O prefeito Geninho (DEM) parece ter adquirido o hábito de lidar com empresas que de um modo ou de outro sempre acabam dando problema para o município, no tocante a atraso e baixa qualidade de obras e serviços. A explicação talvez esteja no fato de que aparentemente não se exige experiência dos contratados para participarem de licitações e pregões, como é o caso de duas delas, contratadas para fornecimento de uniformes escolares e construção da nova Estação de Tratamento de Esgotos, no Campo Belo.

Quanto à empresa dos uniformes, ainda não dá para formar um juízo de valor, porque não começou ainda a, efetivamente, prestar o serviço. Já a segunda empresa, a da ETE, até hoje ainda não conseguiu concluir a obra, prometida para agosto do ano passado. Esta ETE possibilitaria que as atuais lagoas dos Pretos, nos fundos do “Village Morada Verde”, pudessem sem removidas. Mas, nem uma coisa, nem outra. Só as casas que foram entregues desrespeitando organograma anterior, hoje trazendo desconforto aos moradores dali.

A ‘empresa-bebê’ Ivani Pedro Soria-EPP, como batizamos por causa do pouco tempo de existência, fornecerá R$ 580 mil em uniformes ao município. Pelo menos é o que prevê o contrato original. Mais de meio milhão de reais comprometidos com a tal empresa, que provavelmente deve ter o know-how
necessário, afinal o transtorno do ano passado, como bem frisou a secretária municipal de Educação, Eliana Monteiro, não pode se repetir. Foi uma lição a ser aprendida, na sua opinião. Só a título de informação, a empresa funcionava antes em São Caetano do Sul, foi desativada duas vezes e agora está em Guapiaçu.

É claro que isso não quer dizer muita coisa. Ou pode dizer muito disso tudo. A prefeitura irá comprar os uniformes para o ano letivo de 2012, de uma empresa que tem registro de apenas três meses na Junta Comercial do Estado de São Paulo-Jucesp. Os R$ 580 mil mil é para fornecer kit-uniforme composto de bermuda, camiseta e abrigo de inverno para mais de 4,8 mil alunos da rede municipal. Esta empresa, que iniciou atividades em Guapiaçu no dia 22 de agosto de 2011, foi desativada duas vezes, na cidade de São Caetano do Sul.

Tem como objeto social a “confecção de peças de vestuário, comércio varejista de tecidos, artigos de armarinho, cama, mesa, banho, calçados, bolsas, papelaria, equipamentos de informática, móveis, peças e acessórios para eletroeletrônicos” e foi constituída, ou seja, registrada legalmente, em 13 de setembro do ano passado. Com capital social declarado de R$ 50 mil.

No ano passado a prefeitura comprou um kit mais completo de uniformes, composto por bermudas, camisetas e meias, além de um par de tênis. O investimento nos uniformes foi de R$ 710 mil, e nos tênis, R$ 170 mil. Isso significa que cada aluno custou cerca de R$ 150 no caso dos uniformes, e R$ 36 no caso do tênis. Todos os uniformes só terminaram de ser entregues em agosto, segundo semestre do ano letivo.

Este ano, cada aluno vai custar R$ 120, valor 25% abaixo daquele pago em 2011, lembrando que meias faziam parte do “pacote”. Foram atendidos 4.750 alunos. Este ano serão 4.866. Em valores globais, estes kits custarão 22.4% menos – de R$ 710 mil para R$ 580 mil. Em 2011 a empresa fornecedora dos kits e causadora de toda confusão foi a E.J.V. de Moura Uniformes-ME. Vamos acompanhar este ano também, para ver como se darão as coisas.

Um detalhe: os tênis comprados no ano passado foram fornecidos pela empresa Leandro de Souza Soria-ME, que tudo indica ser da mesma família de Ivani, que da mesma forma tinha sede em São Caetano do Sul e no dia 16 de março de 2011 mudou-se para Guapiaçu. Consta ainda estar em atividade.

ETE
A outra “empresa-bebê” é um pouco mais “velhinha”, com seus oito meses de experiência em construção de redes de abastecimento de água e coleta de esgoto. E o contrato firmado, três vezes acima do firmado agora: R$ 2,8 milhões, dinheiro saido do caixa da Daemo Ambiental.

A Ekoara Tecnologia Ambiental Ltda., de São José do Rio Preto, embora no release distribuído à época pela assessoria de imprensa da prefeitura constasse que existia há seis anos, na verdade iniciou atividades em 20 de janeiro de 2009 e foi constituída em 16 de fevereiro de 2009. No dia 4 de janeiro de 2011 “especializou-se” para a obra em questão, e em 18 de abril, firmou um primeiro contrato com o município, no valor exato de R$ 2.680.507,19. No dia 29 de agosto firmou outro, de quase R$ 150 mil.

Até então, a empresa estava registrada na Junta Comercial do Estado de São Paulo-Jucesp, como especializada em “preparação de documentos e serviços especializados de apoio administrativo não especificados anteriormente”. E há oito meses atrás teve o objeto da empresa modificado, onde consta, também ser a empresa apta a executar “construções correlatas”, excetuando “obras de irrigação e serviços de engenharia”.

A obra que está sendo realizada nos fundos do Jardim Santa Fé, já mais que estourou o cronograma estabelecido pelo superintendente da Daemo Ambiental, Walter José Trindade. A ETE tinha que estar pronta até dia 31 de agosto do ano passado, data em que a Ekoara completaria, quatro dias depois, seus oito meses de experiência na área de esgotos.

Uma vez comprovado o estouro do cronograma estipulado para as obras de construção da ETE do Córrego dos Pretos, cujo prazo anterior era 31 de agosto, foi feita uma nova previsão de entrega, para dia 31 de outubro do ano passado, que também não foi cumprida. E agora, como todos sabem, ainda serão necessários mais 60 dias, no mínimo, para ela ser entregue e entrar em funcionamento, segundo estimativas do próprio prefeito Geninho (DEM).

Até.