A imprensa local neste final de semana e em outros passados, deu conta de que o município firmou contrato para obras com uma empresa chamada Novamar Ambiental e Construtora Ltda., de São José do Rio Preto. Até onde este blog pôde apurar, os contratos assumidos pela empresa junto à prefeitura de Olímpia somam, exatamente, R$ 885.244,70. Digo até onde se pôde apurar porque é possível que tal empresa tenha firmado outros contratos, nesta getão Geninho Zuliani (DEM).

Muito bem, até aí não teria nada de mais, se a empresa em questão não fosse de propriedade de Marcelo Martins de Alencar, que consta residir em São José do Rio Preto, sócio administrador que assina pela empresa, e de Zilda Aparecida de Souza, residente em Olímpia (no mesmo endereço e na mesma casa dos familiares de Marcelo), também sócia administradora assinando pela empresa. A Novamar tem como endereço a Rua Santa Maria, 474, Vila Santo Antonio, Sala 05, naquela cidade.

Para quem ainda não ligou o nome aos fatos, Marcelo Alencar vem a ser filho do ex-vereador e ex-presidente da Câmara, Joel de Alencar, que em Olímpia mantinha a Janca Materiais para Construção, empresa da família, e que vem a ser irmão do assessor de Gabinete do prefeito, Jayr de Alencar*. Marcelo, portanto, é o sobrinho afortunado do assessor.

A Novamar já foi Navaclean Ambiental Ltda -EPP, constituída em 25 de maio de 2006, mas iniciou atividade no dia 8 daquele mês e ano, com capital de R$ 60 mil. Sua sede inicial foi a cidade de Paulínia (Rua Osmar José Perissinoto, 55).

Sua atividade? “Coleta de resíduos não-perigosos, atividades paisagísticas, demolição de edifícios e outras estruturas, transporte rodoviária coletivo de passageiros, sob regime de fretamento, intermunicipal, interestadual e internacional”. Os sócios eram Edmilson Ferreira da Silva e Regina Célia de Oliveira da Silva, ambos residentes no mesmo endereço da empresa, ele com R$ 54 mil em cotas, ela com R$ 6 mil em cotas da empresa.

No dia 24 de junho de 2008, a razão social foi alterada para Novamar Ambiental e Construtora Ltda, e sua finalidade mudada para “construção de edifícios, atividades paisagísticas, obras em terraplenagem, atividades de limpeza”. A sede mudou-se, então, para a Rua Luiz Pinto de Moraes, 182, sala 2, Vila Diniz, Rio Preto. Na ocasião, ficou na sociedade Edmilson e saiu Regina Célia, entrando em seu lugar Marcelo Alencar. O primeiro com R$ 54 mil de capital, e o sobrinho afortunado, com R$ 6 mil.

Em 10 de setembro de 2009, Edmilson da Silva retirou-se por inteiro da sociedade, e foi feita então uma redistribuição de cotas entre Marcelo Alencar e Zilda de Souza, ele ficando com R$ 51 mil, ela com R$ 9 mil. Mas, já no dia 4 de dezembro de 2009, o capital social da empresa foi alterado para R$ 160 mil, ficando Alencar com R$ 136 mil, e Zilda, com R$ 24 mil. A finalidade também foi mudada para “construção de edifícios, atividades paisagísticas, obras de terraplenagem, coleta de resíduos não-perigosos, atividades de limpeza”. E a sede foi mudada para a Vila Santo Antônio.

E a parir daí, chegou a Olímpia. E chegou “chegando”, como se diz. Os contratos de mais de R$ 885.244 foram assinados para as seguintes obras:

(Tomada de Preços 05/2010) Construção de Unidade de Assistência Social, para o projeto ‘Quero Vida’, valor total de R$ 249.554,74; (Tomada de Preços 07/2010) Construção de rotatória no cruzamento da Mário Vieira Marcondes com Cardeal Arcoverde, início da Governador Adhemar Pereira de Barros, além da reurbanização de toda extensão da Avenida Mário Vieira Marcondes, por R$ 100.109,59. Ou seja, valor R$ 254,65 abaixo do orçamento, que era de R$ 100.364,24; (Tomada de Preços nº 10/2010) Execução da segunda e terceira etapas da reforma da Praça Rui Barbosa, pelo valor total de R$ 535.325,72.
Ou seja, tudo somado, o afortunado sobrinho do clã Alencar irá engordar os cofres da empresa em R$ 885.244,70 nos próximos meses. Repito: deve haver outros contratos anteriores que o blog não conseguiu localizar.
* Jayr de Alencar vem de ter sua demissão pedida pelo funcionário público estadual e bacharel em Direito, ex-vereador Hélio de Sousa Pereira, baseado em trecho da Constituição Brasileira que proibe a contratação, em cargos públicos, de pessoas com mais de 70 anos de idade. Ele se baseou em um fato ocorrido em Rio Preto recentemente. Alencar estaria, hoje, com 76 anos. Há controvérsias, no entanto, conforme já se encarregou de propagar o site de notícias, digamos, próximo do Poder, do colega Leonardo Concon.
Até.