Não se trata de um fenômeno novo. Não nasceu agora este formato jornalístico por lá. Mas, é sempre a mesma história. A função de assessoria de imprensa da Câmara Municipal sempre acaba sendo “formatada” por quem está na Mesa Diretora, ou pela bancada situacionista, ou ainda, por quem indicou o profissional para ocupar a vaga. No caso presente, não sei quem indicou ou se foi por critério de escolha dentre nomes a nomeação da atual assessora da Casa, a jornalista Janaina Longhi.
Mas, fato a resssaltar é que ela também chega com a mesma visão jornalística dos demais assessores que a antecederam. Até lhe enviei recentemente e-mail fazendo questionamentos neste sentido, sobre se a assessoria era da Câmara, da Mesa ou da bancada situacionista. Porque já no seu primeiro release percebi certa distorção na divulgação de fatos acontecidos em plenário, os quais julgo necessários serem transmitidos para os veículos de comunicação da cidade, ou mesmo para quem acessa diretamente a página da Câmara, de forma isenta, abrangente e sem personalismos.
Mas, não foi o que vi no texto relatando a discussão e aprovação do projeto de emenda à Lei Orgânica do Município, que antecipa o 47º Festival do Folclore, para julho. Houve, em plenário, na noite de sua votação e aprovação, talvez um dos mais profícuos debates em torno de um tema, envolvendo situação e oposição, cada qual com seu argumento favorável ou contrário à mudança. Mas, para o site da Câmara, nada aconteceu ali que valesse a pena trazer ao conhecimento do cidadão.
Ao contrário, deu-se espaço para os argumentos do prefeito, que foi “aspado” no texto, reproduziu-se o que disse o lider do prefeito, vereador Salata (PP), mas ignorou-se, por completo, os posicionamentos de vereadores como Magalhães (PMDB) e Guegué (PRB), contrários. Neste caso não prevaleceu o bom senso de mostrar que a Casa de Leis debate, sim, o projetos. E não apenas diz “sim” ou “não”, como muitos cidadãos imaginam. Perdeu aí a oportunidade de inciar a formação da imagem de um Legislativo crítico, na medida do possível.
Ultimamente anda meio difícil me fazer entender aqui neste espaço. Mas, vou tentar colocar meu ponto de vista da maneira mais clara possível, para evitar mal entendidos. É que vejo uma assessoria jornalística de Câmara legislativa como um setor uno, a servir todos ali, afinal trata-se de um colegiado. Ninguém ali tem o direito de monopolizar a assessoria. A exemplo das outras que ali existem, o uso deve ser comum. Diferente de uma assessoria de imprensa de executivos, onde a figura central a ser destacada é a do prefeito. E o assessor fala bem ou mal de quem o prefeito quiser. Destaca mais esta que aquela secretaria, conforme as simpatias do alcaide.
Mas, no Legisltivo a coisa funciona de forma diferente. O objetivo da assessoria de imprensa é divulgar a Casa e seu trabalho. E da Casa fazem parte 10 vereadores. Das sessões, das decisões, das aprovações, dos debates, participam, sempre, 10 vereadores. As opiniões e posicionamentos da cada um podem ser conflitantes ou concordantes, mas todas elas têm que chegar ao cidadão, já que há um setor implantado exatamente com esta finalidade. Destacar um ou outro vereador, em detrimento de outros, por não serem do grupo situacionista, não é exercer de forma pró-público a função.
É claro que a jornalista pode não ter culpa nisso, afinal ela é subordinada aos ditames do presidente e outros vereadores mais influentes. A cobrança é feita mais diretamente, pois, ao presidente Ferezin (PMDB). Houve distorção, a meu ver, na publicação da semana passada, e há distorção na publicação desta semana. Entendam: não é uma crítica à profissional. Recebam como um reparo a uma situação que, como disse na abertura, não é nova, é histórica naquela casa.
Todo profissional que entra é sempre “do grupo da Mesa”, e se esse grupo não admite o contraditório, não vêem conveniência em tornar público aos leitores do site, por exemplo, o primoroso debate havido ali em torno da antecipação da data do Fefol.
Fosse o contrário, com certeza todos sairiam ganhando: a Câmara, por expor o pensamento dos seus membros, exalando um certo pluralismo; o site oficial, que se tornaria mais rico em informação e mais preciso, verdadeiro, nestas informações, e o público, na ponta, que tranquilamente poderia, a partir desta nova situação, formar sua opinião sobre a Casa Legislativa, ou quiçá mudá-la, caso já a tenha formado, com base naquilo que lhe for exposto do trabalho e das idéias dos edis. De todos os edis. Não só a Mesa. Não só os “ungidos”.
E mais: para divulgar suas opiniões, pensamentos e imagens, o Executivo já tem o próprio site oficial. Não precisa de outro, pago com recursos que é da própria Câmara.
Até.
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