Amigos, nestas últimas horas, em conversas mantidas aqui e acolá com este ou aquele cidadão comum – embora igualmente aflitos com o absurdo, irreal e desumano “ajuste” dos valores da taxa de coleta de lixo imposto pelo prefeito Geninho Zuliani -, me vem a impressão de que o caminho buscado pelos mais interessados é o de apurar a legalidade ou não de tal “ajuste”. Só isso.
De minha parte, penso que o caminho a ser perseguido não seria bem (e só) esse, eis que legalidade deve existir nesta decisão, a menos que Zuliani e seus assessores da área de finanças tenham sido acometidos da síndrome altista (e autista, por que não?) que poderá vir delinear todas as ações governamentais doravante.
Talvez pense, o prefeito, que de tantas promessas feitas ao eleitorado, pelo menos uma grande porção ele necessita cumprir. Talvez tenha decidido o prefeito que, para cumprir tantas promessas – muitas sabidamente irrealizáveis a curto prazo – é preciso lançar mão do dinheiro do agora contribuinte, e à farta.
Talvez pense o prefeito que, praticando esta “expropriação” financeira logo de cara, em início de gestão, mais adiante tudo seja absorvido pelo cidadão (Áh, Maquiavel!) a situação se amaine e ele possa dormir tranquilo, sem o barulho insano das massas insatisfeitas, absolvido que fora.
Ou conta com isso o ilustre alcaide, ou de vez perdeu a lucidez no trato com a “coisa” pública – aqui deixando de ser a massa de manobra humana e tornando-se, talvez, na visão do alcaide, “coisa” pública mesmo. Embora assim, tão de imediato, seja dificil de acreditar.
Não foi um nem dois, foram vários os que nos abordaram nas ruas querendo saber o que fazer. Alguns próximos do desespero. Como uma pensionista de um filho morto em acidente, que viu sua taxa de lixo subir de R$ 83 em 2008, para R$ 188,74 agora. Ou outro cidadão, que viu sua taxa subir de R$ 100 para R$ 228 (o “ajuste” está implícito aí: 128.57%!) agora.
Além disso, há que se pagar, de forma compulsória, duas parcelas do imposto no próximo dia 26, a de janeiro, vencida, e a de fevereiro, no prazo. No caso deste cidadão citado, o desembolso será de R$ 76! Alguém perguntou ou mesmo se interesou em saber se ele pode desembolsar este montante naquele dia?
Por isso entendo que, antes de buscar-se a legalidade ou ilegalidade de tal decisão de governo, deveria buscar-se saber onde está o espírito humanitário, a alma bondosa e “ungida” do então candidato Zuliani, que se postava feito o Messias quando na busca pelo voto que lhe colocaria no poder?
Escudado no direito, ele deve estar rindo de todos nós. Mas, será que também ele ri de nós mortais nos seus momentos domésticos, de pai de família, esposo, filho, irmão, enfim, quando deixa sua política dependurada num cabide qualquer, e se apossa dele a änima?
Porque, ao que parece, só restará ao cidadão a possibilidade do apelo à sua alma, ou pedir a todas as almas juntas – a união faz a força também com os santos? – e esperar respostas. Só o caminho legal não basta e talvez não o demova da decisão.
Então, quem sabe explorando o caminho do coração, da alma, onde consta residirem a bondade e o senso de Justiça, o resultado possa ser mais positivo e imediato? Porque se nem neste âmbito a situação mudar, então estaremos, todos, irremediavelmente perdidos. E não só pela exorbitância na taxa de lixo.
Pode ser que tenhamos que pagar também pelo luxo de termos um prefeito que segue à risca os ensinamentos passados aos “príncipes”. Um prefeito moderno, antenado, up-to-date de camisas listradas.
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