Amigos do blog, a esta altura dos acontecimentos, muitos de vocês já devem estar sabendo do resultado da reunião havida ontem à tarde na Secretaria Municipal de Saúde, para mais uma tentativa de entendimento na questão da paralisação dos 33 profissionais médicos que prestam plantão à distância à Santa Casa de Misericórdia de Olímpia. Se sabem, então só vão tomar conhecimento de alguns detalhes internos do encontro. Se não sabem, informo: resultou em nada a conversa mantida entre o prefeito Geninho (DEM), a provedora Helena Pereira, a secretária de Saúde, Silvia Storti, o advogado Gilson Delgado e o promotor Gilberto Ramos de Oliveira Júnior. Aliás, dizer que não deu em nada é pouco. Melhor classificar o resultado da reunião de fracasso total. Porque foi dado um passo atrás naquilo tudo que havia sido conversado da vez anterior. Primeiro, os médicos não querem baixar os valores a que têm direito – um terço do que ganha o plantonista presencial do hospital. Muito menos querem deixar por R$ 36 mil e uns quebrados, a mensalidade total, como foi proposto por um dos profissionais presente ao encontro do dia 29 (e abaixo eu contarei porque os médicos praticamente rechaçaram o próprio colega). Depois foi o representante da Unimed que não apareceu para firmar a proposta feita, de arredondar para R$ 10 mil por mês o repasse ao hospital. Por último, e mais grave, foi a confirmação feita pelo próprio prefeito de que sim, os R$ 15 mil comprometidos por ele para ajudar no pagamento, seriam tirados dos R$ 65 mil que este ano repassaria à Santa Casa. E, pior, estes R$ 15 mil não seriam repassados mês a mês, o que seria o razoável. O prefeito explicou que o passaria anualmente, quando a conta do hospital fecha “e sempre precisa de dinheiro”. Desnecessário dizer que a provedora Helena Pereira quase perdeu a compostura, né? Porque se ela já achava absurda a proposta de tirar-e-por R$ 15 mil a cada mês, imaginem então tirar os R$ 15 mil e juntar tudo até o final do ano. Assim, não havendo acordo, o promotor Oliveira Júnior deu por encerrado o encontro, marcando outro para segunda-feira, 8, às 17h30, na Casa do Advogado (sede da OAB).
MEMORIOL
O bizarro a ser registrado deste encontro foi a tentativa do prefeito Geninho (DEM) de desmemoriar o passado recente. Cobrado pela provedora quanto às promessas feitas por reiteradas vezes, de que ia ser “amigo da Santa Casa”, e até quintuplicar o valor do repasse mensal ao hospital, disse que não se lembrava de ter dito isso a ela ou a quem quer que fosse. Um acinte, porque daquele encontro, a única pessoa que seguramente pode não ter ouvido o então candidato Geninho dizer isso seria o promotor, porque não mora aqui, porque não foi promotor eleitoral, porque não acompanhou a movimentação política havida. Os demais, todos, com certeza, têm ciência de que isso foi dito, que a promessa foi feita. Em alto e bom som, em manchete de jornal e nas sabatinas feitas frente à estudantada. O prefeito poderia ter usado mil e um argumentos para não honrar com sua palavra. Menos imaginar que ali estava um bando de néscios desmemoriados. Isso é, para dizer o mínimo, deslealdade, gesto de desrespeito vindo de quem deveria ser exemplo de retidão.
O MÉDICO
Sobre o quase rechaçamento do médico que intermediou o encontro da vez passada, e que ficou de propor a redução do valor do plantão para R$ 36 mil – o valor real estimado, segundo a provedora, beira os R$ 95 mil – ocorreu porque o referido profissional teria uma “diferença” em relação aos demais, ou seja, suspeita-se que ele seja “mais igual” que os iguais perante o poder. Porque para a mesma carga horária diária, em local de atendimento público receberia três vezes mais – algo em torno de R$ 4 mil, – que os colegas. A secretária foi questionada sobre isso no encontro, mas não explicou porque paga mais – e muito mais – especificamente para um só profissional. Por isso os médicos, consultados por ele, responderam não. “Para ele é fácil, poque já tem um ‘reforço’ no final do mês”, comentou uma fonte após o encontro.
IDÉIA BOA
No encontro de ontem surgiu também uma proposta interessante feita pela Mesa da Câmara Municipal ao promotor Oliveira Júnior, antes da reunião. A Casa se comprometeria a economizar, todos os meses, o valor correspondente ao que restava para completar o montante, ou seja, R$ 50 mil, R$ 60 mil, com o compromisso do prefeito de repassá-lo de imediato o hospital. O exemplo foi tirado de uma cidade da região que faz isso há muito tempo, e com sucesso. Mas, o promotor disse que não haveria meio se o Executivo não quisesse. E, ato contínuo, o prefeito descartou a hipótese, dizem até de forma deselegante para com os ilustres vereadores. Ele teria politizado o tema, dizendo que ninguém iria “fazer média” com o dinheiro que é do Executivo e não da Câmara…. Assim, aguarda-se o novo e talvez definitivo round desta ‘luta do ano’ para segunda-feira. Querem apostar que é o povo que irá a nocaute?
* Provérbio protuguês-brasileiro, na íntegra “Em casa onde falta o pão, todos brigam, ninguém tem razão”, cujo teor explicita um momento em que todo mundo quer ver resolvido o seu problema, a “fome”, e cada qual só enxerga unicamente a sua própria necessidade.
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