Amigos do blog, hoje não foi a primeira e com certeza não será a última vez que ouço comentários de que tal assessor, tal secretário, tal isso, tal aquilo do prefeito Geninho Zuliani (DEM) andam fazendo uso do já desgastado adjetivo ‘canteiro de obras’ para enaltecer os feitos do prefeito a quem servem.
Talvez incensados pelo próprio alcaide, grande entusiasta da ideologia de que, fazendo várias coisas ao mesmo tempo, passará a impressão à opinião pública, de administrador dinâmico e realizador, saem por aí seus asseclas cantando em verso e prosa o tal ‘canteiro’.
Mas, andar às correrias com o andor, pode derrubar o santo. E o ‘canteiro’ pode acabar se transformando, na verdade, em ‘canteiro de obradas’. Por isso, todo cuidado é pouco. Até mesmo porque está longe a cidade de estar sob os eflúvios de um ‘canteiro’ seja lá do que for.
Aliás, é preciso atentarmo-nos bem quanto à conceituação de ‘obras’ que o atual Governo vem fazendo uso. Muitos dos trabalhos já executados ou em andamento, não podem ser classificados como ‘obras’. A maioria trata-se de readequação, remodelação e/ou reforma.
A obra, reza o ‘Michaelis’, é substantivo feminino que indica a coisa feita ou produzida por um agente (público). Como, claro, também é resultado de uma ação ou trabalho, um feito. A reparação em um edifício pode ser considerada uma obra.
Como também é considerada obra o ardil, a artimanha, a tramóia e a trapaça. E, remetendo o amigo ao que sugeri acima, pode também ser clasificada como ‘obra’ a evacuação por efeito de purgante, e o excremento dela resultante.
Temos também a obra de carregação, significando coisa feita à pressa, coisa mal-acabada, imperfeita. Ou a obra de empreitada, aquela que, além de pouco perfeita, é concluída em pouco tempo e sem esmero. Temos a obra de Santa Engrácia, significando coisa que leva muito tempo a ser feita, que parece não ter fim.
E, finalmente, temos a obra pública que, diretamente, quer dizer aquela que a administração pública executa ou fez executar por empreitada ou concessão feita a alguém, seja pessoa física ou jurídica, indivíduo, empresa ou companhia.
E, diante disso tudo, conclui-se que o prefeito, malgrado sua intensa propaganda diária, ainda está a dever a nosotros a chamada obra de pulso, que quer dizer, a mais importante. Desnecessário dizer, mas até agora, mais eficaz mesmo tem sido o pau para toda obra: servir para tudo, aplicar-se a muitas e diferentes coisas.
Porém, de prático, nada resulta, infelizmente. É bem verdade que, fazendo uma ‘rasante’ panorâmica pela cidade, o amigo vai notar intenso movimento de máquinas, veículos menores e muitas pessoas. Com certeza, muitos chegam a imaginar estarmos vivendo um momento revolucionário.
Mas, esta impressão não resiste ao mais desatento esquadrinhamento do que tem sido feito com toda esta movimentação. Começam a cair os argumentos já nos primeiros metros de quarteirão recapeado em qualquer parte da cidade. Os buracos estão de volta.
Até agora, o Governo Municipal já gastou algo superior a R$ 1,3 milhão com estes serviços. Mais de 250 quarteirões receberam a massa asfáltica. Mas, elas não resistiram, em muitos lugares, às primeiras chuvas do ano. O amigo não precisa acreditar em mim. Pegue seu carro – ou vá a pé mesmo, para não sofrer maiores prejuízos, confirmar ‘in loco’. Há um buraco sempre perto de sua casa.
Leiam o que disse o prefeito no início do ano:
“Em menos de 120 dias de novo governo, estamos cumprindo o prometido em palanque e de casa em casa durante a campanha eleitoral, ou seja, dando à nossa cidade um novo aspecto urbano, recuperando o estado caótico em que se encontravam essas ruas e avenidas indicadas nos convênios firmados com a prefeitura, e mais do que isso, com as obras o ‘Corredor Turístico’ passa a ser uma realidade (…) já que as quatro avenidas totalmente recuperadas oferecerão segurança, agilidade e conforto para olimpienses e turistas (…)”.
Convido os amigos a visitarem os ‘corredores turísticos’.
Já a ‘obras’ anunciadas, ou foram iniciadas ou a verba já estava reservada desde o Governo passado. O amigo pode citar qualquer uma, e encontrará resposta nos arquivos de qualquer jornal local. Outras, de maior vulto, ainda estão apenas no anúncio.
Portanto, não estão no ‘canteiro’. Estão no papel, na prancheta, ou correndo pelos Gabinetes burocráticos do Estado ou da União. O amigo vai dizer: ‘”Tudo bem, pelo menos está lá, está pedido”. Com o que eu vou concordar por inteiro. O problema é considerar o pedido como resultado concreto, o que não é.
Outros, da turma da ‘mamadeira’, poderão dizer: “Pelo menos este prefeito está indo atrás. O prefeito que passou não fez nada em oito anos”. Com o que vou concordar em parte.
Este prefeito está sim, indo atrás, e isso é bastante positivo. Mas, ele deve sempre ser grato ao prefeito anterior – mesmo com sua sempre lembrada, digamos, inépcia – por ter dado impulso a seu início de Governo.
Porque, sem querer fazer a defesa de ninguém, já que nem afinidades tive ou tenho com o ex-prefeito, não fossem os ‘restos a fazer’ de Carneiro, o prefeito Geninho estaria, seguramente, em maus lençóis.
Porque a ele seriam creditados, até agora, festas de ‘arromba’ cheias de suspeições, recapeamento cuja qualidade é discutível, no mínimo, regiões críticas aguardando qualquer qualidade de asfalto, obras que recebeu como ‘herança’ e não consegue concluir e muitos, muitos e estrondosos reajustes de tarifas.
Por isso que, mais do que nunca, pelo menos por enquanto, ao Governo Geninho resta a propaganda. Não importando quanto ela custará. Ele precisa muito dela. É a sua alma. A alma do seu ‘negócio’.