Amigos do blog, estive estes primeiros dias do ano em absoluto ‘pane’ técnico e por isso o blog estava fora do ar. Muita gente ficou preocupada, ligou, perguntou nas ruas, fez insinuações e coisas e tais. Mas, resolvido o problema, cá estamos de volta, ao convívio de todos que acompanham o que aqui é postado. E isso nos envaidece muito, pois sabemos que aqueles que nos acessam (e foram quase 3,1 mil leitores em dezembro – estatística real, não “bombada”) o fazem na busca da informação descomprometida e descompromissada. A tal ponto que alguns questionamentos feitos foram no sentido de saberem se eu havia “mudado de lado”. Isto porque no meu último post, na véspera do Ano Novo, critiquei matéria da ‘Folha da Região’ sobre as previsões de um tal ‘vidente’ que previu um acidente “grave” para este ano, com o prefeito Geninho Zuliani (DEM). Fiz as condiderações levando em conta o peso da manchete e título interno do jornal nos âmbitos pessoal e familiar do alcaide. Pois, no meu entender, a abordagem do assunto extrapolou o âmbito político, da figura pública do prefeito Geninho, e invadiu o âmbito pessoal, do cidadão Eugênio. Só isso. Tratei, portanto, primeiro do formato editorial do texto em questão e, segundo, das implicações prováveis decorrentes dele que, como profissional de imprensa há 30 anos completados ano passado, me julgo autorizado a fazê-lo. Foi o que bastou para as ilações ganharem corpo. Mas, garanto aos amigos que tudo continua como dantes, com este escriba e neste espaço de linhas errantes.
A CÂMARA E AS CONTAS
Não é segredo para ninguém que a mexida que o prefeito Geninho vai fazer na Câmara Municipal tem tudo a ver com as contas de 2007 do ex-prefeito Carneiro. Como todos já sabem, estas contas já estão na Casa de Leis para votação com parecer contrário à sua aprovação emitido pelo Tribunal de Contas do Estado-TCE. Já falei aqui do que ‘batizei’ de “temor eleitoral” do prefeito Geninho frente a Carneiro, fui contestado, mas, continuando sem entender as razões, reitero este meu pensamento. Mas, daí a imaginar que o ‘monstro’ fosse crescer a este ponto, nunca, jamais. Mudar a composição legislativa por causa de simples contas com parecer desfavorável do TCE é ir muito além do que se podia um dia esperar de um Chefe de Executivo. E não adianta a ‘brigada’ se arrepiar, porque vai ter dificuldades para explicar que outra, ou outras razões existiriam. Não há dificuldades maiores do prefeito em aprovar seus projetos na Câmara. Quem disser isso, mente. Deslavadamente.
CONSENSO
E provam os números o que dissemos acima: dos 67 projetos do Executivo encaminhados à Câmara, 55 foram aprovados. E daqueles que não foram aprovados, ou ainda tramitam, ou foram retirados pelo próprio Executivo. O único projeto oriundo do Palácio 9 de Julho rejeitado na Câmara foi aquele que concedia desconto de 50% na alíquota do ISSQN para o Thermas e, ainda assim, por culpa do vereador Primo Gerolim (DEM), da bancada situacionista, que chegou atrasado à extraordinária do dia 28 de dezembro. Há discussões e questionamentos, por parte da bancada oposicionista, o que lhe é de direito e dever. Dever, aliás, extensivo à Casa como um todo. Portanto, este argumento, se usado pela ‘brigada’, saibam os amigos que é totalmente ‘furado’. Então, por exclusão paramos onde? Nas contas de Carneiro.
EXPLICANDO
A questão é a seguinte: na configuração atual da Câmara Municipal de Olímpía, pode se considerar como bancada oficial do prefeito, aquela composta pelos vereadores Lelé, Primo Gerolim e Salata. Já a bancada oficial da oposição é formada por João Magalhães, Toto Ferezin, Zé Elias, Guegué e Bertoco – estes com ligações teoricamente mais estreitas com o ex-prefeito Carneiro, já que foram eleitos pela coligação de apoio ao seu candidato, Dr. Pituca. E oposição ‘outsider’ na Câmara seriam os vereadores Hilário Ruiz, presidente do Legislativo, e Guto Zanete, ambos eleitos pela coligação formada por PSB e PT em torno da candidatura de Walter Gonzales. Por um critério próprio de verear, logo de saída Bertoco já havia aderido à bancada do Executivo, votando com ela as proposituras mais polêmicas. Passado mais um pouco de tempo, o prefeito fez uma primeira e estratégica mexida nas coisas ali, passando a contar como os votos de Toto Ferezin e Zé Elias, naqueles mesmos projetos polêmicos. Portanto, uma bancada de seis votos, confere? Confere.
A PERGUNTA É:
Será esta a bancada com a qual Geninho irá contar para a rejeição das contas de Carneiro? Resposta indecisa do blog: dificilmente/provavelmente.
AS OUTRAS
Com a formação da bancada, digamos, sazonal, restaram na oposição os outros quatro vereadores. Destes, dois votos estão garantidíssimos pela rejeição do parecer do TCE – Magallhães e Guegué. Outros três votos seriam o que chamarei aqui de votos de “consciência político-partidária”, dadas as estreitas ligações de Bertoco, Zé Elias e Toto Ferezin com o ex-prefeito, ao longo dos últimos oito anos. Hilário e Guto, de resto, são verdadeiras incógnitas. Cada um tem seu motivo pessoal e político para ainda não ter opinião formada sobre a questão. Mas, ainda que os três eleitos pela coligação carneirista honrem seus passados políticos e votem pela rejeição do parecer, o ex-prefeito estará “no sal”, como se diz. Eles juntos formarão cinco votos. Vão faltar dois. Guto e Hilário, portanto, seriam o fiel da balança, nestas condições. E só um trabalho de convencimento muito bem executado poderia garantir seus votos. E, se assim o fosse, bingo! Parecer rejeitado, contas aprovadas, nada de inelegibilidade.
NÃO TÃO FÁCIL
Mas, como a configuração acima não é nada impossível de vingar, haja vista que o problema apontado pelo TCE é o não-pagamento de precatórios em 2007, pode até ser que Guto e Hilário relevem, afinal, não há crime configurado, apenas um erro técnico-administrativo do alcaide, apontado pelo órgão. Assim, seria para se garantir que Geninho correu a mover as peças no seu tabuleiro de xadrez. Tirando da Câmara um dos prováveis votos certos, ou no mínimo duvidoso, a “casa cai” de vez para o ex-prefeito, independentemente das decisões das outras bancadas. Ele se garante por antecipação, embora o vereador entrante, Marco Coca, também tenha sido eleito pela coligação carneirista. Mas, Coca, como todos sabem, não alimentava nenhuma afinidade com o ex-prefeito, juntou seu partido, o PPS, ao grupo dele, por questões, digamos, estratégicas. E tem demonstrado, nos últimos tempos, muita proximidade e afinação com o atual prefeito. Portanto, será tranquilamente um voto a mais pela não-rejeição do parecer. Desta forma Carneiro teria os seis votos restantes, mas careceria de um a mais para se livrar da ‘guilhotina’. Isso, ainda, se esse quadro acima se confirmar no tocante às bancadas originalmente eleitas pela oposição. Se, não, o ‘tombo’ pode ser ainda maior.
OS ALEMÃES
Como naquela célebre frase de um craque do futebol que não me lembro quem (Garrincha? Dadá Maravilha?) sobre a estratégia de jogo da Seleção Brasileira contra a da Alemanha, quando, após as explanações do técnico o tal craque lembrou: “Agora só falta combinar com os alemães”, a situação que se apresenta em relação a Toto Ferezin é parecida: “Agora só falta o prefeito combinar isso tudo com ele”, diria um observador. Pelo menos é o que nos faz deduzir as informações obtidas junto a um seu assessor e até mesmo a seu paí, ex-vereador Jesus Ferezin. O pai disse-nos que não estava sabendo de nada, oficialmente, e que iria consultar o filho sobre o assunto, assim que fosse possível. O assessor, por sua vez, disse-nos que Toto ainda hoje estava em viagem, e incomunicável – como convém a um político em férias. E que somente com a sua volta a Olímpia seria possível apurar alguma coisa. Também ele não sabia de nada, oficialmente, mas estava ouvindo as conversas sobre o assunto. Outras fontes, algumas bastante confiáveis, diziam que o vereador já estava “p…da vida” com esta estória, que rola faz dias, começou ainda antes de sua viagem de férias. Disseram até que ele não aceitaria deixar o Legislativo. Afinal, os mais de dois mil votos que teve vão calar fundo na alma do edil.
DEJAVÚ
Mas, Olímpia já viveu dias passados situação parecida. Pirmeiro o prefeito arma sua estratégia, seu jogo, mexe as pedras no tabuleiro e só depois, muito depois, é que vai comunicar à parte interessada que ela está profundamente nos seus planos políticos. Que é a pedra filosofal deles. Irritada, a pessoa faz jogo duro, diz que não quer, que não pode, que não é assim, e depois acaba aceitando, “para a manutenção da ordem administrativa”. Não se sabe se com Toto será desta forma. Ele tem duas opções: aceitar ou não aceitar. No segundo caso, destruiria, incontinenti, toda a arquitetura política engendrada pelo alcaide. Que agindo hoje, movendo as peças do tabuleiro a seu bel-prazer, e tendo obtido o resultado buscado, garante a si mesmo um futuro político sem atropelos.
E A MESA?
Indo Marco Coca para a Câmara, deverá ele ocupar o cargo de vice-presidente da Mesa Diretora, que hoje é de Toto? O Regimento Interno da Casa não trata disso. É omisso. Fala somente em nova eleição para a Mesa toda ou cargos dela, em casos de destituição por cassação, morte ou renúncia de vereador. Nestes casos, faz-se nova eleição. Mas, no caso específico, em que um vereador pede licença do cargo para exercer função no Executivo, não há nada previsto no RI. Pela interpretação do documento, no entanto, a realização de nova eleição para a vice-presidência parece a solução mais plausível juridicamente.
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