Não são poucos os olimpienses que tem se manifestado indignado com a proposta do prefeito Geninho (DEM) de antecipar o 47º Festival do Folclore para a última semana de julho. Pessoas integrantes de grupos de voluntários que trabalharam por vários anos na organização da festa, em passado recente ou mais distante, manifestam-se incrédulos com tal invencionice, uma heresia histórico-cultural contra um verdadeiro patrimônio público, que se tornou o Fefol.

Outros segmentos sociais também não deixaram de expressar sua estranheza, dada a importância até científica da realização do evento no mês de agosto, o mais apropriado para tanto, conforme se faz não só no Brasil, mas até internacionalmente. Agosto é o mês do Folclore, para nós, assim como o Halloween, mal comparando, tem o último dia do mês de outubro e o primeiro dia do mês de novembro, como período oficial imutável.

Trata-se, este também, de um evento tradicional e cultural, folclórico na acepção de seu surgimento entre os povos dos países anglo-saxônicos, com especial relevância nos Estados Unidos, Canadá, Irlanda e Reino Unido, tendo como base e origem as celebrações dos antigos povos, nas versões pagã e católica. Portanto, trata-se de um símbolo fortíssimo nestas comunidades, com ressonância até no Brasil – vide as escolas de inglês que neste mesmo período fazem por aqui as brincadeiras ou festas Haloween. Quer dizer, mais importante é cumprir calendário “gringo”, com evento nada afeito à cultura brasileira?

Não obstante a opinião pública, este difuso e não-identificável segmento social se mostrar perplexo, agora há pouco me deparo com um comentário do “blogueiro oficial de plantão” Leonardo Concon, vazado nos seguintes termos: “E quem disse que não vai passar pela Câmara??? Tanta confusão por causa de alguns dias de diferença.. até parece que todo mundo aqui é tão cultooooooooooo….” Não deveria nem dar atenção a tamanha sanha ‘baba-ovos’, mas a desfaçatez do colega chega a ser assustadora.

Compreendo que ele não “mora” aqui, não nasceu aqui, não conhece a fundo – e pelo visto não respeita – os valores mais caros àqueles que aqui nasceram e por sorte e felicidade puderam desfrutar do convívio do mestre Sant´anna, bem como àqueles que, mesmo distante dele, viam no seu trabalho algo a ser profundamente respeitado, pelo que representa em termos histórico, cultural e científico.

Não se pode simplesmente se ‘achegar’ a uma urbe, mormente vindo no último vagão da decência, e simplesmente “cuspir” numa tradição, em algo que, de tão profuso, estava fadado a não morrer. Estava, porque agora até esta dúvida nos assalta.

Quanto à assertiva de que vai, sim, passar pela Câmara, vimos nela uma transferência, então, de responsabilidade para a Casa de Leis. Isto porque o Fefol é amparado pela Lei Orgânica do Município, tendo como mês de realização, agosto. Não custa repetir o trecho da LOM que trata do assunto, para quem sabe as “forças obscuras” que regem os destinos desta cidade, e seus discípulos, possam fixar bem:

Art. 220 – O Município promoverá, no mês de agosto de cada ano, o Festival do Folclore, que versará sobre expressões artísticas e culturais populares de todo o território nacional, observadas, ainda, as seguintes disposições:
I – o evento deverá ser amplamente divulgado em todo território nacional;
II – as escolas serão estimuladas a participar do Festival e a desenvolver, durante o mês, ações e estudos objetivando a divulgação dos costumes e das tradições locais, estaduais e nacionais.
(Por este segundo ítem, a falácia de que a festa atrapalha os estudos da criançada cai por terra, até por força de lei)

À Câmara, pois, cabe refletir sobre isso de maneira profunda. Porque não se mexe impunemente com o que é “sagrado” no âmago de um povo.

Ainda hoje conversava com pessoas que por muitos anos lidou com os festivais do Folclore, que me esclareceram quanto ao segundo argumento estapafúrdio do prefeito e seu séquito, o de que as crianças dos integrantes de grupos poderão vir com os pais à festa em Olímpia. E me esclareceu, esta pessoa, com a seguinte pergunta: “E quem vai pagar a ‘carga’ extra de pessoas?” Outra figura ligada também à logística da festa em outros tempos, completou: “E a alimentação de toda essa gente, com seus filhos, como ficará?” E um terceiro: “Já que o problema alegado é escola, é aulas, então por que não se conclui a construção dos alojamentos? Assim acomodariam-se todas as situações que estariam preocupando o prefeito!”

Em comum os três entendem que mudar a data e o mês do Fefol implicaria também na ‘implosão” de toda uma logística de décadas. Tudo precisaria ser refeito, como se começasse do zero. E levando em consideração que temos na cidade uma administração do faz-um-pouco-e-o-resto-se-vê-depois, temem estes olimpienses que a partir dali estaria decretada a derrocada final da festa. Mas, antes disso, dizem acreditar que há de aportar por aqui a arca de salvação.

DESAPEGO AO DINHEIRO ALHEIO
O melhor exemplo disso está expressado no extrato de contrato publicado na edição deste sábado, 4, da Imprensa Oficial do Município-IOM, à página 22. O Daemo vai pagar à empresa Júlio Leandro Geromini-ME, nada menos que R$ 242.268 para “execução de serviços de fechamento de valas em ruas e calçadas”, por um ano. Ou seja, o Daemo vai pagar alguém para tapar os buracos que ele próprio faz quando precisa mexer nas redes de água ou esgoto, nas frentes das casas. Como diria o Dioguim, caboclo muito simples, mas de uma sabedoria ímpar: “Ô buraquim caro, hein, sô!”

Até.