em agosto e divulgada em meados do mês.
Portanto, trata-se de material defasado, como defasado devem estar os números referentes às candidaturas locais, pois que teria sido feita antes do horário eleitoral gratuito, que começou no dia 21 daquele mês. E não é crível que não tivesse havido mudança. Para o bem ou para o mal da oposição, é claro que elas ocorreram. Para o bem ou para o mal do candidato situacionista, também.
Ademais, como acredditar numa publicação que não demonstra o mínimo respeito pelo vernáculo, que trucida a língua portuguesa sem dó nem piedade? Numa publicação que escreve “record” ao invés de recorde; “viZível” ao invés de viSível; não faz uso de crases e não virgula corretamente o texto nem acentua. Um espancamento criminoso da nossa “flor do lácio”, inculta e bela. E, creio eu, um espancamento criminoso da ética e da responsabilidade política.
Além do mais, se a oposição fosse ágil e menos acomodada, poderia rastrear a origem disso tudo, saber quem falou com quem, se há dinheiro envolvido, quem distribuiu o folheto propagandístico, porque se poderia chegar ao fio da meada, se tudo foi ou não urdido em tenebrosas transações. Porque enquete ou não, científica ou não, números impressionam, sempre. E o (e)eleitor mediano faz sempre uma leitura à modo próprio de publicações deste gênero.
E o que era uma enquete sem fundamentação técnica criteriosa, acaba sendo algo definitivo no pensar do cidadão médio e, a partir daí, desanimar eventuais eleitores e até correligionários, que se deixam levar pelo desalento. Até porque se Geninho bater mesmo nos 68,7% dos votos válidos no dia 7 de outubro, seria o maior fenêmeno eleitoral da história politica de Olimpia. Perdendo talvez para algum político do passado proporcionalmente, mas não factualmente.
De acordo com o Cartório Eleitoral, estão aptos a votar em 7 de outubro, 37.939 olimpienses. Tirando cerca de 21% de votos nulos, brancos e abstenções (o que daria 7.967 votos), sobrarão 29.972 votos válidos. O percentual auferido pela enquete colocaria no colo do atual prefeito nada menos que 20.590 destes votos. Os outros 9.382 restantes seriam divididos, segundo o boletim, entre Magalhães – 11,9%, e Helena Pereira, 3,8%. O que explica este fenômeno, se de fato estes números forem verdadeiros? Sobrariam ainda 15,6% dos consultados que não quiseram responder. Somadas, fração por fraça desta vez dão 100%.
No mês de dezembro do ano passado este mesmo jornal publicou enquete sobre a administração Geninho. Na ocasião, o diretor-proprietário da publicação, Márcio Rogério Pereira Gomes, nos garantiu que tratava-se de “um trabalho sério” bancado pelo próprio jornal, e que não há vínculo da publicação com nenhum órgão de poder da cidade ou das cidades onde já efetuou este tipo de levantamento – como Guaraci, também retratado em percentuais naquela e nesta edição.
No mesmo péssimo português o jornal mostrava que 62% dos 2.830 eleitores (?) que teriam sido consultados aprovam a gestão do prefeito Geninho (DEM). E que 22% a avaliam como regular, e 16% não aprovam a atual gestão.
A empresa de Gomes foi constituída em 14 de agosto de 2009, mas começara a operar dois dias antes – 12 daquele mês. Na Jucesp está registrada como editora de jornais e promotora de eventos e publicidade. O endereço atual é General Glicério 4.685, em São José do Rio Preto. Antes, era Rua 14, 236, em Barretos, onde ainda reside Gomes, segundo ele mesmo disse a este blog. A mudança de endereço ocorreu em 9 de outubro de 2009.
*Enquetes e sondagens
Pela Resolução 23.364/2011, do TSE, não estão sujeitas a registro as enquetes ou sondagens. Neste caso, na divulgação dos resultados de enquetes ou sondagens, deverá ser informado que não se trata de pesquisa eleitoral, prevista no artigo 33 da Lei das Eleições (Lei 9.504/97), mas sim mero levantamento de opiniões, sem controle de amostra. Ou seja, é o levantamento feito através de participação espontânea dos eleitores, sem a utilização de métodos científicos de coleta de dados.A divulgação de resultados de enquetes ou sondagens sem esses esclarecimentos implica divulgação de pesquisa eleitoral sem registro e autoriza a Justiça Eleitoral a aplicar sanções previstas na resolução.
E desde domingo, dia 1º de janeiro, as empresas ou entidades que realizarem pesquisa de intenção de voto relativa às eleições municipais de 2012 devem fazer o registro da pesquisa no mínimo cinco dias antes de sua divulgação, no juízo eleitoral competente para o registro dos candidatos.
Até.
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