Blog do Orlando Costa

Verba volant, scripta manent – ANO XVI

Mês: março 2011 (Página 2 de 3)

PERDEU, OLÍMPIA!

E lá vamos nós. Olímpia, mais uma vez, vai perder. Mais um órgão de Governo. Mais um ítem a ser acrescentado ao longo histórico de perdas do município. Eufemisticamente chamada de “reengenharia administrativa”, na verdade a Secretaria Estadual de Segurança vai desativar o 1º Distrito Policial, implantado a duras penas na cidade. A informação não é nova, nem chega a pegar quem quer que seja de surpresa. Esta possibilidade foi anunciada ano passado, replicada pela imprensa livre e tachada de “boato” pelo prefeito Geninho (DEM).

Fato é que o 1º DP estará fechando as portas para o cidadão que reside no Centro II, ou nos bairros localizados acima do Olhos D´água, a partir de 1° de abril. A partir daí, não importa onde o cidadão more, ele terá que registrar sua ocorrência na Delegacia Central de Polícia, na Rua São João, que concentrará todo serviço. A mudança será anunciada oficialmente no dia 22, terça que vem, de manhã, pelo delegado seccional João Osinski Júnior, em coletiva de imprensa.

Quando o assunto veio à tona, em abril do ano passado, portanto há quase um ano, o prefeito fez pouco caso dele. Ao invés de encarar com seriedade, preferiu atacar imprensa e vereador oposicionista, tachando a possibilidade de “boato”. Disse que em maio foi à Secretaria de Estado da Segurança Pública, quando recebeu detalhes e, ao mesmo tempo, teria mostrado sua “firme posição em não deixar isso acontecer”. Parece que não adiantou. O prefeito não levou a coisa a sério nem depois que o delegado titular da Delegacia de Polícia de Olímpia, João Brocanelo Neto, confirmou a informação.

“Fiz gestão quanto ao ‘boato’ que poderá fechar o 1º DP da Policia Civil, realmente a princípio não passa de boato”, escreveu o prefeito em seu “Twitter”, às 20h11 do dia 27 de abril, uma terça-feira. O então presidente da Câmara, Hilário Ruiz (PT) já havia falado sobre o assunto três semanas antes. Disse ter tentado intervir, sem sucesso. “Tenho conhecimento de que há um projeto em andamento, que está para ser finalizado, que vai fechar o 1º Distrito de Olímpia”, disse por sua vez à época, o delegado Brocanelo. Segundo ele, uma medida que, uma vez concretizada, trará um prejuízo muito grande para a corporação. Olímpia perderá um delegado, por exemplo.

Nós, que acompanhamos a história política desta cidade há um pouco mais de tempo, deveríamos estar acostumados com nossas perdas. Olímpia sempre sofreu desta síndrome. Ao longo dos governos municipais algumas instituições e órgãos de Estado ou da União vieram e foram embora. Alguns importantíssimos para o desenvolvimento do município, como a estrada de ferro São Paulo-Goiás, que municípios bem menores conseguiram manter.

Já tivemos por aqui filial da então poderosa Anderson Clayton, Ceasa, Ceagesp, Senac, mais recentemente perdemos a Coletoria Estadual, Delegacia de Ensino, Delegacia Agrícola, Instituto de Criminalística, Escritório do DER, e outros que agora nos fogem à memória. Perdemos também na inicitiva privada, grandes empresas empregadoras, como Cutrale, Minerva, e outras menores deixando a cidade. Assim, de perdas em perdas, esta antes Menina-Moça, hoje uma matrona de 108 anos, vai somatizando com seus traumas, até que esta sangria desatada tenha um fim.

Só para variar, o prefeito poderia passar do discurso à prática e impedir, de alguma forma, que este “boato” se torne fato. Para o bem da coletividade. E, também, onde estão os vereadores com seus deputados, aqueles que adoram posar garbosamente a seus lados, numa demonstração de fortes laços de amizade e compromisso com a cidade? É nestas horas cruciais que eles têm que dar esta prova. Darão?

Até.

PARA QUÊ SERVE UM VEREADOR?

Pois é. Já faz algum tempo, mas não muito tempo assim – acho que esta coisa começou a ganhar volume de dez anos para cá – que a ação dos vereadores em Olímpia tem deixado confusos os cidadãos olimpienses. Porque, até então, aqueles que têm um pouco mais de conhecimento político, sabem quais são, especificamente, as funções de um edil. Os outros, que não têm conhecimento político e ainda fazem pouco caso do assunto, apesar não terem idéia do que faz um vereador, sempre entendeu que ele está aí para atendê-los em seus apelos, embora alguns nem tão, digamos, “coletivos” assim.

Mas, específicamente em Olímpia, os vereadores começaram a desempenhar uma atividade que, absolutamente, não é a deles, qual seja, a de peregrinarem pelos gabinetes legislativos paulista e federal, bem como dos palácios de Governo estadual e da União, na busca de verbas, recursos para esta ou aquela obra. Geralmente coisa pequena, da ordem de R$ 100 mil, R$ 150 mil, quando não até mais ínfima, coisa aí de R$ 50 mil, R$ 30 mil. Tudo em nome de um empenho político que não compete, legalmente, ao vereador desenvolver.

E a partir daí, mantêm uma disputa para saber quem buscou mais, quem trouxe mais, quem mais deputados visitou, que fez isso, quem fez aquilo. E se vê, também, os interesses político-eleitorais se sobrepondo aos interesses gerais neste âmbito, quando o vereador em questão é de oposição ao prefeito de turno. Mas, distorção maior nesta situação é quando um vereador se “associa” de forma inconteste ao Governo Municipal, ao chefe do Executivo, ou seja, exatamente àquele a quem, por dever de ofício e obrigação de lei, deve fiscalizar.

E toma-lhe desculpas esfarrapadas, do tipo “estou colaborando com o prefeito pelo bem do povo”, “estou com o prefeito porque quero defender os interesses do povo”, “não faço oposição ao prefeito porque ele está tentando melhorar a vida do povo”. Povo, povo, povo… Quando, na verdade, estes políticos-adesivo só estão mesmo perseguindo seus próprios interesses. Um cargo aqui, uma”facilidade” ali, e o resto é só docilidade, aquiescência, obediência cega e burra, como disse sob argumentos que sempre terminam com o substantivo “povo”. Mas, esse “povo” tem uma outra conotação no pensar de vereadores, com certeza.

Estas posturas “tortas” do legislativo, causam, distorções de pensamento, como o que manifestou, por exemplo, o leitor Murilo Esteves, em comentário do dia 14 de março, quando se dispôs a defender o vereador Guto Zanette (PSB), por causa de texto inserido neste blog, intitulado “Guto Zanette, ‘o caçador de sarna para se coçar'”. Disse ele o seguinte:

“Olha, não é por nada não, mas eu vejo que o vereador deveria trabalhar desta forma aí mesmo, foi o que sempre falei pra ele. Não acho que tem q ter o vereador de oposição e de situação, não vejo nada de errado no que o Guto está fazendo, igual Guegué e Magalhães tudo que vem do prefeito eles votam contra, acho que deveria votar conforme o interesse da população e não conforme sua situação partidária, eu sou contra o prefeito vou votar td contra, acho errado.
Se tem coisas que o Guto apóia o prefeito e tem coisas que eles está querendo a prestação de contas significa que ele está do lado da população e não do lado do prefeito ou contra o prefeito.
Se todos fossem assim acho que seria muito diferente essa porcaria de Camara Municipal, não só de Olímpia, mas do Brasil inteiro. Inclusive a porcaria da política seria muito mais interessante.”

Percebam que é exatamente este viés equivocado que muitos têm dos vereadores. No caso específico, até agora Zanette não votou nenhum projeto que “beneficie o povo” na Câmara, até porque o prefeito não encaminhou nenhum projeto deste gênero para lá. Todos sempre visavam alguma mudança que beneficiasse outro tipo de “povo”, aquele amigo do rei. Caso contrário, apontem um só projeto do prefeito Geninho que foi para a Câmara e que tivesse caráter amplo, geral e irrestrito no tocante a este ponto de vista, o do povo.

Ao contrário, Magalhães, Guegué e agora Hilário Ruiz contestam exatamente pelo fato destes projetos, em sua maioria, não contemplarem o público, mas, sim, o particular, quando não o privado. E o que se vê são legisladores e fiscalizadores, simplesmente fechando os olhos, tapando os ouvidos e calando as bocas – ou usando-as à exaustão, quando têm a defender propostas e interesses do Executivo municipal. É uma clara e perigosíssima distorção de suas funções, porque não é para isso que foram eleitos. Mas seguem enganando o povo crédulo, com seus discursos populistas e manjados.

PS: A quem interessar possa, transcrevo abaixo a exata
definição da função de um vereador, seja aqui, seja alhures: 

A palavra vereador vem do verbo verear, que significa a pessoa que vereia, ou seja, aquele que tinha incumbência de zelar pelo bem-estar e sossego dos munícipes. Claro que, atualmente, a palavra não possui tal sentido, mas não deixa de ser correto que, em última análise, o que desejam os munícipes, através dos seus representantes, é exatamente o zelo da coisa pública.

           A função legislativa do vereador consiste na elaboração e produção de normas legais, ou leis, que assegurem a ordem e o desenvolvimento da coletividade através de matérias constitucionalmente reservadas ao município, ou seja, observando o princípio da legalidade a que é submetida à Administração Pública.

             A função fiscalizadora do vereador não se restringe apenas em fiscalizar as matérias de ordem orçamentárias e financeiras. Os vereadores, a qualquer momento, podem solicitar informações do executivo sobre assuntos referentes à Administração, bem como criar Comissões Especiais e Comissões Parlamentares de Inquérito, requerer cópias de documentos, convocar secretários e servidores públicos para prestar informações no Plenário da Câmara e ainda apreciar as contas municipais, entre outras providências

A função julgadora do vereador consiste em julgar as infrações político-administrativas do prefeito, vice-prefeito, do próprio vereador e também as contas do prefeito, após parecer prévio do Tribunal de Contas do Estado. A Câmara também exerce a função Administrativa, que se baseia na organização de seus serviços internos e na nomeação de cargos de seu quadro pessoal. Essa administração é exercida pela Mesa Diretora e principalmente pelo seu Presidente, que superintende os serviços, objetivando seu funcionamento harmonioso e sistemático. A organização da Câmara é ditada pela Lei Orgânica Municipal e também pelo Regimento Interno.

A função do Vereador nos dias atuais se reveste de grande importância, e a tendência, ao que parece, é que tal se avolume, por uma razão muito simples: à vista do próprio aumento das tarefas pertencentes ao Município. A cada dia que passa vem ocorrendo a descentralização das tarefas do Estado brasileiro e tais atividades estão passando, aos poucos, para a esfera municipal. O Poder Central há muito não vem dando conta de cumprir com tais tarefas e a solução tem sido descentralizar.

E com esse movimento, as incumbências são passadas aos Municípios, que vão se deparando com situações agora novas e, para cumpri-las, é preciso regras. E essas regras são feitas pela legislação local, que passa fatalmente pela Câmara Municipal e pelo Vereador.

Freqüentemente, os Vereadores sofrem pressões por parte dos eleitores, com relação a realização de obras. Esta confusão é histórica e às vezes transforma o dia-a-dia de um membro do Poder Legislativo em verdadeiro inferno de cobranças e providências que este não pode cumprir. O poder que um Vereador possui, não está diretamente relacionado a construção de uma obra, seja esta uma simples troca da lâmpada de um poste ou a construção de uma escola. Este poder é indireto, através de uma possível emenda a Lei Orçamentária, sujeita a votação ou através de uma Indicação ou Requerimento enviado ao Prefeito.

Através destes instrumentos, o Vereador poderá solicitar a realização de uma obra mas, sempre dependerá da ação do Poder Executivo. Por estar sempre em contato com o povo, o Vereador costuma enviar freqüentes pedidos ao Prefeito que pode ou não executá-los.

Mesmo que uma obra esteja incluída no Orçamento Anual, esta ainda poderá ser anulada por uma Suplementação de Verbas. Esta transferência depende de um projeto de lei com votação da Câmara. Enfim, um Vereador nunca poderá realizar uma obra ou tomar uma providência, mas sim apenas pedí-la ou incluí-la no orçamento. Outras pessoas ainda, erroneamente entendem que um Vereador é patrão dos funcionários públicos municipais e que podem demitir ou admitir qualquer um deles.

Outra confusão, infelizmente ocorre, quando o próprio Vereador considera-se como um funcionário que está sob as ordens do Prefeito. Não é tarefa fácil, administrar estas e outras confusões. É necessário que a população esteja ciente das reais possibilidades e responsabilidades de um Vereador que pertence ao Poder Legislativo, cuja principal função é elaborar e apreciar leis de sua competência ou do Poder Executivo. Outra importante função é a de fiscalizar e acompanhar a execução das leis em geral e da Lei Orçamentária.

Até.

GUTO ZANETTE, CAÇADOR DE ‘SARNA PRA SE COÇAR’

Não está bem claro, pelo menos para este blog, pelo menos até o momento, qual o jogo que Guto Zanette (PSB), o vereador dublê de Geninho (DEM), está jogando. Ou por quem ele está jogando. Ou, ainda, que apito ele está tocando. Porque já vamos para a segunda sessão ordinária da Câmara que ele registra na pauta requerimentos com pedidos de informações sobre obras, e agora também sobre a Casinha do Papai Noel. Lembram que postei aqui na sexta-feira o ‘Decifre ou perca o sono’? Pois bem, acho que os requerimentos de Zanette falam por si. Vamos a eles:

173/2011 – Vereador Gustavo Zanette
Requer a copia na integra dos processos finalizados, desde licitação, tomada de preço, pregão ou carta convite, contratação, planilha de custos, origem dos recursos e laudo de conclusão de obra da reforma dos banheiros do hall de entrada e, de funcionários e vereadores da Câmara Municipal de Olímpia.
174/2011 – Vereador Gustavo Zanette
Requer a copia na integra dos processos finalizados, desde licitação, tomada de preço, pregão ou carta convite, contratação, planilha de custos, origem dos recursos e laudo de conclusão das reformas:  do Tiro de Guerra (banheiros), Igreja e Centro Comunitário no Bairro da Capituva (altar e banheiros), Centro Comunitário do Bairro Campo Alegre (banheiros e cozinha), Igreja da Vila São José (piso e altar), Igreja e Centro Comunitário São Benedito em Olímpia.
175/2011 – Vereador Gustavo Zanette
Requer cópia do levantamento de despesas com gastos de cada vereador da Casa de Leis com linha e código especial e particular no transcorrer de Janeiro de 2010 a Fevereiro de 2011.
176/2011 – Vereador Gustavo Zanette
Requer cópia dos documentos descriminados: valor total de verbas repassadas para entidade Casinha do Papai Noel de Janeiro de 2010 a Dezembro de 2010; informações sobre a existência de funcionários públicos municipais prestando serviço na referida entidade, em caso de positivo, quantos; a entidade de utilidade publica presta contas ao município, em caso positivo, fornecer cópia dos balancetes mensais e anuais do ano de 2010.

Fica claro, aí, que seu objetivo é chegar ao vereador Zé das Pedras (PDMB). Por quê e para quais fins são ainda mistérios. Também não dá para saber ainda a quem Zanette está servindo. Se for iniciativa única e exlusiva dele, então é de se considerar que algo de muito sério aconteceu entre os dois. Porque de posse da documentação, vai analisar os detalhes e pode detectar coisas indevidas. Aí Zanette ficará na obrigação de torná-las públicas. Mas, será que os documentos lhe serão fornecidos? Pelas vias legais teriam que ser.

Mas, não é praxe neste Governo atender vereadores que reivindicam cópias de documentos. Vide João Magalhães (PMDB) e Guegué (PRB), que pedem também documentos de obras diversas mas, da atual gestão. Pela “lógica perversa” do burgomestre, também no que depender da prefeitura, o calhamaço não deveria ir parar nas mãos de Zanette. Se forem com facilidade, é porque parte de dentro do Gabinete do Palácio 9 de Julho o “míssel” a atingir Das Pedras. Por quê? Só o tempo, e quem sabe Zanette, dirão….

Até.

NOSSA VELHA ESTRADA DE FERRO, NOSSO PATRIMÔNIO, ÀS TRAÇAS

Notei esta semana que este post de 19 de maio de 2009 começou a atrair muita atenção e alguns comentários a respeito começaram a chegar, inclusive despertando o interesse de outros leitores que, tendo adquirido o hábito de acessar este blog recentemente, desconheciam esta postagem. E como também a julgo importante, e creio que muitos que não a leram vão gostar também, até por fazer parte de nossa história, nossa cultura, tomo a liberdade de republicá-la, como contribuição cultural à cidade e seu povo.

O povoado de Álvora, com seus trilhos

O povoado de Álvora, com seus trilhos

Amigos do blog, como nos últimos dias o assunto estrada de ferro da Fepasa veio à tona por conta dos terrenos ocupados e “grilados” da cidade, resolvi buscar um pouco da história desta nossa saudosa época em que a Maria Fumaça cruzava “lépida e fagueira” a cidade, com seu enorme “cachimbo” fumacento e seu grito estridente, fazendo a alegria da molecada.

E, leiam abaixo o que pude apurar, é quase toda a história do nosso ramal, vindo desde Monte Azul Paulista, seguindo até Suinana, um dos pequenos e bucólicos lugarejos surgidos graças à estação do trem. Destes todos, somente Monte Azul, Cajobi, Olímpia, Severínia e Altair ganharam foros de cidade. Os demais chegaram a no máximo distrito, ou permaneceram como meros povoados. (Quaisquer outros detalhes, procurar “Estações Ferroviárias do Brasil”, principal fonte destes dados)

HISTÓRICO DA LINHA
A Companhia Estrada de Ferro São Paulo-Goiaz começou a operar em 1910 ou 1911, dependendo da fonte, com a intenção de levar os trilhos até Goiás, partindo da estação de Bebedouro. As linhas também seguiriam dessa estação da Paulista até a estação de Passagem nos anos seguintes.

Em 1914, a empresa faliu e em 1916 foi constituída a partir da massa falida, que continuava operando, a Cia. Ferroviária São Paulo-Goiaz. Nessa altura, a linha seguia de Passagem a Villa Olímpia (Olímpia), passando por Bebedouro, com um ramal saindo de Ibitiúva a Terra Roxa.

Em 1927, a Paulista comprou todo o trecho entre Passagem e Bebedouro, incluindo o pequeno ramal; a CFSPG passou a operar apenas o trecho Bebedouro-Olímpia, que em 1931 foi esticado até Nova Granada. A ferrovia, de bitola métrica, que deveria cruzar a fronteira próximo a Icem, na Cachoeira do Marimbondo, nunca passou de Nova Granada nem chegou a Goiás.

Em 1950, a Cia. Paulista a adquiriu e a transformou no ramal de Nova Granada. Este, depois de receber pesados investimentos durante os dez anos seguintes, acabou por ter o trecho final (Olímpia-Nova Granada) suprimido pela Paulista já estatal, em 1966, e em 2/1/1969, todo a linha restante também foi extinta.

Os trilhos e as propriedades foram arrancados e vendidas pouco tempo depois. Dela pouca coisa restou, tendo a grande maioria das estações sido demolida. 
 
A ESTAÇÃO
A estação de Villa Olimpia foi inaugurada juntamente com o prolongamento da ferrovia, em 1914, e permaneceu como estação terminal da linha até 1931, quando houve o prolongamento até Nova Granada.
No final dos anos 30, a denominação mudou para a atual. A partir de 1950, com a aquisição da ferrovia pela Companhia Paulista, passou a fazer parte do ramal de Nova Granada. Em 1966, com a desativação do trecho aberto em 1934, voltou a ser estação terminal, até o início de 1969, quando o resto do ramal foi suprimido.

Foi uma das poucas estações que sobreviveu em pé, e hoje é utilizada como cozinha da Prefeitura. Não muito longe dela, a casa que pertenceu a dona Maria Olímpia, hoje museu, abriga a seu lado uma velha locomotiva, que, segundo Rodrigo Cunha, nunca teria trafegado pelo ramal, tendo sido utilizada na verdade pela Mogiana, em outras paragens: uma 4-6-0 Beyer-Peacock (Panco).

UMA HISTÓRIA
DE VIAJANTE
“A última vez em que viajei no ramal de Nova Granada, foi indo a Olímpia, onde tenho parentes, nas férias de julho de 1964, quando eu tinha apenas 8 anos de idade. Lembro apenas que, dos três trens que pegávamos, partindo do Rio até SP pelo confortável Santa Cruz da EFCB, passando para o luxuoso trem da CPEF (estatizada havia pouco tempo, portanto, ainda com algum vestígio da época de ouro) até Bebedouro, realmente o que mais me fascinava era o trenzinho do ramal, de vagões de madeira, lustrados como se houvessem passado óleo de peroba, com seus vidros limpinhos, ostentando o legendário símbolo CP, puxado pela Maria Fumaça através de bosques e plantações, o cheiro de lenha, eucalipto, fumaça, aquela paisagem rural que tanto atrai a nós, moradores de grandes centros, as estações (não me lembro quais) com jardins floridos, o entra-e-sai dos passageiros, carregadores de malas, vendedores de guloseimas, enfim, um verdadeiro coquetel de atrações que me ficaram na lembrança e me causam maravilhosa sensação até hoje” (Luiz Antonio Mathias Neto, 2001).

OUTRO RELATO DE
ANTIGO USUÁRIO
“Quando garoto, minha mãe levava-me para a cidade de Olímpia, para visitar minha avó e tias. Tomávamos o trem azul da Companhia Paulista na Estação da Luz, e chegávamos bem cedo em Bebedouro, por volta das 7:00 horas da manhã. Lá fazíamos a baldeação para a E. F. São Paulo-Goiás, um trem a vapor, com uma locomotiva com detalhes em verde e diversas peças cromadas reluzentes e com seu característico cheiro de vapor e carvão.

O trem, com seus vagões extremamente limpos e vidros tão transparentes que um dia, em uma das vagens, um dos passageiros resolveu colocar seu cotovelo para fora da janela e acabou por quebrar o esmerado vidro da janela.

Veio o fiscal e deu uma baita bronca no sujeito, que ficou extremamente humilhado e acabou por pagar pelo seus danos. Nas subidas, a Maria Fumaça mostrava a sua dedicação, mas sua velocidade diminuía, a ponto de alguns rapazes descerem para apanhar algumas mangas de árvores que ladeavam a ferrovia.

E quando a “velha senhora” sentia o aclive diminuir, ganhava velocidade, e os aventureiros corriam para subir no trem novamente, sempre observados pelos curiosos passageiros, para ver se alguém não tinha ficado para trás. Às gargalhadas, e com certo orgulho, os aventureiros começavam a comer suas frutas. Algumas vezes, quando chegávamos em Bebedouro, não havia o trem. Sei lá por que.

Então o recurso era uma jardineira que era denominada Jardineira do Zé Pedro, que fazia o percurso em estrada de terra até Olímpia. E quando chovia, era um drama, mas a velha jardineira nunca nos deixou na estrada” (Décio Cezaretti, 09/2003).

A ESTAÇÃO DE
MONTE AZUL PTA.
Descendo na estação ferroviária de Bebedouro, vinham os primeiros habitantes de Monte Azul para a vila nos troleis de Jacob Witzel, dono da empresa dos carrinhos puxados por tração animal. Em 1908, o coronel João Baptista de Oliveira Cardoso iniciou um movimento junto à população e autoridades para fazer chegar a ferrovia até a cidade.

Esse movimento ganhou força e finalmente em 06/04/1909 começou a abertura dos locais por onde passariam os trilhos entre Bebedouro e Monte Azul. Para marcar o início das obras foi cortado simbolicamente o primeiro galho de árvore por Joaquim da Costa Penha. O trabalho de “picada”, ou seja, o de abertura dos locais para o assentamento dos trilhos, terminou no dia 20/07/1909 e nove meses depois de iniciado, a linha da CEFSPG chegou à cidade, em 04/01/1910.

No dia 5 de março, menos de um ano após o início da obra, o primeiro trem chega na cidade. Porém, nem tudo foi euforia com relação a estrada de ferro. Houve protestos de grande parte da população que não concordava com a passagem dos trilhos no meio da cidade; queriam-nos, eles e a estação, fora dela.

Os relatórios da Cia. Paulista – que comprou a E. F. São Paulo-Goiaz, sucessora da original, em 1950 – dos anos 50 dão a inauguração da estação como tendo sido no mês de março de 1911, um ano após o citado acima, que parece mais confiável, visto ter como fonte jornais da época, enquanto a Paulista herdou informações da extinta Cia. E. F. São Paulo-Goiaz.

Porém, quando a ferrovia foi desativada, em 1968, a retirada dos trilhos provocou protestos da população. Os trilhos teriam sido retirados dias após a desativação, e, não muito tempo depois, a Prefeitura demoliu a estação, sendo que em seu lugar foi construída uma indústria. (Fonte principal: João Francisco Massoneto, Monte Azul, SP).

A ESTAÇÃO DE
MONTE VERDE PTA.
A estação de Monte Verde, também chamada a partir dos anos 50 inicialmente de Cajobi e finalmente de Monte Verde Paulista, foi inaugurada em 1911, no primeiro trecho aberto pela São Paulo-Goiaz. Foi a estação terminal da linha até 1914, quando ela foi prolongada até Olímpia.

A partir de 1950, com a aquisição da ferrovia pela Companhia Paulista, passou a fazer parte do ramal de Nova Granada. O nome de Cajobi veio do município ao qual a estação pertence até hoje, mas, como se situava fora da sede, teve o nome novamente alterado para o original.

A estação funcionou até sua desativação no início de 1969, e seus trilhos foram retirados logo depois. A estação foi demolida, ao que parece não muito tempo após o fim, e hoje o local é ocupado por casas simples, ainda existindo algum terreno vago.

O que existe hoje não lembra em nada o que aquilo foi no passado, e somente se sabe sua origem por antigos moradores da região. A vila é pequena, e uma de suas duas ruas principais passa pelo antigo leito da ferrovia. 
 
A ESTAÇÃO DE
SEVERÍNIA
“A cidade de Severínia foi fundada por José Severino de Almeida e seus filhos, proprietários da fazenda Bagagem, de plantação de café e criação de gado. Em 1913 (nota do autor: em outras fontes consta como 1911), a E. F. São Paulo-Goiaz inaugurou a estação de Monte Verde e, 9 km além, fazia apenas uma parada em terras da fazenda Bagagem.

Em vista de necessitarem de uma estação no local da referida parada, os fazendeiros da circunvizinhaça formaram uma comissão para pleitear aquele benefício junto à ferrovia. José Severino de Almeida doou 50 alqueires de suas terras para a formação do patrimônio de São José de Severínia, em 19 de fevereiro de 1914, e a estação foi construída às expensas dos fazendeiros da região.

Julgaram os doadores que à estação seria dado o nome de Severínia, e foi com espanto geral que, no dia da sua inauguração, viram figurar na respectiva placa o nome de Luiz Barreto, em homenagem ao famoso médico e não ao velho sertanejo José Severino.

Houve reclamação da política dominante, nada conseguindo porém. Somente em 1921 a estação recebeu o nome de Severínia, quando o patrimônio foi elevado a distrito de paz com essa denominação. O distrito voltou a chamar-se Luiz Barreto em dezembro de 1931, mas novamente renomeado como Severínia em dezembro de 1938″ (Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, vol. XXX, IBGE, 1958).

A partir de 1950, com a aquisição da ferrovia pela Companhia Paulista, passou a fazer parte do ramal de Nova Granada. A estação servia às fazendas do sr. Jeremias Lunnardelli, “rei do café” no Brasil (Orlando Junqueira Franco, São Paulo, 1999).

A estação funcionou até sua desativação no início de 1969, e seus trilhos foram retirados logo depois. A estação foi demolida, ao que parece não muito tempo após o fim, e em 2000 o local já estava ocupado por casas, ainda existindo algum terreno vago.

O que existe hoje não lembra em nada o que aquilo foi no passado, e somente se sabe sua localização por antigos moradores da cidade. A vila original se tornou sede de município, e a estação ficava onde hoje é um dos limites da área urbana. (Fontes: Relatórios da E. F. São Paulo-Goiaz; Relatórios da Cia. Paulista de Estradas de Ferro; Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, vol. XXX, IBGE, 1958; Orlando Junqueira Franco, 1999; dados do próprio autor do site em visita à cidade em 2000;Revista SPR, suplemento especial sobre a SPG, 1941).

A ESTAÇÃO
DE ÁLVORA
A estação de Alvora foi inaugurada juntamente com o prolongamento da ferrovia, em 1914. A partir de 1950, com a aquisição da ferrovia pela Companhia Paulista, passou a fazer parte do ramal de Nova Granada. A estação funcionou até sua desativação no início de 1969, e seus trilhos foram retirados logo depois.

A estação ainda existe, com uso não determinado. “A vila está quase no fim, fim este que começou a se pronunciar na grande geada do inverno de 1975. Com ela foi-se o café, que dava emprego e sustendo para muita gente nas vilazinhas da região. Veio o gado, veio a cana, veio a laranja e foi-se a ocupação de tempo integral. Ficaram apenas algumas crianças, muito novas para partir, e os velhos, sem já ter para onde ir” (Douglas Razaboni, 04/2003).
 
A ESTAÇÃO DE
MARCONDÉSIA
A estação de Marcondésia foi inaugurada em 1911, no primeiro trecho aberto pela E. F. São Paulo-Goiaz. A partir de 1950, com a aquisição da ferrovia pela Companhia Paulista, passou a fazer parte do ramal de Nova Granada, onde funcionou até ser desativada no início de 1969, e ter os trilhos retirados logo depois.

Hoje Marcondésia é um bairro afastado do município de Monte Azul, pequeno, sendo a rua principal o antigo leito da linha. O local onde ficava a estação, demolida há tempos, é hoje um campo de futebol.

A ESTAÇÃO DE
RIBEIRO DOS SANTOS
A estação de Ribeiro dos Santos foi aberta em 1931. Era uma vilazinha, que mais tarde se tornou distrito do município de Olímpia. Em 1950 passou a pertencer ao ramal de Nova Granada, com a compra da São Paulo-Goiaz pela Cia. Paulista. Em 1966, foi desativada juntamente com o trecho Olímpia-Nova Granada. “Situada já no fim da vilazinha, a estação foi dividida e transformada em moradia, por duas famílias. Está mal conservada, não tem mais a cobertura da plataforma e seu pátio foi transformado em horta. Mandioca, chuchu, quiabo e o escambau ocupam agora o espaço dos trilhos e dormentes.” (Douglas Razaboni, 04/2003)

A ESTAÇÃO
DO KM 81
O posto telegráfico do Quilômetro 81 foi aberto em 1936. Segundo o relatório de E. F. Goiás para esse ano, “conforme consta do nosso Relatório de 1935, terminamos em 1936 a instalação dos postos nos Kilometros 81 e 97. Essa providência foi recomendada a bem da circulação dos trens”.

A ESTAÇÃO
DO KM 97
O posto telegráfico do Quilômetro 97 foi aberto em 1936. Segundo o relatório de E. F. Goiás para esse ano, “conforme consta do nosso Relatório de 1935, terminamos em 1936 a instalação dos postos nos Kilometros 81 e 97. Essa providência foi recomendada a bem da circulação dos trens”.

A ESTAÇÃO
DE ALTAIR
A estação de Altair foi aberta em 1931. Mais tarde tornou-se município. Em 1950 passou a pertencer ao ramal de Nova Granada, com a compra da São Paulo-Goiaz pela Cia. Paulista. Em 1966, foi desativada juntamente com o trecho Olímpia-Nova Granada.

Já foi demolida, e em seu lugar há hoje uma praça. “Nada sobrou da ferrovia em Altair. Num cenário que iria se repetir muito em outras estações da linha, o espaço que outrora abrigou a ferrovia é ocupado agora por uma pracinha com uma imagem do Cristo de braços abertos.” (Douglas Razaboni, 04/2003).

A ESTAÇÃO
DE SUINANA
A estação de Suinana foi aberta em 1942, de acordo com os relatórios posteriores da Cia. Paulista. Porém, a abertura de um posto telegráfico para facilitar cruzamentos (”providencia recomendada a bem da circulação dos trens, facilitando-lhe o cruzamento”) no km 116 ocorreu ainda pela São Paulo-Goiaz em 15 de outubro de 1934, de acordo com o relatório da Companhia para este ano.

Ou seja, era Suinana. Em 1944, os guias já mostram a estação, ou posto, com este nome, o que leva a crer que em 1942 tenha eventualmente havido a instalação de mais e melhores facilidades no posto, ou simplesmente da adoção do atual nome, que, antes, nos guias, constava apenas como km 116.

Em 1950 passou a pertencer ao ramal de Nova Granada, com a compra da São Paulo-Goiaz pela Cia. Paulista. Em 1966, foi desativada juntamente com o trecho Olímpia-Nova Granada. O prédio ainda existe, em boas condições, e aparentemente fechado. Talvez seja algum depósito.

Está à beira da estrada que liga Onda Verde a Altair e que, em boa parte do trecho, acompanha o leito do antigo ramal. É pequena, tanto o prédio quanto a plataforma. As casas próximas a ela parecem ter sido da vila ferroviária, também. O lugarejo no seu entorno é muito pobre, tendo cerca de 30 a 40 casinhas muito simples e recentes. (Fontes: Ralph M. Giesbrecht, pesquisa local; Washington Luis Alves Junior, 2008; relatórios da EFSG, 1925-1936; Relatórios da Cia. Paulista, 1950-1969; acervo de mapas de Ralph M. Giesbrecht).

DECIFRE OU PERCA O SONO

Há algum tempo que se faz notar, àqueles que frequentam mais amiúde a Casa de Leis olimpiense, e prestam atenção aos movimentos dos políticos, que o clima por lá não anda dos mais alentadores. Ao contrário, está abrasador. Os bastidores estão fervendo, e há uma linha tênue e extremamente sensível ‘costurando’ um possível racha, talvez bastante profundo, que irá azedar as relações por ali, podendo respingar até no Executivo, se já não for certos “agentes” a fomentar a discórdia. E pode ser tão mais grave esta fissura, que já se ventila, aqui e ali, à boca pequena, que “há votos para cassação”.

Não vou ventilar nomes aqui, agora. Nem me aprofundar mais nos detalhes, porque ainda é muito cedo. Mas, peço aos leitores que leiam atentamente abaixo, reprodução de um comentário postado pelo ex-presidente da Câmara Municipal, Jesus Ferezin, que vem a ser pai do atual presidente, Toto Ferezin, neste blog, a propósito de texto anterior inserido aqui:

Vou iniciar meu comentário citando dois ditados populares:- Quem tem rabo de palha não brinca com fogo e; Faça o que digo, mas não faça o que faço. Nos últimos dias venho notando na imprensa falada e escrita e nos blogs do Sr. Orlando Costa e Sr. Concon dando grande destaques para o pronunciamento do Vereador Jose Elias de Moraes-(Zé das Pedras) a respeito dos telefones celulares que a Mesa da Camara irá adquirir para os nobres Edis, e tambem, sobre criação de cargos em comissão e concursados. Façamos a 1ª pergunta:-Quantos funcionários o Sr. José Elias de Morais-(Zé das Pedras) tinha nomeado na Câmara Municipal até o dia 31/12/2010?  2ª PERGUNTA:- Cada Vereador tem uma linha telefônica com código especial de uso exclusivo de cada Vereador, vamos levantar o quanto gastou cada Vereador nesta linha particular? Está aí um ótimo requerimento de informações. Quem será o mais e o menos gastão do dinheiro público? Com a palavra o Vereador Toto Ferezin e o Vereador Guto Zanette.”
Jesus Ferezin
j.ferezin@hotmail.com | 187.57.50.124
DE ‘SERIA APENAS UMA COINCIDÊNCIA?’, 09/03/2011, 19:39

E agora, para tentar elucidar ainda mais esta questão, peço a atenção dos leitores para a reprodução que faço abaixo, de requerimento do vereador Guto Zanette (PSB), aprovado na sessão de quarta-feira passada:

133/2011 – Vereador Gustavo Zanette
Requer a copia dos seguintes documentos: Reforma da Igreja e Centro Comunitário do Bairro do Tamanduá, planilha de custos da reforma de cozinha e banheiros; Reforma da Praça e Igreja do Distrito de Ribeiro dos Santos, custos da instalação de altar e púlpito; Construção de apartamento nas dependências do Estádio Municipal Maria Tereza Breda, custos de instalação de banheiros; Reforma do Centro Comunitário do Bairro Rural da Alegria, custos de banheiros e cozinha. Copia dos processos finalizados na integra, com laudo de vistoria e conclusão da obra e origem do recurso utilizado.

Por fim, rememorem texto já publicado aqui e divulgado à exaustão, sobre o recuo da Mesa em levar adiante a idéia de criar quatro novos cargos para a Câmara, e fazer a equiparação dos vencimentos de assessores. Rememorem os pronunciamentos, os posicionamentos. E assim, vão juntando o “quebra-cabeça”. A gente ainda se fala.

Até.

LEGADO USURPADO DO POVO

A julgar pelas colocações feitas pelo vereador e lider do prefeito na Câmara, Luiz Antonio Moreira Salata (PP), o povo acaba de ter usurpado o seu legado maior, o Festival do Folclore. Isto porque Salata classificou o Fefol de Olímpia como um “legado de Sant´anna que pertence ao povo”. Se pertence ao povo, por que este mesmo povo não foi consultado antes da decisão disparatada de antecipar o evento de agosto para julho? Observem que tão absurda é esta decisão que a cada vez que as autoridades são instadas a falar sobre o tema, mais se enredam em argumentos pífios e contraditórios.

Este comentário acima vem a propósito da aprovação, na sessão ordinári a da Câmara nesta quarta-feira, 9 (por causa do Carnaval), por sete votos a três, do projeto de emenda à Lei Orgânica do Município-LOM, com o objetivo de antecipar em uma semana a data do Fefol. Como se vê, apenas três, dos dez vereadores tiveram a coragem de manter postura firme e independente frente à mais absurda das decisões de um administrador municipal olimpiense. “Não é só de história que vive o município”, disse Salata à certa altura de suas argumentações tortas. “No final, tem-se que pagar a conta”, emendou.

Como se até então tudo fosse diferente. Se não tivesse contas a pagar. Mas, todos os prefeitos até Geninho (DEM) passaram por estas situações, e nenhum deles nunca arrefeceu como faz agora o burgomestre de turno. Imaginar que mudando a festa para julho irá “turbinar” o evento no quesito público, é querer simplificar um problema que não é tão simples assim. Aliás, falta explicar ao povo a razão pela qual o público das duas primeiras edições do atual Governo foi tão irrisório, em comparação às edições anteriores, onde somavam mais de 120 mil a 150 mil pessoas no Recinto nos dez dias. Este é o “xis” da questão. E ele está muito além de uma simples, porém absurda, mudança de datas.

Em um governo que se vangloria da tenra juventude de seu titular e assessores, esperava-se, pelo menos, criatividade para enfrentar adversidades. No entanto, o que se tem visto é o acovardamento intelectual e organizacional, para dizer o mínimo, onde soluções são buscadas em contextos desconectados da lógica e da razão. Bom, pelo menos da lógica e da razão à qual estamos habituados. Nada impede que esta juventude encastelada no poder possa desenvolver sua própria lógica, sua própria razão, sua própria ética. E assim nada se pode fazer, porque serão então regidos por outros padrões, que não os dos simples mortais, como nosotros.

No mais, vale ressaltar que apenas os vereadores Magalhães (PMDB), Priscila Foresti, a Guegué (PRB), e Hilário Ruiz (PT), como disse acima, tiveram a coragem de contestar tamanha sandice, votando contra e se pronunciando em plenário, em nome da história, da tradição e invocando o respeito devido ao criador do Fefol, José Sant´anna. Os demais sete vereadores, por compromissos políticos, votaram a favor, acreditando que a mudança trará mais turistas e facilitará a vinda de mais grupos folclóricos e parafolclóricos, dois dos principais argumentos do alcaide e seu secretário, Beto Puttini.

Um terceiro argumento, já de antemão caiu por terra. Aquele que trata das crianças e das escolas. O prefeito argumentou que fazendo o Fefol em julho, o ano letivo não sofreria interrupção, porque é recesso. Acontece que o Festival foi agendado para 23 a 31 de julho. Porém, na rede municipal o recesso de julho termina no dia 28, plena quinta-feira de festa. O que vai acontecer, então? Não deverá haver aulas na quinta e na sexta-feira, e muito provavelmente também não na segunda-feira, quando as escolas são limpadas e reorganizadas.

Mas, dos males o menor. O vereador Zé das Pedras (PMDB) disse que vai apresentar uma indicação na Casa, pedindo ao prefeito a volta da cerimônia de entrega da chave ao mito Curupira. Os olimpienses de bom senso agradecem. E acho até que torcem para que ele não a devolva nunca mais.

Até.

CARNAVAL OLIMPIENSE, UMA IDÉIA

Qual a pertinência de tal comentário nesta altura dos acontecimentos, quando há questões mais sensíveis a serem tratadas – a antecipação do Fefol para julho é uma delas – não sei, mas é Carnaval, e o assunto não poderia mesmo ser outro. Mas quero falar sobre especificamente o “nosso” carnaval. Este de todos os anos, antes na praça, hoje na avenida. E sobre sua imutabilidade, sua falta de originalidade, e até mesmo – por que não? -, sua falta de seriedade. Lembrar que todo ano é a mesma cantilena, a mesma ladainha para justificar o que já é histórico, “pétreo” em nosso “Reinado de Momo”.

Entra prefeito e sai prefeito, uns mais, outros menos, os investimentos, ainda que parcos, são feitos. Houve casos de prefeitos que sequer permitiram que se botassem as escolas para desfilar, alegando falta de recursos, como o ex- José Rizzatti, em sua primeira gestão. Caso, também, do ex- Carneiro, no primeiro ano de seu governo. Lá atrás, Zangirolami (1982-1988) foi grande incentivador, contando a partir dos prefeitos com os quais tive convivência – Marreta é anterior a Wilson, ainda nas minhas idiossincrasias adolescentes.

Anteriormente a Marreta, me lembro vagamento de Ferraz (Dr. Afonso), mas não me lembro daqueles carnavais. Antes, ainda, tenho vagas lembranças das grandes escolas de samba, aquelas que fizeram a história carnavalesca da cidade. As que não vi com os olhos, conheci por publicações locais. Eram grandes carnavais aqueles. Ainda hoje há remanescentes, ou na ativa, a cada fevereiro (ou março, depende), ou apenas observando à distância, com certeza saudosos dos tempos idos. De absoluto que se pode captar naqueles carnavais passados – e falo de um “passado” que tem pouco mais de três décadas – é a criatividade, a originalidade, e o prazer, o gosto, pelo samba de rua.

E residem exatamente aí as diferenças para os carnavais que se fazem por aqui, digamos, de vinte anos para cá. Decaiu em qualidade. Em dedicação, em profissionalismo, e mais que tudo isso, em criatividade, já que no carnaval tudo se cria, tudo se pode criar. Talvez a agremiação que mais perto chegue da escola idealizada é a Samba Sem Compromisso, cujos responsáveis tiveram o cuidado de transformá-la numa associação que existe nos 12 meses do ano. Se bem que a mobilização maior se dê também às vésperas da festa. Mas, há profissionalismo, ali. Responsabilidade. E criatividade. Embora o vazio físico de todos os anos, a Samba Sem é a escola que ainda nos faz acreditar que nem tudo está perdido.

Não podemos deixar de render os devidos créditos à Vem Comigo, ex-Galo Azul, que também ensaiou, nos primórdios, a profissionalização de suas atividades, mas a iniciativa, que perdurou por vários anos, acabou vindo por terra com as dissidências havidas. Mas, enfim, hoje o que mais chama a atenção nos desfiles da avenida é o aparente descaso dos responsáveis pelas escolas com o visual, as fantasias, o enredo, enfim, com o conteúdo propriamente dito. Chega de imitações grotescas. De fantasias “clonadas” de escolas do Rio e São Paulo, já vistas à exaustão na TV, internet e jornais. Ou seja, fantasias e alegorias de visual cansados. O lugar comum carnavalesco.

Que tal o carnaval regional, a “caipiralização” da festa de Momo? Estou certo que teríamos muitos temas locais e regionais para serem abordados. Muitas histórias para contar. Muitas cores para mostrar nas vestimentas, nos adereços, e facilmente, também, é possível até fugir de um tema recorrente, o Festival do Folclore – embora nenhuma escola, até hoje, o tenha traduzido em carnaval a contento. Dá para termos uma festa que até mesmo acabe por se tornar atração turística.

Penso até que a cidade não comporta quatro escolas de samba. Talvez um “mix” delas pudesse resultar em duas, bem grandes e melhor estruturadas, com mais gente trabalhando, mais gente tocando, mais gente desfilando, com maior vibração.

Mas, para tanto, é preciso haver uma conjugação de interesses, uma ampla discussão sobre o tema, aberta aos amantes do carnaval de rua locais, que não são poucos, sabemos. Sim, o carnaval de Olímpia precisa ser rediscutido, repensado, podendo colocar na “roda” das discussões até a possibilidace dele ser agregado ao calendário turístico da cidade. É fevereiro (ou março, às vezes), muita gente ainda está em férias, ou mesmo saem para o passeio carnavalesco, buscam onde melhor podem se divertir. Vê-se por aqui muitos turistas que vêm ao Thermas neste período e saem à noite para ver nosso carnaval. Então, urge que coloquemos na Mesa de debates, também esta possibilidade turística.

E o ponto de partida poderia ser dado pelo Poder Público, que soltaria as amarras do conservadorismo ou do “vai do jeito que for”, chamaria todo mundo para o debate e cobraria, dos carnavalescos, que no mínimo colocassem seus dons criativos à frente da coisa. A verba nem precisaria ser muito grande, até porque a criatividade existe para que se possa dribrar a dureza. Assim, ganham todos. A cidade e seu povo, o Poder Público e as escolas de samba, que num extremo de otimismo de nossa parte, podem até, quem sabe, dependendo da evolução das coisas, começar a pensar em patrocínios, assim fugindo da dependência crônica dos cofres públicos. Isso é possível. Basta querer.

Até.

PREJUÍZOS DE R$ 11,5 MILHÕES? CADÊ OS RELATÓRIOS?

Não foi com pouca surpresa que na manhã de sábado passado, 5, vi estatampada no semanário “Folha da Região”, de Olímpia, em primeira página. a manchete gigante “Prejuízos por causa das chuvas chegam a R$ 11,5 milhões”. Diz o jornal que a informação foi passada pelo secretário municipal de Obras e Meio Ambiente, Gilberto Tonelli Cunha. Assusta porque trata-se de uma cifra astronômica a qual, o próprio secetário reconhece, será impossível de se obter onde que quer que se vá buscar.

E trata-se, também, de um hiper-super salto para cima, desde a primeira informação sobre os prejuízos, prestada pelo próprio prefeito Geninho (DEM), que falava em meros R$ 1,5 milhão. Depois, nas falas do próprio prefeito, este valor saltou para R$ 2,5 milhões e, em seguida, meados da semana passada, Cunha inflacionava o balanço, estimando em “mais de R$ 4 milhões” os estragos. A semana fecha, e os valores crescem quase oito vezes. Diz o jornal que este valor foi apurado “depois de um levantamento mais criterioso”, do que fizeram à cidade os 169 milímetros de chuvas do dia 25 de fevereiro passado.

Segundo ainda o semanário, os números eram do “relatório completo” dos estragos. Relatório este que foi apenas “informado”, não mostrado, não liberado em cópia para a imprensa de modo geral, para que a chata e impertinente da tal da transparência pudesse prevalecer. Mas, se aquietem os espíritos mais renitentes. O secretário, “de antemão avisa que não é possível gastar todo esse dinheiro”, disse o jornal. Sabem por quê? Porque este valor foi estimado para “fazer tudo de novo” na cidade, e não apenas para “dar uma consertada”. E, de antemão, também, Tonelli deixa claro que “fazer tudo de novo não é possível”. Porque este “é um valor que a gente não consegue suprir facilmente”.

Bom, então, devemos entender que por causa das fortes chuvas do final de fevereiro, seria necessário “fazer tudo de novo” na cidade, o relatório de valores foi feito levando em conta esta necessidade, mas não será feito “tudo de novo” porque não é possível obter tamanha quantia em dinheiro?

Ou seja, quer dizer que o que foi danificado será apenas reparado e não refeito, para que uma nova chuvarada possa levar rio abaixo? Os mais velhos costumam dizer que quando se é pego em uma inverdade, logo se vai precisar inventar outra para sustentar a anterior. Mas, no caso presente, prefeito e secretário se superaram, ao criarem uma situação surrealista na tentativa de justificar a total falta de transparência administrativa que graça na cidade nos últimos tempos.

EM TEMPO: Só agora, depois da tragédia passada o Executivo Municipal tratou de fortalecer a Defesa Civil da cidade, com a reformulação do Sistema Municipal de Defesa Civil. Dá a entender que o prefeito negligenciou antes por não ter tratado desta questão com mais seriedade. Na edição de sábado passado, 5, da Imprensa Oficial do Município-IOM, vem publicado o Decreto 4.952, de 4 de março de 2011, tratando deste assunto. O Sistema Municipal de Defesa Civil será criado junto ao Gabinete do prefeito, “com a finalidade de coordenar as medidas permanentes de defesa destinadas a prevenir consequências nocivas de eventos desastrosos e a socorrer as populações e as áreas atingidas por esses eventos.

Traduzindo: Agora este problema está diretamente afeto ao Chefe do Executivo. É ele que terá que ser acionado primeiro em caso de sinistros semelhantes ao de 25 de fevereiro. E é dele que deverão partir todas as diretrizes quanto ao que fazer. Pelo menos vai evitar, quem sabe, a falta de rumo que tomou conta da Administração desta vez. Quer dizer, tomara que assim seja.

AUTORITARISMO
“Nossa expulsão do Conselho foi um gesto autoritário de um governo que dá mostras de ser extremamente autocrático, voluntarioso, que interviu na Santa Casa e fechou à Hugo Chaves uma emissora de rádio que deixou de comungar com suas idéias.”

A afirmação acima é do artista plástico Willian Antonio Zanolli, na questão de sua expulsão, agora revertida pela Justiça, do Conselho Municipal de Saúde, onde era representante dos usuários do Sistema SUS. Também de acordo com sua concepção, Geninho perde a oportunidade de “passar para a história” como executor de uma administração aberta, transparente, moderna, atuante, ocupando o lugar comum reservado aos menos brilhantes políticos. E mais, diz Zanolli: “O Conselho Municipal de Saúde, se era ruim no passado, parece ter conseguido ficar pior, ter virado mera instância homologatória dos desejos do Executivo.”

E sobra até para a Câmara Municipal, onde sete dos dez vereadores atuam conforme os interesses do Executivo: “A maioria dos vereadores, que deveriam fiscalizar, opinar, propor soluções, se manifestar contra a situação caótica, optam pela omissão.” E são remunerados para isso, “ao contrário dos conselheiros, que fazem um trabalho voluntário, gratuito”.

Depois, Zanolli ainda dispara sua ‘matralhadora giratória’ para cima dos conselheiros, que “não montam comissões para averiguar a falta de médicos e remédios na rede pública, não discutem a vergonhosa destruição da UBS Santa Ifigênia, próprio municipal transformado, por um período, em ponto de distribuição de droga, não acompanham as licitações, não se mostram preocupados com a paralisação da UPA e muito menos com a situação dramática que vive a Santa Casa depois que está sob o controle do governo municipal”.

Já a secretária municipal de Saúde, Silvia Forti Storti, para o artista plástico “dá mostras de não ter justamente condição técnica alguma de estar à frente de uma Secretaria que cuida da continuidade da vida ou que, se mal administrada, antecipa o final dos tempos para as pessoas que necessitam de cuidados médicos”. E manda um recado aos descontentes: “Vou continuar no Conselho. Mesmo correndo o risco de perseguição, retaliação, expulsão, esta paga ingrata para quem faz trabalho voluntário em defesa da população.”

E fecha cravando um aviso: “Na próxima eleição para o Conselho, que se avizinha, a menos que algum casuísmo dos autoritários impeça, estarei lá, presente com meu nome para ser votado. Prefiro a expulsão que a omissão.” (Extraído de entrevista concedida ao semanário “Folha da Região”, edição de sábado, 5)

Até.

SERIA APENAS UMA COINCIDÊNCIA?

De qualquer forma, seria uma coincidência muito estranha. Vamos por partes. Na segunda-feira passada, 28, na Câmara Municipal, o vereador Zé Elias de Morais, o Zé das Pedras, movido sabe-se lá por quais motivos, botou “água no chopp” de dois colegas seus – Guto Zanette e Toto Ferezin, que estavam empenhados na provação do projeto de Lei Complementar 121, que entre outras coisas criava cinco novos cargos na naquela Casa, dois deles em comissão, ou seja, de livre nomeação e exoneração do presidente.

Das Pedras fez discurso contundente, adiantando que não votaria a favor daquele projeto, ao contrário do que faz sempre, quando o interesse do Executivo está em evidência.

O projeto teria sido concebido originalmente para equiparar os vencimentos do assessor Administrativo da Secretaria da Câmara, com os dos assessores Legislativo e Jurídico, Radator-Parlamentar e assessor Parlamentar. Consta que o valor dos vencimentos do assessor Administrativo da Secretaria estava defasado em relação aos demais em cerca de R$ 300.  Também servia o projeto de Lei para equiparar os vencimentos de outros assessores, como de Comunicação, da vice-presidência, e das primeira e segunda Secretarias, ao do assessor do Expediente.

Ainda tinha o propósito este PLC, de criar os cargos de encarregado de Departamento Pessoal, com vencimento fixo de R$ 2,2 mil; motorista, com vencimento de R$ 700, e recepcionista, com vencimento também de R$ 700, todos em caráter efetivo, ou seja, preenchido mediante concurso. As justificativas: a Câmara de Olímpia não possui motorista em seu quadro de funcionários. Nas viagens, dirigem os próprios vereadores ou seus assessores. Recepcionista, especificamente também não tem.

No tocante ao encarregado de Departamento Pessoal, explicou-se que hoje toda esta responsabilidade, bem como a de contabilidade, é jogada para cima de uma única funcionária, sobrecarregando-a. Com a criação do cargo – justa ou não – as funções seriam separadas. Talvez, assim preenchido, o projeto até passasse, mesmo gerando um pouco de discussão entre os pares. Mas, o interesse político-pessoal, o cumprimento de compromissos eleitorais ou coisas que os valham, cuidaram de “contaminar” o documento. E assim provocar a ira de Das Pedras.

Lembrando que o PLC foi assinado por somente Toto Ferezin e Guto Zanette, quando o normal seriam as quatro assinaturas da Mesa. Veio junto no texto a criação de dois outros cargos, em comissão, um deles assessor de Serviços Gerais da Câmara, vencimentos de R$ 1.978,11, e outro de assessor Assistente Contábil, vencimentos de R$ 1.978,11 também. Se Das Pedras estrilou, é porque aí tem. Ninguém melhor do que ele conhece os meandros da Casa de Leis, quando a questão é cargos.

Muito bem, o PLC foi, então, retirado da pauta. Não há informação se volta na quarta-feira ou não, ainda que readequado. As fortes suspeitas eram as de que tais cargos serviriam a interesses do próprio Ferezin, presidente do Legislativo, e de seu primeiro-secretário, Guto Zanette. 

Mas, o ponto principal disso tudo é que a Imprensa Oficial do Município-IOM, deste sábado, 5, traz estampada em sua página 18, a Resolução 04, de 1º de março passado, ou seja, do dia seguinte à malfadada estrepolia de Das Pedras, dispondo sobre a “criação e inclusão de emprego público em comissão no quadro de pessoal da Prodem”. O cargo? Supervisor de Serviços Gerais. Daí que qualquer semelhança com o Supervisor de Serviços Gerais da Câmara terá sido mera coincidência?

Em não sendo coincidência, a “transposição” do cargo da Câmara para a Prodem de cara já trouxe prejuízos para o agraciado, porque na empresa o vencimento será de R$ 1.224,08, ou seja, cerca de R$ 754 menos que ganharia na Casa de Leis. Mas, a resolução prevê, além do vencimento, “os benefícios legais assegurados pela legislação trabalhista”. E o que se exige do futuro assessor? Haver concluído o ensino fundamental e “possuir experiência na coordenação e execução de serviços de manutenção e de infra-estrutura física de instalações prediais, comerciais e administrativas”.

Interessante notar que ao mesmo tempo em que se exige apenas o ensino fundamental do agraciado, é dada a ele, segundo a Resolução, dentre outras atividades, a responsabilidade de “negociar com prestadores de serviços de manutenção e fornecedores de material de consumo, selecionando empresas com pessoal especializado e material adequado, visando a melhor qualidade do serviço e do material fornecido”.

O “ungido”, no caso, terá que ter ampla visão de negócios, apesar do pouco estudo. Além disso, porque terá que atuar também sobre instalações comerciais? O município ou mesmo a Prodem vai montar alguma “venda” ou birosca comercial?

Não gosto de apostar por nada neste mundo, mas quem quizer fazer uma fezinha pode jogar na opção de que este escolhido estará, em breve, circulando pelos corredores da Câmara.

Até.

O INDÍCE PAULISTA DE RESPONSABILIDADE SOCIAL

Nenhum veículo de informação local ampliou isso, o que é muito estranho, uma vez que foi trazido em mãos para Olímpia pelos cinco vereadores que estiveram em São Paulo na semana passada, participando de um daqueles congressos onde o que nunca se vê é o aprendizado dos senhores edis. Trata-se do Indice Paulista de Responsabilidade Social-IPRS, que só foi citado “por alto” que estava sendo trazido, talvez até como justificativa da gastança de mais de R$ 5 mil com a tal viagem à Capital feita pelo vereadores. E tavez, também, por não interessar ao burgomestre de turno, já que não trata de seus “feitos” mas, sim, dos do Governo anterior.

O IPRS acompanha o paradigma que sustenta o Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, proposto pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD. Esse modelo pressupõe que a renda per capita é insuficiente como único indicador das condições de vida de uma população e propõe a inclusão de outras dimensões necessárias a sua mensuração. Assim, além da renda per capita, o IDH incorpora a longevidade e a escolaridade, adicionando as condições de saúde e de educação das populações e gerando um indicador mais abrangente de suas condições de vida.

Os indicadores do IPRS sintetizam a situação de cada município no que diz respeito a riqueza, escolaridade e longevidade – e, agora, inseridos também os dados sobre meio ambiente.

No caso deste IPRS divulgado aqui, o levantamento refere-se a 2008 (o estudo é feito a cada dois anos, tendo sido realizado o primeiro em 2000). Nele, pode se ver que a cidade viveu fases de crescimento em todos os aspectos analisados. Por exemplo, em longevidade, o nível aumentou 17% de 2000 para 2008, passando de 64 anos para 75 anos. Foi de 69 em 2002 e 2004, e de 70 anos em 2006. A cidade cresceu também, embora pouco nestes oito anos, em riqueza: 2%. O índice passou de 47 para 49, com movimento de queda neste meio-tempo: foi de 38 em 2002, 40 em 2004 e 44 em 2006.

No tocante à Educação, o índice foi crescente ao longo dos oito anos. O governo Carneiro recebeu de seu antecessor, José Rizzatti, em 2001, o setor com índice 48, e entregou para seu sucessor, Geninho, com índice 76. Crescimento percentual de 58%. E nos anos intermediários passou pelos índices 66, 64 e 74, em 2002, 2004 e 2006, respectivamente. Lembrando que os números de avaliação não são em percentuais (os percentuais colocados aqui foram apurados pelo blog) porque a contagem se faz de zero a 100. Quanto mais perto de 100, melhor a situação da cidade.

Quanto às ações ou programas promovidos pela prefeitura sobre a recomposição da vegetação nativa e manutenção de áreas verdes, o estudo aponta que sim, Olímpia teve ações neste âmbito no período de oito anos passados. São ações voltadas para a manutenção de áreas verdes ou recomposição da vegetação nativa (matas ciliares, manguezais, etc.), sem se considerar as ações e programas relacionados a arborização urbana.

Também foi positiva a avaliação sobre ações ou programas promovidos pela prefeitura sobre a recuperação de áreas degradadas. Olímpia também teve conceito positivo no tocante às ações ou programas promovidos pela prefeitura sobre a conservação da água e de mananciais, ação voltada para o incentivo do uso racional da água, proteção das nascentes ou despoluição e limpeza de córregos e rios. Mas, teve conceito negativo em ações ou programas promovidos pela prefeitura sobre o controle de poluição atmosférica (de veículos, de indústrias poluidoras, etc.), o que nem mesmo a atual administração possui.

Até.

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Blog do Orlando Costa: .