Blog do Orlando Costa

Verba volant, scripta manent – ANO XVI

Mês: março 2011 (Página 3 de 3)

RIZZATTI, MOREIRA, CARNEIRO E GENINHO…

Na terça-feira passada, 2 de março, postei aqui neste espaço análise sob o título “No ‘pacotaço’, o viés totalitário de Geninho”, que gerou vários comentários, de todos os matizes – a favor, contra, nem uma coisa nem outra, etc. Mas, de todos os comentários postados abordando o tema, um deles fugiu um pouco do contexto, para defender o prefeito dentro daquele conceito de que Geninho (DEM) é o melhor prefeito que Olímpia já teve. Este leitor, que se assina “Tião da Cohab” (sebastiao_naz76@supeig.com.br | 187.101.8.64), escreveu o seguinte:

“Não querendo defender, mas qual prefeito fez mais que o Geninho? Não me lembro de sequer uma obra do Carneiro, lembro de poucas do Rizzati e do Moreira, então, nem se fala. O ‘Moreirinha’ só foi mesmo melhor que o Carneiro, mais nada.”

Achei interessante o comentário porque ainda no sábado passado conversava com amigos na “boca maldita” e o mesmo ex-prefeito foi alvo de nossas conversas, exatamente analisando o que Moreira (1993-1996) fez, na comparação com os demais prefeitos, incluindo Geninho. Na conversa surgiram muitas controvérsias quanto ao “fazer mais” de Geninho, e todos foram unânimes numa coisa: até agora, o atual prefeito ainda é uma promessa.

“Não fez obras fundamentais”, argumentaram. Nenhuma que gerasse ou buscasse o bem estar coletivo. Ou mesmo que solucionasse problemas crônicos da cidade. Exceção para as galerias da Florianao Peixoto, ainda assim, obra de qualidade e acabamento duvidosos. Outras que poderiam ser fundamentais, “históricas”, ainda são personagens de sua propaganda. Semáforo é obra fundamental? Primeiro, não é obra, segundo, foi fundamental instalá-los? E o que mais? Asfalto é serviço, e corriqueiro, todos os prefeito fazem. Uns mais, outros menos, mas desde que me conheço por gente, todo prefeito faz asfalto. Exceto Zé Rizzatti, que adorava um “tapa-buracos”.

O “Tião da Cohab” diz que não se lembra de “nenhuma” obra do Carneiro. Posso citar uma, que classifico como fundamental: a instalação dos interceptores de esgoto às margens direita e esquerda do Olhos D´água e do Córrego do Matadouro, obra que limpou o rio e facilitará a implantação da lagoa de tratamento do outro lado da rodovia, restando ao prefeito Geninho fazer apenas a intersecção das pontas destes escoadouros. Até então, todo esgoto que provinha dos imóveis ribeirinhos era jogado in natura no rio. Isso acabou. Portanto, uma obra fundamental.

Ainda de Carneiro podemos citar outra obra, considerada fundamental: a diminuição considerável das inundações, tanto na área da represa como no trecho urbano do córrego Olhos d´Água. E isso aconteceu após a conclusão da obra de adequação hidráulica da barragem do Córrego Olhos d´Água, no início de 2.003, com a construção de novo extravazor de fundo da barragem, isto é, uma galeria em concreto armado de 1,20m de largura por 1,80m de altura, com extensão de 110m, possibilitando uma sincronização da vazão do extravazor da represa com a capacidade de vazão da calha do rio no trecho urbano.

Ou seja, outra obra fundamental, que evita novas enchentes como aquela de fevereiro de 1994, começo do segundo ano da administração Moreira. O leitor há de pensar: mas tudo ali inundou. Então, deveria pensar: seria pior não fosse esta obra da represa. Portanto, obra fundamental. Mais uma? a instalação de galerias de águas puviais na Conselheiro, 7 de Setembro, São João e imediações. Alguém ouviu reclamações de inundações, como era comum antes, naquelas regiões? Portanto, obra fundamental.

José Rizzatti teve obras fundamentais? Sinceramente também não me lembro. Talvez a lagoa do Córrego dos Pretos, que agora terão que sair dali, seja uma delas. Abertura de vicinais? Não sei quem são os autores. Pode até ser que uma delas, pelo menos, seja de sua autoria. Acredito que a de Baguaçu, por exemplo, seja dele. Assim, teria ele, também, obras fundamentais.

E quanto a Moreira, que em tudo se parece com o atuial Governo? Até na chuvarada que causa inundações. Quando Moreira sofreu aquela enchente de grandes proporções, acabara de receber a prefeitura das mãos de Rizzatti. E os laudos técnicos apontaram que aquilo foi assim tão grave, por falta de cuidados com a represa do Recco. O que agora não ocorreu porque o ex-prefeito Carneiro teve esta preocupação.

“Tião” diz que “Moreirinha” só foi melhor que o Carneiro, mais nada. Eu iria mais fundo: diria que, por enquanto, Moreira ainda é melhor que Geninho, não obstante os dois serem tão parecidos na forma de governar.

Mas, se puxarmos pela memória, veremos que Moreira deixou duas obras importantíssimas para a cidade, e bastante fundamentais. As avenidas Desembargador José Manoel Arruda, que demanda às Cohabs I e II, e a Governador Dr. Adhemar Pereira de Barros, que demanda ao trevo da Cutrale. Elas foram duplicadas e hoje são de fundamental importância para o fluxo de veículos e pessoas naquelas regiões, prociando até mesmo o desenvolvimento econômico nelas. Lembrando que no caso da Governador, foi Carneiro quem fez as adequações, urbanizando-a e construindo um trevo de acesso à Constitucionalistas de 32.

Também, ninguém dotou mais a cidade de tantos reservatórios de água que Moreira. E eles estão aí, e são fundamentais. Moreira tem vicinais também no currículo. E, juntos, os três prefeitos que antecederam Geninho – pela ordem, Rizzatti, Moreira e Carneiro, têm uma coisa em comum, que os difere em absoluto do atual prefeito: deram incondicional apoio aos festivais do Folclore, respeitando seus fundamentos e mantendo-o sempre na ponta dos eventos da cidade. E isso também é fundamental.

OBS: escrevo de memória, sem consultar arquivos. Portanto, acho que algumas outras obras podem estar fugindo, e se creditei ou não creditei obra a seu real autor, que me corrijam. Agora, para não dizerem que sou reacionário, deixo aqui o espaço em aberto para quem quiser citar alguma obra genista que seja fundamental para a cidade e seu povo, mas que tenha começado e acabado.

Até.

NO ‘PACOTAÇO’, O VIÉS TOTALITÁRIO DE GENINHO

A Câmara Municipal de Olímpia viveu na noite de segunda-feira, 28, talvez o momento mais contrangedor de sua história, tendo que se submeter ao “pacote de fevereiro” do prefeito Geninho (DEM), modificando leis, derrubando emendas ou mesmo emendando nossa Lei Orgânica a seu bel-prazer. Assim, também, exercitando seu viés totalitarista, num arremedo tardio daquilo que se viu no país em fins da década de 70, o chamado “Pacote de Abril”.

O “Pacote de Abril” foi um conjunto de leis outorgado em 13 de abril de 1977, pelo então presidente da República, Ernesto Geisel, que dentre outras medidas fechou temporariamente o Congresso Nacional. As alterações na constituição foram feitas pelo que se denominou “a constituinte do Alvorada”.

Bom, fechar a Câmara local, pelo menos, não será preciso. Geninho a tem nas mãos, para o que der e vier. Sete de dez vereadores rezam na sua cartilha, partilham da sua ‘Ambrosia’, o seu ‘manjar do deuses’ (conta a história que, quando os deuses o ofereciam a algum humano, este, ao experimentá-lo, sentia uma sensação de extrema felicidade). Mas, há sim, o risco de se criar por aqui “a Lei Orgânica do Palácio 9 de Julho”.

Interessante notar, no entanto, que nenhuma das modificações feitas à LOM e quase nenhuma das novas leis aprovadas ou em fase de aprovação na Casa de Leis, tem alcance amplo e social. Não raro visam beneficiar grupos ou pessoas, individualmente, como por exemplo no caso do cargo de Diretor de Distrito (ex-subprefeito), onde um projeto de Lei Complementar (118), aprovado por seis votos contra três, faz a adequação do cargo à pessoa, e não o contrário. Pior, faz a adequação da lei à pessoa, e não o contrário.

Tipo assim: se o ‘ungido’ não está à altura do cargo a ser-lhe concedido, então que se rebaixe a lei à altura do ‘ungido’. Surreal, para dizer o mínimo. Uma excrescência, para dizer o máximo.

Este é apenas um singelo exemplo das medidas que o alcaide tem tomado, com a chancela da Câmara e seus sete vereadores. E o pior é que estes projetos chegam à Casa de Leis sempre com pedido de votação em urgência, quer dizer, com votação para aquela mesma noite, ainda que em primeiro turno, mas “pulando” a fase da tramitação, tida como o tempo dado ao edil para que estude a propositura. Assim, Geninho passa por cima da lei, não respeita a máxima de que os dois poderes são apenas harmônicos entre si e não um submisso ao outro.

O prefeito tem feito uso, sistematicamente, do seu “rolo compressor totalitário” para ter atendidas suas vontades administrativas personalistas. E faz isso para não se submeter aos três membros dali que ainda fazem cumprir a estrita função do vereador, que é a de atuar em favor e em benefício estrito do povo. E de não virar as coitas para ele, povo, no afã de obter benesses pessoais.

E para que não digam que estou exagerando quando aproximo o Governo Geninho do totalitarismo, segue abaixo a definição do que é este regime político:

No regime totalitarista ou totalitário, o Estado (aqui no sentido de instituição), normalmente sob o controle de uma única pessoa, político, facção ou classe, não reconhece limites à sua autoridade e se esforça para regulamentar todos os aspectos da vida pública e privada, sempre que possível. O totalitarismo é caracterizado pela coincidência do autoritarismo (onde os cidadãos comuns não têm participação significativa na tomada de decisão do Estado) e da ideologia (um esquema generalizado de valores promulgado por meios institucionais para orientar a maioria, senão todos os aspectos da vida pública e privada).

Os regimes ou movimentos totalitários mantêm o poder político através de uma propaganda abrangente divulgada através dos meios de comunicação controlados pelo Estado, um partido único que é muitas vezes marcado por culto de personalidade, o controle sobre a economia, a regulação e restrição da expressão, a vigilância em massa e o disseminado uso do terrorismo de Estado.

Perceberam, ou não, alguma identidade?

Até.

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