Engraçado como aquelas mesmas pessoas que criticam a intransigência dos outros, a falta de democracia política dos outros sem querer, ou querendo, as pratica. É o caso do “professor” de jornalismo Antonio Arantes, que em sua coluna deste sábado – “Coluna do Arantes”, jornal Folha da Região – atacou de forma virulenta profissionais de rádio só porque estes questionaram as falas derramadas a bel-prazer pelo prefeito Geninho (DEM), nas páginas do seu semanário, sábado passado.

Ele não admitiu ser questionado. Ao contrário, postou-se de “mestre” na função do jornalismo, com a finalidade de desmerecer a contextualização que foi dada no programa “Cidade Aberta”, da Rádio Menina-AM, esta semana. Para ele, mera “conversa fiada”, puro “achismo”. Pede que antes de se fazer questionamentos sobre a atual administração, que os profissionais de rádio “informem-se sobre o que já existe sobre o assunto para, aí sim, esboçar uma opinião e não mero ‘achismo'”.

Confessando que sua edição passada “praticamente foi sustentada pela entrevista do prefeito”, razão da estranheza do “âncora” do programa – no caso específico, eu -, ele começa dizendo que o caso envolvendo o possível corte de árvores na Praça da Matriz “tinha passado batido” por nós, quando na verdade apenas esperávamos as coisas se definirem, com as atitudes do artista plástico Willian Zanolli, para depois entrarmos no assunto. Ademais, esta “jogada” manchete principal-represdentação no MP já conhecemos de antemão. Ele devia se lembrar disso. Está a sinalizar que é “material” exclusivo.

Arantes classifica a função jornalística em três formatos: informativa, interpretativa e opinativa, esta última, segundo sua ótica é a que praticamos “às avessas”, porque, segundo ele, antes é preciso “esmiuçar os fatos”, “buscar informações sobre o assunto para depois comentar”. O que ele prega, na verdade, é a não-crítica, a não-interpretação dos fatos. Porque, ao constar que exercemos o jornalismo opinativo – uma das três premissas apregoadas-, ele não se conforma e passa a detratar o feito.

E, mais uma vez, usa daquele viés, aí sim carente de embasamento, de que tudo o que se fala e faz naquela emissora é dirigido, ordenado por alguém “superior”, o que ele chama, de forma ofensiva aos profissionais, de “senhores do engenho”. E aí vai ao cerne da questão (dele): a defesa intransigente do prefeito pelo qual inexplicavelmente (?), caiu de amores de forma repentina. E chancela outra vez que Geninho “é o melhor prefeito que Olímpia já teve”, o que, mais um pouco, se tornará um mantra.

Indo mais fundo – onde já se viu falar uma coisa dessa! – manifesta sua irritação porque nós enfatizamos no programa, que o prefeito está mal com a população. Diz que colocamos pessoas no ar para tentar desqualificar e fantasiar – reparem: fantasiar! – uma situação que realmente não existe! Ele argumenta que para afirmarmos tal coisa, teríamos que, antes, nos basearmos em pesquisa científica criteriosa, “não naquelas que dão resultado que o comprador deseja, para dizer que El Gênio esteja mal com a população”. Impressionante.

Aí, quem fantasia é ele, ao afirmar que “partidários” do prefeito (incoerência, partidário não é “povo”) estava “cortando” a bola que levantávamos, e começamos a “selecionar os ouvintes” que colocávamos no ar”. De onde ele tirou esta conclusão não sabemos, porque naquela ocasião falou quem quis e o que quis. Aliás, se ele suspeitava de alguma “maquinação” telefônica, poderia ele próprio ter ligado e emitido sua opinião. Porque o mal do colega Arantes é esse mesmo. A omissão pública.

Ele só se manifesta por tortas linhas em seu semanário. Não participa, não discute coisas banais, tipo a visão que o povo tem deste governo, com  as figuras mundanas do dia-dia- da cidade. Cerca-se de três ou quatro “formadores de opinião” mais “formadores” que os demais, e ali também “vomita teses e conceitos” – pior -, para agradar a si mesmo. Mas, não contente, enerva-se, acha burro e sem noção quem não concorda com seu pensamento, seu ponto de vista.

E mais: diz que quem não acha o prefeito Geninho “o melhor que Olímpia já teve” é porque é ignorante. Não fez comparação histórica -história esta, claro, escrita pelo seu jornal-, não conhece de postura política – dele ou dos poderosos de turno?-, etc. E diz mais: que agimos “com ódio”. O mais pungente ainda, vem a seguir, quando ele cobra de outros o que poderia ter feito naquela mesma edição da entrevista, o que, aliás, foi cobrado por mim no programa criticado por ele.

Diz que o prefeito soltou “duas pérolas”, “sem perceber”, claro, que “compromete um mandatário que almeja trilhar um camiho longo na política e que é presidente da entidade ambiental que cuida da Bacia dos rios Turvo e Grande”. Uma dizia respeito ao não cumprimento da jornada de trabalho pelos médicos, o que seria uma “confissão de ilegalidade”, sujeita a um inquérito de investigação, “se existisse algum fiscal da lei na cidade”. Por definição de ofício, não poderia ser ele este fiscal da lei, já que é advogado e jornalista?

Além disso, se é tão grave assim a autoconfissão do prefeito, por que então a manchete do seu jornal não foi nesta linha, ao invés de destacar uma mera pretensão de Geninho, que é a extensão da Aurora Forti Neves para os confins, margeando o Thermas dos Laranjais? Sendo assim, concordo com ele quando diz que “o que parece estar faltando nesta cidade realmente é jornalismo”. Porque devia estar se olhando no espelho e, espero, se autorecriminando por perder um tema de tamanha dimensão, mais “real”, e de interesse do “povo de verdade”, em lugar de uma mera promessa.

A outra, de menor “peso”, tratou das árvores da Praça Rui Barbosa, no tópico em que o prefeito disse que ia arancar dali somente “as àrvores que não têm significado nenhum”. Seguem críticas pelas colocações e cobrança pela figueira cinquentenária do Campo de Aviação, cortada sem dó nem piedade. Se tamanha indignação causou ao ilustre “mestre”, então ele perdeu uma segunda oportunidade de “manchetar” tema tão caro ao “povo de verdade”.

Ao invés disso, preferiu dar como submanchete as “adivinhações” de um vidente que nada mais fez, ano passado, que causar tremendo constrangimento e celeuma junto à Administração Pública e “povo de verdade”, quando “previu” um acidente com o prefeito. Fora isso, para nada mais serviu seu “trabalho”. Assim, Arantes nunca disse algo tão acertado: “O que parece estar faltando nesta cidade realmente é jornalismo”.

Até.