Amigos do blog, o Ronaldo “fenômeno” fez o que a grande mídia esportiva – e as pequenas e insignificantes também – queria. Um gol! Era tudo o que eles esperavam. Que felicidade para narradores, repórteres, fotógrafos, baba-ovos de modo geral.
Até uma passada básica por cima das regras do futebol se permitiria, não fosse o juiz da partida cioso de seu dever. O comentarista Arnaldo César “A Regra é Clara” Coelho escurraçou com o pobre juiz. Ele, que é sempre tão crítico dos maus juízes, daqueles que não fazem o dever de casa!
Para ele, e para o narrador Cleber não-sei-das-quantas- foi um absurdo o juiz ter dado cartão amarelo para Ronaldo por ele ter ido comemorar fora de campo o seu gol redentor! Haja saco para aguentar tanta babaquice futebolistica.
Por Deus, tudo bem que Ronaldo voltou a jogar, que fez um gol, que pode vir a ser – repito, pode vir a ser – um craque ainda que tardio nos nossos gramados, mas, calma que pra tudo tem um limite. E eu já disse aqui que a
política de concessões que se faz da lei esportiva neste país é a desgraça do nosso próprio futebol.
O endeusamento de quem quer que seja, por outro lado, produz fissuras que mais tarde não se poderá remendar. O time é onze, o banco é sete. Quem está no banco não está no onze e quem está no onze não está no banco. Mas, de novo, deu mais Ronaldo no banco que os onze em campo.
Nem a tremenda “obrada” de Felipe no primeiro gol do Palmeiras chocou a “galera” de jornalistas babões. Eles estavam ansiosos por Ronaldo. Mais do que tudo. Ronaldo tem que entrar, Ronaldo vai entrar, Ronaldo deu um drible sensacional, Ronaldo sofreu falta, Ronaldo deu um belo passe, Ronaldo vai pra área no escanteio, Ronaldo sobe e Ronaldo faz o gol – redimido está o futebol brasileiro!
Ronaldo sai para o abraço, Ronaldo pula a placa de publicidade, Ronaldo se agarra no alambrado, Ronaldo se confraterniza com a torcida, Ronaldo derruba o alambrado. Ronaldo volta para o campo, Ronaldo recebe cartão amarelo, Ronaldo é “absolvido” pelo senhor “A Regra é Clara”, o juiz é execrado por este mesmo senhor.
“Que falta de bom senso, que falta de sensibilidade!”, cobrou Arnaldo Coelho, no que foi seguido pela midia em geral (afinal, a Globo dita o que as demais emissoras e demais comentaristas vão falar depois, no “rescaldo” do domingo esportivo). Quando quer, Arnaldo consegue ser o menestrel do absurdo.
Como no caso presente, onde acaba de inventar a justiça seletiva, aquela que, com “bom senso” e “sensibilidade”, pode deixar de ser cumprida! Haja saco! Ronaldo disse depois que estava “IRRADIANTE” com o gol feito. Ronaldo disse depois que “quando vi como era alta a placa de publicidade, nem sei como consegui pular”. Nem, nós.
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