Blog do Orlando Costa

Verba volant, scripta manent – ANO XVI

Mês: dezembro 2011 (Página 1 de 2)

DEZ OU QUINZE, AMANHÃ OU JUNHO?

O jornal “Diário da Região”, de São José do Rio Preto, publica em sua edição de hoje que o ex-procurador regional eleitoral Luiz Carlos dos Santos escreveu artigo no qual defende que o prazo limite para câmaras municipais aprovarem aumento no número de cadeiras para 2013 vence amanhã, sexta-feira, 30, último dia útil do ano. Mas, que há, porém, entendimentos contrários, como o do diretor jurídico da Câmara de Rio Preto, Cláudio Ferraz, que defende junho de 2012, mês das convenções, como prazo para aprovação de mais cadeiras.

Diz o jornal que o ex-procurador eleitoral baseou seu entendimento no artigo 45, parágrafo 1º da Constituição Federal, que estabelece o número de deputados por Estado “no ano anterior às eleições.” “Ainda que se entenda que a locução ‘no ano anterior às eleições’ se refira ao ano calendário, e não ao período de um ano anterior ao pleito, observa-se a preocupação constitucional em evitar surpresas de última hora”, afirmou o procurador no artigo, de acordo com o diário.

“Em outro trecho do documento, que deve servir de parecer para futuros e eventuais questionamentos jurídicos, o procurador diz: ‘a questão, portanto, em relação aos vereadores, seria se a data última deve ser fixada em 31 de dezembro do ano anterior às eleições, ou se, avançando mais, se poderia fixá-la nos termos do artigo 16 da Constituição: um ano antes do pleito’.”, relatou o jornal.

“Para Santos, a mudança até o período das convenções partidárias em junho de 2012 – como defende Ferraz – ou dos pedidos de registro de candidaturas – dia 5 de julho – não tem ‘suporte interpretativo tão claro como a anualidade eleitoral’.” Por isso, para o procurador, a última chance para os vereadores tentarem criar novas cadeiras termina amanhã – último dia útil deste ano. De acordo com a legislação em vigor, Olímpia, por exemplo, poderia ter até 15 vereadores – cinco representantes a mais.

Segundo ainda o “Diário da Região”, o diretor jurídico do Legislativo rio-pretense, Cláudio Ferraz, tem entendimento de que a mudança no número de cadeiras na Casa poderia ocorrer até junho do próximo ano. De acordo com Ferraz, o aumento de número de vereadores não faria parte do processo eleitoral e, por isso, não teria de ser aprovada até um ano antes da eleição.

Mas, de uma forma ou de outra, pelo menos em tese, Já estaria definido. Treze ou quinze cadeiras para a Câmara de Olímpia, a partir de 2014, não vai vingar. Nossos preclaros edis decidiram que vão continuar sendo dez os vereadores, embora nos últimos dias tenham surgido na cidade especulações sobre uma provável mudança de pretensões.

No momento há falta de consenso, de quórum mínimo para se decidir por aumento de cadeiras. Uma parte queria 10, outra parte queria 13, outra parte, 15. E havia um solitário vereador que sugeriu dez mas com um assessor para cada um deles. Para que outros cinco edis pudessem estar na Câmara na próxima legislatura, seria necessária uma emenda à Lei Orgânica do Munícípio, para a qual são necessários dois terços dos votos, ou seja, sete (na divisão, o resultado é a dízima periódica 6,6666, e sendo assim, arredonda-se para cima).

Ali na Casa de Leis dois vereadores queriam os mesmos dez – Guegué e Magalhães; três queriam treze – Bertoco, Hilário Ruiz e Toto Ferezin; quatro queriam 15 – Salata, Guto Zanette, Lelé e Primo; e Zé das Pedras queria os dez com dez assessores.

Fizeram dois pré-projetos – um de treze, outro de 15 e saíram à cata de assinaturas. O grupo dos 15 queria, especificamente, a assinatura de Zé das Pedras. Se a tivesse, outros dois acatariam – Bertoco e Toto Ferezin, formando os dois terços. Mas Das Pedras se recusou e o pré-projeto foi rasgado e esquecido. O dos 13 já sabia da impossibilidade e nem se movimentou. E o assunto, agora, parece estar enterrado de vez.

A menos que haja de fato mais prazo e até ele se findar as cabeças legislativas mudem de ação e de pensamento, como a pluma ao vento…

Até.

FESTA DO PEÃO, NOVAMAR, DEMOP: OS GASTOS

Por causa das normas previstas na Lei 8666, a Lei das Licitações, e só por causa disso, o Executivo do município nos dá a conhecer hoje uma parte do que foram os gastos com a terceira edioção do Olímpia Rodeo Festival. Somente com a estrutura do local foram gastos quase R$ 200 mil reais. Esta deve ser, no entanto, apenas a menor fração dos gastos, se levarmos em conta que não estão à disposição dos cidadãos pagadores de impostos da cidade, os valores referentes às contratações das duplas sertanejas e cantores que animaram a festa.

Segundo a assessoria da organização do 3º Olímpia Rodeo Festival divulgou durante a festa, o evento teve investimentos da ordem de R$ 1,5 milhão, valor que segundo o prefeito Geninho (DEM), deveria ser coberto com a arrecadação das permanentes e das entradas individuais. A estimativa era a de receber mais de 100 mil visitantes desde o dia 11, quando a noite foi gratuita com show do cantor Latino. Mas, o público ficou bem aquém deste volume de pessoas.

Segundo publicação no Diário Oficial do Estado, edição dia 23 passado, foi contratada a empresa Forever Eventos Ltda., que locou o palco, o som e a iluminação de palco, gradil e fechamento para a festa, no dia 27 de setembro, por meio da Carta Convite n° 47/2011, por R$ 78.850. Também foi contratada a VMG Vídeo Produtora Ltda. – ME, para prestação de serviços e locação de material e sistema completo de iluminação na arena, no dia 28 de setembro, por meio da Carta Convite n° 48/2011, por R$ 71.295.

E ainda a 4D Locação de Equipamentos para Eventos Ltda. com a finalidade de locação de cobertura de arquibancada, cobertura de camarote e louge e cobertura de chão para a realização do Olímpia Rodeo Festival, no dia 10 de outubro, por meio da Carta Convite n° 51/2011, no valor de R$38.500, totalizando a despesa em exatos R$188.295.

NOVAMAR: MAIS
UM ADITAMENTO
Depois de ter feito um aditamento de prazo, não se sabendo se com diferença a maior nos valores com o Instituto de Previdência dos Municipais, agora no dia 1º de dezembro passado a prefeitura de Olím pia formaliza outro aditamento, conforme revela o Extrato de Termo Aditivo publicado na edição do dia 23 passado do DOE, com a Novamar Ambiental e Construtora Ltda. – EPP.

Desta feita, na obra de serviços gerais de manutenção (preventiva e/ou corretiva), adequação, reforma, pequena ampliação e adaptação em próprios públicos municipais da Secretaria Municipal de Educação. O valor do aditivo? R$187.500. A origem é o Pregão Presencial nº 57/2011, com Ata de Registro de Preços n° 82/2011.

MAIS UM RACHID
A edição do DOE do dia 23 passado também trouxe publicados dois contratos de serviços com as empresas-irmãs Mineração Grandes Lagos e Demop Participações Ltda., como já houvera feito antes, por meio da Daemo Ambiental. Elas dividem não só o orçamento, mas a mesma obra, cada qual com um lote. A primeira para aplicação de concreto asfáltico em pavimentação, com contrato assinado em 5 de dezembro, tendo origem no Pregão Presencial nº 27/2011, “Com o lote 01”, no valor total de R$100 mil. A Ata de Registro de Preços é a de nº 23/2011.

A segunda foi contratada para aplicação de concreto asfáltico em pavimentação também. O contrato foi assinado no mesmo dia 5 passado, com origem no Pregão Presencial nº 27/2011, “Com o lote 02”, no valor total de R$ 137.500. A Ata de Registro de Preços é a de nº 24/2011. Portanto, mais R$ 237.500 para os cofres das “irmãs” votuporanguenses.

Até.

‘DROPS’ DE UM CAOS ANUNCIADO?

Manchetes do semanário “Folha da Região”, edição de sábado passado, 24:

‘Situação faz Santa Casa ficar sem diretor clínico de novo’
A atual situação da Santa Casa de Olímpia seria a responsável por fazer com que o hospital fique sem um diretor clínico mais uma vez. No início da tarde desta sexta-feira, dia 23, o provedor da instituição, advogado Mário Francisco Montini(foto), confirmou que o cargo está vago por causa da renúncia do médico Gustavo Machado Mirandola.

E o que diz o provedor Mário Montini?
Sempre teve problemas. Quando um quer outro não quer. Estão tirando o corpo fora. Ninguém quer ajudar a Santa Casa. O interesse é deixar as coisas piorarem para ver como é que vai ficar.”

‘Após UPA os casos graves nem passarão pela Santa Casa local’
Embora sem uma data definida, após a inauguração da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), que ainda está em fase de construção no terreno onde funcionava o pátio de serviços da Prefeitura Municipal, na esquina da Avenida Deputado Waldemar Lopes Ferraz com a Rua Washington Luiz, no centro, os casos considerados graves serão encaminhados para outras cidades e nem passarão pela Santa Casa de Olímpia.

E o que diz o prefeito?
“A UPA estará pronta ali para fazer todos os diagnósticos, exames necessários, serviços de imagem, qualquer tipo de exame laboratorial que seja. Pronta para dar o diagnóstico final e correto. Se for alguma coisa que a Santa Casa não atenda, através do SAMU, será da UPA para o Hospital de Base em Rio Preto. Não vai passar nem pela Santa Casa. Se for alguma coisa, uma cirurgia que a Santa Casa faça, será da UPA para a Santa Casa”, foi o que afirmou o prefeito Geninho (DEM) em meio a várias respostas.

Santa Casa pode ficar sem ortopedistas dia 1º de janeiro
A Santa Casa de Olímpia poderá ficar sem médicos ortopedistas a partir do dia 1º de janeiro de 2012, caso não ocorra ao menos um acordo e bem costurado, entre os profissionais que atendem o plantão à distância e a direção do hospital. Essa possibilidade foi confirmada no final da manhã desta sexta-feira, dia 23, pelo médico Márcio Henrique Eiti Iquegami, um dos responsáveis pelos atendimentos da área. Além dele, o hospital conta com o serviço de outros três profissionais e todos estariam com a mesma intenção.

De acordo com Iquegami há muitos problemas que não são resolvidos, principalmente por falta de diálogo (grigo nosso). Um desses problemas, segundo ele, é que os equipamentos do centro cirúrgico não estão em condições de garantir o bom resultado de uma cirurgia. “Estão sucateados. Estão se acabando e ninguém repõe”, reclama.

E o que diz a respeito o provedor Mário Montini?
“Não haverá problemas para o hospital caso a paralisação desse atendimento seja confirmada. Vamos cortar o serviço e não tem problema nenhum suspender”. Segundo ele, quando chegar um paciente com trauma de osso ao pronto-socorro será realizada “a estabilização, o que precisar e vai embora. Vai para outro lugar igual faz com casos de neurologia, com problemas de coração”. Simples assim.

OS GANHOS
Querem saber quanto ganham os comissionados e concursados da prefeitura (edição de 17 de dezembro, página 45) e Prodem (edição de 24 de dezembro, página 7)? Acessem o link http://www.olimpia.sp.gov.br. e, na página oficial da prefeitura, à esquerda, embaixo, entrem no link da Imprensa Oficial. Daemo e Câmara Municipal não publicaram ainda suas tabelas.

NÚMEROS
Consta que o prefeito Geninho teria comentado hoje com um representante da imprensa local os resultados de uma pesquisa que mandara fazer: sua intenção de voto estaria na casa dos 65%, a de Walter Gonzalis em 14%, Magalhães em torno de 10%, Helena Pereira 8% e Bira da Ki-Box, 3%. Quanto aos pencentuais do prefeito estou certo que foi ouvido aquele tanto mesmo. Já quanto aos demais pode haver variação de um ou dois pontos percentuais para um ou para outro. Mas a ordem de colocação é essa mesma.

Porém, o prefeito não disse quando, como, nem por quem foi feita esta pesquisa que, se está tão boa assim, poderia ser publicada num dos veículos de informação atrelado ao seu grupo político, depois do devido registro no TRE. Caso contrário, difícil não imaginar que tais valores não estão flutuando ao sabor dos interesses do próprio alcaide.

Até.

A INCONSISTÊNCIA REGISTRADA DE ZANETTE

Se existe algo de mais verdadeiro na publicação intitulada “Vereador Guto Zanette – Informativo”, que inundou as ruas da cidade esta semana, é a chamada que vem publicada no alto de sua última página, a de número 4: “Um vereador sempre presente”. Sim, porque nunca se viu antes – claro que não contando José Elias de Morais, o ‘Zé das Pedras’ -, um político local aparecer tanto em fotos, principalmente ao lado do prefeito, como uma espécie de “sombra”. Assim, vai acabar abocanhando o troféu de vereador que mais aparece na foto, desbancando ‘Zé das Pedras’.

Mas, falando na publicação em si, trata-se de um primor de inconsistência e vazio. Não há nada ali que nos faça ver em Zanette este vereador-obreiro que ele tanto acredita ser. As fotos e os fatos retratados são, na quase totalidade, de visitas, eventos, e… de ladinho com o prefeito. Por exemplo, há destaques para as palestras promovidas por ele na cidade com dinheiro da Câmara, posado ao lado do… prefeito no ato de entrega de uma perua Kombi – detalhe: não-adaptada -, para a entidade de deficientes DOA; proposta de “ajustes” para o Fórum, permitindo a acessibilidade.

Em “Ações Legislativas” o vereador destaca… as visitas feitas a bairros, entidades, deputados e escola, onde foi executar uma “ação fiscalizatória” na merenda escolar, porque, segundo ele, estava “preocupado” com a qualidade dela. E na última página o vereador destaca… as visitas que fez a obras, projetos sociais, entrega de bens a instituições, cerimônia de formatura, visitas a bairros, entidades…. Áh, ainda sobrou um espacinho no pé da última página para lembrar das condecorações militares recebidas por ele.

Foi para isso que ele tanto lutou para entrar na Casa de Leis? Foi para isso que ele traiu o grupo pelo qual se elegeu e renegou documento que assinou? Para fazer visitas? Quanta inconsistência!

JUNTOS E MISTURADOS
(OU: NEM TÃO JUNTOS)
Outdoors plantados ao longo da Aurora Forti Neves e noutros cantos por aí têm intrigado os cidadãos, desde os mais incautos aos mais “antenados” politicamente. Num deles, apresentam-se, juntos, os vereadores Dirceu Bertoco, do PR, e Toto Ferezin, do PMDB, a desejar Feliz Natal à família olimpiense. Há informações de que teria sido um “rachid” para batear os custos. Mas, precisavam os dois estarem juntos, à moda de uma “dobradinha”? Há quem veja nesta imagem uma forma de “mandar um recado” para alguém, que não se sabe quem (?).

Noutro outdoor, a surpresa é a foto do prefeito, também a desejar Feliz Natal aos olimpienses e, da mesma forma, sozinho, sem seu vice, Gustavo Pimenta. Da última vez que fez isso, Geninhou rapidamente voltou atrás. Desta vez não se sabe o que vai acontecer. E ainda neste ritmo tem o cartão de felicitações pelo 25 de dezembro do próprio Pimenta ao lado da esposa. Não é para deixar muita gente com a pulga atrás da orelha?

ATÉ ONDE?
Circula nas rodas políticas mais enfronhadas que um figurão da política local, embora não militante, estaria propenso a catapultar a candidatura a prefeito de Bira da Ki-Box (PSD), tendo como vice Walter Gonzalis (PT). Este figuraão, dizem nas rodas, estaria “por aqui” com o prefeito Geninho, e gostaria de vê-lo longe, bem longe da principal cadeira da 9 de Julho em 2013. Será?

UM JEITO NOVO DE ‘EVANGELIZAR’

O prefeito Geninho (DEM) acaba de inventar um jeito novo de mandar seu recado ao cidadão. Se tornar corriqueiro o formato, poderá também se candidatar a uma vaga numa dessas igrejas evangélicas que tem por aí que dará um bom pastor, ou diácono, ou presbítero, ou servo de Deus, como preferir. A novidade surgiu esta semana, mais exatamente na quarta-feira, 21, quando foi fazer a “prestação de contas” na emissora que teria arrendado por R$ 300 mil, a Difusora AM.

Ao final de seu pronunciamento, quando já swe despedia de quem o ouvia, o apresentador do programa, que tamb[ém é funcioonário comissionado na área de iomprensa da prefeitura, Julião Pitbull, sacou e tascou no ar uma músiva evangélica da “ex-baianinha” Mara Maravilha, sobre a qual o prefeito fez seu comentário final, buscando emocionar corações e mentes.  Claro que a pauta foi previamente elaborada e passada para o apresentador, e é claro, também, que telefonemas de desconhecidos não foram colocados no ar.

Geninho fez um balanço otimista dos últimos três anos, particularmente do ano que se encerra, que foi aquele no qual conseguiu desencravar as primeiras obras iniciadas ainda em 2009/2010. Como destaque, o programa de saneamento ambiental, com a construção da lagoa de tratamento de esgoto às margens da rodovia Assis Chateaubriand, e de coleta, tratamento e distribuição de água, por meio da nova ETA, que captará água do Cachoeirinha.

“Saneamento é investimento em saúde”, começou dizendo, repetindo o governador Geraldo Alckmin (PSDB), quando esteve em Olímpia, no final de julho passado. A obra da lagoa de esgoto, segundo o prefeito, começará em 2012, e terá três anos para terminar. Trata-se de um projeto de mais de R$ 21,5 milhões, como já se sabe. Mas, a bem da verdade, o cronograma da obra já está “furado”, a julgar pela promessa feita pelo governador Alckmin.

Em discurso para cerca de 300 pessoas, no Recinto do Folclore, ele havia garantido que a estação de tratamento de esgoto ficaria pronta em maio de 2013. Mas, para isso, o primeiro prazo estipulado por ele tinha que ter sido cumprido, ou seja, Alckmin teria que ter de fato assinado contrato com a empresa construtora 90 dias após o anúncio, ou seja, em outubro passado, o que não aconteceu.

“Em 18 meses a obra tem que estar pronta”, enfatizou, o que daria abril de 2013. Mas, já se foram cinco meses e até o momento não foi anunciado sequer o tal contrato. Outra novidade é que o próprio município irá fazer a licitação e gerenciar a obra, ao contrário do que fora anunciado antes, que ela ficaria a cargo do próprio Estado, por meio do Departamento de Água e Energia Elétrica-DAEE.

Também já está prestes e estourar o prazo da liberação dos primeiros 20% do montante a ser liberado – R$ 4,2 milhões previstos para ainda este ano. Outros 60% – R$ 12,6 milhões viriam no ano que vem e os restantes R$ 4,2 milhões em 2013. A lagoa, a ser construída, diz ainda o Executivo, atenderá a demanda de até 100 mil habitantes. Mas, observem que Geninho já mudou todo o cronograma. Por ele, a obra começa em 2012 e termina em 2014.

‘FUNCIONÁRIO NÃO É TROUXA'(?)
Ainda durante o balanço de seus três anos de Governo, o prefeito falou sobre o funcionalismo público municipal. Disse, entre outras coisas, que a categoria “não é trouxa mais”, numa alusão ao fato de que, na gestão passada, recebia abonos, e agora, recebem reposição e aumento. “Acharam que podiam enganar (os funcionários) por muito tempo, com abonos”, afirmou. Elogiou a atuação do sindicato da categoria, com o qual diz ter “criado diálogo”.

Sobrou até para o presidente interino da Associação dos Municipais. “Não fazemos reunião na Casa de Cultura com um presidente de Associação sub-júdice”, disse, referindo-se a Antonio Delomodarme, seu desafeto político. E por fim, o alcaide inovou outra vez, ao chamar os três vereadores oposicionistas de “amigos da oposição”. E os sete da bancada, segundo ele, estão na situação porque “acreditaram na proposta de Governo, enxergaram que nosso Governo é honesto, é do bem”.

Foi no final do programa que o apresentador inventou de fazer um “pingue-pongue” com o prefeito, colocando-lhe sentimentos e pensamentos para serem definidos em “duas, três, quatro”, palavras, como amor, Deus, felicidade, grande derrota, etc. Após isso, em suas despedidas, o apresentador colocou de fundo uma música evangélica, que consta ser de Mara Maravilha, e o prefeito passou a “evangelizar”, com voz pungente, à modo dos pastores de igrejas do gênero. E “pregou” por cerca de cinco minutos.

TELEFONE SEM FIO

Nunca se chega a saber se realmente é fato ou boato. Claro que pesquisas periódicas, de cunho qualitativo, o prefeito Geninho tem mandado fazer. Afinal, que político no poder não tem curiosidade de saber a quantas anda sua imagem perante a opinião pública, e o que esta está pensando sobre seus feitos e desfeitos. Os resultados geralmente são guardados a sete chaves, e só os mais íntimos dos íntimos acabam tendo conhecimento de verdade, no papel, dos números apurados. Mas, cada íntimo tem um íntimo e assim, de amigo confiável para amigo confiável, tais números acabam ganhando as ruas.

Como naquela brincadeira-verdade do telefone sem fio – tive uma aula sobre isso na classe, ainda nos tempos do Maria Ubaldina, e realmente as distorções são gritantes. O tema era dado a um aluno, que contava para outro que estava fora da sala, e este para o outro e quando chegava a vez do primeiro a contá-la ouvir a estória do último a conhecê-la, ela havia sido modificada em mais de 70% em seu enredo inicial.

Por aí seguem as transmissões de informações sobre números de pesquisas. Quanto mais elas se distanciam do “eixo”, mais diferentes elas ficam. Por isso que ouvir sobre resultados de pesquisas nunca nos despertou a confiança plena porque, seja por esquecimento, confusão ou mera intenção, nunca se sabe a verdade por inteiro. Na semana passada, por exemplo, circulou na cidade o “resultado” de uma pesquisa interna do Governo Municipal dando índice de 36 virgula qualquer coisa por cento de aceitação ao prefeito Geninho (DEM). E que num determinado bairro – consta que no ‘Village Morada Verde’-, 30 pessoas haviam sido ouvidas e 18 haviam reprovado – com veemência – o prefeito.

Outras versões dão conta de que a situação é pior ainda, a provocar o desespero do grupo no poder, caso sejam verdades. Há até quem garante ter recebido a informação “de dentro”, e que é inteiramente confiável. Enganam-se aqueles que pensam que a chamada “inside information” não exista por aqui. Mas ela pode cumprir dois objetivos: ser um ato de vingança de um ou uns próximo(s) do poder insatisfeitos com o andamento das coisas, do pouco “reconhecimento”, ou de jogar para a platéia uma coisa que seria na verdade contrária àquela. Assim acalmando desafetos e adversários. A política tem dessas coisas.

Parece que pelo menos uma pesquisa que andaram fazendo na cidade na semana passada, aliás visível há cerca de 15 dias, virá a público. Esta é a primeira vez que conhecemos pessoas próximas, ou que outros vieram nos dizer de pessoas próximas que foram pesquisadas. Ninguém sabe de quem partiu a iniciativa. Se da situação ou da oposição. Pode ser ainda um trabalho independente, ou um “caça-níquel” – com os números percentuais manipulados na medida em que os $$ o exijam.

Se for a mesma metodologia que vimos estampada em um jornal da vizinha Barretos, onde todos os nomes – eu disse todos! – de pretensos candidatos a prefeito daquela cidade estão publicados com fotos, é de se esperar para ver. Mas de se desconfiar: primeiro, da metodologia; segundo, da seriedade do trabalho; terceiro, do interesse por trás do levantamento; quarto, que uso o veículo fará do que apurou, e quinto, sobre quem está pagando por isso.

Penso, no entanto, que, Independentemente do resultado, não será difícil ao cidadão analisar o quadro com seus próprios neurônios e dali tirar a verdade. Considerar os percentuais e apurar com seus botões o quão próximos da realidade aqueles mostrados estarão. Acreditar em número de pesquisa eleitoral é muito perigoso, quando não vem de empresa especializada e de renome. Portanto, de olho na apresentação dos resultados. Olhos, ouvidos e raciocínio atentos. Após a publicação, se for o caso, conto outros detalhes.

Até.

SINDICATO ADMITE PERDA DE ‘SÓ’ 18.59%

O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Olímpia-SSPMO, distribuiu esta semana uma confusa nota onde pretende esclarecer que os funcionários da prefeitura, autarquias e dapartamentos, não perderam tanto assim quanto imaginam. Repercutida nos veículos oficiais e semi-oficiais do Governo Municipal, e fora deste circuito na coluna “K Entre Nós”, do semanário Planeta News, a nota admite sim, perdas salariais, mas “só” de 18.59%.

Esta perda é ainda menor, diz o documento sem assinatura, se forem somados à reposição, também o abono assiduidade e o vale alimentação, o que elevaria o índice a 41,87%, ou perda frente ao Mínimo Nacional de apenas 3,13%, fração numérica, uma vez que a comparação percentual eleva este índice a 7.47%.

Mas, a instituição concorda em que os municipais foram reajustados, nos últimos quatro anos, em menos da metade do que receberam os trabalhadores da iniciativa privada – na relação de 45% para 26,41%. Em índice percentual isso representa mais de 70%. Mas, em dedução numérica chega-se aos 18.59% aceitos pela diretoria da entidade.

O presidente Jesus Buzzo agora usa e abusa dos “acessórios” salariais impostos pela atual administração, “acessórios” estes que abominava na gestão passada, sobre a qual faz uma digressão salarial para embasar o que julga ser talvez o melhor dos mundos sindicais já vistos por estas bandas. E invoca o funcionalismo a seu favor e da administração Geninho (DEM), quando diz que “hoje, o servidor municipal olimpiense está muito satisfeito com a atual gestão, pelo respeito e com­panheirismo ao funcionalismo de modo geral, sem perseguições e privilégios apenas para alguns como era feito em gestões anteriores”.

O presidente toma para si o direito de falar em nome de uma categoria composta por mais de 1,5 mil pessoas. E faz comparações que não deveriam constar de sua nota, pois assim parece estar o Sindicato empenhado em alimentar as idiossincrasias deste Governo que aí está, a necessitar de um divã onde exorcizar seus “demônios”.

Cumpre, também, o papel de porta-voz do poder, quando deveria ser a voz “rouca” do funcionalismo, nas negociações hoje feitas dentro do Gabinete e a portas fechadas. Pratica-se o sindicalismo de resultados, a forma mais demotucana de “sindicalizar”. E tocando na questão dos apadrinhamentos e favorecimentos a grupos, Buzzo se esquece de que na atual gestão esta prática está ainda mais fortemente arraigada, legalizada por subterfúgios que são sempre avalizados pela nossa Egrégia Casa de Leis.

Quem há de negar que instituindo o vale alimentação e o abono assiduidade não está o Executivo Municipal forjando o que poderia ser, de fato, o valor dos vencimentos básicos dos municipais, e pior, com o aval do Sindicato, mesmo sabedor de que estes “penduricalhos” não farão parte dos rendimentos da categoria, no futuro, quando da aposentadoria ou outro benefício a receber?

E era exatamente isso que ele tanto criticava, no governo passado. Exatamente com estes mesmos argumentos. Brandia a bandeira do “aumento real”, acima da inflação, e em índices muito superiores aos que aceita hoje.

Além do que, carece o Sindicato de permitir que os municipais acompanhem as negociações e tenham explicações detalhadas de cada passo dado. Porque acertar índice de reajuste a portas de Gabinete fechadas, cheira a subserviência, quando não ingerência, digamos, do “patrão”, sobre a entidade representativa do “empregado”.

Até.

UPA SERÁ TERCEIRIZADA PARA OSCIP?

Ao que parece, a Unidade de Pronto Atendimento-UPA do município, em fase de conclusão nos altos do Centro II, poderá ser terceirizada para uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, a chamada OSCIP, conforme publicação na edição do dia 10 passado, no caderno “Poder Executivo – Seção I”, do “Diário dos Municípios”, da Imprensa Oficial do Estado-DOE. A prefeitura está abrindo “concurso de projetos” para selecionar este tipo de entidade.

Vem de longe a relação do prefeito Geninho (DEM) com este tipo de organização, para cujas contratações teve o aval da bancada situacionista da Câmara Municipal, em meados do seu primeiro ano de mandato. Inclusive até os projetos da Assistência Social já foram tocados por uma delas.

Informações que circularam esta semana sinalizam para uma eventual irregularidade na forma como o “Aviso de Concurso de Projetos” foi publicada, porque o “Edital de Concurso de Projetos nº 01/2011” prevê a seleção de uma OSCIP “para implementação da Unidade de Pronto Atendimento e Assistência à Saúde, visando à ampliação ao acesso da população à Saúde Complementar e de Especialidades”.

O questionamento é se o edital não estaria “fechado” e assim, privilegiando OSCIPs, quando poderia ser “aberto”, dando oportunidade, também, para ONGs e Cooperativas do setor. A entrega dos envelopes poderá ser feita até às 9h30 do dia 21, quarta-feira, abrindo-se os envelopes às 10 horas daquele mesmo dia.

A chamada OSCIP foi a forma encontrada pelo prefeito Geninho (DEM) para contratar mão-de-obra sem o empecilho que representa a chamada “lei dos diplomas”, aquela que só permite a contratação para cargos em comissão de quem tem grau superior de formação, no início de seu governo. Uma lei aprovada na Câmara em junho de 2009 permite que o município firme convênios com estas instituições, para a “execução de programas sociais, educacionais e de saúde”.

Na ocasião, o vereador-líder do prefeito na Câmara, Salata (PP), argumentou que os contratos com as OSCIPs possibilitariam o uso de “tecnologia moderna, privilegiando instituições do terceiro setor, hoje muito em voga”. E serviriam “para fazer frente aos projetos sociais que estão parados na Assistência Social”. Além da Assistência, as Oscip’s atuariam também na Saúde e na Educação, revelou o vereador. É esperar para ver.

Até.

PARA COLABORAR MAIS COM O DEBATE

Por que a imprensa finge

que não vê o livro do Amaury?

14/12/2011 13:00,  Por Mário Marona – de São Paulo

Privataria

Privataria Tucana revela esquema bilionário de corrupção

Deve ser possível contar nos dedos quantos amigos José Serra tem nas redações. Quase ninguém na mídia é “serrista”. Não nas redações dos jornais, das tevês e das rádios. Há exceções claro, e pelo que soube esta semana o editor-chefe de um grande jornal teria trabalhado para Serra, mas isto não significa que ele tenha pelo ex-chefe profunda admiração. Serra também não deve ter muitos amigos entre os acionistas das empresas de comunicação. Serra sempre foi apenas uma alternativa possível da imprensa a Fernando Henrique Cardoso para enfrentar Lula e, depois, a candidata de Lula.

Quem finge gostar de Serra nas redações, excetuando os amigos do peito, caso ele os tenha, na verdade não gosta mesmo de Serra – apenas o prefere a Lula. Jornalista que apoia Serra – de novo com as exceções possíveis – o faz por não gostar de Lula, e não gosta de Lula por vários motivos, razoáveis ou não: preconceito, antagonismo político, por considerá-lo populista, por conservadorismo, preferência clara por FHC etc. A imprensa protege Serra por falta de coisa melhor. Fará o mesmo com Aécio Neves, caso ele vire candidato, por motivo idêntico.

Não corre risco de perder quem apostar que Ricardo Noblat não tem qualquer identificação com Serra. Não seria estranho descobrir que Eliane Cantanhêde, Dora Kramer, Lúcia Hipólito e tantos outros, mesmo que queiram no poder alguém que considerem melhor que Lula e Dilma, e certamente querem, ficariam satisfeitos se a opção não fosse Serra nem Aécio. Especulo sobre a vontade destes poucos jornalistas, todos muito conhecidos, mas poderia estar falando da maioria. Cito-os porque estão entre os mais citados.

Serra não é diferente da maioria das fontes: detesta jornalista. Também não gosta de dono de jornal, mas os adula e quase sempre obtém deles o que precisa. Serra gostaria de demitir qualquer jornalista que fizesse matéria negativa para a imagem dele, e é possível que já tenha conseguido isso, embora não seja provável que tenha sido bem sucedido na maioria das tentativas. Hoje em dia, isto não é tão fácil como já foi.

E é aqui que trago ao assunto o livro A privataria tucana, sobre o qual a imprensa tradicional faz pesado silêncio.

Decididamente, os colunistas e os editores, pelo menos a maioria, não estão fingindo ignorar o livro de Amaury Ribeiro Jr para proteger Serra. Suspeito que até que alguns achariam divertido ver Serra em maus lençóis, tendo que se explicar sobre as acusações que sofre no livro.

Também não creio realmente que colunistas e editores desprezem o livro porque acreditam que Amaury foi contratado por assessores da campanha petista no ano passado para espionar Serra ou vender informações contra os tucanos. Todos eles sabem que esta foi uma, e apenas uma, das mentiras inventadas durante a campanha.

Este foi um dos fatos “esquentados” na campanha para beneficiar a oposição. Para os jornais e para as emissoras que dedicaram enorme espaço e tempo a este factóide fica muito difícil, agora, admitir que “não foi bem assim”. Como seria difícil, mesmo agora, noticiar que a agenda de Lina Vieira jamais apareceu e que Rubnei Quicoli já confessou que mentiu. Como foi difícil admitir com clareza que a ficha policial atribuída a Dilma era uma montagem mal feita.

Isto seria mais do que um “erramos”. Seria um “mentimos”.

Os jornalistas também sabem que, mesmo sendo meio falastrão e parecendo um tanto estabanado, Amaury é um grande repórter, é honesto e não está mentindo ou, para ser mais isento, pelo menos acredita que está contando a verdade. Sabem, por fim, que a origem desta história que resultou num livro está na reação de Aécio Neves a uma ação mafiosa típica dos serristas.

Por que, então, os colunistas, editores e jornalistas da maioria dos grandes veículos fingem ignorar o livro?

Porque obedecem à linha editorial dos jornais e das emissoras em que trabalham. Obedecem, agora, e sempre obedeceram. (E aqui, em nome da isenção, acrescento a parte que me toca: eu mesmo, quando trabalhei nas grandes redações, me sujeitei à linha editorial dos veículos e se eventualmente me insurgia internamente contra elas, tentando modificá-las, nunca deixei de segui-las disciplinadamente, uma vez derrotado em minhas posições. Ou pedia o meu boné.)

O que mudou, então? Por que os jornalistas se vêem obrigados a depreciar publicamente um colega de profissão, como o Amaury, com quem, aliás, muitos deles conviveram amistosamente? E por que estamos vendo jornalistas importantes entrando em guerra com seus leitores por causa de um livro que, se pudessem, tratariam como notícia ou comentariam?

Arrisco uma resposta: porque hoje os leitores pisam nos calos destes jornalistas, o que há uma década atrás – ou menos – não acontecia.

No meu tempo, e vale dizer também no tempo do Noblat, da Dora, da Eliane, do Merval, o leitor não existia como figura real. Era um anônimo, mal representado, diariamente, em uma dúzia de cartas previamente selecionadas para publicação e devidamente “corrigidas” em seus excessos de linguagem. Tem gente que não lembra, porque começou a ler jornal depois, mas naquele tempo nem e-mail existia, exceto, talvez, como forma de comunicação interna das empresas.

Noblat, Dora, Merval, Eliane  (e eu) escreviam, editavam e publicavam o que queriam, desde que não contrariassem os acionistas, representados pelos diretores de redação. Por acaso, dois dos citados foram diretores de redação e eu fui editor-chefe adjunto no Globo e editor-chefe do JN. Não eram – não éramos – contestados por ninguém. Quem não gostasse que se queixasse ao bispo, ao editor de cartas – por carta, claro – ou então que suspendesse a assinatura ou mudasse de canal.

Publicavam o que queriam, autorizados pelos donos, e continuam agindo da mesma maneira, mas hoje são imediatamente incomodados, cobrados, questionados, xingados pelos leitores, por e-mail, em blogs, por tuites e por caneladas no Facebook.

Fazem a mesma coisa – obedecer à linha dos seus jornais – só que agora têm que dar explicações a um grupo crescente de chatos, nem sempre bem educados, e não podem botar a culpa no patrão. Não podem dizer no twitter: “Olha, gente, eu não vou escrever sobre o livro do Amaury porque o meu jornal decidiu ignorá-lo, pelo menos por enquanto”.

Aparentemente, só existe uma opção: justificar a censura do livro nos seus veículos por meio da depreciação do autor, que está sendo chamado de louco e de venal – o que ele nunca foi, nem quando era um deles, época em todos o exaltavam como um dos maiores repórteres do país. Mesmo porque o ex-PM João Dias, o escroque Rubnei Quicoli e até Pedro Collor nunca foram tratados como cidadãos de reputação ilibada e nem por isso deixaram de ser considerados fontes válidas por estes e por quase todos os demais jornalistas. E estas fontes nem se deram ao trabalho de tentar provar o que diziam.

A alternativa a declarar-se censurado ou tolhido é entrar em guerra com uma parte dos leitores, buscando apoio em outra parte, neste caso naquela que detesta Lula, Dilma e o governo petista. Cobrados, reagem no mesmo tom. Acossados, pedem ajuda ao “outro lado”.

O autor deste texto trabalhou em pequenos e em grandes veículos. Também trabalhou como assessor de imprensa de empresários e de políticos, de vários matizes. É o que faz agora, como redator, razão pela qual fechou temporariamente o blog que mantinha para emitir opiniões. Entende que assessoria de imprensa, ainda que seja um trabalho digno e necessário, não é jornalismo, porque não lhe dá o direito à isenção. Continua analisando a imprensa, como cidadão, de maneira não-metódica, mas toma o cuidado de não depreciar pessoalmente aqueles que eventualmente critica. Não se julga melhor do que ninguém, nem sabe, francamente, como agiria hoje, na mesma situação dos colunistas e jornalistas dos grandes veículos – exceto que, talvez, evitasse o twitter e o Facebook, onde o confronto é muito mais agressivo.

Mas aos que alegam que é preciso ignorar o livro do Amaury porque ele foi acusado disso ou daquilo e não seria um autor confiável, responde com uma experiência pessoal. Editor do Globo em 1992, uma noite recebeu na redação o livro Passando a limpo, a Trajetória de um Farsante, de autoria de, vejam só, Dora Kramer e Pedro Collor de Mello. O livro trazia acusações tão pesadas contra Fernando Collor que, em alguns casos, a prova dependeria de exame de corpo de delito. O editor teve que ler o livro em duas horas, para escrever uma resenha rápida, que seria publicada na edição do dia seguinte.

Naquela época, no Globo e, creio, nos demais jornais, não era possível ignorar uma peça de acusação tão enfática, ainda que desprovida de provas. Nem era possível guardar para ler depois. E pouco importava se a origem das acusações de Pedro contra Fernando era uma briga entre irmãos envolvendo até mulher. Era notícia, e pronto.

Mário Marona é jornalista.

A POLÊMICA DO ANO E O SILÊNCIO DA MÍDIA

LIVRO-DENÚNCIA

Os piratas da política

13/12/2011 na edição 672
A privataria tucana, de Amaury Ribeiro Jr., 344 pp., Geração Editorial, São Paulo, 2011; R$ 34,90
[textos extraídos do site da editora; intertítulo do OI]

A Privataria Tucana é o resultado final de anos de investigações do repórter Amaury Ribeiro Jr. na senda da chamada Era das Privatizações, promovida pelo governo Fernando Henrique Cardoso, por intermédio de seu ministro do Planejamento, ex-governador de São Paulo, José Serra. A expressão “privataria”, cunhada pelo jornalista Elio Gaspari e utilizada por Ribeiro Jr., faz um resumo feliz e engenhoso do que foi a verdadeira pirataria praticada com o dinheiro público em benefício de fortunas privadas, por meio das chamadas offshores, empresas de fachada do Caribe, região tradicional e historicamente dominada pela pirataria.

Essa “privataria” toda foi descoberta num vasto novelo cujo fio inicial foi puxado pelo repórter quando ele esteve a serviço de uma reportagem investigativa, encomendada pelo jornal Estado de Minas, sobre uma rede de espionagem estimulada pelo ex-governador paulista José Serra para levantar um dossiê contra o ex-governador mineiro Aécio Neves, que estaria tendo romances discretos no Rio de Janeiro.

O dossiê teria a finalidade de desacreditar o ex-governador mineiro na disputa interna do PSDB pela indicação ao candidato à Presidência da República, e levou Ribeiro Jr. a uma série de investigações muito mais amplas, envolvendo Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-tesoureiro das campanhas de José Serra e Fernando Henrique Cardoso, o próprio Serra e três de seus parentes: Verônica Serra, sua filha, o genro Alexandre Bourgeois e o primo Gregório Marín Preciado. Serra e seu clã são o assunto central do livro, mas as ramificações e consequências sociais e políticas das práticas que eles adotam são vastas e fazem com que o leitor comum fique, no mínimo, estupefato.

Sem dúvida, o brasileiro padrão, mediano, que paga seus impostos, trabalha dignamente e luta pela vida com dificuldades imensas estará longe de compreender o complexo mundo de aparências e essências, fachadas e bastidores da corrupção política e empresarial, e toda a sofisticação desses crimes públicos que passam por “lavanderias” no Caribe, e, neste caso, o estilo objetivo e jornalístico de Amaury Ribeiro Jr. é de grande ajuda para que as ações pareçam inteligíveis para qualquer pessoa mais instruída.

Públicos e notórios
Um dos principais méritos do livro é descrever toda a trajetória que o dinheiro ilícito faz, das offshores a empresas de fachadas no Brasil, e da subsequente “internação” desse dinheiro nas fortunas pessoais dos envolvidos. Neste ponto, o livro de Ribeiro Jr., embora não tenha nada de fictício, segue a trilha de livros policiais e thrillers sobre corrupção e bastidores da política, já que o leitor pode acompanhar o emaranhado e sentir-se recompensado pelo entendimento.

O livro, aliás, tem um início que de cara convida o leitor a uma grande jornada de leitura informativa e empolgante, revelando como Ribeiro Jr., ao fazer uma reportagem sobre o narcotráfico na periferia de Brasília, a serviço do Correio Braziliense, sofreu um atentado que quase o matou e, descansando desse atentado, voltou tempos depois a um jornal do mesmo grupo, Estado de Minas, para ser incumbido de investigar a rede de espionagem estimulada por Serra, mencionada no início. É o ponto de partida para tudo.

O que este A Privataria Tucana nos traz é uma visão contundente e realista como poucas dos bastidores do Brasil político/empresarial. O desencanto popular com a classe política, nas últimas décadas, acentua-se dia após dia, e um livro como este só faz reforçá-lo. Para isso, oferece todo um manancial de informações e revelações para que o leitor perceba onde foi iludido e onde pode ainda crer na humanidade, pois, se a classe política sai muito mal, respingando lama, dessas páginas, ao menos o jornalismo investigativo, honesto e necessário, prova que os crimes de homens públicos e notórios não ficam para sempre convenientemente obscurecidos. Há quem os desvende. E quem tenha coragem de revelá-los.

***
Trecho do livro – Capítulo 11

Derrotado na disputa à Presidência da República, José Serra gastou boa parte da campanha eleitoral de 2010 resmungando contra “espiões” que estariam bisbilhotando a vida de sua filha Verônica e de ilustríssimas figuras de seu partido. Sua aliada, a mídia encarregou-se de reverberar seus protestos, turbinando-os com altos decibéis. A arapongagem teria raiz no “núcleo de inteligência” montado por petistas, cuja existência nunca foi provada. Serra sempre refutou, também com veemência, adotar práticas semelhantes às que supunha ver praticadas por seus adversários.

Mas as relações de Serra com o submundo da espionagem foram levantadas pelo próprio autor. Faltava, no entanto, prová-las. Este capítulo traz essa prova cabal, os documentos inéditos que comprovam definitivamente o que todo mundo sempre soube. Serra costuma recorrer ao submundo da espionagem para vasculhar a vida de seus adversários políticos.

A papelada cedida ao autor pelo jornalista Gilberto Nascimento evidencia que o então governador paulista contratou, sem licitação, por meio da Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp), a empresa Fence Consultoria Empresarial. A Fence é propriedade do ex-agente do Serviço Nacional de Informações (SNI), o legendário coronel reformado do Exército Ênio Gomes Fontelle, 73 anos, conhecido na comunidade de informações como “Doutor Escuta”.

A empresa do “Doutor Escuta” foi contratada por R$ 858 mil por ano “mais extras emergenciais” – pagos pelo contribuinte – no dia 10 de julho de 2008. Vale lembrar que nessa época a vida particular do ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves estava sendo espreitada por arapongas no Rio de Janeiro, onde a Fence está sediada. Talvez isso explique por que a Prodesp tenha invocado “inelegibilidade” para contratar a empresa do araponga sem licitação.

Em outras palavras, a Prodesp afirma que o “Doutor Escuta” não tinha concorrentes à altura para realizar o serviço. Conforme o contrato, entre outros serviços, a Fence é responsável pela “detecção de incursões eletrônicas nas instalações da Prodesp ou em outras localizações de interesse da empresa”. Isto significa que a empresa tem como acessar os dados pessoais de funcionários públicos, de juízes e até de parlamentares por uma simples razão: a Prodesp é a responsável não só pela folha de pagamento, mas também por todos os serviços de informação do Estado.

Ou seja, o contrato concede à firma do “Doutor Escuta” o direito de invadir esses dados na hora que bem entender. Até o fechamento deste livro (final de junho) o governador Geraldo Alckmin (PSDB) mantinha o contrato com a empresa de Fontelle.

E o que o delegado federal e ex-deputado, também federal, Marcelo Itagiba, tem a ver com isso? A resposta quem fornece é o próprio currículo do coronel. O “Doutor Escuta” jacta-se de haver integrado o seleto grupo de arapongas que Serra, quando era ministro da Saúde de FHC, montou na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Sob a batuta de Itagiba, além do coronel Fontelle, estavam ainda mais dois personagens destas páginas. Um deles, o ex-agente do SNI Fernando Luiz Barcellos, de alcunha “agente Jardim”. E… adivinhe quem mais! Sim, ele mesmo, o delegado Onézimo das Graças Sousa, aquele mesmo frequentador do restaurante Fritz, da confeitaria Praline e das páginas da Veja e dos jornalões em 2010.

O ninho de arapongas da Anvisa foi desativado pelo próprio Serra, o que aconteceu após a imprensa denunciar que a vida privada de servidores do Ministério da Saúde e de desafetos do então ministro – entre eles seu colega, o ministro da Educação, Paulo Renato de Souza, falecido em 2010 – estaria sendo esquadrinhada. Na época, o argumento de Serra para a arregimentação de arapongas foi o medo. Receava ser grampeado por representantes das indústrias de medicamentos, que teriam sido contrariados por medidas do governo.

Coincidentemente, o “Doutor Escuta” e os demais pássaros foram contratados em 2002, quando partidários do PFL (atual DEM) denunciaram a suposta vinculação de setores do governo do PSDB com os grampos fatais à candidatura pefelista à Presidência da República. Teriam levado a Polícia Federal a descobrir que a empresa Lunus, de propriedade da candidata Roseana Sarney e de seu marido Jorge Murad, guardava R$ 1,34 milhão em seu cofre. Suspeita-se que o dinheiro alimentaria a campanha do PFL, implodida ali mesmo pela apreensão.

O “Doutor Escuta” vem de longe. Foi no período do presidente João Baptista Figueiredo que ele se integrou à comunidade de informações. Entrou pelas mãos do ex-ministro-chefe do SNI, Octávio Medeiros. Seu rumo foi o Garra, braço armado das ações clandestinas e a arma mais letal do SNI durante a ditadura. Fontelles recebeu a tarefa de modernizar o arsenal tecnológico do órgão. Como seu próprio codinome esclarece, o “Doutor Escuta” comandou uma equipe de trabalho que desenvolveu aparelhos de escuta com tecnologia nacional que substituíram os importados.

Faziam parte do seleto grupo do Garra os coronéis Ary Pereira de Carvalho, o “Arizinho”; e Ary de Aguiar Freire, acusados de participar do complô que resultou no assassinato do jornalista Alexandre Von Baumgarten em outubro de 1982. Dois meses antes de morrer, o jornalista compôs um dossiê. No chamado Dossiê Baumbarten, os dois Arys são acusados de terem participado da reunião em que foi selada a morte do jornalista.

O sargento Marival Dias, do CIE (Centro de Informação do Exército), soube da morte do jornalista antes mesmo de seu desaparecimento ser anunciado. Disse ao autor que Baumgarten teria sido executado pelo “Doutor César”, codinome do coronel José Brant, também do Garra, a exemplo de Fontelles. Agente do CIE em Brasília, Dias teve acesso a um informe interno onde se afirmava que a morte se devia a Brant.

Em uma operação do Garra para intimidar Baumgarten, o “Doutor César” teria se excedido e matado o jornalista. Isto o teria obrigado a eliminar duas testemunhas: a mulher de Baumgarten, Janete Hansen, e o barqueiro Manuel Valente. A reportagem publicada na revista IstoÉ nunca foi desmentida.

Aos seus clientes, o coronel Fontelles costuma dizer que sua empresa presta serviços de contraespionagem e não espionagem. Como veremos mais à frente, foi justamente esse trabalho, ou de contraespionagem, que acabou envolvendo o autor no episódio da suposta quebra de sigilo de Verônica Serra durante a campanha presidencial de 2010.

PS: No momento, o que se tem discutido nos meios “livres” de informação é por que a chamada grande mídia – FSP, Estadão, Veja, Globo, Época, IstoÉ, etc. -, não estão dando espaço para o assunto. Até agora não se ouviu um “pio” destes meios, com reportagens, ou de seus colunistas, com opiniões e análises do livro-bomba. Dizem que se fosse o contrário, quer dizer se envolvesse gente do PT e o Governo Lula, por exemplo, o tema seria manchete e chamadas vários dias em jornais, revistas e TVs.

Até.

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