È claro que o cidadão olimpiense que ainda guarda em si algum sentimento de respeito e reverência ao nosso Festival do Folclore, já quase cinquentenário, deve estar a se perguntar o que está acontecendo. Deve estar deveras preocupado com o “silêncio” ensurdecedor que cobre os preparativos da festa.

Porque preferimos acreditar que há apenas o silêncio encobrindo o que está sendo feito, e não a inação pura e simples. Faltam, contando a partir desta quinta-feira, 12, apenas 10 dias para a realização da 48ª edição da festa. E o que foi feito até agora?

Ainda hoje, no final da tarde, em um hotel da cidade, pessoa de alta estirpe e grande colaborador do evento, nos últimos anos, fez-nos a mesma pergunta: “E o Folclore? Não estou ouvindo falar nada e a festa está para começar!” Nós também não estamos ouvindo falar nada, a não ser que recentemente fez-se um concurso para a escolha da “Rainha do Fefol”, de resto evento desnecessário que não revela nem desvela o real significado daquilo que a cidade dá ao País.

A não ser que o cartaz de divulgação da festa foi lançado naquela mesma noite, imperfeito e sem maiores explicações do significado de sua estampa, e que depois, sob o argumento de que havia sido feito “alguns acertos no desenho final”, foi relançado, sem cerimônia especial, na maior surdina.

Mas, uma boa olhada nele e não se consegue ver onde foi feito os tais “acertos”, uma vez que continua sem a legenda e traz como informação, entre outras, que haverá “Work Shop”, assim mesmo, separado erroneamente, um anglicismo jamais aceito pelo criador dos Festivais, o mestre José Sant´anna, por não ser compatível com o espírito daquilo que se quer mostrar.

“Melhor seria oficina, ou até oficina de trabalho”, como ele já corrigiu na nossa frente certa vez e deve ter corrigido agora de novo, do além-túmulo.

A não ser pela programação da “Casa do Caipira”, que já está pronta e acabada, há mais de dois meses atrás. A não ser pelo cancelamento do show de Almir Sater, que viria pela segunda vez ao Fefol, por questões meramente eleitoreiras. A não ser pela publicação, na Imprensa Oficial do Município-IOM, da regulamentação do uso dos espaços do Recinto e no seu entorno, e da criação da Comissão Organizadora da festa. A não ser por isso, nada mais se sabe sobre a nossa festa maior.

E o resto? E as contratações de grupos, a quantas anda? Quantos grupos já foram ou serão contrados? Quais são estes grupos? Quantas e quais serão as novidades para este ano? Tem verba, não tem? Qual a expectativa de gastos e qual o orçamento? Os trabalhos no recinto, porque não começaram? A adequação do local já está sendo feita?

A bem da verdade, nunca se viu na cidade, ainda que nesta gestão, silêncio maior em torno das coisas do Festival. Silêncio este, aliás, que já vinha se impondo sobre o evento desde o primeiro dos últimos quatro anos da festa. E parece que não só o silêncio e a aparente inação são os problemas. Não se vê muita disposição por parte do poder público, com a festa.

E, a continuar assim, ainda haveremos de aceitar como fato consumado a transformação de um evento de nível cultural a ser comparado com outros de outros gêneros – a saber a FLIP, o Festival de Cinema de Gramado ou de Brasilia, o Festival de Teatro de São José do Rio Preto, tão respeitado e reverenciado nacionalmente -, num mero “quermessão”. Bem ao gosto de uma currutela, condição da qual Olímpia se desgarrou faz tempo. Ou não?

Até.