Amigos do blog, já alguns dias venho acompanhando o ‘imbróglio’ criado em torno de uma atitude do chamado ‘Palhacinho Pimpão’, vereador em Catanduva, que conheci meses atrás na Câmara de Olímpia e até entrevistei em meu programa de rádio.
Uma figura simplória, de idéias corriqueiras, mas politicamente muito inteligente, já que, hoje vereador, foi eleito com base em suas peripécias circenses – diga-se, pouco engraçadas e pifiamente elaboradas – que traziam à baila exatamente o ridículo da política brasileira, mas que ‘fisgou’ milhares de eleitores catanduvenses.
Vagner Bersa, seu nome de batismo, cultiva uma imagem física que o torna semelhante ora a Hitler, ora a Carlitos, o personagem mundialmente conhecido e venerado de Charles Chaplin. Aliás, quando o entrevistei, ao final fiz a observação sobre seu ‘look’ hitlerista. Não só pelo bigodinho e os trajes que insinuavam algo a ver com oficialato militar, mas, também, por uma cruz de ferro que trazia na lapela que, soube depois, tratava-se de uma Cruz de Malta ou Cruz de Ferro, réplica de uma peça de 1813.
Ele disse que não era bem assim, o seu ‘look’ variava conforme os olhos que o vissem, aludindo que ali poderia estar, também, Carlitos, “que as criaças gostam tanto”. E, agora, vejo na imprensa regional o calvário que lhe foi plantado na vizinha Catanduva, com ares de se tornar fato nacional, pela interpretação exagerada e reação descabida dos políticos, imprensa e parcela da população daquela cidade.
Na sua página de relacionamento social no Orkut (“Palhacinho Pimpão”) ele publicou, entre outras fotos de cenas e objetos sobre a 2ª Guerra Mundial, uma montagem onde aparece ao lado do ator Bruno Ganz, intérprete do filme ‘A Queda’, caracterizado como Adolf Hitler, ou seja, ressaltando a imagem que sempre carregou.
E não é que o Conselho de Ética da Câmara de Catanduva exigiu que o vereador Vagner Bersa, que é do PPS, se retrate publicamente por ter se fantasiado como tal, e ordenou que retire as fotografias do ar?
Entende a Comissão que, associando sua imagem à do lider nazista e mentor do holocausto contra os judeus no álbum intitulado “Comandante Pimpão”, o vereador pode ter causado constrangimento às famílias ou conhecidos de vítimas da tirania de Hitler. Pode ter causado? Nem desse dado a Comissão dispõe, e ainda assim o ameaça de cassação.
Sinceramente, com os respeitos devidos àqueles que sofreram ou tiveram parentes confinados e mortos nos campos de concentração, não vejo ofensa nenhuma nisso. Até porque a indignação maior, até agora, foi de parcela da imprensa, dos políticos de lá e alguns populares instados a fazer declarações a jornais, dos quais até chego a duvidar se têm exata noção do que estavam falando.
E basta o amigo acessar o Orkut do Pimpão para ver. Não há nada ali que se possa julgar como apologia ao nazismo ou declaração de amor a Hitler. Ele apenas faz blague de si mesmo, se comparando ao assassino, se colocando ao lado de Eva Braun – ou melhor, da atriz que a representou no filme, Juliane Köhler.
A própósito, se isto servir para enriquecer o debate, informo que o nazismo, em sua concepção persecutória, não foi invenção de Hitler, ele vem dos tempos de Lutero, passou por vários cientistas e naturalistas, que direta ou indiretamente, comungavam do eugenismo levado ao extremo pelo oficial alemão.
Nada aqui está em defesa de Pimpão. Mas da liberdade de expressão. Porque quanto mais tempo o país ficar mergulhado neste discurso fragmentário, mais tempo levará para evoluir nas concepções sociais, políticas e de justiça. É bobagem esta discussão.
Deixem o Pimpão em paz. Supervalorizando assim este gesto – talvez inconsciente, talvez proposital, buscando os holofotes – a mídia e seus inimigos políticos só atendem a um seu desejo nada obscuro: o de ser deputado estadual.
Frase dita por Pimpão numa das fotos, onde ao fundo são mostrados os escombros de uma cidade devastada por bombas: “Eu é que não vou limpar esta sujeira. Guerra é assim mesmo, uma grande sujeira que mancha a alma e o espirito da humanidade”. Falou e disse.
PS: À inserção feita pela versão eletrônica do “Diário da Região”, que num vídeo-piada ressalta a atitude de Pimpão com musiquinha pretensamente engraçadinha e repetindo as imagens postadas no Orkut, de certa forma ridicularizando o palhaço, que nome podemos dar? Eu chamaria de intolerância.